C A P Í T U L O 80

     Dylan está morto.

     Em um tempo onde Nhyara ordenou o sequestro da Ômega, Nhycall foi parada na alcatéia do Alpha da Sombra, Dylan. Com a lhycan na região, o Supremo foi atraído. Aquela alcateia foi a única que teve contato direto com a fera antes de retornar a Hyfhyttus.

     A palavra "solysthyca" pertence apenas ao idioma lhycan. Ga parte da profecia e aquela alcateia poderia ter mais informações do que qualquer outra. Por isso foram caçados e mortos.

     Mas Nevrah e Nikytrar conseguiram informações dos membros. Apenas o Alpha era necessária para traduzir a palavra e não tinha como ele mentir. Por essa razão foi torturado.

     Ainda tinha parte do seu cérebro dentro do crânio. E lá, suas últimas lembranças…

     Foi ameaçado. Recebeu tortura física e psicológica. E mesmo assim, aguentou. Por mais de um mês aguentou tudo que era lançado para ele sem importar-se de seu corpo definhar agonia.

     Ele era um Alpha. Não de uma alcateia, mas de sua própria família. E por eles aguentou, dia e noite.

     Por eles…

     Queria dar a chance de seus filhos sobreviverem. O último legado de uma feroz alcateia. A vida de sua amada e o futuro de seu povo.

     Sua lealdade foi testada, contudo, sempre inquestionável. Pensou em Ella quando seus braços e pernas foram quebrados. Na menor oportunidade, revidava qualquer ato direcionado a ele.

     Ele tinha que sair. Tinha que voltar para sua companheira e seus filhos. Tentou camuflar sua morte durante o ataque e não conseguiu. Foi pego e torturado, com suas esperanças dependendo de uma insignificante palavra de seu idioma.

     E, pouco a pouco, viu seu corpo sumindo. A princípio, os dedos dos pés. Foram congelados e queimados até ficarem negros e serem arrancados.

      Quando conseguiu soltar uma das mãos e teve sua esperança de retornar a sua companheira, perdeu a mão. Apenas um grito saiu de sua garganta quando uma parte de seu próprio corpo foi usado para feri-lo.

      O dedo do meio de sua mão decepada foi inserida em seu ânus. A garra o cortou e ele rosnou em fúria.

Ele vai matar todos vocês! — Rugiu para Nikytrar.

E você jamais verá novos herdeiros. — Nevrah respondeu ao aproximar-se dele. Sua mulher congelou o membro do Alpha e seu companheiro o queimou. E o fogo não parou até toda a carne deixar de existir. Seu sistema urinário foi fechado e seus órgãos internos sofrerem.

     Ele não poderia beber água se não fosse capaz de urinar. Não poderia comer com seu próprio dedo tampando a saída das fezes. Mas ele foi obrigado. Seu corpo enchia-se de urina que não poderia sair. A dor era tanta que seus vasos estavam quase estourando.

     Ele estava incapacitado. E quando seu corpo estava no limite, sua mão em decomposição foi arrancada de sua bunda e as garras cortam um lugar para a urina sair. Foi doloroso mas foi dado mais tempo de tortura.

      Cada vez mais desgastante. Nikytrar congelou seu corpo de modo que não pudesse transformar-se. Nevrah arrancou sua perna. E conforme os dias foram passando, seu corpo ia sendo esquartejado.

      A perda de sangue era perfeitamente controlada, mas a dor era terrível.

     Só uma palavra. Era tudo que ele precisava traduzir. E quando Dylan foi posto em seu limite, comeu a própria língua. Então ele não teve mais utilidade. Seus últimos momentos foram pensando em sua companheira e filhotes.

     E assim, sua cabeça foi parcialmente esmagada. E foi deixado em decomposição até o momento de sua cabeça ser jogada no território da alcateia Lua de Sangue.

     Sem o coração…

     Ele estava morto.

     E sua companheira chorava por um homem que jamais voltaria, após perder o último legado que ele deixou no mundo. Nada sobrou de sua alcateia e nem de seu sangue.

     A morte do Alpha dizia o início da guerra. Eles estavam agindo, estavam prontos e atacaram em breve. Dylan foi a mensagem.

     E sua cabeça foi entregue ao Supremo que permitiu que o único olho restante do Alpha fosse entregue a Ella após uma análise pessoal.

     E assim, três dias passaram-se.

     Era dia. Mas Drogo não estava dormindo. Ele estava acordado na sacada de seus aposentos analisando a situação em que encontra-se.

     Uma alcateia inteira havia sido morta. Logo, serão mais. Famílias separadas e mães em estados igual o de Ella.

     A guerra chegou.

     Estratégias deveriam ser tomada. O conselho estava agitado, assim como os demais povos. A notícia da alcateia massacrada espalhou-se tão rápido quanto o vento. O cheiro de morte era sentido e eles desejavam justiça.

     Uma alcateia ser morta por outra alcateia é totalmente tolerável. Mas uma alcateia ser morta por outros seres é inaceitável. E aquele bando foi responsável por um dos Supremos encontrar a companheira.

     Mirella. Ele teve mais contato com o Dylan do que Nhshley. Ele quem a salvou.

     E como tal, era ela quem pressentia a fúria dos demais povos.

     Muitos vão morrer quando eles vierem atrás de seu alvo. Irão matar queimar tudo em seu caminho para impedir a profecia.

     E eles têm aliados.

     Mais de uma espécie querendo a morte de apenas uma criança.

     Seu filho…

Pai… 

     Drogo escuta a voz de seu primogênito atrás de si. Não é tímido como sua mãe. Mas também não é grave como o do pai. É um filhote em crescimento que deveria estar na cama, visto a hora do dia.

     Mas estava lá, atrás da linha do sol e encara seu pai, ainda de costas. Drogo sempre foi frio, intenso e arrogante. É com esse olhar severo que o filhote foi criando e está tão acostumado que não intimida-se. Seu pai é assim e tudo indica que ele será pior.

     Drogo não virou-se, mas estava ouvindo. A criança reclama:

Mhycall não deixa-me dormir.

     O Alpha vira-se e encara seu primogênito. Ele estava de braços cruzados e descalço. Encarava seu pai seriamente nos olhos, exigente de uma resposta. Ele não atende a falar muitas palavras, permanecendo sempre analítico. Entende que cada ação gera uma reação. Sua mentalidade é superior às crianças de sua idade o que torna-o mais maduro.

     Contudo, o que ele pode fazer com sua irmã?

     Mhycall é ciumenta. Adora o irmão mais velho. Sempre foi apegada ao garoto de modo que, quando ele nasceu, ela praticamente escorregou da vagina da mãe atrás dele.

     Quando bebê, só dormia se o irmão estivesse com ela e desenvolveu uma possessividade em relação a ele.

      Drogo suspira e sai da sacada de seu quarto, passando pelo filho e entrando no quarto. A sombra fresca traz alívio aos seus olhos que sabe exatamente onde encontrar sua filha.

     A menina tem o nome em homenagem a mãe. Contudo, é uma versão feminina do irmão que nasceu quase completamente idêntico ao pai. Mas também é uma atrevida incurável.

     A criança apossou-se do canto favorito de seu irmão. É um conjunto de peles e almofadas onde ele gostava de cochilar e brincar. Claramente está ali para impedir que seu gêmeo consiga ter paz em seus sonhos.

     E quando sentiu a presença do pai, encarou o homem à sua frente. Os olhos azuis tinha a característica única do clã Ådamhs. Era um azul como o do Supremo. Extremamente claro que quase chega o branco, mas diferente do Alpha, não é frio. Nem mesmo como são calmos como os do irmão. Ela é calorosa e ativa, sempre atrevida que Drogo pergunta-se de onde saiu essa personalidade.

     Drogo é extremamente calmo e inabalável. Seu primogênito segue seus passos quase como uma cópia perfeita. Já Nhycall, embora abusada, sempre foi tímida e hesitante. Muito mais calma que ativa.

     Já Mhycall parece ter o fogo de Fhęnrz e sequer tem frequente contato direto com o Bhetta.

     Drogo observa a criança esconder-se atrás do enorme travesseiro de seu irmão. Seu olhar era de quem aprontou e pensa em como safar-se. Então ela aponta o pequeno dedo pro seu gêmeo ao lado do pai.

Ele num quer mimi comigo! — Acusa. O Supremo cruza os braços.

     Definitivamente é Impossível saber de onde veio essa personalidade. Ela nem sequer é abusada como Nhycall. A garota é debochada e simplesmente atrevida.

     Drogo ouve seu filho rosnar e, em seguida afasta-se sem paciência. Ele só quer dormir e, já que ela está no seu cantinho preferido, a cama do seu pai parece bem convidativa.

     Notando para onde o irmão direciona-se, Mhycall atenta-se a sair do canto e segui-lo pelo quarto.

Mhycall! — Drogo repreende.

     Como se tivesse dado conta da realidade, ela paralisa no local. Seus olhos atentam-se ao ser pega no flagra ao não querer que seu irmão durma sem ela. Ela vira-se para o pai, encarando-o apreensiva.

     É quando a semelhança com sua mãe é revelada no rosto inocente — embora tenha aprontado — e as bochechas vermelhas. Seus olhos são pidões e facilmente lembra a maldita mulher pelo qual, até agora, habita os sentimentos de Drogo.

 — Queru mimi com ele, papai. — Drogo ignora as palavras da filha e direciona-se até seu pequeno corpo. Ele a ergue em seu colo e sente os pequenos braços circularem seu músculo. Como o irmão, ela esconde a cabeça no pescoço do pai e, manhosa, sussurra: — Tô cum medo…

     Ela não obtém resposta quando seu pai caminha até a espaçosa cama de seu quarto onde seu primogênito dormia abraçado no travesseiro da mãe. Drogo pousa sua filha na beirada e abaixa-se a uma altura próxima da filha.

     A menina encara o pai, com a bochecha avermelhada. Drogo acaricia seu cabelo negro que, diferente de seu filho, é cheio de cachos largos como os da mãe. São compridos até próximo do final da espinha deixando claro a beleza hereditária.

Quando a mulher louca vai embora? — Referia-se a Ella. A lhycan estava insana e assustando seus filhotes. Ela viu quando ela perseguiu seu filho velho. Naquele dia, perdeu o sono sem a presença de seu irmão e foi atrás dele. Foi quando a vou e, desde então não sai do quarto.

Logo. — Drogo coloca uma mecha rebelde atrás da orelha da filha, exatamente como sempre fez com a mãe antes de acariciar seu belo rosto. — Vai dormir com o papai?

     Ela sorri tímida e assente.

     Então Drogo beija a testa da menina e a puxa para o centro da cama, próximo de onde o filho dormia. Mhycall deita no centro dos dois e é acolhida pelo pai. Seu irmão estava tão cansado que não notou a menina que ficou fugindo abraçada a ele.

     Drogo tem sua família completa. A segurança deles é mais importante assim como muitos homens. Um ataque como massacre da alcateia de Dylan foi uma declaração de guerra. Lançar a cabeça dele foi a afirmação de seus atos.

     E abalou Ella de uma forma que estava incomodando sua cria. Se isso estender-se, como pai, Drogo fará algo a respeito de sua loucura e depressão.

     Porém, não precisou.

     Dylan era tudo que Ella tinha. A ligação de companheiros é tão forte que não são capazes de sobreviver sem o outro. Exceto, claro, que outra pessoa proporcione um novo amor, juntamente de uma nova família. Mas sem isso, as únicas coisas que salvam alguém da morte, são os filhotes.

     Um ser que perde seu predestinado morrerá se não tiver nada que prenda-o no mundo. Drogo tem seus filhos. Mas Ella perdeu o legado de seu companheiro. Não conseguiu salvar o que ele sacrificou para proteger.

     O tormento de sua alma era tanta que expandia-se em dor física. É insuportável respirar aquele maldito ar. Sua garganta fecha querendo expulsá-lo com o choro compulsivo. Sua cabeça ardia e sua barriga tinha uma dor terrível abaixo do umbigo.

     Toda sua esperança havia sido estraçalhada. Sequer poderia fazer o ritual para as sagradas terras de Azhulla, ao qual ele sempre falava. Entre as lágrima, ela recorda-se das histórias da floresta sagrada.

     É como o céu para eles.

     O paraíso de Adão e Eva ao qual os humanos falam.

     A floresta mágica, onde as sete poderosas luas encontram-se juntas, em uma única fase de lua cheia. Onde os guerreiros descansam de sua batalha para, um dia, retornar ao mundo. Seu amado diz que apenas os grandes amores reencontram-se como predesitados. Se seus feitos forem heróicos, nobres e honrados, irão saborear o poder da nobreza e realeza.

     Contudo, apenas um coração provaria sua honra e decência como um nobre ser.

     Mas Ella não tinha seu coração.

     "Sacrificaria minha vida pela sua, sem hesitar. Pois em um mundo onde você não existe, eu não suportaria. Arrancaria de mim o que sempre foi seu." Ela lembra-se de questioná-lo sobre sua afirmação. Dylan havia pego sua mão e pousado em seu peito que pulava calor para o corpo. "Minha alma. Meu coração".

     Como encontra-lo em nas florestas livres de Azhulla sem o coração de seu amado? Como poderia encontrá-lo novamente em uma nova vida sem a união de sua alma?

     Ela não tinha o portador de sua essência de vida. Apenas o cérebro considerado corrupto.

     Mas tinha um dos olhos…

     Ella chorou no chão, agarrada ao olho que sempre a deixaram apaixonada. O olho mostra a vida, sua experiência e seu conhecimento sem a ganância do cérebro.

     Mas sem sua alma. Por isso, cravou as garras em seu peito. O espírito é salvo no coração. A verdadeira essência de um laço único entre companheiros. E o dela ardia, doía como o inferno. Ela não mais suportava aquela dor. Não tinha o coração dele, mas daria o seu.

     Já não mais tinha razão para viver e, as palavras dele roçava em sua mente.

     "Sacrificaria minha vida pela sua, sem hesitar. Pois em um mundo onde você não existe, eu não suportaria. Arrancaria de mim o que sempre foi seu"

     O coração…

     O coração de Dylan sempre foi dela. E o coração de Ella sempre foi dele. Dizia-a seu povo que o companheirismo puro é a troca de alma, num coração inalterável do corpo.

     Então ela daria o que sempre foi dele.

     Perfura sua carne em medo. Fazia pressão em meio a dor física que notou ser mais leve que a emocional. Sua alma ardia em desespero, medo e amor. Ardia pior que as chamas que consumiram o corpo de seu amado e estava tão incurável quanto trazê-lo de volta à vida.

      E assim, ela gritou. Gritou tão alto que os lhycans próximo ouviu. Sentiu a falta de ar e quase não conseguiu continuar. Sua barriga doía e o sangue escorria manchando toda sua vestimenta branca. Mas ela não parou.

     Ela contraiu as últimas forças de seu pulmão, encheu-o de ar e uivou. Uivou tão alto que toda alcateia ouviu. Todos que estavam dormindo acordaram e souberam o que ela estava fazendo.

     O ato de suicídio pela alma é forte. Magia pura com presença de sacrifício a uma divindade. Muitos dizem que é como vender sua alma ao demônio, mas para os lhycans, era implorar por vida e liberdade. Nhycall quase arrancou seu coração devido a rejeição de Drogo. Ela queria liberdade de sua dor. E agora, Ella fazia o mesmo.

     Seu uivo foi tão forte que toda alcateia estava atenta ao fato. E quando o som de seu sacrifício parou, Ella não mais respirava. Segurava seu coração. Sua traqueia parou e todo seu corpo ficou imobilizado. Uma lágrima caiu de seus olhos.

     Meu amor…

     Ela arrancou-o do peito.

     Em frações de segundo, seu corpo caiu inerte, desfalecido onde não há dor, angústia ou sofrimento. Em um mundo onde ela fracassou com seu legado; em terras onde ele não vivia, ela não poderia suportar. Arrancou-o de seu peito o que sempre foi dele; sua alma, seu coração… sua vida!

     E quando Nhshley seguindo das Lhunas chegaram ao quarto, Ella já não estava naquele mundo. Estava com um sorriso no rosto e uma lágrima nos olhos parados em negro. Não mais uma solitária e sim uma Peeira que sacrificou-se para estar junto de seu amado.

      Não mais aguentava ficar no mundo sem ele que sacrificou, não apenas ela.

     De suas pernas, escorria sangue. A Lua de Sangue foi a um mês antes do ataque. O abalo não a fez sentir os sintomas e, em nenhum momento percebeu. Se a prole ganhasse vida, protegida com o harém de fêmeas, chegaria a maturidade. Mas era tarde demais para ela e para sua grávidez.

     Ela só queria seu amor…

     No minuto de silêncio, um uivo foi-se ouvido. Era o Supremo. Não era um uivo para a alcateia, mas todos responderam. Era um uivo para a lua que atravessou o ar em frequência única com o sacrifício da mulher.

     Povoou a floresta Negra de Hyfhyttus até o mar. Tão único e majestoso que a frequência foi ouvido por quilômetros. Chegou a Europa. Todos que ouviram, levantaram suas cabeças e uivaram para a lua adormecida sobre o sol e espalharam a frequência tão rápido pelas terras que mesmo as mais isoladas alcateias foram afetadas, desde o deserto até o ártico.

     Um poder que apenas um Supremo pode transmitir. Naquele dia, ela não dormiu. Ficou a fora escutando seu povo, em resposta, chamando por ela, uivando por ela. Uma alcateia foi sacrificada sem qualquer herdeiro e aquela que liderou ao lado de seu Alpha deve encontrar seu lugar como legítima Peeira após seu sacrifício.

     Por isso eles uivam. Cada Gläbllo, cada Crynnos, cada Hisppø e cada Lhupus chamaram pela sua deusa. Mesmo os Homydheos pressentiram a tensão no ar de um povo unido ao chamado de seu Titã; o Supremo Alpha!

     E naquele dia, o sol caiu mais cedo. A noite engoliu o dia ao chamado de seus filhos. E a lua brilhou no alto em um tom tão negro quanto um abismo de fúria em uma declaração precisa e amedeontadora:

     Guerra!

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