O inimigo mais perigoso que você poderá encontrar será sempre você mesmo.

°°°

Sábado! O pensamento é: dormir bem tarde na noite anterior e acordar depois das 12h. Bom, esse era só o pensamento mesmo, pois na realidade as coisas ocorreram bem diferentes....para começar, acordei às 8 da manhã com um som altíssimo num estilo pop rock vindo da casa dos novos vizinhos, mas especificamente do quarto de frente para o meu.

*O que esse idiota tem na cabeça?

Levanto da cama, vou em direção a minha janela e a abro olhando para o quarto do vizinho. Como a cortina dele não é tão grossa assim, consigo ver sua silhueta. Ele parece bem mais alto que eu, como....o Harry por exemplo, só que mais forte do que ele e não consigo ver muito seus cabelos mas parecem estar bagunçados no estilo bom da coisa.

*Hum....gosto disso...bom ele seria quase perfeito, só errou nesse estilo musical, sou mais pra country.

Percebo que ele parou de repente e ficou olhando para a cortina dele como se estivesse me vendo também. Por cerca de meio minuto fiquei o encarando de volta sem conseguir ver seu rosto, parece estranho mas parecia que estávamos numa sintonia tão forte que nenhum dos dois ousou sair do lugar. Quando percebo no que estou fazendo, rapidamente fecho minha janela e ponho a mão em meu coração que está acelerado.

*O que ele vai pensar de mim? Que sou uma stalker? Ou maníaca? Tá digamos que sou um pouco stalker mas....não quero que pareça que o fico vigiando.O que eu vou dizer para ele no jantar se caso ele me perguntar isso?

Hoje foi a data marcada pela Anne para fazer o jantar e apresentar a sua família à minha, estou nervosa e ao mesmo tempo ansiosa por esse momento, por enfim poder conhecer meu vizinho de quarto.

Meus pensamentos são interrompidos pelo barulho de notificação do meu celular, a fim de o pegá-lo, primeiramente me esparramo na cama e só aí o pego para o verificar.

Abro primeiro a mensagem do Niall, por mais que esteja um pouquinho ansiosa para ler a mensagem do Harry, o Niall não é de me mandar mensagem pela manhã, claro que as mensagens dele são 99% besteiras mas tem aquele 1% sério.

*O professor de Português passou um trabalho para fazermos sobre literatura contemporânea, o que é um saco pois odeio literatura, mas amo gramática. Vai entender.

Enfim, deixo para pensar nisso depois e vou correndo ver o que o Harry me mandou.

Termino de responder o Harry, mando rapidamente uma mensagem para a Ana e corro para me arrumar. Pego um cropped preto com uma calça florida rosa e preta. Corro em direção ao banheiro e inicio meu banho. Entretanto, no meio dele, alguém bate na porta.

-Gabi vai demorar!-Ouço a voz do Júlio e reviro os olhos.

*Ele adora me incomodar.

-Estou acabando! Vai esperar na sala!-Grito enquanto seco o cabelo.

-Tenho uma notícia para te falar!

-Fala quando eu sair! Que saco Júlio! Não sabe esperar?

-Não! Então está escutando?

*Se eu não responder ele vai ficar o dia todo me perturbando.

-Fala logo seu chato!

-Vou trazer minha possível namorada hoje à noite e preciso de ajuda para fazer o jantar. Você vai fazer aquele escondidinho de batata fabuloso enquanto eu escolho o vinho.

-Hahaha! Ficou louco? Como pode me ordenar o que devo fazer?

-Porque sou seu irmão preferido!

-Eu te odeio Júlio! Quero que você vá embora dessa casa logo!

-Então analise os fatos cara irmãzinha: se a minha possível namorada vier hoje e gostar do jantar, ela provavelmente vai gostar de mim. Se ela gostar de mim, vamos namorar e quem namora.....

-Fica gordo de tanto comer besteira!

-Como é?-Ouço Júlio rindo e não entendo a razão.

-Ora! Não é verdade?-Grito enquanto coloco minha calça -Pensa comigo: Todo casal de namorados gostam de sair para comer fora e essas comidas engordam!

-Tá podem ou não engordar! Mas sua tonta, estou falando que quem namora tem o objetivo de se casar. Então se quiser se livrar de toda a minha beleza, me ajuda a conquistar a gata e vou embora dessa casa. Fim!

-É....faz sentido....

-Então, vai me ajudar?-Ouço sua voz em tom de súplica.

-Até queria te ajudar mas não vai dar! Hoje vamos jantar na casa da Anne!

-Quem é Anne?

-A nossa vizinha! Ela combinou comigo de que iria fazer um jantar para conhecer a nossa família hoje.

-Vamos ter que adiar Gabi, já marquei com minha possível namorada hoje às 19 horas. Não dá para furar!

-Poxa Júlio! Tem que avisar antes de inventar moda!

-Esqueci tá bom! Agora você resolva isso, pois teremos que fazer o jantar da minha....

-Possível namorada! Ok, vou sair do banheiro e vou desmarcar com a Anne para te ajudar nesse jantar-Ouço a voz dele em comemoração_Mas, quero um favor!_Digo terminando de pentear meus cabelos

-O que quiser!

Abro a porta do banheiro e lhe encaro.

-Quando eu precisar, não importa a causa você vai me ajudar, promete?

-Ih....

-Promete Júlio?

-Tá prometo! Obrigado maninha! Te amo-Diz dando um beijo no meu rosto e corre para seu quarto.

*Idiota!

Desço as escadas em direção a sala e cumprimento minha mãe rapidamente.

-Oi filha! Não responde mais a mãe no zap não?-Diz fazendo uma cara de triste.

-Oh mãe, me perdoe, mas não te entendo....moramos na mesma casa. Dava para você me chamar no quarto.

-Ah estava com preguiça!-Suspira se aconchegando mais no sofa-Teremos alguma coisa hoje?

-Bom, Niall, Ana e Liam estão vindo pra cá fazer trabalho.

-Hummm....enfim o Niall vai se declarar para você?

-Ecaaa mãe! Eu e Niall somos irmãos!

*Minha mãe sempre teve essa ideia doida de me arrumar um pretendente depois do meu problema amoroso com o Greg. Isso mesmo, namorei o irmão do meu melhor amigo Niall e não foi uma experiência boa. Mas isso é outra história. Para minha mãe eu devia ter escolhido o Niall e não o Greg e meu amigo sempre foi o primeiro da lista fictícia e louca dela.

-E o Liam? Ele é bonito e você e ele fariam um ótimo casal!

Liam é o segundo da lista.

-Mãe o Liam nem gosta de mim, ele sempre teve olhos para a Ana.

*Ana ano passado recebeu quatro propostas de namoro, e uma delas foi a do Liam. Tadinho dele, foi tão triste o ver arrasado, mesmo eu sempre shippando minha amiga com o Niall, foi de partir o coração.

-Ai filha! Só quero o seu melhor....seu coraçãozinho não pode sofrer pelo Greg para sempre.

-Ah mãe, não tenho cabeça mais para isso. Sei que você vai dizer que sou dramática, mas meu coração continua doendo pelo que ele fez e-digo limpando uma lágrima-não consigo amar outra pessoa com essa dor sabe?

Nem meu vizinho encantador com um gosto musical nada favorável.

-Te entendo filha. Vem cá-Minha mãe abre os braços e a abraço-Vai passar!

-Sim! E vamos...falar de coisas boas, não? O que o coração não lembra, às lagrimas não rolam.

-Filha o correto seria....

-Eu sei-Digo rindo de lado-Só queria inventar algo novo. Bom, vou na casa da vizinha para avisar que não poderemos estar presentes hoje.

-Ah por causa do jantar da possível namorada do Júlio.-Minha mãe diz revirando os olhos.

*Uma coisa engraçada aqui em casa é que ela sempre quis que eu casasse logo, enquanto que o Júlio ela sempre quis retardar esse desejo. Loucuras da vida.

-Vou nessa!-Assim que ela assente, caminho até à saída e sigo à casa dos meus novos vizinhos. Respiro fundo enquanto caminho e tento pensar em coisas felizes, mesmo com a dor que ainda sinto no peito.

Dou duas batidas na porta e aguardo alguém abrir, o que não demora muito para acontecer.

-Oi!-Dessa vez ao invés da Anne, uma moça abre a porta com um sorriso no rosto.

Ela me lembra alguém.

-Oi! Bom dia, a Anne se encontra?

-Sim, vou chamá-la. Você deve ser a vizinha do lado estou certa?

-Sim, me chamo Gabi! Prazer-Estendo a mão e ela aperta.

-Prazer, me chamo Gemma, sou a filha mais velha da Anne, o meu irmão..

-Oi querida!-Anne aparece na porta e acaba interrompendo a fala da Gemma-Aconteceu alguma coisa? Quer algo? Se quiser posso te arrumar algum chá. Tenho um jardim suspenso nos fundos da casa com uma variedade enorme de ervas para chá.

-Ela sempre diz isso para todo mundo!-Gemma diz rindo.

-Ah obrigada mesmo, mas eu venho dizer algo não tão legal.-Digo e as duas me olham espantadas.

-Ai meu Deus! Meus pesames!-Gemma começa e eu arregalo o olho.

-Não! Ninguém morreu!

-Ai que mico! Me perdoe!-Gemma diz envergonhada-Ainda bem que meu irmão não viu isso.

-Tudo bem, não foi culpa sua!-A tranquilizo com um sorriso.

-Gemma e sua boca grande! Pode falar querida, o que aconteceu?-Anne diz preocupada.

-Bom, é que infelizmente não poderemos comparecer no jantar que você programou comigo hoje. Surgiu um imprevisto de última hora, me perdoe!

-Ah querida tudo bem! Somos vizinhas e podemos marcar quando vocês puderem-Anne diz com um sorriso no rosto.

-Mas me sinto mal da mesma forma e....ah já sei! Para compensar essa gafe, eu que me disponibilizo a fazer o jantar. E pode ser na minha casa, só marcarmos um dia.

-Que gentileza!-Anne diz pegando em minha mão-Aceitaremos se nós pudermos trazer a sobremesa e a bebida.

-Como quiserem! Qual o melhor momento para vocês?-Digo e Gemma faz uma cara de pensativa.

-Bom, pode ser na sexta que vem, o que acha mãe?-Gemma diz olhando para Anne.

-Perfeito! Só preciso que você segure seu irmão Gemma. Ele está numa onda de toda sexta à noite sair e ficar até tarde na rua.

-Deixa comigo mãe que sei como persuadi-lo. Agora Gabi, você é a terceira pessoa que conheço na cidade e como vou fazer uma festa do pijama na segunda, gostaria de te convidar, aceita?

Me senti um pouco apreensiva por ser convidada a passar a noite na casa do meu vizinho de quarto esquisito. Sei que mais cedo ou mais tarde iria conhecer ele, mas não esperava que iria o conhecer e dormir na casa dele no mesmo dia.

-Claro, vai ser legal. Mas, gostaria de trazer alguma coisa. Festa do pijama pede petiscos. Sei fazer um maravilhoso biscoito de maizena-Digo um pouco empolgada.

-Ótimo então combinado Gabi!-Gemma fala me abraçando.

-Bom, preciso ir, tenho trabalho para fazer. Obrigada mesmo por entenderem.

-Nada querida, nós agradecemos pelo convite do jantar, vai ser ótimo-Anne diz me abraçando.

-Beijos.-Aceno e caminho até a minha residência.

Ao entrar em casa, pois a porta estava praticamente aberta, vejo meus amigos sentados no chão com uma espécie de jogo de tabuleiro e rindo de algo.

-Oi pessoas! Qual a boa?-Digo sentando no chão entre o Niall e a Ana e olhando aquele jogo diferente-Vamos jogar primeiro e depois fazer o trabalho?

-Oi flor do dia!-Niall me abraça de lado-Isso minha amiga se chama trabalho.

-Um jogo de tabuleiro?-Digo abraçando a Ana e logo após apertando a mão do Liam que estava na minha frente.

-Parece um jogo não é?-Liam diz e concordei-Bom na verdade é um jogo mesmo.

-Mas esse jogo é mais que um jogo bobo-Ana conplementa-Ele é um jogo de literatura contemporânea e aborda tudo o que precisamos para fazer o trabalho. Não é um máximo!

-Mais ou menos, pois detesto literatura, mas.....onde conseguiram isso?

-Tudo começou quando em uma conversa com o Niall descobrimos que estava um saco a pesquisa sobre esse tema. Aí fui pesquisar na internet meios de facilitar nossa vida e no instagram, descobri que tinha esse jogo.-Liam diz com um sorriso no rosto.

-Só que só tinha um único tabulheiro a venda a dois bairros de distância-Niall diz com uma empolgação na voz.

-Daí como estava quase no fim da tarde e precisávamos do jogo para hoje, pesquisei no mapa como fazia para chegar e peguei um táxi até o local. Ao chegar, fiquei cerca de meia hora negociando com a vendedora um preço justo para o jogo e depois fiquei mais uma hora esperando ela ter a boa vontade para embrulhar o jogo e pronto, consegui.-Liam diz com um olhar orgulhoso.

*Que loucura.

-Não seria mais fácil pesquisar na internet sobre nosso tema não?-Digo e Liam nega.

-Se fosse pra ser fácil, não seria o trabalho do Liam Payne-Niall diz dando um aperto de mão no amigo-Então vamos jogar?

-Mas e o trabalho?-Digo e todos me olham espantados.

-Quem é você e o que fez com minha amiga?-Niall diz colocando a mão na minha cabeça.

-Amiga, relaxa! As respostas do trabalho estão todas no tabuleiro. Enquanto jogamos, vamos escrevendo às respostas.-Ana diz dando dois tapinhas na minhas costas.

-Ok, bom como se joga isso?-Digo olhando estranho para o jogo.

-Vem cá que vou te explicar!-Liam diz enquanto pegava as cartas e distribui por igual entre a gente.

E por incrível que pareça, o que era apenas para fazer um trabalho rendeu a manhã toda.