Capítulo 3


Jeon Jungkook estava em seu terceiro chocolate quente da noite, sentado em seu carro de patrulha, o aquecedor ligado. Ele estava repassando a ideia de Hoseok em sua cabeça. Ele adorou a ideia, mas só havia algumas falhas, como por exemplo, o ômega lhe dizendo não. Ele deveria dizer que sim, e Jungkook teria que manter seus sentimentos sob controle.

— 10-4, Car 137 em rota, solicitando o endereço.

Quando o despacho enviou o endereço, o estômago de Jeon afundou. Era a dois quarteirões da casa de Taehyung. Ele girou o carro e saiu em disparada, as luzes piscando.

A despachante estava dando as informações enquanto ele seguia até o local, tudo o que ela podia dizer a Jeon e aos outros policiais das chamadas do 911 era que alguém estava tentando quebrar a porta de alguém e que eles tinham uma arma.

Jeon já tinha lidado com muitos idiotas portando armas, pensando que possuíam uma que de repente saberiam como usá-la. Ele lembrou-se de um incidente há alguns anos atrás, ele havia sido chamado por uma briga doméstica 10-16. Quando Jeon e seu parceiro Eunwoo chegaram ao local, no mesmo momento o sujeito colocou uma arma em cima deles. Jeon tinha tentado conversar com o homem, seu propósito não era matar, mas salvar e proteger, mas às vezes essa linha fina se torna um borrão quando sua vida está em perigo.

O homem que estava muito alcoolizado, acenou em torno da mão que segurava a arma e acabou atirando no próprio pé e Jeon bufou, tentando não rir enquanto Eunwoo sacudia a cabeça com a pura estupidez do homem. O sujeito armado sobreviveu, com um longo lembrete de não brincar com armas.

Jeon contou essa história a Taehyung e sua reação fez ela se tornar sua favorita, porque isso aconteceu quando ele conseguiu fazer o ômega rir pela primeira vez, e seu sorriso era realmente muito belo. Jeon tinha um objetivo depois disso, para fazê-lo sorrir mais.

Ele rapidamente chegou ao endereço que a despachante havia lhe dado, encontrando outros dois carros de polícia já lá, e um impasse. Jeon pegou sua arma e dirigiu-se para o oficial mais próximo.

— O que está acontecendo? — o oficial Kim Namjoon virou-se para ele.

— Nós pensávamos que fosse um arrombamento, mas parece que é mais do que isso. — Jeon olhou em volta e viu civis na calçada.

— De acordo com os vizinhos, esse apartamento é um ponto de drogas, dentro e fora, e hoje esse cara apareceu e descarregou uma arma contra a porta. Até agora, sabemos que ele atirou em duas pessoas, mas não está claro se elas ainda estão vivas. E então ele apenas começou a disparar contra nós cerca de dez minutos atrás. — o oficial Kim continuou.

— Jeon! — Jeon levantou os olhos para encontrar seu superior, o Sargento Min Yoongi.

— Senhor! — Jeon cuidadosamente se dirigiu a ele, ficando bem atrás dos carros da patrulha.

— Pegue esse bastardo, não temos tempo para esperar a SWAT, eles estão presos em um engarrafamento e há crianças por aqui!

— Eu preciso de olhos no alvo. — Jeon disse enquanto ele voltava rapidamente para seu carro de patrulha e abria o porta-malas, quando disparos começaram. O alfa foi para o chão e olhou entre os carros, ele viu o meliante disparando mais duas vezes contra seus colegas, depois pegou uma adolescente e colocou a arma em sua cabeça.

Jeon rosnou e captou o sargento olhando para ele, dando-lhe o sinal para pegar o cara. O alfa assentiu e pegou o seu Remington M24 no porta-malas e o carregou.

— Você tem uma mira certeira, derrube ele! — o Sargento Min instruiu.

Os instintos de Jeon assumiram o controle, todos os outros que estavam ao seu redor desapareceram, todos os sons se dissiparam e seus olhos vermelhos de alfa surgiram e amplificaram sua visão. Focado em seu alvo, Jeon disparou um único tiro direto. E então o homem estava gritando e em seus movimentos ele empurrou sua refém para longe dele enquanto gritava, e aquela era a brecha de Jeon. Ele puxou o gatilho e acertou o meliante diretamente entre os olhos.

Tudo acabou em segundos. Os policiais correram para a frente e rapidamente invadiram o prédio.

Jeon pegou seu rádio e chamou reforços, pedindo uma ambulância e um médico legista, inserto do estado das vítimas lá dentro.

— Bom trabalho! — o Sargento Min caminhou até ele enquanto outros dois carros de patrulha se aproximavam, e as sirenes da ambulância a caminho já eram ouvidas a distância. O Alfa observou enquanto os olhos de seu superior se arregalaram olhando para seu ombro. — Você foi atingido?

Jeon olhou para o braço e alcançou o local para tocá-lo, tendo sua mão agora manchada de sangue.

— Foi apenas um raspão. — aparentemente uma bala chegou muito perto, Jeon nem sequer lembrava de sentir isso o atingir. — Eu vou arrumar mais tarde.

O Sargento olhou para ele e arqueou as sobrancelhas, como se dissesse que ele não acreditava nele.

— Entre lá e veja se há mais alguém armado. — Min ordenou exatamente quando a SWAT finalmente apareceu.

— Sim senhor!

— Idiota.

Taehyung puxou o casaco mais apertado em torno de si enquanto caminhava na calçada, indo para casa. Eram quase quatro e meia da manhã e ele queria apenas chegar em casa e ficar perto de seu filhote.

Três clientes esta noite e ele tinha conseguido quase todo o dinheiro que precisava. Amanhã à noite ele poderia conseguir o resto, por enquanto, ele só queria um banho quente e ver Yeonjun, e sentir seu doce perfume de pêssego.

As ruas escuras estavam estranhamente silenciosas. Ele estava acostumado a isso, mas não facilitava as coisas. Não quando você conhecia o tipo de coisas que poderiam lhe acontecer... Não quando você sobreviveu a algumas delas.

Ele acelerou seus passos com suas botas de salto alto, o barulho deles no atrito com a calçada ficando mais alto quando ele se apressou. Um carro passou lentamente por ele com as janelas escuras fechadas, mas o ômega podia sentir os olhos da pessoa que estava lá dentro sobre ele, sobre suas coxas nuas na saia muito curta. Ele virou a esquina e o carro continuou seu caminho em linha reta.

Quando ele se aproximou de sua casa, ele não se importou em olhar para o estacionamento e se dirigiu direto para a porta da frente apenas para parar. Havia uma pessoa sentada em seu batente da frente, e quando a pessoa olhou para cima e logo se levantou, Taehyung soltou sua respiração em pânico.

— Jeon? — o ômega disse, aproximando-se.

— Onde você estava? — Jeon perguntou, sua voz preocupada.

Taehyung passou por ele e se curvou para destrancar a porta.

O alfa o observou e ele não pôde deixar de olhar diretamente para o traseiro do ômega. A saia minúscula simplesmente se erguia no ângulo exato para que Jeon pudesse ver a metade inferior de suas bandas fartas. O alfa se obrigou a desviar o olhar enquanto seguia Kim para dentro da casa.

O lugar estava frio, quase tão frio quanto do lado de fora.

— Jeon! — o alfa virou-se para fitar o ômega, sem ver nada mais além de olhos castanhos preocupados olhando para o ombro dele. — O que aconteceu, você está bem?

Jeon encolheu os ombros para explicar, mas o ômega apenas o empurrou para sentar no sofá e puxou sua jaqueta.

— Tire isso para que eu possa limpá-lo!

— É apenas um arranhão...

— De que? — Kim perguntou rapidamente, completamente calmo, mas claramente preocupado.

Ele tirou seu casaco de pele falso e os olhos castanhos de Jeon correram por cada centímetro do ômega, enquanto ele pendurava a peça num cabide.

O vestido preto sem mangas era apertado em todos os lugares certos e mostrava a parte inferior da bunda de Kim, metade de suas coxas eram visíveis em meias altas, e botas de salto alto que chegavam até seus joelhos. Seu pescoço estava exposto e atrativo, mostrando os ossos de sua delicada clavícula e Jeon queria mordê-los. O Alfa apertou sua mandíbula e desviou o olhar.

— Uma bala!

Kim o encarou com os olhos arregalados.

— O que?

— Houve uma troca de tiros a dois quarteirões daqui, e fui baleado. Mas eu peguei o cara. — disse Jeon, de fato. — Eu estava preocupado com você e Yeonjun, então eu vim até aqui e vi que você não estava...

O alfa não pôde evitar que seus olhos escuros percorressem todo o corpo do ômega mais uma vez, e Kim sentiu o calor antes que o alfa fizesse um esforço para evitar seus olhos respeitosamente.

Kim de repente se sentiu muito pouco vestido e devorado.

— E-eu... Eu tive que trabalhar, o aluguel irá vencer em breve. — Jeon assentiu com a cabeça, mas não o fez ficar mais fácil de continuar a falar.

Taehyung sempre odiou o que era, o que ele fazia para viver, mas ele nunca odiou tanto quanto agora. A maneira como Jeon olhava para ele e aceitava isso, doía... E ele não sabia por quê.

— Eu vou ver como está Yeonjun e me trocar. E irei cuidar de seu ombro depois, então tire sua jaqueta. — ele não esperou por uma resposta e foi direto para o quarto de Yeonjun.

Seu anjo de filhotinho estava profundamente adormecido, todo quentinho com o aquecedor do quarto e seus cobertores macios. Kim sorriu e resistiu ao desejo de tocá-lo, ele tinha que tomar um banho primeiro, não querendo que outros aromas ficassem impregnados em seu filhote, apenas o dele... E o de Jeon.

Yeonjun adorava o cheiro do alfa e Kim o liberou, sabendo que seu filhote sempre anseia por um perfume de alfa, e Jeon estava bem com isso, ele era maravilhoso com Yeonjun e cuidava deles.

O ômega saiu na ponta dos pés do quarto e rapidamente dirigiu-se ao seu próprio, e entrou diretamente no banheiro.

Claro, o chuveiro elétrico estava novamente quebrado e ele teria que recorrer a um banho gelado, mas ele precisava ficar limpo. Com os lábios tremendo, ele rapidamente saiu do chuveiro e vestiu-se com calças de moletom, camiseta, e suas meias de lã favoritas, em seguida pegando o seu kit de primeiros socorros antes de voltar para a sala de estar.

O alfa estava sem camisa, sentado em seu sofá, desmaiado.

Kim calmamente colocou o kit na mesinha, sentou-se no braço do sofá e olhou para o grande alfa. A ferida da bala que o atingiu não era tão ruim, só precisava ser limpa e coberta com um curativo simples. O ômega deixou seus olhos caírem sobre toda a pele exposta do alfa e ele mordeu o lábio inferior. Ombros largos e fortes, com braços definidos e mãos grandes. Ele sentiu vontade de traçar os dedos por seu abdômen, na linha fina de pelos escuros que seguia de seu umbigo desaparecendo em suas calças, que pareciam um pouco apertadas, ou o alfa era muito bem dotado.

As únicas marcas na perfeição masculina à sua frente depois do ferimento da bala eram uma tatuagem simples, uma linha de uma polegada de espessura que começava logo abaixo da clavícula direita e passava por cima do ombro.

Kim olhou para os traços de Jeon mais de perto, ele ficava tão relaxado dormindo, seus lábios se separaram e se curvaram para um beijo perfeito. Kim queria tocá-lo, passar os dedos por seus cabelos, se aconchegar em seu colo e...

O ômega levantou-se e se afastou.

Não. Jeon era seu amigo, ele não tinha nenhum direito de se sentir atraído por ele dessa maneira tão necessitada. Ele respirou profundamente e abriu o kit de primeiros socorros.

Jeon acordou de repente, sentando-se, e sonolentos olhos olharam para ele.

— Hey... Desculpe, acho que estou mais cansado do que pensei.

— Tudo bem, deixe-me limpar isso pra você. — Kim passou a limpar o machucado. Jeon sibilou calmamente e cerrou a mandíbula. — Você... Matou o homem?

Não havia sons na casa além de suas vozes silenciosas e eles podiam ouvir suas respirações.

— Sim.

Eles permaneceram em silêncio durante todo o tempo em que o ômega cuidava do ferimento, o alfa observando suas delicadas mãos trabalharem suavemente sobre sua pele.

Quando Kim colocou o kit de primeiros socorros sobre a mesinha novamente, Jeon voltou a vestir sua camisa e olhou para trás para encontrar o belo ômega de pé junto ao sofá, engolido por uma calça de moletom muito grande, um de seus ombros elegantemente exposto, e aqueles olhos incrivelmente avelã olhando para ele. Jeon se forçou a desviar seu olhar e não conseguiu impedir que a pergunta escapasse de sua boca.

— Alguém te machucou esta noite?

Os olhos de Kim se arregalaram ante a pergunta, antes de se sentar na outra extremidade do sofá e manteve os olhos em suas mãos, decidindo que ele precisava cortar as unhas logo.

— Não... Dois deles eram regulares... E nem sequer me tocaram... — ele disse, olhando para Jeon e aqueles malditos olhos castanhos intensos olhavam para ele como se pudessem devorá-lo inteiro.

— O que?

Kim sorriu e desviou o olhar.

— Suho... Ele paga para me assistir...

A sobrancelha de Jeon levantou-se.

— Assistir você fazer o que exatamente?

Kim nunca se sentiu tímido antes, mas Jeon o fez se sentir assim e ele não conseguia olhar para o grande alfa.

— Ele me assiste enquanto eu mesmo me dou prazer... Mas ele nunca me toca!

Um lampejo de Kim de quatro naquele pequeno vestido preto, com a bunda empinada se apresentando e rebolando com dois dedos dentro de si mesmo, olhando para Jeon por cima do ombro atingiu Jeon, e ele teve que limpar a garganta para dissipar a imagem erótica.

— E o outro?

— Jeon... Por que você quer saber?

— Eu só... Você não precisa me dizer, eu não deveria ter perguntado. Me desculpe!

— Jeong paga para... Para me dar prazer com sua língua. O outro era alguém que nunca vi antes, ele queria sexo. — Kim disse, olhando para Jeon que agora estava de pé, pegando sua jaqueta e vestindo.

Kim se entregou a uma falsa esperança e deixou-se sonhar com Jeon o querendo... Mas a realidade era que Jeon não estava interessado nele e parte de Kim queria sabotar qualquer chance disso acontecer porque o alfa era bom demais para ele. Ele era nobre e bom, um policial respeitado.

Kim nem sequer sabia por que Jeon vinha vê-lo todas as semanas, trazendo-lhe comida e coisas para Yeonjun. O único motivo real era que o alfa sentia pena dele, e Kim não sabia o que fazer com bondade, não sabia o que fazer com pena...

O ômega nunca conheceu um alfa que não exigia algo dele, ou simplesmente tomassem o que eles queriam dele.

Kim ficou de pé, desejando que suas lágrimas se mantivessem contidas porque ele queria Jeon, ele queria o alfa, e ele sabia que Jeon não iria querer uma prostituta. Ele merecia muito mais.

— Eu tenho uma proposta para você! — o ômega olhou para o alfa, que estava olhando para ele com incerteza e uma outra coisa que Kim não podia nomear.

— O-o que? — aqueles malditos olhos brilhantes estavam cheios de confusão e Jeon deu um passo em direção ao ômega, apenas para Kim dar um passo para trás.

O alfa parou com as mãos erguidas, tentando parecer o menos ameaçador quanto possível.

— Tae, eu nunca te machucaria, você tem que saber disso!

Kim se chutou mentalmente, ele não tinha a intenção de dar um passo para trás, foi apenas um reflexo automático. Jeon era um Alfa, e um dos grandes. Se Jeon quisesse fazer algo com ele, Kim não seria capaz de se defender... Uma parte dele o lembrou que ele não gostaria.

O ômega simplesmente acenou com a cabeça, as duas mãos cruzadas sobre o peito.

— Eu... Eu preciso de um ômega para cuidar da minha casa.

— O quê? — Kim não estava esperando isso.

Jeon sorriu para ele e desviou o olhar, esfregando a parte de trás do pescoço antes de voltar seus olhos para ele, sérios e honestos, fazendo Kim ficar completamente tranquilo.

— Eu sou um alfa, não sou muito bom em limpar ou cozinhar, e estou sempre trabalhando. Eu tenho uma casa grande, dois andares, e eu nunca uso o andar de cima, até mesmo meu quarto está embaixo. Eu poderia pagar a você, entre a pensão militar e o salário da polícia, tenho certeza de que eu poderia lhe pagar pelo menos quatrocentos por semana. Eu já pago todas as comodidades e quaisquer despesas que você precise para a casa, como comida ou suprimentos de limpeza, eu pagarei.

— Jeon...

— Você e Yeonjun estarão seguros! — disse Jeon, olhando para o ômega quase suplicante. — Você não precisaria... Fazer o que faz agora. Você não precisaria mais deixar Yeonjun sozinho.

Kim apenas olhou para ele de olhos arregalados e não conseguiu falar.

— Olha, apenas basta pensar nisso. — Jeon disse olhando para ele mais uma vez antes de se virar e sair da casa.

Kim afundou no sofá, com os olhos colados na porta.

Jeon acabou de lhe oferecer um emprego. Um trabalho bom e seguro. E ele usaria um colar e seria respeitado, e Jeon o protegeria pois ele estaria oficialmente debaixo de seu teto. Quatrocentos por semana garantidos. Ele teria um lugar seguro para chamar de casa para Yeonjun, comida, conforto, água quente... E ele nunca mais teria que se prostituir de novo apenas para poder comer... Ou pelo menos até que Jeon encontrasse uma companheira e, talvez, se ele tivesse sorte, ele ainda poderia continuar lá.

Ele pulou do sofá e correu para fora, mas Jeon já havia desaparecido.


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