Capítulo 12

Congelei assim que meus olhos encontraram os de Giulia e vi ela sair junto com Gabe e Ana.

Eu soube que havia algo errado.

Assim que a cerimônia acabou e eu pude finalmente ir para o box. Fui invadido pela equipe e tentei encontrar Giulia, mas ela não está lá.

— Matteo — alguém me chamou e eu ao menos dei importância.

Tentei sair por trás para que encontrasse o local onde estaria o motor home onde ela ficava.

— Gabe? Graças a Deus, eu te encontrei — quase ajoelhei e beijei o pé da minha assessora.

— Matteo — ela estava um pouco ofegante.

— Cadê a Giulia?

— Matteo, vamos pro motor home? A Giulia já saiu daqui.

— Gabe, o que está rolando? — A única coisa que ela fez foi estender o celular para mim.

E agora eu sabia o motivo da Giulia sair daquele jeito, praticamente carregada.

— Quem foi? — Senti meu sangue ferver e um dos meus punhos se fechou.

— Não é óbvio? — Olhei de novo e vi que era do mesmo lugar onde ela trabalhava. Eu sempre que eles eram sujos, mas não a esse ponto.

Deixei que meu impulso e adrenalina tomassem conta de mim.

— Não faça nada que vá se arrepender — Gabe alertou.

— Desta vez eu não vou — falei e saí.

Não demorou até que eu encontrasse o motorhome e quase pulei de alegria ao encontrar o babaca sozinho, ia ser divertido.

— Olha a estrela da temporada e dos holofotes — o idiota do Jeff, chefe da Giulia estava com os pés em cima da mesa e tomando um drink.

— Eu vim ter um papinho com você — bati a porta.

— Olha, você não pode simplesmente entrar aqui e achar que manda. Aqui é o meu lugar! — se levantou e se direcionou a mim.

— Eu te juro que se der mais um passo, eu vou descer sua cara de porrada! — Uma coisa era mexer comigo, outra com os meus.

— Existe polícia para resolver esse problema — debochou.

— Ah é? Faça o que quiser... — meus punhos se fecharam — Eu posso até ir preso, mas pelo menos essa sua cara de deboche vai ficar arrebentada — avancei indo para cima dele e ele recuou — Além de tudo, ainda é frouxo — provoquei.

— Frouxo? Eu? — sorriu — Eu nunca matei ninguém e nem peguei jornalista vadia para garantir que ela ficasse com a boca calada — e a única coisa que eu senti depois disso foi minha mão se fechando e acertando o rosto do idiota.

Não era de costume que eu perdesse o controle, mas com esse idiota não teria conversa. Ele queria que as coisas fossem resolvidas assim, então eu me rebaixaria no nível dele. Não que eu me orgulhasse de tal atitude, mas isso era um assunto para pensar em outro momento.

O prazer de socar a cara do babaca era maior do que a preocupação com as consequências.

— E saiba... — me levantei o deixando no chão — se você tentar ir contra nós. Vamos denunciar por assédio moral e por mais um monte de coisa — cheguei bem perto do rosto dele — você é a escória da sua profissão.

Minhas mãos suavam e eu ainda não sabia como lidar com isso. A exposição sempre foi só comigo e agora tem a Giulia no meio de tudo isso, e você ter sua vida exposta assim não é algo legal.

— Já vai — escutei uma voz do outro lado da porta, logo após minha batida única.

O tempo entre a minha batida e a porta finalmente abrir, pareceu uma eternidade.

— Eu vou indo... Porque eu estou sobrando — sua amiga disse quase me atropelando na entrada — Pega leve com ela — disse, e piscou para mim.

Adentro e porta se fecha atrás de mim e ela está saindo do banheiro com roupão e toalha no cabelo.

— Eu. Vou. Matar. A. Ana — disse, pausadamente.

— Eu já soube — coloquei minhas mãos dentro do bolso da calça, para que ela não visse os hematomas — Eu sinto muito.

— Agora eu entendo — disse, e nossos olhares se encontraram — Entendo o quanto não é legal essa exposição toda.

— Eu já estou acostumado. O que me deixa preocupado, é você! Não me importo comigo — ela procura algo na mala.

— Nossa — começou a tirar todas as coisas da mala — por qual motivo eu não consigo encontrar nada? — ela bufou.

— Ursinha — e finalmente eu consegui sua total atenção, me aproximei dela e foi um ótimo sinal quando ela não recuou.

— Eu sinto muito — ela desabou — Sinto muito...

— Ei... — a puxei para mim — Eu que te peço desculpa. Você tentou impedir de publicar minha história e acabou no meio do incêndio.

Eu sabia que além de toda a exposição, viria os comentários maldosos. Onde as pessoas não se importam com quem está do outro lado da telinha, somente despejam palavras horríveis e esperam o pior acontecer. No caminho para cá vendo alguns, eu pude ver mais uma vez, como as mulheres sempre são questionadas sobre caráter ou comportamento, por fazer algo que um homem faria.

Isso é justo?

— Minha carreira já era! — disse, tirando a toalha que enrolava seu cabelo, revelando mais uma vez seus cachos.

— Não... Você é incrível no que faz e não deixe ninguém dizer o contrário.

— Matt, não é simplesmente deixar. Nós... — suspirou e sentou na cama — Mulheres, somos as primeiras a sofrerem qualquer consequência. Somos nós que ficamos no prejuízo, sempre. Sabe o quanto isso é exaustivo?

— Não... — não sabia e jamais saberia. Mas sabia que o que ela falava era totalmente verdade.

— Aposto que tem milhares de comentários na rede me chamando de Maria Paddock.

— Se eu precisar responderei um por um — disse, determinado.

— Não — segurou meu braço — Fofoca sem eco, não é nada. Não vamos dar palco para doidos.

Sentei ao seu lado e ela encostou sua cabeça no meu ombro.

— Estamos bem? — estendi minha mão.

— Estamos — disse, entrelaçando seus dedos nos meus.

— Posso fazer algo? — me levantei e fiquei de frente para ela.

— Pode — disse, um tanto desconfiada.

— Vem... — dei a volta pela cama e bati no meio dela — Vem... — insisti — Vamos esquecer o mundo lá fora?

— Vamos — ela engatinhou até mim e depositei um beijo na sua testa.

— Vou fazer a massagem ultra mega power blaster do Matteo — disse, rindo — Você tem algum hidratante? — perguntei, e ela apontou pro banheiro.

— Não sai daí — disse, correndo até o banheiro e verificando se ela se manteria intacta.

Se existia alguma dúvida, a partir de hoje não tinha mais. Não importava onde a vida nos levasse, eu sou dela.

Curtimos nosso momento juntos e em tempos não vivo algo tão gostoso, e por fim ela caiu no sono.

— Fica — ela me pediu, quando ameacei deixar sua cama.

Passamos o restante do nosso dia, assim no nosso mundinho particular. Criado somente por nós e para nós.

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