C A P Í T U L O 31

     Dor… O que é dor para os lhycantrópicos? Mais especificamente, o que é dor para os machos lhycantrópicos?

    Estão sempre testando seus limites físicos. Seus treinos coletivos com homens de sua alcatéia são violentos. Eles são naturalmente ferozes e dificilmente dispensam uma oportunidade de impressionar as lhycans com sua força e dominância. Algo afiado como uma garra tentando perfurar as laterais de seu pescoço não é novidade para alguém como Dylan, um Alpha que constantemente demonstra força aos membros de sua alcatéia. Dor é algo ao qual macho são acostumados.

    Mas o que poderia acontecer se outro lhycan dominante, fora de sua alcatéia, agarrasse o pescoço de alguém como o Alpha da Noite, perfurando sua pele?

    Um combate violento capaz de levar a morte de um dos homens seria o mais provável.

    Mas nada ocorre. O Alpha da Noite permanece calmo. Mesmo que seja violento, ele não é tolo. Não fazer nada pode ser uma atitude de poder. Mesmo sentindo as mãos pesadas com garras afiadas agarrar seu pescoço, ele não faz nada além de encarar com calma os olhos vermelhos do lhycantropico a sua frente.

     A dor é comum. Mas a substância presente nas garras do lhycan a sua frente, torna algo realmente… doloroso. Ele sabe que ficará marcado por um bom tempo até que sua pele cicatrize completamente do ferimento causado pelo Alpha dos Alphas. Pelo seu Alpha.

    Mas ele mantém a calma…

Sua fêmea…? — Sua intenção não é demonstrar fraqueza. Se seu tom fosse normal, ele poderia gaguejar. Mas optando por sussurrar, ele consegue utilizar um tom de ameaça e… ironia.

    Com um rosnado ameaçador, o Supremo Alpha aperta ainda mais o pescoço do feroz Alpha da Noite. Mas nem ao menos uma careta de dor é vista no rosto do lhycan imprensado na parede. Ele está tão calmo, que parece não conter dor.

    Como Alpha, ele aprendeu que sentir e demonstrar o que sente não são a mesma coisa. Ele sente dor. Sua vontade é revidar. Mas nada faz. Seu rosto calmo parece não haver dor, nem mesmo quando o Supremo Alpha aperta ainda mais sua pele, fechando aos poucos a traquéia com intenção de dificultar a respiração.

Não desafie-me! — Sua voz rouca e carregada de dominância próxima ao rosto do Dylan prensado na parede é claramente uma ameaça. O Supremo Alpha não exista em mover seus dedos, arranhando os músculos laterais de seu pescoço.

    O Alpha trinca o maxilar devido a dor e levemente começa a rosnar como uma ameaça. Os Supremo faz o mesmo até sentir uma pressão em seu peito empurrando-o com brutalidade. Como um reflexo de guerreiro, ele ataca.

    Dylan sabe que um combate não será favorável e desvia. Mas não esperava que os reflexos e velocidade do Supremo que está lidando fosse tão fortes ao ponto de pega-lo. Como um Alpha cheio de artimanhas, ele impede que o Supremo Alpha crave suas garras em sua carne. Com força ele prende seus braços enquanto permite-se ser preso.

    Ele sabe que a força de um Titã é superior. Se o Alpha dos Alphas, mais conhecido como Supremo Alpha quiser, ele pode soltar-se. Por isso Dylan apressa-se a dizer:

Eu não fiz nada! — Como previsto, o Supremo solta-se e o empurra com brutalidade. Dylan vai ao chão, mas com o estilo de um guerreiro não derrotado. Assim que sente suas costas encostar no gelado no chão, ele rapidamente vira uma cambalhota para trás, ficando de joelhos, recuperando o equilíbrio e permanecendo em posição de ataque.

    O Supremo Alpha apenas o encara. Ele sabe que Alphas costumam ser os mais ferozes e fortes lhycantrópicos, com reflexos de um assassino impiedoso e cruel. Ele é o Alpha dos Alphas. É o mais forte entre os Alphas e, por tanto, o mais forte da raça. Dylan, é um Alpha da Noite. O mais forte de sua alcatéia e com habilidades especiais. Mesmo sendo o Supremo, ele sabe que não deve subestimar o Alpha da Sombra.

Ela mesmo fez isso. — O Alpha levanta-se. — Foi a algumas noites. Ela estava chorando. Disse que não sentia-se uma lhycan. Disse que sua própria loba a rejeitou. Ficou falando sobre ser inútil ao ponto de seu companheiro e sua própria loba não querê-la. Ela olhou para a lua e pediu para deusa Lua conceder liberdade a ela nas Florestas de Azhula.

    O Supremo olhou para a lhycan, completamente desnutrida, fraca e ferida na cama. Ele deveria estar surpreso, mas não está. Com cautela, ele aproxima-se de Arya. A pele está oleosa e suada, devido a febre extrema que ele sente quando toca suas bochechas desnutridas e sem cor. Ele pode lembrar-se de suas fetiches ocultas de desejar morder as bochechas da Ômega sempre que ficaram avermelhadas. Ele sabia que faria isso quando tomasse seu corpo.

     Mas agora, suas bochechas não estão apenas desnutridas, oleosas e suadas; Elas estão magras. Ele pode sentir o osso de sua bochecha mais claro enquanto sente sua mão humedecer-se com o suor.

    Mas o que mais incomoda-lhe é o cheiro de sangue.

    Ela não parece machucada. Parece doente. No entanto, o cheiro de sangue revela a verdade. O cheiro é forte e não é preciso muito para deduzir a gravidade. Mas ele precisa ver com seus próprios olhos.

    Então ele arranca o cobertor de sua barriga onde o cheiro parece estar mais forte.

    É inevitável seus olhos levemente arregalar-se enquanto o vermelho torna-se mais intenso em sua íris.

Ela cravou as próprias garras em si. — Afirma Dylan ao ver o olhar do Supremo sobre o pano completamente vermelho e úmido devido ao sangue. Mas ambos os Alphas sabem que não é apenas isso. Principalmente o Supremo Alpha sabe que está muito além disso. — Mesmo quando gritava de dor, ela não parava. Seria muito mais fácil e prático rasgar a própria garganta se desejava mesmo morrer.

    O Supremo suspira. Ela não queria somente… morrer. Ela já tentou arrancar o próprio coração e com base no que ela disse a ele iludida com a esperança de ser aceita, ele sabe o que ela queria cravando as garras na barriga, perfurando a si mesmo.

     Ela queria castigar seu corpo.

     Ele volta a olhar para ela, perguntando-se o que passa na mente dela. Seu útero é tão fértil que é capaz de engravidar de qualquer macho e provavelmente ela tentou arrancá-lo de sua barriga. Isso também seria um castigo.

    Rasgar a própria garganta seria rápido, mas tentar arrancar seu útero com a coragem de uma morte lenta, seria um castigo para o seu sedutor corpo capaz de trazer a perdição do sexo oposto. O que passa-se na mente de sua Ômega? O Supremo Alpha tem quase certeza que ela abriria-se para ele e falaria o que sente, talvez iludida com a esperança de comove-lo.

     Ele desejava estar com ela naquele momento para ouvir o que tem a dizer, no entanto, não sabe se gostaria de vê-la tentar arrancar o próprio útero, por mais que ele mesmo tenha feito isso com outras mulheres.

  “Liberdade nas Florestas de Ahzula”…

    Ele mal lembrava-se das florestas espirituais. Mas chegava a imaginar a Ômega correndo entre as iluminadas árvores de Rhel. Mesmo de noite, não estaria escuro. Disso ele sabia. As cinco grandes luas iluminariam a noite, assim como as vastas constelações.

    Mesmo estando solitária, ela não sentiria-se sozinha…

    Mas enfrentar a dor e sofrimento? Mesmo que a logística já esteja em sua mente, o Supremo busca algo mais. “Conceber liberdade nas Florestas de Ahzula”. Talvez seja uma forma de demonstrar honra. Se seu corpo é impuro e criado para dar prazer, talvez ela não consiga viver livre nas florestas espirituais. Matar seu corpo com dor e sofrimento como punição por nascer assim. Tentar ter, ao menos, dignidade suficiente para ser aceita no mundo espiritual, já que esse mundo não… a aceita.

     Mas Arya é mais que aceitável como sua amante.

    Mas olhar para ela, agora, nesse estado, ele suspira. Ele olha para pano vermelho e úmido em sua barriga, em cima de seu umbigo. Dependendo do tão fundo ela tenha perfurado, mesmo que sobreviva, ela pode tornar-se estéril. O Supremo não duvida que essa seja uma prevenção caso ela sobreviva. Algo para diminuir o interesse dos homens.

    O Alpha da Noite, Dylan Rucker, observa tudo a distância confirmando o que a Ômega havia dito:

  Eles são predestinados companheiros!

    Ele já havia pensado na possibilidade da Ômega ter mentido para não ser o brinquedinho de algum lhycan ou por ter tido uma relação com o Supremo Alpha e acreditar que ele prefira mais ela do que a Suprema Peeira e pretenda roubar o título de Peeria. Afinal, Ômegas não são confiáveis. Desde o corpo até a alma, são impuros.

      Uma das piores punições para um lhycan é ser rebaixado a um Ômega. A escória da alcateia que não é capaz de defender-se sozinho. Sempre o último a alimentar-se, esculachado e até mesmo estuprado. Sem honra ou orgulho próprio.

     Mas nascer como uma Ômega, é raro. É a própria impureza assumindo a forma de um ser portador da mais raras das belezas e fertilidade. Mas um ser desprovido de honra e orgulho próprio. São como relés humanas aceitando tudo que é lançado contra ela, sem questionar ou defender-se. São como brinquedos manipulável até por humanos. Para um povo feroz e orgulhoso, honrado e extremamente dominante, uma Ômega nascida é o cúmulo da submissão. Chega a dar nojo tem um ser como esse em sua espécie de forma com que, homens Ômegas sejam mortos ao nascimento.

      Ômegas nascidas no sexo feminino só são mantida vivas devido ao corpo e fertilidade, pois a submissão a tudo que lhe é imposto trás repulsa até nós lhycans punidos e transformados em Ômegas.

     Embora nunca tenha existido uma Ômega nascida em uma nobreza genuína, predestinada a um lhycan, Arya é uma desonra. Talvez seja por esse motivo que o Supremo escolheu outra como Suprema Peeira.

      Mas vendo-os aqui e agora, não há como negar que ela tem a alma ligada a dele. Talvez seja por esse motivo que o Supremo Alpha, muitas vezes, é traiçoeiro, afinal, está ligado a uma vagabunda sem honra. No entanto, o lhycan mantém sua honra. É um dos lhycans mais honrados do mundo lhycantrópico, representando o orgulho da raça.

    Seja qual for a intensidade da ligação entre eles, talvez não seja forte o suficiente para afetá-lo. Arya não tem o cheiro e nem a marca de uma lhycan marcada, o que faz-lhe pensar se já tiveram relações sexuais.

    O Alpha da Noite pensa em diversas razões para o que está havendo a sua frente, mas apenas uma — inesperada e talvez, sem lógica — aparenta fazer sentido. Os músculos do Supremo Alpha estão discretamente tensos. Seu olhar está analisando e pensativo. E seu toque na pele que um dia já foi perfeita estão cuidadosos.

    Mas o que mais chama sua atenção é o comportamento territorialista. A dominância do Supremo Alpha está forte ao ponto de fazer o ar ficar pesado. O Alpha da Noite sabe que os membros de sua alcatéia afastaram-se e que, provavelmente, deve estar apenas eles de lhycans em cinco ouais andares do castelo. O comportamento lento e atento do Supremo é ameaçador — não para ela — mas para qualquer um que aproximar-se.

    Sua dominância e os leves sons lhupinos semelhante a rosnados fracos vindo dele são a prova que ele não quer ninguém perto.

     Os próprios lhycans que sentiram mais claramente a sua dominância, por precaução, preferem ficar do lado de fora do castelo, amontoando-se no jardim onde pode-se ter uma boa visão do quarto onde a Ômega está. Pelo menos, se seu Alpha for arremessado pela janela, terá os membros de sua alcatéia para segura-lo e isso deixa Dylan mais confiante.

    Porém, assim como Dylan, o Alpha mais poderoso de seu mundo, ao qual ninguém — nem mesmo a sua alcatéia — sabe o nome também sente a presença dos lobisomens no jardim. Ele não nega a vontade de jogar o Alpha da Noite pela janela com o recado de correrem antes que ele perca a paciência. Tudo que deseja é ficar sozinho com sua Ômega sem sentir os olhos atentos do Alpha da Noite em suas costas e os vários pares de olhos direcionado a janela onde a bela fêmea repousa.

     Os lobisomens não vêem a Ômega, mas podem sentir o cheiro e escutá-la. Assim como Dylan, o Supremo Alpha pode escutar, sentir a dominância e o cheiro de todos embaixo da janela e sabe que eles também sentem o seu cheiro e dominância. Ele sabe que os ouvidos estão atento o suficiente para escutar qualquer coisa que ele fale e tenha falado, até mesmo sobre Arya ter tentado arrancar seu útero.

    Sentir tantas presenças rodeando-o, mesmo a distância, o faz sentir-se frustrado. Afinal, ele não é uma presa para ser cercado! Sua ação repentina de afastar-se de Arya faz com que o Alpha fique em alerta. Sentindo a energia de seu Alpha, todos os membros da alcatéia também ficam em alerta. Ouvir os passos cautelosos — que o Supremo faz questão de deixar pesados — em direção a janela deixa-os tensos.

    Mas apenas quando o Supremo Alpha é visto na janela, eles se sentem levemente mais tranquilo. O olhar do Supremo Alpha não é para eles. É para o horizonte, onde o sol começa se por. Um grupo de homens trazia quatro lhycans ao castelo.

      Dylan, como Alpha da alcateia é o primeiro a sair do quarto indo checar os novos intrusos. Três homens e uma mulher, colocados de joelhos em frente a Dylan.

Quem são vocês? — Um dos lhycans faz a pergunta. Ninguém responde.

     Todos os lhycans permanecem firme sem amedrontar-se com a alcateia que os rodeia. Seus olhares são confiante e suas posturas são rígidas como as de lhycan treinados. O brasão no cinto revela de que alcateia são, todavia, apenas a pele de um está pintado como um ser de nobreza. Esse ganha a atenção de Dylan, que abaixa-se a sua altura, olhando em seus olhos.

      Azul. Íris azuis marcadas por uma sobrancelha negra. Seus cabelos lisos são de mesma cor, embora seja raspado no lado esquerdo, por onde a pintura de um risco negro passa e termina em uma ponta afiada no lateral de sua testa. Ele estava ao lado de uma mulher, jovem, aparentemente 50 anos que compartilhava traços físicos semelhante aos do homem. Cabelos  batendo na altura de seu seio e curto na altura de seu queixo no lado esquerdo como se, a algum tempo, também tivesse sido raspado.

      Quando o olhar de Dylan volta-se para o homem, a mulher é tirada do grupo e tem as garras de um lhycan prontas para rasgar sua garganta. O Alpha não está com paciência depois de ter seu território invadido constantemente. Apenas por causa dessa guerra seu território virou hospedagem?!

     Mas o homem não tem outra reação exceto dobrar seu pescoço, observando o próximo movimento do Alpha. É um lhycan corajoso, todavia Dylan, sem paciência, faz um sinal com a mão. As garras seu lhycan passa a perfurar a carne da mulher que gemeu de dor e logo ele começaria a arranhar sua garganta.

      Dylan não importava-se de causar uma morte em um tempo de guerra. Ainda mais um lhycan. Essa é a natureza que faz as alcateias da Sombra seres tão temidas.

Sou um caçador da Alcateia Eclipse Branco. Busco Arya Campbell. — Dylan fecha sua mão e o lhycan para o que fazia.

     Ele faz parte da alcateia onde Arya nasceu. Era de esperar-se que eles não iriam desistir, mas aquele lhycan tinha uma ligação a mais com a Ômega. Uma semelhança que ficava mais claro na mulher, embora seu olhar não fosse nem pouco submisso.

Vão embora. — Ordenou Dylan e levantou-se dando as costas ao grupo. A mulher foi jogada no chão próximo ao seu irmão.

A-Arya está ferida, não é? — Dylan para de andar e olha para ela. — Tenho talento medicinal. Uma das me-melhores da alcateia. Posso ajudá-la.

     Um sorriso brota no sorriso de Dylan e ele mesmo decide agir ao aproximar-se dela e pegá-la pelo pescoço. Os lhycan rosnam em ameaça mas nada impede que ele a ergue, quase sufocando-a e machucando sua carne com suas garras.

Como posso saber que não irá matar sua irmã? — Questiona Dylan, então a solta nos braços de um de seus guerreiros, que a imobiliza. A lhycan respira ofegante e tenta recompor-se.

N-Não a con-considero minha irmã. — Afirma encarando-o. O Alpha aproxima-se.

Vieram da mesma alcateia. Nasceram do mesmo clã. — Dylan retira uma mecha de seu cabelo para que possa ver seus olhos, que tanto lembram o de Arya. Verdes. Íris verdes marcado por dominância de um lhycan ousada, diferente da submissa em seus aposentos. — Compartilham a mesma descendência e o mesmo sangue.

— T-Tenho nojo de ter o mesmo sangue daquela puta! — A força de suas palavras mostra a verdade de suas palavras. Mesmo se ela fosse treinada para a criação da mais perfeita mentira sobre tudo relacionado a sua origem, tal fato poderia ser o único que ela não é capaz de esconder. Seu olhar revela isso. A repulsa e nojo ao lembrar que a Ômega é sua irmã.

Então tenho menos motivos para confiar em você. — A firmeza de suas palavras é tanto que Dylan não duvidaria que ela matasse Arya na menor oportunidade, livrando-se assim da desonra de sua família. Do nojo de prostituta que compartilha o mesmo sangue que o dela.

     Muitos lhycans mataria a Ômega por muito menos…

     Confiar a vida de uma Ômega a uma outra mulher é perigoso mesmo que a mulher seja a que gerou e deu à luz; sua mãe. Mulheres têm tanto nojo da impureza de uma Ômega, que para elas, manter uma viva é um insulto à honra do sexo feminino. É como aceitar o machismo. É como aceitar ser estuprada sem lutar pelos direitos de seu corpo. É como ser oprimida. A submissão de uma Ômega é nojenta. Pior do que as mais imundas humanas que, no fundo de sua alma acredita que o homem é superior. Uma mãe mataria sua filha sem exitar caso fosse uma Ômega.

     A própria mãe de Arya já fez isso. Matou sua irmã gêmea e teria matado Arya caso seu companheiro não tivesse intervido. A lhycan que está sob o olhar de Dylan tinha apenas 10 anos de idade quando isso aconteceu. Ela lembra-se de sua mãe surtando com a vergonha que era ter dado a luz a três Ômegas e permitir que um viva.

Deixe-a. — Uma voz sai fundo chama a atenção de todos e arrepia os intrusos. Era o Supremo. — O ferimento é grave e a Ômega não irá sobreviver.

     O Supremo aproxima-se da lhycan, avaliando o que seus olhos demonstram. Por fim, ele afirma:

Se ela morrer, você irá substituí-la como Ômega. Seu próprio irmão irá estrear-lá. — A lhycan arregala os olhos, apavorada. O Supremo coloca sua mão em sua barriga. — E se ela tornar-se estéril, farei-a alimentar-se de seu próprio útero.

     Suas vontades são ordens. Sua palavra é lei. Esse é o Supremo. Seus olhos queriam perfeição. Uma única cicatriz no corpo de Arya teria consequências.

      Com suas palavras finais, a lhycan teve permissão de aproximar-se de Arya. Sua irmã…

     Era quase noite, mas Dulce já estava acordada. Desde que despertou de seu desmaio, nada mais era como antes. Seu corpo estava mudando. Ela estava sentindo o calor do vulcão em seu corpo. Sentia sede e não conseguia ficar parada.

     Dulce se remexia na cama, inquieta. A sensação era familiar, mas também torturante. É como se houvesse o fogo da Fênix em seu corpo desde que viu a imagem.

     A presença de Nevrah, trazendo-lhe comida, piorou. Ele nada fez além de deixar a bandeja de carne e saiu. Dulce olhou a carne e, pela primeira vez, não sentiu fome. Ela tomou a água até a última gota e, como um ser que estava quase enlouquecendo sufocada, saiu do quarto.

     Seria o cúmulo!

     Mas ela não importava-se. Precisava de ajuda desde que acordou.

      E mesmo que a ajuda viesse dele, ela não arrependeu-se quando correu até Nevrah, chamando-o. O Arcanjo girou, abrindo sua asa e a lançou contra a parede antes de prensa-la. Dulce permaneceu ofegante.

— Por favor… — Ela implorou. Sentia o calor crescente aumentar. Estava desesperada e até mesmo tonta. Estava suando e pregou com a pergunta de Nevrah:

— O que você quer, bonequinha? — Nevrah arregalou os olhos com a ousadia de Dulce. Ela estava tão desesperada com o fogo crescente dentro de si que não teve pudor ou vergonha quando agarrou seu membro sobre a calça.

     Dulce fechou os olhos e espreme suas pernas. Estava coçando. Sedenta. Nevrah podia sentir o cheiro de fogo. Ela mordeu os lábios e abriu os olhos, implorando com o olhar.

— Não terá volta. — Nevrah afirmou, disposto a dar o que ela tanto parecia querer. Mas haveria consequências.

— O q-quê? — As palavras de Nevrah parecia despertá-la de seu transe de desejo.

— Não costumo dividir minhas putas. Se vier ao meu quarto… — Aproxima-se de seu ouvido, onde sussurra — …será minha putinha! — Nevrah volta a encarar seus olhos quando Dulce solta seu membro. — Uma relés amante entre as outras. Terá prazer constante sempre que eu chamá-la, mas não deverá sequer tocar os lábios de outros. Ninguém saberá de nossas relações, mas caso descumpra alguma de minhas ordens, eu te mato.

      Nevrah foi frio em cada palavra. Seu olhar não mostrava sentimentos. Era uma proposta que Dulce não poderia aceitar. Seria vergonhoso depois de tudo que ele fez.

     Sem uma resposta, Nevrah a largou no chão e foi para seu quarto. Dulce retornou aos seus aposentos onde alimentou-se da carne, relembrando quando Nevrah tirou sua virgindade e permaneceu em sua mente até quando ela deitou.

     Mas o fogo voltou. Tudo era desesperador. Ela tocou entre suas pernas tentando aplacar o fogo, mas de nada adiantou. Ela precisava de algo dentro dela, de pressão e de um outro corpo. Precisava de um homem. 

     Ela levantou-se da cama e seguiu até a porta, por onde saiu.

     Ninguém saberia…

     Ela passou exitante pelos corredores iluminados pelo fogo da lava.

     Ela não precisa de outro corpo masculino…

     Ela estava cautelosa, mas conseguiu encontrar o quarto.

     Ela teria prazer…

     Ela entrou no quarto, procurando por ele. Estava escuro, mas Dulce sabia que Nevrah estava ali. Mas a certeza apenas veio em seu corpo quando sentiu a respiração dele em sua nuca.

— Sempre soube que era uma vadia… — Sussurrou em sua nuca. Dulce suspirou e Nevrah sorriu com seu novo brinquedinho.

     Ele a vira para e a encara com seus enormes olhos de águia cuja íris verde cobre quase toda sua esclerótica.

— Diga. — Ele não faria nada sem a confirmação em palavras de Dulce, que perdeu a respiração e forçou tal palavra sair por sua boca:

— A-Aceito…

     Ella estava tensa.

     Ela sentia-se ameaçada com tantos lhycans em sua alcateia e, depois de sentir o poder daquele homem que tanto mexeu com seu corpo, ela escondeu-se no quarto, completamente confusa, quando seu Alpha entrou no quarto.

      Dylan trazia alimento. E pela primeira vez, ela não questionou. Apenas alimentou-se sobre o olhar pensativo do lhycan.

      Ele sentiu o cheiro de sua excitação…

       Mas a própria garota parecia não entender o que ouve. Ela estava confusa e, até mesmo, com medo.

      Dylan não deixou de reparar no olhar curioso de Ella sobre ele. Seus músculos e sua pele.

      Com quase 15 anos, os hormônios estão florescendo. Não é de estranhar-se que ela comece a ter interesse nos homens, mas o fato dela ter ficado excitada com um homem que não é da alcateia, o irritava. Mas ele não questionou. Ella ainda está entendendo seu corpo.

       Quando ela terminou, Dylan pegou a bandeja e saiu. Uma escrava a levaria até a cozinha quando ele iria verificar a Ômega. O Alpha não estranhou ao ver o Supremo observando-a enquadra era examinada pela irmã.

       Cada exame ou ato deveria ter sua presença, garantindo a punição imediata caso algo aconteça. Mas medir a temperatura febril, a saliência de seu suor, pele e saliva não parece algo ameaçador. Nem mesmo ao examinar o ferimento de um ângulo ao qual o Supremo possa ver o que está acontecendo.

      E como esperado, Arya atingiu o útero nós buracos abaixo de seu umbigo. Tentou arrancar-lo mas a dor e perda de sangue a fez perder a paciência. É profundo. Parece que a Ômega rompeu alguma artéria.

      A lhycan não entendia. Seria drama de sua irmã caçula? Ou algo a mais? Quanto mais ela examinava Arya, vendo o ferimento em seu coração, mais curiosa ela ficava sobre a mentalidade da Ômega. 

     Tentando arrancar seu coração e útero parece um simples ato de drama para comover alguém. Arrancar o útero é o tipo de punição que Alpha aplicam a mulheres dependendo do crime. A privação de ser mãe.

      Mas nada muda o fato de que, sem tratamento especial, talvez Arya nunca seja capaz de manter sua fertilidade.

Preciso operar. — Afirma. O Supremo deu sinal para que saísse e procurasse o excencial para tal ato drástico. Sozinho com Dylan, o Supremo afirma:

Fiquei sabendo que esconde uma mulher além da lobinha cheia de tesão no quarto. — Se Dylan naquela situação percebeu, o Supremo também perceberia o estado de Ella, assustada embora excitada.

Ela não tem nada a ver com isso. — Diz Dylan, um tanto protetor.

Nenhuma das duas tem. — O Supremo levanta-se da poltrona e analisa Dylan. — Você foi atraído para esse castelo por ela. Acho que o mínimo que devo saber qual delas vou matar caso você espalhe uma informação que vem ocultando.

Então é verdade? — Dylan mantém-se firme. Não adianta tentar esconder. O Supremo é um Alpha sagaz e notou o jogo de Dylan ao fingir não saber sobre a Ômega. O Supremo não confirma, mas é óbvio em seu olhar. Estão ligados pela alma.

      O Alpha aproximam-se mais de Dylan, ficando cara a cara com ele.

Deveria ser rápido. Meu Bhetta não é conhecido pela gentileza. — A dominância começa a pesar o ar. — Mesmo que seja apenas um aviso, não garanto a sobrevivência.

      Rugidos são ouvidos nos corredores acima. O Supremo cerra seus olhos.

  Mirella…

     Ella já havia sido vista pelo Supremo. Restava apenas Mirella, a albina cega e amedrontrada no quarto com o mais feroz e violento dos Bhettas. Dylan saiu do cômodo, apressado até os aposentos da humana.

      Conforme ele subia a escada, mais lhycans caídos ele via. Estavam machucados. Os primeiros foram pegos de surpresa, mas os demais simplesmente não tiveram chance. No corredores, havia cheiro de sangue. Os golpes não eram mais tão precisos. Eles eram apressados. Descontrolados.

      Dylan já cerra suas sobrancelhas ao imaginar o motivo, mas precisava ver para ter certeza. Então ele correu até os aposentos da humana, vendo-a suja de sangue.

      Ele estava parado em sua frente.

      Seus olhos não tinham direção. 

     Todo o corpo do Bhetta entrou em colapso. Nada mais fazia sentido. Ele pretendia machucá-la, mas seus mal conseguia se mover. Seu corpo tremia, seu coração estava acelerado e ele estava suando. Não parecia o guerreiro impiedoso. Ele mal respirava. Seus olhos acenderam-se com o fogo que atingiu seu ser apenas com uma lufada de ar. Mas ele não precisa de ar. Foda-se o ar. Seu peito dois com seu coração descompensado e seu corpo paralisado.

     Ele a queria em seus braços recebendo suas carícias. Ele queria beijá-la como se não houvesse um amanhã. Queria conhecer seu corpo até os mínimos defeitos e desvendar os mistérios de sua alma. Até mesmo seu instinto mais sanguinário parece querer proteger-la e destruir tudo que a faça mal. Até mesmo afrontar seu Alpha e dar a vida para ela. Uma ereção cresceu entre suas pernas e imagens eróticas surgiu em sua mente junto com uma enorme e quase descontrolada vontade de ejacular dentro da humana assustada na cama.

      Ele rosnou ao apertar seu membro, contendo o orgasmo com a explosão de sentimentos ligados ao prazer que seu corpo sente ao olhar para ela. O Bhetta cambaleia para trás, derrubando tudo à sua volta como um bêbado que não suporta seu próprio peso. No chão ele ainda parecia desnorteado e mentalmente abalado.

      A Alcateia Lua de Sangue havia encontrado outra de suas Lhunas espalhados pelo mundo, pois Arthur, o Supremo Bhetta de Sangue do grande Supremo Alpha havia encontrado a mulher destinada a ele pela deusa Lua. De um segundo para o outro, ele encontra-se completamente apaixonado por uma humana; sua humana. 

     Sua predestinada companheira de alma!

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