02. Boas vindas ao professor

Boa leitura, não esqueçam do seu votinho ⭐

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A luz amarelada e fraca iluminava as paredes com papel de parede desbotado e rasgado. O odor de cigarro misturado com álcool ficava impregnado graças a ausência de ventilação, já que tudo que havia era uma pequena janela que ficava próxima ao teto.

Baekhyun estava próximo ao fogão elétrico tentando fazer um lámen enquanto sua mãe, jogada no velho sofá, gritava com ele.

一 Que dia sua tia vai trazer sua irmã de volta? 一 indagou, com a voz embolada e alta por conta do álcool, sempre usando um tom grosseiro.

Silêncio. Essa foi a resposta do jovem.

一 Filho da puta! Me responda! Eu sou sua mãe, moleque! 一 Jogou a sandália nas costas dele, que apenas continuou o que fazia. 一 Você é igual sua tia mesmo, se acha para caralho só porque entrou nessa escola de riquinho, mas se não fosse por mim, você não estaria nesse mundo.

Byun não agradeceria por isso, pois se havia algo que odiava era estar nesse mundo.

一 Devolve minha filha, seu desgraçado! 一 Avançou na direção dele, batendo em suas costas, fazendo a água fervente escorrer pelo braço do garoto.

Rapidamente levou o braço até a pia, deixando a água fria amenizar o ardor da área sensível.

Baekhyun só desejava seu pai de volta, sua família de volta, sua mãe de volta.

Byun Do Hee nem sempre foi assim, ele tem boas memórias de uma mãe carinhosa, que tinha prazer em sempre fazer sopa de algas em seu aniversário, que o levava até a escola, ao parque e o enchia de beijos e abraços.

Do Hee era uma mulher apaixonada pelo marido, e quando Jung Woo faleceu, foi como se ela também tivesse ido.

Quando ela jogou tudo para o alto e começou a usar o dinheiro do auxílio financeiro que recebiam para comprar drogas, sua irmã, Kim Yoon Soo levou a filha mais nova dos Byun's para sua casa.

Baekhyun sabia que deveria ser imensamente grato por sua tia ter tirado sua irmã daquele inferno, e esta ciente o motivo de ter ficado. "Você é o único que pode ajudar sua mãe", era o que Yoon dizia.

Encarar sua mãe naquele estado, com os cabelos ruivos naturais opacos e acinzentados, assim como os olhos que um dia foram brilhantes. O corpo magro e com marcas roxas pelo braço devido às seringas usadas para o consumo de drogas.

Ele desejava ser seu salvador.

Enquanto a mulher gritava em seu ouvido, Baekhyun não fez nada. Permaneceu em silêncio, não gritou nem mesmo chorou, apenas escutou e sentiu aquela dor, que nem ele mesmo fazia noção do quão estava o destruindo.

Ele não era revoltado, nem nutria ódio por essa, pois, no fundo daqueles olhos nublados estava sua mãe, que teve a mente completamente destruída por essa vida desgraçada que a tirou tudo.

A mulher continuou em cima do garoto, que recebia tapas nas costas e cabeça, chegando a acertar a panela quente em seu braço.

一 Seu gayzinho de merda! 一 vociferou, e após, virou com brutalidade o filho pelo ombro, desferindo um tapa estalado em seu rosto. 一 Sua bixa nojenta.

Aparentemente satisfeita, ela finalmente se afastou, voltando a se deitar no sofá enquanto tomava uma bebida alcoólica barata.

Baekhyun viu que não conseguiria ter paz se permanecesse ali, por isso resolveu sair para a rua e ir até a loja de conveniência onde trabalhava para conseguir jantar com tranquilidade.

Desde novo pensava que deveria lidar com as situações de forma racional, e sua mãe não era mais uma pessoa lúcida, e como ele não tinha meios financeiros para ajudá-la a se desintoxicar, deveria apenas se manter firme nos estudos para algum dia poder trazer ao menos um pouco de estabilidade para sua família, já que sabia que a felicidade havia sido tomada de forma definitiva.

E naquele momento ele quis apenas comer uma comida quente, que saciasse sua fome.

O soar do sino ecoou ao entrar na loja, logo, o conhecido atendente lhe olhou do outro lado do balcão, sorrindo abertamente.

— Já vi pessoas gostarem do local de trabalho, mas igual você Baek... — ditou Sehun, com bom humor, isso até perceber as marcas no colega — O que foi isso no seu braço?! — espantou-se.

— Derramei água quente sem querer — omitiu, desviando o olhar para os itens da prateleira.

— O tapa — apontou para a própria bochecha — também foi sem querer?

— Você deveria ser mais profissional e não perguntar coisas pessoais aos clientes, o seu pai não vai gostar de saber disso. — Desviou o assunto.

— Claro. — Riu, já acostumado em receber aquele tipo de resposta.

No trabalho, Baekhyun se mostra uma pessoa com bom senso de humor, às vezes um pouco ácido, mas uma boa companhia, entretanto, ainda muito reservado com suas questões pessoais.

— Use sua boa visão para enxergar os produtos vencidos. — Ergueu um pacote de biscoito que estava fora da validade.

— Sim, chefe — afirmou, irônico.

Byun escolheu um bibimbap e um refrigerante zero, deixando de lado a comida quente e aconchegante, pois se recordou que no dia seguinte teria que iniciar seu plano, e para isso, teria que estar perfeito, e não inchado pela quantidade de sódio de um lámen.

Sentou-se no balcão e pegou o celular, não deixando de sorrir de lado ao ver várias solicitações de amizade no Instagram, sendo três delas a motivação do seu sorriso; Park Jimin, Lim Joo Kyung e o principal: Park Chanyeol.

Abrindo o perfil do jogador, em suas poucas fotos tirou algumas informações importantes, como: Ele gosta de postar fotos de casal, é uma pessoa religiosa, que gosta muito da família.

Até então, Baekhyun não havia tido acesso às redes sociais de Chanyeol, por ela ser privada, e Park Gyu, pai de Chanyeol, sempre proteger sua imagem, era difícil ter informações sobre ele, mas agora ali estava algumas informações que poderiam parecer poucas, mas que eram suficientes para o Byun decidir como iria acabar com cada uma das coisas que Chanyeol prezava, começando pela namorada.

O perfil de Joo Kyung era cheio, com muitas fotos exibindo o namorado e principalmente o fato dele ser jogador, além é claro, das fotos da própria, que tinham pelo menos o dobro de curtidas que as demais. Já os comentários, bom, eles beiravam ou chegavam ao desrespeito, mas aparentemente ela estava bem com isso.

Ela também era modelo de uma loja de roupas de grife, e recentemente havia se tornado trainee de uma grande empresa.

Baekhyun odiava pessoas como ela, mas definitivamente ela não era seu objetivo, apenas precisava fazer com que eles terminassem. Ela se tornaria alguém com quem se preocupar caso deixasse as coisas mais complicadas, todavia, era visível que Chanyeol não era alguém que ela amasse ou fosse obcecada, era apenas uma pessoa segura, carinhosa e com um bom posição social.

Já a rede social de Jimin tinha algumas fotos de cachorrinhos e gatinhos fofos de rua. E conforme as legendas, ele preferia os bichinhos que os humanos. Justo. Lá também havia fotos de paisagens e do Park exibindo seus looks luxuosos e bem montados.

Voltou para o perfil de Chanyeol, e permaneceu encarando uma foto dele sozinho, segurando a bola de basquete e sorrindo abertamente para a câmera. Deu um zoom no rosto, prestando atenção em cada traço, nas covinhas, as bolsinhas fofas embaixo dos olhos grandes e brilhantes, exalando pureza.

— Então é esse que anda roubando seus pensamentos? — Sehun surgiu, sentando-se ao lado do colega e apoiando duas cervejas no balcão. — Sou mais eu.

— Cerveja? Você sabe que eu sou menor e você está em horário de trabalho, né? — indagou, erguendo uma das sobrancelhas.

Sehun gargalhou, e então disse:

— Resolveu ser prudente agora, Baek? Logo você, que compra maconha com meu primo?

— Tá proibido se redimir dos pecados agora, é? — ditou, provocativo, encarando esse ao seu lado com uma expressão lasciva correspondida na mesma intensidade. — E você sabe que eu não gosto dessa, se for para me agradar, que compre ao menos a que eu gosto. — Ergueu-se sem desviar o olhar provocativo daquele sentado. Devolveu a bebida e pegou sua favorita.

— Mas me diz, tá mesmo gostando desse burguês? Pensei que não fizesse seu estilo.

— Esse faz. É mais uma coisa de destino, sabe?

— Você é diligente o suficiente para eu saber que não precisa do destino. Então você quer ele — acentua.

— Quero — afirma, dando um gole na bebida gelada, a qual nem sente mais o amargor que traz.

— Tá aí uma coisa que nunca pensei que fosse ver um dia, você apaixonado — conclui, assobiando surpreso.

— Não estou apaixonado, estou obcecado — reconhece.

— Como faz para você ser obcecado em mim também? — O tom até poderia ser de brincadeira, mas ele dizia a verdade.

— Só um já dá muito trabalho.

Oh Sehun era uma das poucas pessoas que Baekhyun podia conversar sem ter que relembrar do lado ruim da vida. Sentia que no fim das contas, ele gostava de mentir e fingir por alguns momentos ser outra pessoa, pois assim poderia viver um pouco como desejava, ainda que fosse uma ilusão.

Ele sabia que o colega de trabalho não era bobo, pois ele sempre notava suas marcas e sabia quando estava mentindo e apenas fingia que acreditava, e essa era a melhor relação que eles poderiam ter.

— Mas a verdade é que eu precisava falar com você. — Ajeitou-se na cadeira, ficando virado na direção de Sehun. — O diretor anunciou de surpresa que as turmas do terceiro ano passarão a funcionar no regime de internato, então eu só vou sair da escola na sexta-feira à noite.

— Tudo bem. Você recebe por diária e os dias de maior movimento são aos fins de semana, então não tem problema.

— Valeu, de verdade. — Sorriu pequeno.

— Relaxa, você é o nosso melhor funcionário. — Aponta para a foto de Baekhyun com moldura de 'Funcionário do mês' pendurada na parede — Desde que você entrou, não precisei mais trocar aquela foto.

— É claro, se até o filho do dono eu pego dormindo no estoque — brinca.

— Meu pai me deu uma advertência por conta daquilo. Que tipo de pai assina a carteira do filho e ainda dá uma advertência? — profere com um falso tom de revolta.

— O senhor Oh é realmente uma figura.

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— Pelo menos a decoração do quarto é bonitinha — aponta Jimin, que está parado na porta do quarto.

O ambiente era amplo, com quatro camas confortáveis e a mesma quantidade de escrivaninhas, assim como um frigobar, um fogão de indução e uma pequena pia.

— Jimin, você viu isso? — Baekhyun apontou para a placa que estava na porta. — Só tem nossos nomes aqui.

— Não acredito! — Soltou o ar, aliviado, jogando-se na cama. — Pelo menos vou ter um pouco de paz. Deus é pai, não é padrasto. — Apontou as mãos juntas para o céu, agradecendo.

Baekhyun foi em direção a um dos armários e começou a colocar suas peças de roupas ali. A maioria delas foram compradas em brechós, já que foi a única forma que encontrou de ter itens de marca com um valor acessível, enquanto outras o próprio costurou.

— Se liga, sexta-feira à noite vai ter a primeira festa do ano na casa do Jackson. Você vai, né? — Jimin diz, segurando seu queixo com a mão enquanto balançava as pernas no ar.

— Mas já?

— É claro, estamos na primeira semana do último ano, isso pede uma festa. Fora que o Chanyeol com certeza vai tá lá.

— Então eu também estarei — afirma prontamente.

— Você tá gostando mesmo dele, isso é fofo! — Park coloca a mão no peito, suspirando. — Meu sonho é viver um romance bem clichê.

— Tem bastante garoto bonito na escola — aponta.

— Todos trancafiados no armário. Só querem a gente para satisfazer eles e no final, quem eles apresentam para os pais são as garotas. Sinceramente, não estou a fim de gastar minha paciência com esse tipo de gente.

— Se você diz... — Dá os ombros.

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— Baekhyunie! — Saltitando, Jimin cruza o corredor até chegar ao amigo. — Hoje temos uma coisa incrível para fazer! — Como de costume, abraçou o braço do Byun, que no início, pensou que ele apenas gostava de abraços, mas a verdade era que ele sentia frio e o usava para aquecer.

— E o que seria essa coisa incrível? — indagou.

— Vamos dar boas-vindas ao professor de geografia.

— E porque isso seria incrível? — questionou, confuso.

— Acontece que sempre no primeiro dia de aula ele passa um teste valendo uma nota altíssima. Sempre foi assim, desde que tive aula com ele no fundamental.

— Mas como vamos fazer um teste que nem sabemos o conteúdo?

— Exato! Por isso eu e o Jungkook desenvolvemos um método infalível que deu certo ano passado.

Park Jimin e Jeon Jungkook eram amigos próximos e por algum motivo ainda desconhecido pararam de se falar durante as férias de verão, e agora, aparentemente, ambos não se suportam.

— Bom, primeiro precisamos saber o que tem na prova, e isso os meninos do time já estão fazendo, agora nós vamos dar um jeito de fazer ele não passar o teste hoje. — Jimin explica.

Tanto a turma, quanto a escola eram divididas em grupos que não se misturavam, como água e óleo, mas agora, com um objetivo em comum, eles resolveram se reunir para fazer algo que seria bom para todos, afinal, unindo as inúmeras habilidades presentes eles seriam bem mais efetivos, e é por isso que seria um plano infalível.

O plano inicial de Jimin seria um banho de tinta, algo inofensivo, que não iria machucar, mas seria suficiente para que o professor precisasse se trocar e imprimir novamente as provas, e devido à falta de tempo, a prova seria provavelmente adiada para o dia seguinte. Sem erros.

Na quadra de basquete, os alunos do terceiro ano estavam reunidos em massa, desde os nerds até as líderes de torcida.

— Conseguiram a prova? — Jimin indaga, e os jogadores encaram-se, cúmplices.

— Tá na mão, loirinho. — Jungkook, com seu típico sorriso convencido, entrega o papel nas mãos do Park.

— Não me chama assim. — Torceu o nariz, fazendo o Jeon negar com cabeça e encarar o chão.

— Vocês têm certeza que isso vai dar certo, né? Os castigos do senhor Kim são os piores — proferiu Chanyeol, roendo as unhas.

— Deixa de ser bunda mole, é claro que vai dar certo — Jackson o repreende.

— E como vamos colocar essa bexiga com tinta na porta sem que as câmeras de segurança peguem a gente? — a questão é levantada por uma das líderes de torcida.

— Com isso. — Byun ergue o dispositivo que era similar a um pequeno controle. — Ele neutraliza câmeras de segurança.

— E por que diabos você tem um negócio desses? — Joo Kyung indaga.

— Não posso contar, apenas posso dizer que funciona — profere, simplista.

— Depois me diz onde comprou? — Jungkook perguntou, animado.

— Claro!

— Enfim, vamos voltar para o ponto principal, a aula dele é no próximo horário, tomem o máximo de cuidado possível e lembrem-se, se um for pego não entrega o outro — ressalta Jimin — Aqui está a prova. — Entrega o papel para um dos garotos do clube de xadrez.

— Nós vamos resolver as questões e mandamos no grupo da turma — avisa.

— E não esqueçam de mudar algumas questões para não parecer óbvio. — O outro garoto de cabelos lambidos de gel cola acentua.

— É melhor a gente ir caminhando, temos que arrumar a sala antes dele chegar — Jongin relembra.

Ao chegarem na sala eles dão início ao combinado. Baekhyun neutraliza a câmera, colocando um post-it na lente, para em seguida pegar o pacote com bexigas.

— Chanyeol, pode me ajudar a encher a bexiga? — pede, educado, e rapidamente é correspondido pelo jogador. — Está com medo? — indaga, notando as mãos trêmulas do capitão.

— Nunca fiz isso antes. — Ri, sem graça.

— De vez em quando é bom fazer algo que é considerado errado — aconselha, enquanto derrama o líquido dentro do balão. — Te faz sentir vivo.

— Então por que eu estou sentindo que vou colapsar a qualquer momento? — a pergunta inocente fez Baekhyun soltar uma risada sincera, que Chanyeol gostou de ouvir.

— Digamos que isso são os efeitos colaterais, afinal, até mesmo aquilo que é ótimo tem um ponto ruim — explicou, finalizando com a tinta e encarando os olhos doces desse a sua frente.

— Acho que sim — afirma, um pouco perdido devido aos olhos felinos tão focados nos seus.

— É melhor você colocar ele em cima da porta, acho que eu não alcanço nem com a cadeira — muda o assunto, e o Park tem que piscar algumas vezes para retornar a conversa.

Ao pegar a cadeira para subir, Baekhyun permanece embaixo, segurando e guiando-o.

— Tem que deixar a porta entreaberta — avisa, e ao fazer isso, a bexiga escorrega das suas mãos e por um fio ele consegue impedir que ela caia em Baekhyun, esse que se assusta e quase leva o Park ao chão. — Assim não, retardado. — O xingamento sai sem querer, fazendo-o morder a língua.

— Desculpa... — pede, um pouco confuso pela ofensa tão repentina. — Acha que isso vai estourar quando cair? — questiona, encarando o balão com as mãos na cintura.

— Tem que estourar — ressalta Jimin, olhando para cima — Se eu ficar detenção de novo, que seja pelo menos sem fazer a prova.

— Como assim detenção? — Chanyeol indaga, ao descer da cadeira.

— Eu e o Jimin tivemos que limpar a quadra de esportes durante o bimestre inteiro porque fomos pegos da última vez — Jungkook revela, inocente, e não compreende quando os olhares espantados dos alunos caem sobre ele.

— O plano não era infalível?! — Byun profere, encarando o Park com as sobrancelhas arqueadas.

— Sim, infalível, não vamos fazer a prova hoje. Não prometi não sermos pegos — Jimin retifica.

— Chanyeol, tire aquela bexiga agora! — Joo Kyung ordena, desesperada, batendo nas costas do namorado, apressando-o

— O professor está vindo! — O aluno que ficou responsável por olhar na fresta da porta avisa.

Os alunos encaram-se, perdidos, como se o tempo tivesse congelado. Não havia mais tempo, a única alternativa era correr para seus assentos.

Ao encarar sua mão, uma ideia passa pela cabeça de Baekhyun, que não perde tempo e segura o pulso de Chanyeol, que ainda estava paralisado, incentivando-o a correr para a cadeira mais próxima, ficando em sua frente

O silêncio paira no ar, sendo preenchido apenas pelas respirações ofegantes e preocupadas dos alunos que se martirizavam por escutar Park Jimin e Jeon Jungkook.

Em pouco tempo a porta é aberta, e em slow motion a bexiga estoura, gloriosamente, como uma cena de Carrie a Estranha, carregando o mesmo drama que teve no filme.

O professor retira seus óculos redondos, e é quase visível a fumaça saindo pelos seus ouvidos. Ele não estava vermelho apenas por conta da tinta, mas também pela raiva.

— Quem foi o responsável?! — vocifera, jogando no chão os papéis com as provas que estavam cobertas de tinta.

Todos permanecem em silêncio e praticamente imóveis. Kwan limpa as lentes com uma pequena parte da camisa social, e com isso, começa a caminhar entre os alunos, procurando em seus rostos um culpado, e todos ali pareciam um.

— Quem me entregar quem fez isso, será isento de fazer a prova, e terá a nota máxima. — Seria tentador, mas acontece que todos tinham sua parcela de culpa, uma delação premiada com certeza não iria deixar isentos.

Os sapatos sociais faziam um som estridente, que se espalhava por todo ambiente, aumentando ainda mais a tensão entre os estudantes.

As sobrancelhas do docente se erguem, à medida que seus olhos chegam a brilhar ao ver a mancha vermelha na manga do blazer de Chanyeol, que ao notar o que o professor encarava, resolveu olhar para o próprio braço, só então percebendo a tinta ali. Tentou esconder o braço, mas já era tarde demais, Kwan já estava vindo em sua direção.

— Você! — Aponta para o capitão, esse que estremece na mesa. — Levante-se.

Com as pernas trêmulas, o Park se ergue, encarando o chão para evitar os mirantes abrasivos que o fuzilam.

— Todos de pé! Agora! — grita, repentinamente, assustando a todos.

O professor caminha entre os alunos, procurando qualquer vestígio que poderia incriminar um deles, e isso é encontrado em Baekhyun, que tem as mãos sujas de tinta.

— Os dois, lá para frente! — ordena, e ambos obedecem. — Alguém ajudou vocês dois? — Os jovens permanecem com o benefício do silêncio. — Se cada um me entregar um aluno, vocês serão isentos do castigo. — Tentador, mas o que o Byun mais queria era sofrer aquela punição ao lado do Park. E já Chanyeol seria incapaz de entregar um dos seus colegas para se safar. — Certo. Lealdade nem sempre é uma virtude, mas com a vida vocês vão aprender isso. Os dois vão ficar de castigo o resto do semestre, começando por hoje mesmo.

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No ginásio, Byun e Park estão parados em frente ao professor Kwan e a funcionária da limpeza escolar.

一 Me entreguem suas mochilas e celulares. 一 Ele ordena, e os jovens prontamente obedecem. 一 Vou deixar essas coisas na sala dos professores, vocês só têm autorização para pegarem quando finalizarem tudo. A senhora Lee vai explicar o que vocês vão fazer.

一 Bom, tem que trocar os lixos, passar pano nas arquibancadas e no piso, não usem nenhum produto além de sabão e enxague bem, já que o piso não pode ficar escorregadio. E também tem que limpar os corrimãos. E bem, é só isso 一 dita, com um tom de voz arrastado, como se estivesse entediada só por estar ali. 一 Aqui estão as chaves, eu já vou embora, então tranquem a porta e deixe as chaves na sala dos professores.

一 Entenderam? 一 questiona o docente.

一 Sim senhor. 一 Os alunos respondem, em uníssono.

一 Eu quero matar o Jimin. 一 Baekhyun profere, ao que fica a sós com Chanyeol.

一 Meu pai tem um contato de um bom advogado, se você fizer isso, até pago ele para você 一 ironiza, fazendo o colega soltar uma risada soprada.

Ao olhar em volta, o Byun notou o quão grande era o ginásio, se arrependendo um pouco do que havia feito, afinal, limpar um local tão grande demoraria pelo menos três horas.

一 Olha, se fizermos tudo bem mal-feito, conseguimos terminar em uma hora 一 analisa Yeol.

一 Eu limpo o lado direito da arquibancada e você o esquerdo? 一 propõe, recebendo uma afirmação do jogador 一 Combinado! 一 Ele vai em direção à porta, trancando-a e em seguida guardando-a no bolso. 一 Caso alguém resolva vir nos incomodar.

Rapidamente eles preparam os baldes com água e produtos para limpar, e enfim cada um vai para sua respectiva área.

Infelizmente Baekhyun pensou que esse tempo na detenção seria mais proveitoso para se aproximar de Chanyeol, mas agora ele estava do outro lado da quadra, concentrado demais para ao menos se lembrar da existência do colega ali. Era o momento do plano 'B'.

Como o planejado, fizeram tudo de qualquer jeito, apenas para irem embora logo. Bom, era isso que Chanyeol pensava, já que os planos de Baekhyun eram outros.

一 Está bom né? 一 questiona Chanyeol.

一 Tá perfeito, vamos logo.

Ao abrir a porta, Byun coloca mais força que o necessário para destrancar a porta, assim, fazendo a chave quebrar dentro da fechadura.

一 Chanyeol... 一 chama, com um tom assustado.

一 O que foi? 一 indaga, preocupado.

一 A chave... 一 Ergue o objeto que estava pela metade 一 Me diz que aqui tem uma porta dos fundos ou coisa do tipo.

一 Não, Baekhyun, não tem 一 proferiu, ainda incrédulo do que estava vendo em sua frente.

一 Que porra. 一 resmungou, em seguida começou a bater na porta com força 一 Socorro! Alguém?!

一 Socorro! 一 Para ajudar, o capitão faz o mesmo, tentando fazer o máximo de barulho possível, mas é em vão. 一 Meu Deus, será que todos já foram? Não é possível que eles nos esqueçam.

一 Sinceramente, não sei se o senhor Kwan esperaria a gente, e a noite aqui fica somente os vigilantes, e a maioria deles estão no alojamento 一 Baek pondera.

一 Certo, o vigilante vai olhar nas câmeras e ver que estamos aqui e vai nos ajudar, né? 一 Chanyeol profere, tentando resgatar alguma esperança.

一 Então nós só podemos esperar?

一 Acho que sim.

Aquela seria uma longa noite.

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Continua...

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