Capítulo 15⚜Bruno e Lizandra⚜

Samantha

Após uma refeição rápida na cozinha administrada pela simpática Dodô, subo novamente para o quarto.

A movimentação no casarão é grande. A todo momento chegam encomendas, presentes e parentes dos noivos. Como conheço apenas Bartolomeu, sinto-me deslocada em meio as apresentações.

Tomo um banho e descanso até a hora do casamento. Fico na dúvida de qual roupa usar. Acabo optando por um longo azul de modelo simples, porém com uma fenda lateral generosa que deixa a mostra parte da perna. Uma das peças escolhidas por Bartolomeu.

Faço uma maquiagem leve valorizando os olhos, como Daphine ensinou e prendo o cabelo de uma forma displicente com uma trança lateral.

Enquanto procuro uma bolsa de mão que combine com o traje. Ouço uma leve batida na porta. Abro e permaneço em silêncio admirando a beleza masculina.

  Bartolomeu veste fraque preto com camisa branca e gravata borboleta. Está tão elegante quanto no dia de nosso casamento. Me observa de cima a baixo com um sorrisinho no canto dos lábios.

__ Pronta?

__ Só falta pegar a bolsa.

Quando retorno do closet Bartolomeu está no meio do quarto com as mãos nos bolsos.

__ Meu irmão pediu para que eu seja o padrinho dele. Se importa em ser meu par?

O encaro surpresa.

__ Acho que não convém participar de algo tão importante para o casal. Afinal, sou uma completa desconhecida.

Talvez tenha deixado transparecer um certo ressentimento.

__ Não é uma desconhecida. Estamos casados.

__ Mas eles não sabem disso.__ Rebato.__ E acho que não quer que as pessoas tirem conclusões erradas a nosso respeito, não é?

__ Ótimo então.__ Bartolomeu tira as mãos dos bolsos e se dirige à porta.__ Aguardo lá embaixo.

**************************************
Cessou o entra e sai pelo casarão. Acredito que todos estejam na capela aguardando o início da cerimônia. O único cômodo onde ainda há movimento é no quarto onde a noiva está se arrumando. Desço a escadaria e constato que a sala de estar também está vazia.

Bartolomeu deve ter seguido para a capela sem mim.

Sigo pelos corredores do casarão. Distraio-me com o clima bucólico que me transporta para o século XIX.

Na sala de jantar há cristaleiras repletas de louças. Em uma das paredes há uma grande exposição de pratos decorados e em um canto uma coleção de pinhas de cristais. Saio no hall e admiro a tapeçaria, os quadros e os jarros pintados à mão, decorados com inúmeras orquídeas de todas as cores, além de vários artefatos antigos.

Saio pela porta da frente e desço a escadaria. Admiro o pôr de sol fantástico. No gramado, uma grande tenda branca foi montada para abrigar as mesas dos convidados, o buffet e a pista de dança.

Todo o espaço foi decorado com muitas flores. Pequenas lamparinas indicam o caminho de pedra que leva até uma pequena capela antiga iluminada por luzes liláses.

Paro em uma pracinha com banquinhos brancos de ferro e uma árvore no centro. Aguardo um pouco, pois sinto-me deslocada.

__ Precisei me aproximar para  confirmar se é realmente de verdade.__ Um rapaz moreno de sorriso largo se aproxima. __ Achei que fosse uma fada...__ Me encara com interesse.

__ Desculpe. Não entendi.

__ Pelo sotaque parece que não é daqui.

__Sou de Boston, Estados Unidos.

__ Não repare a abordagem pouco original. Mas você realmente parece uma fada aí sentada.

Estende a mão.

__ Sou o veterinário da fazenda. Me chamo Antônio.

__ Samantha.

__ É parente de Lizandra?

__ Não. Sou secretária de Bartolomeu.__Ele franze a testa confuso.__ Irmão de Bruno.__ Esclareço.

__Ah, sim! Ouvi dizer que ele viria...__ Olha em direção à capela.__ A cerimônia já vai começar. Vamos entrar?__ Me estende a mão.

__ Samantha!__ Bartolomeu vem descendo a estradinha de pedra. __ Onde estava? Te procurei por todo o casarão...

__ Vim direto para cá. Pensei que já tivesse vindo.

__ Estava com Bruno. Está uma pilha de nervos.

__ Você é o irmão de Bruno?

__ Sim. E você, quem é?

Bartolomeu não se esforça para ser simpático.

Me sinto mal por causa de Antônio.

__ Antônio. Veterinário da fazenda.

Antônio estende a mão para Bartolomeu, que ignora completamente.
Apoia-me pelo cotovelo, me levanta e guia-me apressado em direção à capela.

__ Que grosseria...__ Reclamo tentando livrar os saltos dos sapatos das brechas entre as pedras do caminho.

__ Não faço questão de ser educado com esse sujeito. Bruno me falou sobre ele. O metido a conquistador "barato" que "atira" para todos os lados.

__ Quê?__ Sinto-me confusa com os termos usados por Bartolomeu.

__ É um "galinha". É isso!

__ Como assim?

Que comparação estranha!

__ Desculpe.__ Bartolomeu diminui o passo.__ É uma expressão brasileira, que significa que o cara é tipo um Dom Juan. Tenta conquistar todas.

__ Ah...

**************************************

Me acomodo no último banco da capela e assisto Bartolomeu entrar de braços dados com uma de suas tias paternas. Logo depois, os padrinhos da noiva e por último o noivo acompanhado pela mãe, Betina.

Finalmente conheço a mãe deles. É bem bonita e jovial, apesar da aparência  abatida.

A porta dupla de madeira é fechada. Uma música começa a ser tocada em um violino.

Olho para o rosto de Bruno. Gosto de ver a expressão do noivo nessa hora.

A porta é aberta e a bela noiva desliza pela nave da igreja acompanhada de um senhor que imagino seja seu pai.

Em um momento inusitado, o homem solta o braço da noiva, puxa um outro senhor de um banco e o posiciona do outro lado da noiva. A atitude provoca muita emoção entre os presentes.

Imagino que ela tenha dois pais. Uma espécie de nó se forma em meu peito.

O ápice da cerimônia acontece quando o Golden Retriever que vi mais cedo entra carregando na coleira as alianças dos noivos.

Me pego sorrindo com a cerimônia atípica, porém cheia de personalidade e emoção.

A noiva é linda e o casal visivelmente apaixonado.

Após a cerimônia religiosa, os convidados seguem pelo caminho de pedra rumo a uma grande tenda montada no gramado.

Permaneço a certa distância dando prioridade para parentes e amigos se acomodarem.

Por causa da altura Bartolomeu se destaca na multidão. Assim que seus olhos encontram os meus, vem ao meu encontro.

__ Estava a procurando...

__ Esse é um momento da família. Não quero impôr minha presença.

Algumas pessoas nos observam curiosas.

__ Bartolomeu!__ Uma voz feminina nos interrompe.

__ Betina...__ Bartolomeu segura minha mão imediatamente.

__ Quando pretendia falar comigo, filho?!

Os olhos azuis da bela senhora focam em nossas mãos entrelaçadas.

__ Tem muita gente nesse lugar.

Betina se aproxima e abraça o filho, que aperta meus dedos.

__ Que bela jovem! Não vai me apresentar?__ Sorri simpática.

Bartolomeu permanece estático. Sua reação me intriga ao ver o homem forte e decidido que conheço se comportar de forma insegura perante a mãe.

__ Sou Samantha Montenegro, senhora.__ Estendo a mão para a mãe de Bartolomeu.__ A secretária. 

__ Que prazer em conhecê -la!

Betina retribui satisfeita.

__ Obrigada por acompanhar Bartolomeu.__ Segura meu braço e me guia para o centro da festa deixando-o mais atrás.

__ Meu filho é viciado em trabalho. Tenho certeza que se não o acompanhasse ele não viria.__ Confidencia.

__ Mas é claro que já sabe disso, não é?__ Ganho tapinhas de leve na mão e uma piscada.

Assim que se afasta para cumprimentar parentes, me acomodo em um canto mais reservado.

Bartolomeu conversa com algumas pessoas, mas não me perde de vista. A todo momento nossos olhos se encontram.

O rapaz que se apresentou como o veterinário da fazenda mais cedo na capela se aproxima. Traz duas taças de champagne. Me oferece uma.

__ Sozinha novamente?__ Aceito a taça, mas a mantenho intocada na mão.

__ Prefiro me manter reservada. Não sou chegada a festas.

__ Uma beleza tão angelical não deveria estar escondida.

Ouvi falar que os brasileiros são bem desinibidos, principalmente no campo da conquista, mas o veterinário não perde tempo.

Sorrio por sua falta de discrição.

Ao longe, Bartolomeu me encara de testa franzida.

A noiva anuncia que jogará o buquê. Mulheres se amontoam dispostas a lutar pelo objeto. Agitadas, se divertem gritando e empurrando umas as outras.

__ Veja! Estão todas desesperadas.__ Antônio se diverte com o empurra-empurra.

__Não vai tentar pegar o buquê?

__ Prefiro ficar aqui.

__ Não sonha casar um dia?

__ É complicado...

Abaixo a cabeça e giro a aliança de casamento que Bartolomeu colocou em meu dedo há alguns dias.

Será que ele também esqueceu de tirar a  dele?

Distraída com meus conflitos internos não vejo o momento em que a noiva joga o buquê de rosas vermelhas e o grupo de mulheres se estapeia. Algumas caem na piscina e o buquê voa em minhas mãos.

A surpresa é geral. Todos aplaudem. A noiva acena sorrindo. Bruno, que já me conhece, dá uma piscada conspiratória. De olhos arregalados encaro Bartolomeu. Minha face queima. Ele sorri enigmático.

__ Que pegada, heim!__ Antônio aplaude ao meu lado.__ Está vermelha como um tomate. Vou buscar outra bebida gelada...

__ Obrigada.__ É o máximo que consigo dizer...

**************************************

Após algumas homenagens e discursos, os noivos cortam o bolo e abrem a pista de dança. Pela forma como estão dançando a festa já terminou para eles.

Observá-los me faz questionar se viverei um relacionamento genuíno algum dia...

Será que enveredar nesse acordo foi a escolha certa?

Posso ter sido precipitada.

Talvez tenha preferido o caminho mais fácil do que enfrentar sozinha a crise financeira.

Será que com meu ato impensado perdi o respeito das pessoas que amo?

Talvez minha mãe não se orgulharia se visse a situação que me encontro.

__ Samantha...

__ Oi!__ Ergo a cabeça ao reconhecer a voz de Bartolomeu.

__ Dança comigo?

Olho para a mão estendida. A incerteza e a insegurança ainda me atormentam, porém, cansada de me preocupar tanto, permito-me viver o momento pelo menos dessa vez...

Além de nós outros casais se unem aos noivos na pista de dança. Bruno e Lizandra se aproximam assim que nos reconhecem.

__ Amor, esse é meu irmão mais velho, Bartolomeu. E essa é Samantha. __Bruno nos apresenta à esposa.

__ É um prazer conhecê -los. Estamos muito felizes por terem vindo.__ Os olhos de Lizandra estão brilhantes de empolgação e felicidade.

__Sei que vieram de longe para participar desse momento conosco.__ Ela acrescenta.

__ Valeu a pena.__ Bartolomeu sorri educado para a cunhada.

__ O engraçado é que vocês acabam de chegar dos Estados Unidos e nós partiremos amanhã para lá.__  Bruno revela.

__ Sério? Para onde irão?__ Bartolomeu os observa curioso.

__ A princípio, para Mineápolis, onde vivem os pais de Lizandra. Depois pretendemos fazer um tour por outros lugares.__ Bruno explica com sorriso misterioso.

__ Na verdade, daremos de mochileiros.  Vamos viajar sem destino por um tempo.__ Lizandra estraga o suspense.

__ É aí que vocês entram em nosso esquema...__ Bruno beija a cabeça da esposa e nos observa.

__ Sei que estão de férias, mas contamos com ajuda de vocês para ajudar Betina.__ Lizandra explica.

__ Betina melhorou bastante, mas não queremos correr o risco de sobrecarregá-la. Além do mais, questões administrativas são seu forte, irmão.__ Bruno descansa a mão no ombro de Bartolomeu.

__ Podem contar conosco. __ Bartolomeu abraça o irmão.

Lizandra e eu nos entreolhamos. Ela toma a iniciativa de também me abraçar.

__ Gosta de animais, Samantha?__ Lizandra parece me sondar.

__ Sim. Pena que nunca pude ter um pet por viver em apartamento. Mas nos últimos meses o gato do vizinho parece ter me adotado. Chips não saía do meu lado.

__ Já é um bom começo! __ Lizandra segura minha mão. __ Se não for pedir demais, dê um pouco de carinho ao meu Detona. Venâncio cuida bem dele, mas meu cão pensa que é gente. Precisa brincar e de que conversem com ele.

__ Amor, está assustando a moça passando tanta responsabilidade de uma só vez.__ Bruno abraça a esposa.

__  Detona é como um filho para mim.__ Lizandra se justifica.

__ Não se preocupe. Enquanto estiver aqui darei a atenção que ele precisar.

__ Ah, obrigada, Sam! __ Lizandra abraça-me novamente. __Posso te chamar assim?

__ Claro!__ Sorrio encabulada.

Lizandra é o extremo oposto de mim. Segura, extrovertida e totalmente expressiva. Não poupa demonstrações de sentimentos e afeto.

__ Abra os olhos com esse cão, Samantha. Ele tem o péssimo hábito de roubar objetos das pessoas. __ Assim que termina de falar, Bruno faz uma careta por conta do cutucão que leva de Lizandra.

__ O mesmo digo sobre os irmãos Fonseca.__ Lizandra rebate com uma piscada para mim.__ Não se deixe intimidar.

Apenas aceno a cabeça e evito encarar Bartolomeu.

Apesar de Lizandra estar um pouco "alegre" por conta dos drinques servidos na festa, sinto que quis me ajudar de alguma forma em relação a Bartolomeu.

__ O que estão cochichando aí?!__  Bruno ameaça pegar a esposa no colo.

__ Estava dando algumas dicas a Samantha. __ Pisca com cumplicidade.

Adorei Lizandra.

**************************************

Após se despedirem dos convidados, Bruno e Lizandra se retiram da festa discretamente.

Talvez empolgado pela conversa animada com os noivos, Bartolomeu segura minha mão e me puxa para o centro da pista de dança.

Uma de minhas mãos ele segura junto ao peito. Desliza a outra mão por minha cintura e me puxa. Seu sorriso vai desaparecendo a medida que nos perdemos nos olhos um do outro.

Uma música sobre alguém que está voltando para casa, começa a tocar.

__ Já disse que acho seus olhos incríveis?__ Bartolomeu parece hipnotizado.

Nego com a cabeça.

__ As vezes tenho a imprensão que posso mergulhar neles.__ As íris de Bartolomeu se dilatam.

A mão em minha cintura faz uma pressão maior colando nossos corpos.
Tenho a impressão de que irá me beijar a qualquer momento, mas em um último instante, apoia a testa na minha.

__ Melhor pararmos por aqui. Não quero fazer algo que depois me arrependa...

Nota da autora:

Olá, leitora linda!

Está gostando do romance de Bruno e Lizandra? Espero que sim 😊

Os 15 primeiros capítulos foram uma degustação gratuita para que você conhecesse o universo da Fazenda 3  Irmãos. Caso queira continuar a leitura, adquira o e-book por apenas 1,99 na plataforma Amazon através do App Kindle Unlimited. Lá você também encontrará os outros 2 volumes com a história de Bartolomeu Fonseca e de Bento Fonseca.

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