VINNIE HACKER
12 de setembro de 2024
Manhattan / New York

O professor de introdução à fotografia começou a explicar sobre a importância dos ângulos na hora de capturar uma imagem, quase que durmo. Ele estava dizendo algo sobre como os ângulos podem dar profundidade, sensação de movimento e mudar completamente o significado de uma fotografia, não tava ligando muito.

Eu não gosto dessa parte, sou mais de ir lá e tirar a foto. Toda faculdade tem seu lado bom e o seu lado ruim não é? E esse é o da faculdade de fotografia, eu me amarro na parte prática, mas na parte teórica? O mesmo que um alemão falando em velocidade 2.0, mas é bom pro currículo que eu tenha feito a faculdade, então aqui estou.

E assim que o professor finaliza a aula eu saio quase correndo para fora.

Finalmente livre.

Tenho aula livre agora que é o mesmo que ir para meu dormitório e ficar lá pelo resto do dia e dar a desculpa que perdi hora. Mas o toque do meu celular me fez para procurar ele no meio da bagunça que é minha mochila, tem mais papel de chiclete do que material aqui dentro.

- alô?

- Filho! Finalmente me atendeu, tem mãe não desnaturado? Onde você 'tava? - a senhora hacker diz em tom de brincadeira.

- Oi mãe, eu tô bem sim e a senhora? Como vai? - silêncio na linha, então continuo - Eu estava na aula, minha mãe querida, por isso não consegui te atender, o professor é um velho que não deixa a gente ficar com o celular ligado na aula.

- Não fala assim dos mais velhos, Vincent. - Enquanto minha mãe fala eu continuo a andar em direção ao prédio do meu dormitório - Mas não te liguei pra falar sobre você, queria te avisar que vamos fazer um jantar no sábado de boas vindas para sua prima, então é bom que venha, e não aceito desculpas.

Odeio. Jantar. Em. Família.

Não é que eu não goste deles mas não tenho paciência, sabe? Tenho que arrumar uma mochila com minhas coisas, e dirigir por duas horas e meia até Cape May, Nova Jersey, minha cidade natal. Um porre.

E olha que eu amo dirigir e amo mais ainda meu carrinho. Mas não, obrigada.

- Nossa mãe eu sinto muito mesmo, mas esse final de semana não vai rolar. - motivo = preguiça.

- Não vai dar sua bunda branca menino, por qual motivo você acha que não vai vir? - ela pergunta e eu tenho certeza que parou o que estava fazendo para colocar a mão na cintura e bater o pé no chão.

- Minha bundinha tá bem bronzeada pra sua informação, Maria Hacker.

- O motivo, Vincent Cole Hacker, agora. Sabe como sua prima se esforçou para vir para cá estudar, e vocês são tão próximos, por qual motivo não pode vir?

- Minha namorada. - que namorada?

- Você está namorando desde de quando menino? - pergunta surpresa.

Desde agora, mamãe.

- A gente faz um mês nesse final de semana, faz pouco tempo, então não queria deixar ela sozinha. - caralho, eu sou bom demais nisso.

- Então traz ela oras, você tá namorando a um mês, já devia ter a apresentado a muito tempo. E se isso for alguma mentira sua, eu vou ficar decepcionada. - antes que eu possa a interromper, ela continua - Até o final de semana, querido.

E desliga.

Merda, caralho, porra, filho de uma mãe.

Tô morto.

(...)

- Cara, você é tão burro. - meu amigo querido, Jordan, diz.

- Me conta uma novidade, bobão? - ele ri de mim, garoto abusado.

- Por que você não faz igual nos livros e paga uma garota pra ser sua namorada de mentira? Você tem dinheiro pra caralho, e arranjar uma garota seria molezinha pra você, garanhão.

Não sou popular.
Mas também não sou invisível.

Não sou pegador, mas já fiquei com mais de 15 garotas da faculdade, e por favor, não é minha culpa se beijo bem. As meninas gostam de comentar, e outras gostam de fazer fofoca, então eu acabei ficando um pouco falado na universidade, mas nada demais.

- Minha mãe é uma gênia, ela vai sacar na hora que eu tô mentindo. - minha velha realmente sabe quando tô mentindo, não tem como.

De repente, a porta do dormitório é aberta com força e Jack, o filho de uma das diretoras da faculdade, entra.

Não pergunte como virei amigo dele, porque nem eu sei, só aconteceu.

- Eu podia tá pelado, sabia? - Jordan diz.

- E? - o outro se joga na minha cama, enquanto eu estou deitado no chão pensando em todos os meus erros.

- Preciso de uma namorada.

- Tá carente é? Compra um hamster. - só ele ri da própria piada, Jack parece um drogado, sempre rindo para os quatro ventos.

- Falei pra minha mãe que tinha um encontro com minha namorada para não ir em um jantar no final de semana, agora ela falou que é para eu levar minha namorada.

- E por que você só não vai? Sabe, ela não pode fazer nada a duas horas de distância. - Jordan então solta uma risada sarcástica da fala de Jack.

- Você fala isso porque não conhece a senhora Hacker, ela viria atrás de mim se eu não for, e acredite, ela pode fazer muita coisa a duas horas de distância. - isso sou eu quem digo, minha mãe me dá um pouco de medo quando tá brava / decepcionada até hoje, e eu tenho quase 21 anos nas costas.

Então nós três ficamos em silêncio, eu pensando em como me safar dessa, Jordan mexendo no celular e Jack andando pra lá e pra cá no dormitório.

- Achei a solução para seu problema - Jordan fala depois de alguns minutos em silêncio, se levantando da cama - uma garota, 10 letras ; Olive Blake.

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