capítulo 01: o picolé do amor
Era uma tarde quente de verão no Rio de Janeiro. O sol brilhava intensamente, refletindo sua luz dourada na areia fofa da praia, enquanto o som das ondas quebrando ao fundo se misturava ao burburinho das pessoas e um pagode baixo tocando na caixa de som de um bar perto da praia.
O calor estava de derreter, mas a brisa do mar trazia um alívio temporário. Sunoo e Sunghoon caminhavam pela orla, de chinelo e bermuda, curtindo o dia. Sunoo usava uma camiseta branca e óculos escuros, enquanto Sunghoon estava de regata e bermuda leve, também com óculos de sol.
Foi então que, de repente, apareceu um rapaz à frente deles. Ele usava uma camiseta vermelha do Flamengo e shorts curtos, com um boné para se proteger do calor. Na mão, ele carregava uma caixa cheia de picolés e um sorriso de vendedor esperto.
— Tá afim de se refrescar nesse calorão, loirinho? Compra uns picolé, tá baratinho. 14 reais cada um, é o melhor que tem no Rio de Janeiro inteiro! — disse o flamenguista, se aproximando com aquele olhar provocador.
Sunoo olhou o preço e fez uma careta, já preparando a resposta:
— Moro aqui faz anos, faz mais barato! Eu compro três por 10.
— Você é de onde? - O vendedor, desconfiado, olhou para ele.
— Carioca mesmo, patrão. — Sunoo mentiu.
— Quer mentir pra mentiroso? Você é muito bonito pra ser carioca, tá óbvio que você é paulista.
— É, cara, eu sou paulista sim. Agora, pode me vender esse picolé no precinho? - o loiro revirou os olhos.
— Tá bom, você é bom de conversa. Pode pegar três por 10.
Sunoo sorriu, pegou os picolés e, antes de seguir seu caminho, não perdeu a chance de fazer mais um pedido.
— Me passa o seu número, vai. - o olhou de cima a baixo, sorrindo.
O vendedor, com aquele sorriso maroto, pegou uma caneta e, com a maior naturalidade, anotou o número no braço de Sunoo.
— Tá anotado. — ele disse, olhando direto nos olhos de Sunoo.
E assim, ele se afastou, deixando um sorriso satisfeito no rosto de Sunoo. Ele olhou o número no braço e seguiu caminhando com Sunghoon, já imaginando como mandaria mensagem para o flamenguista daqui algumas horas.
[...]
O sol já começava a se pôr, tingindo o céu de um laranja suave enquanto Sunoo se despedía de Sunghoon. Eles estavam na frente do prédio onde moravam, o vento fresco da noite começando a trazer um alívio apos o calor intenso do dia. Sunghoon estava com a mão no bolso da bermuda, pronto para subir as escadas.
— Valeu por hoje, Kim. — Sunghoon disse, jogando um sorriso no amigo.
— Boa noite! Até amanhã. — Sunoo respondeu, acenando com o celular na mão, sorrindo enquanto observava Sunghoon subir as escadas do prédio.
Sunoo ficou ali por um momento, observando a rua, a sensação de paz da noite o preenchia. Era um daqueles momentos que ele só aproveitava quando estava sozinho, sem pressa, sem compromissos. Sunoo adorava essa sensação. Ele também morava naquele prédio, perto do seu amigo,mas ainda morava com os pais. A maioria do tempo, eles estavam ocupados com o trabalho e Sunoo ficava sozinho. A funcionária da casa, a faxineira, aparecia de vez em quando, mas ele quase nunca via os pais durante o dia.
Com um suspiro, ele entrou no prédio e subiu as escadas até o seu andar. O lugar estava silencioso, a única coisa que se ouvia era o som dos próprios passos e o ritmo de uma música que murmurava para si mesmo. Ele passou pela porta de casa e entrou no seu apartamento, uma sala simples com móveis confortáveis, mas não muito arrumados. Ele nunca foi de cuidar muito da decoração. Encarou sua mesa de jantar, um sofá grande, e uma estante com alguns livros e CDs espalhados. A cozinha era pequena e à direita, o quarto de Sunoo ficava no fundo do corredor.
Ele tirou os chinelos e foi direto para o banheiro. Fechou a porta atrás de si e ligou o chuveiro. A água quente correu sobre seu corpo, relaxando seus músculos cansados. Ele fechou os olhos, aproveitando o momento de tranquilidade. Mas então, ao olhar para o seu pulso, a visão do número daquele flamenguista que havia encontrado na praia, ao ver o número anotado ali o fez parar por um instante.
O sorriso que ele havia dado para o rapaz na praia voltou à sua mente. Algo nele estava curioso, ainda sem saber bem o que sentir, mas sentia que algo interessante poderia sair daquela troca.
Sem pensar muito, ele desligou o chuveiro e saiu rapidamente, ainda com a toalha enrolada na cintura. Ele pegou o celular que estava em cima da cama, desbloqueou a tela e anotou o número dele, salvando como "Japinha flamenguista"
[Você] Boa noite, flamenguista.
Sunoo leu a mensagem, deu um sorriso de canto de boca e, depois de hesitar um pouco, apertou o botão de enviar. Ele sabia que o clima da conversa seria diferente da praia, mas não se importava. Tinha algo naquela troca de olhares e palavras que o fazia querer mais. Ele colocou o celular de volta em cima da cama, pegou uma camiseta e se jogou no sofá. Olhou para o teto por um momento, com a mente a mil, imaginando o que o rapaz responderia. A faxineira ainda não tinha chegado, seus pais estariam no trabalho até tarde, e a noite estava toda à sua disposição.
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