Capítulo 13⚜Bem-vinda ao Brasil⚜
Há algum tempo não sinto essa sensação de abrigo e proteção. Aconchego-me mais a braços fortes que me seguram. Em estágio sonolento abro preguiçosamente as pálpebras.
Entre as mechas de cabelos bagunçadas vejo um peito firme que sobe e desce em uma respiração cadenciada. Sinto o perfume masculino me envolver.
Ergo lentamente a cabeça dando-me conta de que estou completamente apoiada em Bartolomeu. Ele também está de olhos fechados. O braço repousa em meu ombro e uma manta foi colocada sobre meu corpo encolhido.
__ Desculpe...__ Ajeito-me em meu assento.
Ele abre os olhos.
__ Não precisa se desculpar. __ Me observa enquanto tento organizar a bagunça de minha cabeleira.
Devo estar horrenda.
__ Samantha, costuma falar sempre enquanto dorme?__ Arregalo os olhos.
__ Só quando estou preocupada com algo.__ Paro o que estava fazendo.__ O que eu disse?
__ Nada demais.__ Desvia o olhar para a frente.__ Somente coisas desconexas. Não consegui entender uma só palavra.
Tenho certeza de que está mentindo.
O que andei falando enquanto dormia agarrada a ele?
Sabia que esse problema um dia me colocaria em situação difícil. Descobri que falo dormindo ainda na adolescência. Mas só acontece quando estou sob efeito de estresse...
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Poucas horas depois, desembarcamos no Aeroporto Tom Jobim no Rio de Janeiro. A ideia que tinha do Brasil estava completamente equivocada. Muito do que se fala sobre alguns países está sob uma visão estereotipada.
Fico surpresa com a modernidade do aeroporto e a beleza de parte da cidade que o cerca. Assim que pegamos um táxi, Bartolomeu pede ao motorista que nos leve a um hotel em um bairro chamado Ipanema.
Bartolomeu tem razão em relação a comprar roupas novas. Após o banho, fui procurar uma peça de roupa leve e só encontrei roupas para o clima ameno de Boston.
Acredito que levarei um tempo para me adaptar às altas temperaturas do Rio. E preciso urgente de roupas mais abertas.
Trajando a única peça de verão que trouxe na mala, um vestido branco curto de alcinhas, que encontrei no baú de costuras de minha mãe, debruço no parapeito da sacada e admiro a vista deslumbrante da praia enquanto aguardo Bartolomeu me chamar para descermos juntos para o almoço.
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Sentados em uma mesa próxima à piscina do hotel, Bartolomeu me observa silencioso. Após fazermos os pedidos, o garçom se afasta.
__ Deve usar protetor solar com frequência enquanto estiver no Rio. Sua pele é bem clara e o sol pode causar queimaduras dolorosas.
__ Gringa!__ Aponto para mim sorrindo.
__ Esse vestido ficou bem em você.
Sou pega de surpresa com o elogio. Sinto as faces corarem.
__Após o almoço gostaria de ir ao shopping? Assim compramos logo tudo o que precisamos. Porque amanhã bem cedo pretendo pegar a estrada rumo a Vassouras. O casamento de Bruno será a noite.
__ Tudo bem.__ Saboreio um pedaço de salmão defumado que acaba de ser servido.
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No Brasil, tenho a oportunidade de conhecer outro lado da personalidade de Bartolomeu. Além de desfrutar das coisas boas que seu alto salário lhe proporciona, também gosta de oferecer o melhor a quem o acompanha.
Acontece que não fui acostumada em ter coisas caras, nem ser servida. Então, começamos a travar uma certa batalha de opiniões que jamais imaginei ter com meu chefe, agora marido.
__ Leve esse também. __ Bartolomeu coloca outra peça de biquíni no cesto.
Bufo irritada desistindo de discutir.
__ Se ia escolher tudo, minha presença é desnecessária. Podia ter ficado no hotel e você vinha sozinho.__ Olho para a quantidade absurda de biquínis.__ Para quê esse exagero?
__ Seu gosto para roupas é um tanto duvidoso, então deixe que eu ajudo.
Sai andando sem dar a mínima para minha insatisfação.
__ Mais alguma coisa, senhor?__ A vendedora está simplesmente encantada com Bartolomeu e a comissão alta que receberá.
__ Já escolhemos os sapatos, as roupas e os biquínis. __ Me observa pensativo,__ Faltam as peças íntimas.
__ Você não vai mesmo me fazer passar por isso!__ Entrego o cesto de compras na mão de Bartolomeu e o empurro para um assento.__ Espere aí.__ Bartolomeu senta com um sorrisinho de deboche no rosto, mas respeita minha vontade.
__ Pelo menos consegui convencê-la a escolher algo. __ Ergue os ombros.__Se precisar de uma opinião estarei aqui.
Lanço-lhe meu pior olhar de contrariedade e me surpreendo com um sorriso malicioso...
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Após a ida ao shopping, Bartolomeu estaciona o carro alugado em uma vaga no calçadão.
Deve ter notado meu deslumbramento com a paisagem.
Tomamos água de coco em um quiosque e caminhamos um pouco pela orla. Tiro as sandálias e caminho na areia úmida permitindo que meus pés se molhem na água salgada.
Sorrio com a sensação refrescante. Tive poucas chances de ir à praia na vida. No entanto aqui as pessoas parecem usufruir o ano inteiro dessa paisagem e desse clima tropical.
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A noite começo a achar que Bartolomeu tinha razão novamente. O preço por ter passado um dia inteiro exposta ao sol sem proteção é cobrado.
A pele sensível está rosada e ardendo. Tomo um banho e mal consigo colocar a roupa. Bartolomeu liga para meu celular. Havíamos combinado de descermos juntos para o jantar...
__ Samantha, onde está?__ A voz parece preocupada.
__ Oi. Ainda estou no quarto.
__ Não vai descer para comer?
__ Acho que não. Estou sem fome.
__ Devia fazer pelo menos um lanche. Andamos a tarde inteira. Quer que eu leve algo para comer?
__ Não! Quer dizer, não precisa. Acho que já vou dormir.__ Simulo um bocejo.
__ Mas tão cedo assim?! Está doente?
__ Não! Só estou cansada. Boa noite Bartolomeu.
__ Boa noite Samantha.
Aumento o nível do ar condicionado e me enfio embaixo das cobertas somente de calcinha e sutiã.
Tomara que amanhã minha pele já esteja melhor!
Com certeza se contasse a ele meu estado, me jogaria na cara por ter sido teimosa mais uma vez e me lançaria o sorrisinho presunçoso que tem usado com frequência.
O celular toca novamente. Dessa vez Bartolomeu envia uma mensagem:
"Trouxe algo para comer, abra a porta."
Droga! E agora? O que faço?
"Falei que não precisava!"__ Respondo a mensagem.
"ABRA LOGO A PORTA! ESTOU PERDENDO A PACIÊNCIA!__ Envia a ordem imediatamente.
Tento me levantar rápido, mas a pele arde ainda mais e o movimento brusco só piora. Gemo baixinho e volto a deitar devagar.
"Não dá! Estou deitada e não consigo me levantar. Meu corpo está ardendo muito!__ Infelizmente sou obrigada a contar a verdade.
Ele visualiza, mas nenhuma resposta é enviada. Chego a conclusão de que perdeu a paciência e foi jantar sozinho.
Na certa me achou uma tola por não ter ouvido seu conselho.
Minutos depois, ouço o trinco da porta do quarto ser destrancado. Puxo o cobertor até o pescoço. A porta se abre e Bartolomeu entra com uma bandeja nas mãos. Se aproxima, coloca a bandeja na mesinha, pega um frasco e vem em minha direção.
__ Deixe-me ver.__ Pede abrindo um tubo de creme.
__ Quê?! Não! Estou só de peças íntimas e...__ Ele me interrompe.
__ Ande logo Samantha! Quer melhorar, não é? Ou acha que vai conseguir viajar amanhã assim?
O encaro tentando achar outra solução que não precise dele me ver somente de calcinha e sutiã.
__ Essa pomada vai ajudar a aliviar a dor da queimadura.__ Insiste.
Sei que tem razão. Com a dor que estou sentindo mal consigo me movimentar que fará suportar horas de viagem em um carro.
Fecho os olhos. Tento esquecer a timidez e desço o cobertor até a cintura. Expondo-me apenas de sutiã com ombros e barriga nus.
__ Vire de costas.__ Pelo menos sua voz está paciente.
Viro com dificuldade. Gemo de dor.
Ele retira meus cabelos das costas e começa a distribuir o creme refrescante com delicadeza. Quando acaba de passar a pomada nessa parte, vai descendo as mãos, deslizando para baixo do cobertor. Tento protestar, mas me manda ficar quieta.
__ A pomada deve ser distribuída em todo o corpo para você não ter bolhas amanhã.
Tento me concentrar na dor que estou sentindo com as queimaduras e ignorar os arrepios que começo a sentir por Bartolomeu estar massageando meu corpo de uma forma tão cuidadosa que mais parece carícia.
__ Pronto. Agora vire de frente.__ Ordena outra vez..
__ Não precisa. A pior parte é nas costas.
__ Vire-se Samantha! Qual o seu problema? Está com vergonha de mim?
__ É claro!__ Abro os olhos.
__ Pois não deveria! Tenho certeza que se fosse comigo, faria o mesmo. __ Me observa.__ Não faria?__ Afirmo com a cabeça. __ Então! Vamos. Só quero te ajudar.
Começo a tentar virar com dificuldade pela dor. Bartolomeu ajuda. E assim que estou de frente, distribui a pomada pelos ombros, descendo até o colo. Seus olhos encontram os meus, que estão atentos o encarando. Pigarreia como se tivesse se distraído. Desliza as mãos por minha barriga, fazendo-me ter um sobressalto. Sorri discretamente. Coloca mais pomada nas mãos e passa em minhas pernas.
__ Você é pequena, mas seu corpo é bem distribuído. Suas curvas são perfeitas.__ Diz naturalmente.
Pega uma pequena dose de pomada e passa com delicadeza em meu rosto. Inalo o cheiro refrescante da mistura de ervas com frutas cítricas. Nossos olhos se encontram novamente. Dessa vez sustentamos o olhar. Não consigo desviar.
Bartolomeu desliza a mão para minha nuca. Fecho os olhos involuntariamente como uma gata que recebe carinho. Sinto seu polegar se esfregar em meus lábios. Mas algo o paralisa. Abro os olhos. Ele desvia o olhar.
__ Pronto. Agora deve descansar. __ Me cobre com o cobertor até o pescoço e levanta da ponta de cama. Chegando na porta diz: __ Trouxe suco, frutas e um sanduíche. Coma algo antes de dormir. __ Abre a porta. __ Boa noite, Samantha.
__ Boa noite, Bartolomeu. Obrigada.
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