C A P Í T U L O 08

     A visão de Ella girava. Estava com dor de cabeça e seu ombro ardia. Mesmo assim, ela saiu para aventurar-se no castelo e cumprir o que Dylan ordenou-lhe.

     Era de madrugada. Havia apenas guardas fazendo sua ronda e segurança matinal. Os corredores estavam escuros. Apenas alguns eram iluminados pelo brilho das estrelas que entravam pela janela. Algumas tochas estavam apagadas e facilmente colocavam Ella numa escuridão…

     O que a deixava mais tonta? A escuridão ou a luz?

     A luz ardia seus olhos enquanto a escuridão parecia engoli-la. Sua visão pulsava entre ver e não ver. É como se alguém acendesse e apagasse uma vela constantemente em uma sala completamente escura.

     O corredor parecia não haver fim. No final, ela sabia que chegaria a escadaria e esse era seu medo. A escada. Como passaria por ela sendo que nem ao menos mantém-se em pé.

     Mas ela prossegue. Apoiando-se na parede e, até mesmo, nos poucos móveis do local até não aguentar mais ficar em pé. Ela tropeça no tapete e cai, derrubando e quebrando a pequena mesa ao qual se apoiava.

    O seu grito junto do estrondo provocado logo chama a atenção dos guardas que correm para averiguar. Eles apressam-se para ajudar a leide, perguntando se ela está bem.

    Ela exige que falem em tom mais baixo e reclama de dor, mal entende suas perguntas e apoia-se em um deles. Uma lágrima sai de seus olhos quando uma forte pontada em sua cabeça é sentida.

— Mileide?! — Um dos guardas elevam o tom e a dor intensifica-se.

     A distância, no escuro, Fharlley observa tudo sem ser notado. E assim, ele olha para o outro lado do corredor onde um dos guerreiros de Dylan passa.

     Os guardas guardavam uma sala onde era proibido a entrada de quase todos os moradores do palácio. Mas Dylan não importa-se. Ele é o primeiro a entrar na sala, completamente escura. No entanto, cada detalhe da sala é enxergado perfeitamente por ele.

      Sua espécie é perfeitamente adaptada ao escuro de maneira que preferem agir sobre a ausência da luz. Por isso são vistos e retratados como criaturas das trevas, devoradora de carne humana em lendas e histórias. Uma dessas histórias, é que ele procura.

     O lugar aparentava ser uma sala de artefatos valiosos. Havia gravuras e possíveis provas da existência do que os humanos chamam de criaturas místicas. O sobrenatural. Seus lhycans logo espalham-se sobre a sala movendo-se com maestria e extremo silêncio.

      Eles avaliam os artefatos com seus olhares. Havia também gravuras e quadros. Um deles, em especial chamou a atenção de alguns lhycans. Era o quadro do cometa vermelho que veio a terra a algumas décadas atrás.

       Em baixo do quadro, havia alguns materiais de magia e alguns pergaminhos profetizando o cometa e a sua imensa força mística. Havia também prévias de uma profecia, aparentemente, não aprofundada pelos humanos mas que todos naquela sala sabem que acontecerá.

      Os lhycans em nada pegaram ou danificaram até verem uma gravura em particular. A gravura do sol e da lua logo abaixo de um quadro retratando a Lua de Sangue refletida sobre uma mulher nua com curvas majestosas desenhadas aos mínimos detalhes. Mesmo que sua face esteja escura devido ao brilho da lua, os lhycans entendiam a referência. Seus braços estavam cruzos sob seu seio. Ela usava braceletes de prata com a gravura da meia lua. Suas unhas eram afiadas. Ela estava em uma floresta.

       O quadro poderia ser uma gravura de sua deusa guardiã cujo poder baseia-se na lua. De tempos em tempos indefinidos, ela entra em fertilidade, permanecendo vermelha e colocando as demais fêmeas no cio. Essa é a temporada de acasalamento e procriação. O tempo que a deusa pede uma nova prole e geração de lobisomens as fêmeas que são extremamente importante para uma alcatéia de equilíbrio.

       Entre as várias interpretações do quadro, todos colocam a mulher como algo até mesmo majestoso para os lhycans. No entanto, os pergaminhos abaixo do quadro as acusam como progenitoras de demônios metade homem e metade fera. Um homem-lobo.

     Tudo era baseado em relatos humanos e, por tanto, ninguém estranhou quando as mulheres foram acusadas de ser um sexo frágil e extremamente traiçoeiro. Segundo os pergaminhos, embora a mulher seja inferior ao homem, se não for relembrada constantemente de sua única função de procriar, além pedir perdão a Deus por sua natural ganância, estarão propensas a sucumbir e seguir seu próprio desejo tornando-se demônias progenitoras de pragas e bestas como lobisomens.

      Os lobisomens teriam ignorado e deixado os pergaminhos em seu lugar se não fosse pelo que alguns insinuavam sobre alguns relatos e especulações sobre mulheres com o espírito da "fera" dentro de si.

     Segundo o pergaminho,  "Mulheres não devem ter vontades, opiniões e desejos. Devem aprender seu lugar desde seu nascimento." para que o espírito indomável e naturalmente traiçoeiro e ganancioso de uma mulher não floresça, pois caso isso aconteça, ela poderá carregar em sua alma um demônio. Aparentemente, a mulher se mostra com um ferimento incomum geralmente provocado por um fera ou, talvez por ela mesma. Seu comportamento fica agressivo e desafiador manifestando a vontade da fera interior de comandar. Ela esquece seu lugar e acredita não ser mais inferior ao masculino — segundo o pergaminho, devido a força descomunal, reflexos e mudanças metamórficas que ocorre.

     O pergaminho machista faz clara referência às mudanças que, não apenas uma mulher, mas qualquer humano mordido por um Alpha sofrerá até transformar-se em um lhycan. Mas também faz referência a única solução para tal acontecimento; a morte.

     Segundo a papelada, apenas Deus poderá perdoar tal alma e, portanto, não há salvação na terra. A partir do momento em que uma mulher mostra sinais de se quer ser igual ou melhor ao sexo masculino em qualquer habilidade, não há salvação na terra exceto a morte sob reza para que Deus tenha piedade de tal alma.

     Ella McCarvalho mostrará esses sinais. Se ela não morrer pela mordida de seu Alpha, aparentemente seu povo a matará. É o que os lhycans deduzem quando roubam boa parte dos pergaminhos com clara intenção de dificultar tais acontecimentos. Ou, ao menos, atrasar.

     Se Ella sobreviver — o que é um tanto incerto — ela provavelmente juntará-se a alcatéia de Dylan e será uma deles. Se tiver essa possibilidade, eles chegarão a lutar para mantê-la em segurança. Porém, não é por ela que eles estão naquela sala.

      É pelo odor de sangue que todo lhycan sente ao passar em frente a aquela sala. Um cheiro comum para todos exceto para Dylan. Seu instinto de Alpha o força a encontrar a origem bem escondida. Ele mal se preocupa em acobertar Ella e deixaria a jovem morrer já que seu destino ainda é incerto. Tudo dependerá de sua alma.

      Mas o que ele procura é algo diferente. Ele deixa para seus lhycans acobertarem Ella e ver até onde vai o conhecimento humano naquela sala. Dylan apenas observa deixando-se levar por seus sentidos lhycantropicos. Há algo a mais escondido naquela sala…

       Algo cujo cheiro de sangue o atrai até uma estante de antigos livros. Um dos livros exalava um cheiro diferente e esse é o que Dylan puxa para pegá-lo. Mas a estante se move revelando um túnel. O cheiro agudo de sangue deixa todos os lhycans agitados. Seus olhos naturalmente acendem-se.

     Ella, mesmo a distância, também sente em meio aos guardas. Seu comportamento logo torna-se agressivo e ela empurra um dos homens com tremenda força que o faz cambalear, tropeçar e cair. Seu pai, o lorde McCarvalho e conselheiro do rei que havia sido chamado, presenciou sua força, tal como sua agressividade perante a tantos homens enquanto reclama de dor de cabeça. Uma dor tão aguda que faz seu nariz sangrar e ela perder a consciência.

    Fharlley a distância, permanecendo neutro como um fantasma que ninguém vê, analisa tudo. Desde o desmaio de Ella até os guardas voltarem ao seus postos notando uma diferença na maçaneta da porta… quebrada.

— Milorde! — Chama um dos guardas, apontando para a maçaneta quebrada. Ao sacar sua espada, os guardas pegam as tochas na parede aos seus lados e entram na sala já armados para um combate.

      Mas nada vêem.

— Soe o alarme! Chama mais guardas! — Ele ordena olhando em um ponto específico da sala. A estante de livros.

     Sua ordem é cumprida e, em apenas alguns minutos, a sala está cheia de guerreiros armados e preparados. Tanta movimentação, de longe é ouvida pelos lhycans nas cavernas escuras através da passagem.

     Estão agindo sobre liderança de Dylan e, por tanto, qualquer movimentação de seu Alpha pode significar uma ordem ou comando. Mas ele em si permanece neutro. Ele sabe sobre os guardas se reunindo, o sino de alarme tocando e os soldados preparando-se a cada segundo. Mas ignora. Ele está focado em achar a fonte do sangue.

     Uma mulher…

     Mas que mulher? É claro o cheiro feminino, mas é completamente desconhecido por todos os lhycans. Nem mesmo Dylan a conhece, mas bastou sentir o fraco odor de seu sangue para sentir sua importância. E agora ele a busca entre os corredores escuros de um calabouço escondido.

     O cheiro local incomoda. É horrível. Parece que as celas entre os muros das cavernas não são limpados a anos, apesar da pouca quantidade de presos. O cheiro de urina, fezes e sangue é repugnante não apenas por serem fortes e não haver janelas por onde o ar possa entrar, mas pelo cheiro característico de cada espécie.

     Esse reino sabe mais do que aparenta a julgar pelos corpos de diversos sobrenaturais nas celas e os poucos vivos. Todos homens. Nenhuma mulher. A única mulher entre os corredores estava acorrentada e fraca na última cela no final dos túneis cavernoso.

     Dylan a encontra apenas quando os guardas entram os túneis com fogo e armados. É quando ele também dá uma ordem. Bastou um olhar de seu Alpha e todos os lhycans somem na escuridão das cavernas.

     Dylan fica sozinha com a mulher…

     Uma humana…

     A primeira coisa que ele nota é em seu beleza altamente peculiar. Ela não é apenas branca, mas seus cabelos e pelos são brancos. É como uma neve manchada de sangue e ferida.

     Está cansada, parece desnutrida e com dor. Está extremamente magra e seu rosto não é visto através de seus cabelos. Mas é notável sua beleza. Uma beleza incomum.

     Dylan tem extremo cuidado ao arrebentar as correntes e soltá-la, permitindo que ela caia em encontro ao seu peito. Ele levemente sente-se incomodado com a aproximação involuntária da queda e a afasta, deitando-a em seu joelho.

     Ele cuidadosamente afasta seus cabelos brancos e sujos de seu rosto e analisa sua face delicada apesar de machucada. A pálpebra de seus olhos encontra-se em um roxo quase negro e há manchas de sangue ao redor. A cor escura destaca-se na pele mais branca e sem cor do que a de um cadáver.

      Mas ela respira. Fraco, mas respira. Não está morta, mas precisa de cuidados.

      Dylan nunca havia visto uma albina em toda sua vida, mas tinha fortes motivos para acreditar que a pele daquela mulher devia ter alguma coloração além do gelo morto. Suas bochechas, ao menos, deveriam estar rosadas mas não estão devido a extrema desnutrição.

     Apenas sentir o cheiro doce de seu sangue apesar do seu corpo sujo ao ponto de feder é o suficiente para ele estar disposto a matar para mantê-la em segurança. Apesar de conhecer tal humana agora e não saber nem ao menos seu nome, sua determinação em lutar por ela é imensa. Ele não exita ao rugir como uma verdadeira fera transmitindo sua ordem aos seus lobos.

      Seu rugido ecoou por todo o corredor e atingiu os guardas que param de andar. Só então eles notam nas celas. O lorde McCarvalho e pai de Ella estranha a quantidade de presos. Não havia tantos presos assim e ele não lembra-se de outras capturas.

     Ele aponta sua espada para um dos homens que olha para ele com olhos intensos e brilhantes. Olhos incomuns que ele não viu nos tipos de sobrenatural que capturaram. São semelhante aos de um homem-raposa que morreu no último mês. Mas esses são diferentes. Não são um laranja com a pupila magra e retraída. É um amarelo com a pupila inchada e redonda.

     E não está fraco…

     Ele levanta-se com facilidade do chão, tal como seus dois companheiros atrás de si. Todos com olhos semelhantes. Um amarelo quase dourado.

      Quando a tocha ilumina seus corpos, nenhum ferimento é visto. Nem ao menos um corte. E mais homens vão mostrando-se na escuridão, movendo-se com silêncio e maestria. Todos com algo em comum; os olhos e… as vestimentas.

      As calças escuras, as pinturas e armas com um padrão familiar. O brasão das garras de um lobo representando sua face agressiva, como se um lobo estivesse saindo da pintura de uma pata do animal é o que chama mais atenção. O lorde McCarvalho já viu esse brasão antes. Não é necessário forçar a memória para lembrar do lorde Dylan.

— Vocês não são… — Os homens sorriem e de seus sorrisos, um rosnado é ouvido, arrepiando os guerreiros humanos.

     Ele teve certeza de que seus aliados não eram humanos quando uma fera surge da escuridão não iluminada pelas tochas. Um lobo. Mas não um lobo comum. Um gigantesco lobo com o tamanho próximo, se não maior, que um homem adulto. Os olhos brilham de forma tão intensa quanto os demais homens que não se sentem intimidados pela fera.

     Os homens de Dylan nem ao menos recuam um passo quando a fera ruge e passa por eles. Um dos homens saem da cela e abaixa-se, colocando uma de suas mãos no chão. Muitos o acompanham…

     Estavam se preparando para atacar. Não como homens, mas como feras. Suas garras afiadas arranham o chão, seus olhos indicavam agitação interna e seus calmos movimentos são um padrão; o padrão de um ataque coletivo.

      Não há perguntas sobre essa traição. Há apenas dois grupos distintos prestes a entrar em combate. E os lhycans não pretendem perder.

     O rugido do grande lobo marrom avermelhado deixa todos os humanos em estado de alerta e pavor. Esperava-se que o ataque viesse dele. Porém, veio por trás.

     Quieto, calmo e silencioso. Ele surgiu da escuridão em um único salto, agarrando três guardas que nem souberam o que os atingirão até se verem sendo estraçalhado vivos por uma gigantesca fera demoníaca em forma de um lobo amarronzado.

     Os gritos estridentes dos homens apenas aterrorizam os humanos, deixando até mesmo o próprio lorde McCarvalho aterrorizado. Embora seja, no reino, o humano mais acostumado com o chamado "sobrenatural", nunca havia sequer visto uma fera como esta. Sempre procurou, mas nunca havia sequer capturado um homem-lobo; um humano provavelmente concebido por uma mulher com a alma de uma fera demoníaca; um lobisomem.

     O terror ao ver, não apenas um em ação, mas estando cercado por muitos não sairá de sua mente. Ele se vê enfurecido e consegue imaginar apenas um motivo para eles estarem aqui — a mulher.

  Mulher demoníaca!

     Ele pragueja quando a cabeça do homem é arrancada em meio às caninos afiados da boca da fera. Ele desejou ter matado aquela mulher invés de tortura-la para conseguir informações. Uma vez que uma mulher se torne ousada, deve ser castiga. E ela não tinha salvação! Deveria tê-la matado!

     A fera faz questão de lançar a cabeça do humano na parede. Sua interpretação era amedrontar e aterrorizar. Mostrar o quão agressivo são e fazer cada humano saber que morrerão e nada poderão fazer.

     E conseguiram.

     Para os lhycans o combate não era sério. Eles pretendiam brincar com os humanos. Ver o pavor dessa espécie nos olhos ao destroça-los. E fariam isso sem pressa.

     O próximo ataque veio de um homem, que avança contra um humano completamente estático de pavor. Foi breve, mas não bonito. As garras do lhycan cortaram com facilidade a pele e sua mão adentrou sem esforço o estômago do humano. Ele gritou estridentemente mas isso de nada adiantou quando seus rins foram arrancados para fora de seu corpo ao lobo que logo digeriu a carne.

     O homem teve a garganta rasgada antes que desmaiasse de dor. Seu corpo foi lançado aos soldados com extrema facilidade, desequilibrando-os e dando a distração perfeita para um banho de sangue.

     Os gritos nos corredores ecoaram até a sala onde mais guardas aguardavam. Foi breve, mas aterrorizante. Todos tinham vontade de fugir, mas as ordens e pressão os fizeram entrar naqueles túneis banhados em sangue e corpos.

     Muitos em estado deploráveis. Não havia nem ao menos como saber a qual corpo pertencia tão cabeça humana.

      Os corpos foram partidos ao meio. Cabeças rolaram, órgãos internos arrancados, braços separados de seus corpos e sangue. Muito sangue. O chão e parede, em meio à escuridão iluminada apenas por algumas tochas pareciam estar banhados em sangue.

    Não parecia haver sinais de sobreviventes, até um som mais a frente ser ouvido. Era o lorde McCarvalho, conselheiro do rei. Ele era o único sobrevivente e estava tão estático que não conseguia nem expor seu pavor em um grito ou pedido de socorro.

     Palavras só foram pronunciadas de sua boca quando tocaram seu ombro:

— F-Fuja…

— O quê? — Respondeu o guerreiro.

— C-Corra… Fuja! FUJA!

— Tarde demais. — A voz saiu das sombras, atraindo o olhar de todos. Quando o calor do fogo o ilumiu, eles puderam ver Dylan. Todos, imediatamente apontam suas armas para ele que nada faz além de sorrir.

     Em seus braços estava a mulher a quem o lorde McCarvalho torturava. Estava fraca e desacordada. Seus cabelos tampava a região de seus seios rasgados por um triturador de mama.

      Um aparelho para triturar e rasgar os seios de uma mulher acusada de bruxaria. Geralmente os seios tendem a ficar deformados, no entanto, parece que o castigo não foi realizado até o final. Provavelmente quando a humana desmaiou.

     O cheiro não está bom. Ela parece estar com dor a cada movimento que Dylan dá ao ponto de não estar com paciência para ser contestado. Ele abaixa-se cuidadosamente com a mulher em forma semelhante a alguém rendendo-se. Os guardas ficam confusos.

— Aconselho a deixar-me passar. — Quando seu olhar cai sobre os humanos, todos entendem que não é uma rendição. Seus olhos negros alaranjado queimavam em ameaça.

     Uma ameaça que concretizou-se quando seus guerreiros saíram das sombras atrás de si junto a dois enormes lobos. Dylan não estava com paciência para diálogo. Ele quer que a humana receba cuidados.

     Ele é o Alpha da alcatéia. A fera mais poderosa em quilômetros. Um Alpha nascido da sombra. Um Alpha da Sombra. Ele lutaria se não fizessem o que ele manda. Mas a resposta dos humanos foi óbvia; apontar as armas.

     Dylan não gostou. Seus músculos ficaram tensos. Ele rosna em desapropriação e seus guerreiros atacam sem exitar, porém, não por morte e sim, por controle.

      Como sempre, Henna desperta tarde de seu sono. Rômulo a observava em silêncio. Não ousou acordá-la de seu repouso depois de tudo que ela anda sentido. Mas ele notou uma melhora quando seus olhos abriram.

     Embora esteja desesperado, ele demonstrou extrema calma ao pegar aproximar-se dela. Ele não tocou sua pele. Ela poderia sentir seu nervosismo afinal é sua companheira. Ele apenas marca sua presença autoprotetora e pergunta:

Como está?

— Com fome… — Murmura. Ela está bem.

     Rômulo sorri mais aliviado e finalmente toca nas mãos de sua amada e aproxima seu rosto do dela, dando-lhe um beijo de luxúria. Não é selvagem e desesperado. É calmo e proveitoso.

Vamos a floresta? — Henna não exita em concordar e como não exista em pregá-la em seus braços. Então sai de seu sai de seus aposentos, carregando-a por todos os corredores e escadas, passando pelas escravas e lhycans até chegar a floresta onde ele a coloca no chão.

     O ar fresco da madrugada parecia acalmá-la. Seus cabelos um tanto bagunçados balançavam como as ondas no mar. Seus nobres tecidos de lã e seda fluíam com leveza na atmosfera carregada pelo vento.

     Henna sentia paz.

     A floresta a instiga. A floresta a calma da mesma forma como acalma qualquer lhycan. Nessa calma ela estala sua espinha, sua costela, suas vértebras e cada osso de seu corpo. Assim Henna força sua carne assumir uma nova aparência. Ela liberta-se em uma gloriosa loba.

      Diferente de qualquer outro lobo nascido e preparado parece esquartejar, desmembrar e estraçalhar qualquer tipo de carne com facilidade, a aparência de Henna em sua forma lhupus é diferente. De longe nota-se sua pelagem macia. Sua cor é clara. Seus olhos são claros. Henna é simplesmente majestosa.

      Sua beleza em forma lhupina é facilmente notado até mesmo por Nhyara que ao longe observa a loba correr com seu amado já em forma de lobo em direção à floresta. Correr e brincar com Rômulo parecia ser tudo que Henna precisava.

     A floresta da região conhecida como Bulgária é diferente da floresta de Hyffhitus. Caçar um alce e devorá-lo inteiro foi extremamente fácil para um casal de gigantescos lobos.

     Henna estava em paz, no entanto, sentia que essa paz seria breve.

     É incomum encontrar uma Ômega. Ainda mais uma Ômega nascida como aquela deitada em meio a almofadas enquanto recebia tratamento e era analisada detalhadamente pela Peeira da alcatéia.

     Ela constantemente molhava a pele da lhycan e depositava pequenas quantidades de água em sua boca. Seus ferimentos eram tratados com cuidados e Arya era ventilada por duas escravas humanas.

Ela não acordará antes da Lua de Sangue. — Afirma a lhycan antes de olhar para seu companheiro que observava a distância. Ele, cuidadosamente aproxima-se de sua amada, comprimentando-a com um beijo na testa.

Quanto tempo?

— Não sei. — Seu olhar novamente cai sobre o angelical rosto da Ômega. — Mas tenho um pressentimento sobre ela.

     O pressentimento de uma Lhuna é forte. Mas algo que supera uma Lhuna é uma Peeira — a fêmea de um Alpha. É essencial a sabedoria, habilidades e força de uma Peeira para ter-se uma alcatéia equilibrada. Nem mesmo um Alpha contesta algo que sua fêmea julga ter certeza.

     Mas como não há uma Suprema Peeira ainda, há uma Peeira Genuína. A loba em sua cor negra, cabelos em cachos definidos e olhos num azul celeste é uma Peeira Genuína. Quem lidera a alcatéia é seu companheiro, o Alpha Genuíno mas naquele momento quem lidera o lobo, é ela.

    Ele não contratará qualquer decisão de sua companheira. Aquela Ômega não era apenas uma Ômega nascida. Tinham algo a mais nela…

    E não importa quanto tempo leve, ela descobriria o que é!

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