4 - BISCOITO
O local é escuro. Elis não consegue enxergar um palmo a sua frente. Uma presença opressora a faz ficar quieta.
Cascos parecidos como de cavalos pisam o chão molhado e misturasse com o som crescente de sucessivos pingos na água.
A respiração daquele ser no escuro parece se incomodar com o peso que seu corpo carrega. Elis continua parada, imóvel, ela precisa sair daquele cúbico.
Ela não sabe como foi parar ali. A única coisa que vem a sua memória é que estava sendo interrogada pelo detetive e caiu nesse limbo.
Ao olhar para sua esquerda consegue diferenciar do escuro uma passagem. Uma porta aberta. E sem demorar mais ela corre para o que entende ser sua escapatória.
Mas ela cai. Elis não sabe precisar quanto tempo continua caindo. Tudo é muito incerto. Que mundo é aquele? Ao mesmo tempo em que cai, ela por alguma razão não tem medo de espatifar no chão.
Uma pequena luz começa a se formar. Um ponto de luz que chama a atenção da jovem, que vai caindo na direção daquela sinaleira.
Elis percebe que o pequeno ponto de luz continua lá, porém o seu tamanho vai aumentando... crescendo... maior, cada vez maior e mais claro.
Mas a claridade que emana daquele lugar é fosca. Sem vida. Como se a luz estivesse morta e vazia.
Você vai entender a sensação. Imagine uma luz que não ilumina, que quanto mais exposta sobre a página de um livro, mais essa luz não ajuda a identificar as letras nem entender o significado das palavras. Uma luz sem claridade.
Elis passa por aquele buraco de luz e choca-se em seguida com uma montanha de concreto, areia, barro e lutando para se segurar em algo áspero que não a deixe cair por mais tempo, Elis enfim consegue.
Elis percebe então que conseguiu se segurar numa varanda de uma apartamento destruído, que faz parte de um predio envergado e também destruído.
Fazendo toda força possível para subir para dentro do imóvel e poder parar e pensar no que significa toda aquela loucura.
Nada faz sentido.
Enfim, ela consegue. Depois de entrar no apartamento com extrema dificuldade, Elis deita-se no piso destruído e com as cerâmicas faltando ou partidas pela metade.
Elis, levantando-se com dificuldade vai o mais perto possível da varanda destroçada e com cuidado, olhando aonde pisa, percebe as fuligens de cinzas caindo e foi aí que percebeu o cenário de guerra que aquela cidade se encontrava.
Os prédios estavam destruídos e alguns deles faltando boa parte da estrutura, como se uma bola de fogo estivesse passado por dentro deles ou pelos lados.
Elis não se atreve a olhar para as ruas lá embaixo e que ela acredita que existam. Seu coração acelera com o desespero de não entender o que está acontecendo e mais ainda... e se ela fosse ficar presa ali para sempre?
Com cuidado, Elis move-se para trás caminhando de costas para a porta. Toda atenção é necessária para não cair daquela varanda. Seu coração não para de acelerar e sua respiração fica ofegante.
Ao se virar e olhando para a porta, uma montanha de pelo tromba no seu corpo. Elis cai no chão e vê a criatura asquerosa babando na sua direção e com seus dentes podres cerrados para ela.
O Cocker Spaniel inglês, aquele cachorro amável, de pêlo marrom e orelhas grandes, transformado numa besta demoníaca e sedenta de sangue com sua cabeça virada para cima e seus olhos para baixo.
Elis não acredita no que está vendo.
— Biscoito? É você?
A fera ao escutar o próprio nome parte com ferocidade na direção de Elis.
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