C A P Í T U L O 49
A corrente fria trás preguiça. Mas também é sinal para despertar. Em seus ninhos, pássaros começam a espreguiçar suas penas, aconchegando-se em seus ninho e finalmente abrem o bico para cantarolar na manhã.
A neblina não estava fraca. Mas também não estava forte. Alguns animais começam a sair, conforme a manhã prossegue. Mas Ella prefere o conforto de um bom sono. Dylan não estava. Mais de duas semanas passou desde a Lua de Sangue e a lhycan já arriscava a sair para perambular em volta da caverna.
Assim, quando sentiu o sol esquentar em uma clareira, ela seguiu até a luz. Ela relaxou na grana não muito longe de um rio e deitou. A grama não estava quente. A princípio, foi o único incômodo. Mas ápice solar aproximou-se e permitiu a lhycan conforto de um sono.
Um estalar de galhos chama a atenção de seus ouvidos sensíveis. Os caçadores imediatamente param, ficando paralisados e observando a mulher na clareira. Então, da floresta, surge uma enorme fera negra, poderoso e dominante. Um macho que caminha confiante até a mulher que treme.
Por um momento, os caçadores suspeitam de um ataque. O lobo fica frente a frente com a mulher. Ela fecha os olhos e desviou o rosto. O lobo esfrega sua cabeça na dela e cheira seu corpo, completamente familiar.
Os caçadores notam ele cheirando a barriga da mulher, o que dá a eles a certeza do que procuram. Mas como atacar com uma fera grande dessas próximo? A mulher estava parcialmente escondida na grama alta, contudo, a fera se aconchega ao seu lado, relaxado. Ele lambe sua pata e passa na orelha, limpando sua pelagem. Os caçadores observam a mulher, ainda adolescente, aconchegar-se no grande animal.
É um Alpha…
Estão lidando com a liderança e procriação do casal principal de uma alcateia. O porte robusto e musculoso mostra o perigo do lobo. Os bracelete na pata e no bíceps indicam que não é um simples animal. É um caçador. Um lobisomem. Um guerreiro. A fera lidera uma alcateia que conhece os perigos de aproximar-se muito de um casal acasalando, contudo, não afastam-se tanto.
Ella, próximo ao lobo, esconde seu rosto no pelo negro. O único ponto negativo de tomar sol era a claridade. Ela não conseguia dormir. Dylan abaixa a cabeça e pousou sobre sua pata. Numa época de frio, o sol os aqueça bem. Para ele não é estranho sua amada ter procurado por essa clareira. Seu instinto é aquecer o corpo e torná-lo apto a uma grávidez.
Ele sente ela esticando seu corpo, completamente fogosa com o sono. E assim, eles ficam juntos sobre o olhar de caçadores, cochilando sobre o sol. Mas em nenhum momento desprotegido.
Quando acreditam que a fera dormia, um homem se preparou, apontou uma flecha. Estava escondido na mata, contra o vento, fazendo o mínimo de som possível. Não muito próximo e também não muito longe. Eram caçadores experientes ao misturar-se com a natureza.
Mas não estavam lidando com um Alpha comum. Quando a primeira flecha foi lançada, o som produzido fez a fera despertar. Com agilidade, ele pegou o comprimento com a boca, quebrando ao meio.
Ella acordou com o movimento brusco de seu companheiro e logo percebeu o que acontecia. Dylan a protegeu com seu corpo e sentiu as flechadas. Sua companheira, sem muitas escolhas, correu para a floresta e o Alpha rugiu em direção aos caçadores. Ele correu para atacar, desviou das flechas quando pulou no ar e sumiu na copa das árvores.
Como um lobo poderia escalar e manter-se em cima das árvores? Ainda mais com aquele porte? Ninguém jamais havia visto algo similar a aquilo. Eles apontavam as armas para as árvores, contudo, em nenhum momento atiraram. Não estavam sendo precipitados, contudo, já era tarde de mais.
Eles não estavam lidando com lobisomens comuns. A forma do Alpha conseguia mantê-lo na árvore e, quando caiu no chão, no centro deles, eles olharam nos olhos de seu assassino. Não era humano, não era lobo. Seus corpos foram estraçalhado sem qualquer piedade.
E algo pior aconteceria com aqueles que perseguiram sua amada. Ella correu para a floresta e usou seus sentidos para orientar-se. Ela parou quando foi engolida pelo frio da floresta e olhou em volta. Os caçadores estavam lá, aprontando as armas.
— Para uma loba, você é bem lenta. — Os olhos da lhycan brilham. Ela não encontra mais motivos para fugir. O frio favorece o entendimento da região. Ela ouve-o aproximar-se.
Os caçadores notaram que havia algo errado quando o olhar dela não encarava eles. Era algo atrás. Eles sentiram o perigo e perceberam o erro que é seguir um lobisomem por algo frio. Eles sentem o calor corporal e a clara diferença de temperatura com o ambiente. Eles sentiram o impacto do Alpha e entenderam seu fim, como todos os outros.
Dylan não é apenas um homem ou um lobo. Ele tem algo a mais…
O tempo passou.
Nhycall sentia que estava em um pesadelo.
Nhyara está marcada e grávida. Ela é a Suprema Peeira. E Nhycall? Uma Ômega que não engravidou ao perder a virgindade na Lua de Sangue.
Quando duas semanas após a temporada de acasalamento passou-se, o mal estar começou. Nhycall começou a demonstrar um comportamento agressivo em meio aos sinais de que não estar grávida. Evitava o Supremo que aparentava não importar-se com a situação.
Ele tinha Nhyara e mostrava irrelevância a Ômega.
Seu olhar, como sempre sombrio e frio. Não havia emoções, contudo, estava menos intolerante com a lhycan que chamou de sua mulher. Cada enjôo, mal estar, tontura ou vômito — principalmente vômito — desagradava-o. Ele não queria que ela saísse do quarto.
Estava proibida de sair muito antes das duas semanas após o acasalamento iniciarem. Mas Nhycall estava tão abobada com a situação e os efeitos do acasalamento que, ou não escutou, ou esqueceu. Ela realmente não lembra-se dele proibindo a saída do quarto.
Agora ela sabe o por quê. Ele queria escondê-la de Nhyara ou evitar que soubesse que ela, na verdade, seria sua amante.
O ódio assola a mente de Nhycall numa medida avassaladora. Sua vontade é de correr, fugir. Tornou-se agressiva ao Supremo que nada fazia exceto joga-la na cama e ordenar que não o tocasse.
Não sair do quarto. Não tocá-lo. Comportar-se.
Por uma semana, Nhycall ficou completamente incapacitada de sair. Os enjôos, mal estar e tontura era muito forte. Tudo que comia, não parava em seu estômago. Segundo Nhshley, era a forma agressiva como o corpo se recupera do acasalamento e do fracasso de não engravidar.
Desde então, Nhycall não sabe se mantém-se triste ou força uma felicidade. Se estivesse grávida, ela seria mãe. Seu sonho é ser mãe. Mas também questiona as atitudes do pai da criança. Sempre que ele não estava, ela ficava quieta, quase depressiva. Muitas vezes chorava pelo que seu companheiro, que marcou-a, era capaz de fazer.
Quando um mês após a Lua de Sangue passou-se, os fatos estavam confusos.
Nhyara é a Suprema Peeira. Está marcada e grávida. Então por que é Nhycall, uma Ômega, e não Nhyara a permanecer nos aposentos do Supremo Alpha?
Ela observava a rotina do Supremo. Ele dividia a mesma cama que ela, trazia pessoalmente o alimento, contudo, saia durante a noite e retornava apenas na hora de dormir. Exigia que evitasse tocá-lo, não gostava do mal estar e proibiu ela de sair, mesmo já sabendo da verdade.
Em nenhum momento ela confrontou-o. Não havia o que falar. Mas também não iria obedecer.
Ela saiu do quarto.
Muita coisa havia mudado. A princípio, ela não reparou nada. Os corredores estavam escuros, quase sem segurança. Um som de uma porta chamou a atenção da Ômega. Era Nhyara em um dos aposentos extremamente perto ao do Supremo.
— Veio parabenizar-me pela gravidez? — Ela encostou na parede. — Comecei a sentir os sintomas a pouco tempo. Meu companheiro está feliz.
Nhycall lembra-se da carranca do Supremo. Ele não expressava um único sentimento ligado a felicidade quando entrava no quarto. Parecia mais estressado do que calmo. Ela respira fundo e diz:
— Parabéns. — Nhycall dá as costas e vira-se dá as costas para seguir seu caminho. Ela encontra as escadas.
— Não dê as costas a sua Suprema! — A Ômega para na descida e encara Nhyara.
Ela lembra-se das relações sexuais com o Supremo. Ele não apenas a marcou e acasalou. Havia algo a mais…
Nhycall sentiu um incômodo na barriga, onde colocou a mão. Nhyara percebeu que o cheiro da Ômega estava diferente. Ela havia sido marcada. Mas diferente das demais, ela conseguia associar o cheiro a uma pessoa.
— Não acredito… — Era o Supremo. Arya, maldita prostituta, estava marcada pelo Supremo. — Sua puta!
Nhyara avança contra a Ômega, com fúria.
Contudo, braços fortes de um lhycan a segura, mas não antes de, com o susto, Nhycall perder o equilíbrio. Ela escorregou na escada.
Ela bate o joelho e sente uma forte tontura quando seu corpo é segurado. Sua mente gira e ela não associa nada a sua volta. Apenas uma voz chamando-a distante. Nhshley.
— Cuidado. — Nhyara alerta quando sua mente volta ao normal. Os lobos afastam-se. — Assim pode machucar os meus filhotes em sua barriga.
Nhycall rosna com o comentário. Nhyara não sabe que ela não está grávida, contudo, não entregará filho algum a ela. A mulher sorri e segue caminho de volta ao quarto.
Pela manhã, o Supremo retornou. Ele sabia o que ouve, mas nenhuma palavra foi dita. Não olhou para a Ômega, manteve uma áurea de dominância e perigo. Ele queria distância. Assim Nhycall obedeceu. Apenas tomou banho e jogou-se na cama, nu. Assim dormiu.
Nhycall não saiu do quarto por três noites. Sentia que o Supremo estava tolerante de mais e, agora teme as ações dele. Está cautelosa. Sentia mais os enjôos e vômitos. Mas quando sentiu-se mais corajosa, tornou a desobedecer.
O Supremo nada falou. Várias vezes encontrou-a perambulando pelo castelo, algumas vezes acompanhado de Nhyara. E mesmo com as provocações da Peeira, Nhycall notou algo peculiar.
Muitos estavam encarando-a, talvez com reprovação. Homens que antes parecia começar a aceitá-la como uma lhycan honrada, agora a via apenas como um pedaço de carne. Ela notou nos lobos que lutaram contra ela encara-la com um certo nojo no olhar e, mais do que nunca, Nhycall sentiu que fracassou. Suas amigas pediram desculpas e, através dela, ela soube a real situação da alcateia.
Nhycall é reconhecida como amante que tentou tomar o lugar de Nhyara, a Suprema Peeira. Todos a chama de Arya e, mais uma vez afirmam que uma Ômega não tem salvação. Sempre serão sujas e imundas.
Nhycall chorou no colo da irmã. Estava destruída. Não sabia o que fazer.
— A resposta muitas vezes não são palavras. Em uma batalha, é excencial interpretar por diversos ângulos a situação para conquistar a tão sonhada vitória. — A voz de Mirella ressoou em seu ouvido. Nhycall olhou para a lhycan. Ela alimentava Temari, a águia branca, enquanto seus olhos cegos encaravam um vácuo não fixo. — Meu companheiro disse isso cada vez que fraquejei com minha cegueira. Eu me via inútil e ele me fez encontrar algo além de escuridão. Nunca pensei que existia essa… solução.
— S-Seu vocábulo melhorou… — Nhycall funga. Os olhos de Mirella brilham. Eles não precisam ver para expressar sentimentos. Consegue usar-los muito bem contra Arthur, torturando-o a dar-lhe o que deseja.
Nhshley olha em seus olhos e afirma:
— Lhycans detestam dar satisfações. Alphas e Bhettas, principalmente. O que somos, quem somos e o que fazemos cabe apenas a nós e a mais ninguém. — A lhycan limpa o rosto da irmã. — Você sabe que tem honra. Apenas você sabe o que viveu e o que sente e não deve satisfações a ninguém. Eles que lutem.
Nhycall percebe a razão em Nhshley. Uma alcateia é constituída de confiança e cumplicidade. Mas a vida particular, sentimentos e experiências, ninguém pode interpretar. Apenas nós sabemos de nós mesmo.
— Você sempre terá sua irmã, Henna e eu. — Diz Mirella, arrancando um leve sorriso de Nhycall.
E só então ela reparou que Henna não disse uma palavra. Estava quieta, com a mão na barriga e uma respiração calma.
— T-Tudo bem? — Quando Henna olhou para Nhycall. Havia dor em seus olhos. A lhycan rosnou e escorregou a mão para mais abaixo da barriga.
— Henna! — Nhshley, como uma curandeira, aproximou-se da mulher. Ela apoiou-se nos cotovelos e gemeu de dor. A lhycan entendeu o que estava acontecendo. — A quanto tempo anda tendo… — Nhshley sentiu o cheiro de sangue. Sentiu as almofadas abaixo da lhycan úmidas. — Rômulo… Precisamos do companheiro dela! Nhycall!
— Mas eu…
— Você faz parte da alcateia! — Nhshley a olhou com repreensão e a Ômega recuou um passo. Henna, no momento, estava em uma situação delicada. E ela tinha razão. Ela faz parte da alcateia.
O Supremo estava em uma sala de reunião, dialogando com seus ambos quatro Bhettas. Uma lhycan havia chegado às fronteiras, extremamente nervosa. Confundiu imediatamente Fhęnrz, contudo, levou a loucura o último Bhetta sem companheira. Ambos os cinco lobos estavam dialogando sobre ela e a mudança que trouxe.
— Com a chegada da última das Lhunas, a guerra é certa. — Rômulo anuncia, a analítico. Em tempos de guerra, anunciando os tempos de tensão, sempre é encontrado a última das Lhunas ou a Peeira. É uma defesa da Lua e agora os lhycans claramente notam a urgência. — Meu irmão provavelmente teria encontrado-a através de Nhshley ou da Ômega. Há urgência.
O Supremo suspira e aconchega-se no sofá, pensativo. Estão contra o tempo e Nhycall não engravidou. E até esperar proximidade um ano até a próxima Lua de Sangue, pode ser tarde. A gestação é demorada demais para que seu herdeiro venha ao mundo sem perigo.
Nhycall está sabendo de coisa que não devia e nem para abrir as pernas e foder, é possível. Ele fecha os olhos, escutando os Bhettas. Todos os cinco olharem para a parede, na direção exata do som
Porém, mais nada é dito. Todos ficam quietos e o Supremo revela seu olhar assassino.
É a Ômega. Distante da sala, ela eleva seus pulmões num sopro a garganta onde é produzido um som muito específico. O primeiro saiu tímido, quase sem voz. Mas o segundo… o uivo fez todos levantarem atentos.
Seguido pelo instinto, Mirella eleva a garganta, de forma similar a Nhycall. Todos saem da sala indo em direção ao som, com uma certa pressa. Nem mesmos os lobos hesitam. Eles correm em direção às Lhunas uivando, chamando com urgência o Alpha e os Bhettas.
Por onde eles passam, os guerreiros o seguem, em alerta. Logo, o lugar onde Henna encontra-se, com dor e gemendo, está cercado de outras mulheres tentando ajudar e logo, alguns homens. Ao notar o que está acontecendo, alguns lhycans ficam agressivo. Eles são parados por outros, mais controlados com a possibilidade de ser pai ou já sendo de alguma criança.
Mas quando os Bhettas chegam, todos abrem caminho. Os homens tornam-se mais submissos e Rômulo demonstra hostilidade a qualquer um próximo de Henna.
— Tudo bem? — Ele chega sua saúde, coloca a mão em sua barriga e ela grita. Os filhotes sabem que o pai chegou. — Ei, ei! Calma! — Rômulo levanta o vestido, rapidamente, apenas para ter ideia da situação. — Calma, meu amor. Vou cuidar de você!
Com uma certa delicadeza, ele pega a grávida pelos seus braços fortes e afasta-se em direção as escadas. Henna geme em seus braços e agarra seu pescoço, reclamando de dor. Nhycall apoia-se na irmã.
— O que aconteceu? — Era tudo novo para a mulher. Ela não fazia ideia do ocorrido e estava assustada.
Ela encarou os demais lhycans no local. Mirella estava no braço do companheiro, ao qual é idêntico a Fhęnrz e Rômulo. Um outro homem, igual a eles, encontrava-se ao lado de Fhęnrz, de braços cruzados. Nhyara estava próximo ao Supremo, dialogando intimamente com ele. A Ômega encara-os com raiva e fúria no olhar.
Nhyara não é a Suprema! Nunca foi!
Os demais se recuperam do susto e logo voltam as suas rotinas quando as escravas chegam pra limpar o local.
— Henna entrou no ritual sagrado de uma gestante. — Explica, avaliando sangue em sua mão. Nhycall pareceu compreender tudo e pousou a mão sobre sua barriga, imaginando ela neste sagrado momento. — O momento em que ela dá a luz a uma vida e uma família. Os filhotes vão nascer.
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