Capítulo 13 - De volta ao passado
Nuvens negras aos poucos começavam a se aglomerar na imensidão azul, o clima havia se tornado apático com o decorrer do dia. As pessoas pareciam mais apressadas do que já pareciam, empunhavam em suas mãos guarda chuvas, capas ou até mesmo olhavam para o céu com a esperança de que a agua não caísse naquele momento.
Desde que vim para esta cidade eu havia tomado uma decisão, mas aqui estou pensando como o velho Guilherme, indo em direção ao encontro dele. Porque mesmo depois de tanto tempo ele ainda me fazia me sentir uma criança que precisava de cuidado e de carinho. Alguém totalmente dependente dele, ou parcialmente.
As gotas começaram a manchar o chão em um tom escuro, olho para o céu e observo, as pessoas começam a correr a procura de abrigo, outras apenas abrem seus guardas chuvas, ou até mesmo colocam suas capas, eu apenas deixo que a agua toque meu rosto.
Me volto para a rua ainda movimentada e me volto para o meu tênis pensando que foi uma péssima ideia usar logo eles em um dia chuvoso. Coloco o capuz em minha cabeça e minhas mãos adentram os bolsos e continuo caminhando devagar e sem pressa, instantes depois a garoa que se iniciara estava tomado força e as manchas começavam a ficar maiores.
As pessoas começam a passar por mim com pressa, seus corpos esbarram no meu, mas não ligo apenas continuo caminhando preso em meus pensamentos quando finalmente paro em frente ao meu destino.
O lugar estava bem iluminado, havia uma recepcionista que falava com um ciente enquanto o encaminhava para a sua mesa. As mesas estavam postas em posições circulares onde havia um espaço central e um palco, onde alguns músicos faziam alguns ajustes. Era a noite da música, imaginei.
Entro no lugar e me posto em frente a moça de cabelos em chamas, seus olhos eram verdes cristalinos, em sua boca havia um batom levemente rosado e apresentava algumas leves sardas em seu rosto. O cabelo estava amarrado em um rabo e cavalo e vestia o uniforme sóbrio, ela me olhou e sorriu.
- Boa noite em que posso ajudá-lo?
Retirei o capuz e mostrei minha face ainda estava molhada e meu cabelo estava desgrenhado, ela me olhou devagar e sem pressa. Eu estava encharcado, mas ainda sim seu rosto me olhava com um largo sorriso em seu rosto.
- Hã... Tenho uma reserva. O sobrenome é Albuquerque.
Ela se virou para o computador e fez uma consulta.
- Por aqui... – disse ela com o largo sorriso em seu rosto.
Aquilo de alguma forma começava a me irritar, tanta felicidade, tanta simpatia para alguém como eu, que jamais seria tratado bem ainda mais nas condições em que eu me encontrava. Ela me guiou até o primeiro andar, havia uma mesa na varanda, com duas cadeiras, a iluminação era feita por várias lâmpadas arqueadas presas no teto que pendiam sob a sacada.
- Quer que eu traga algo?
- Não, obrigado.
Ela deu um meneio de cabeça e saiu. Olhei para o lugar ainda vazio e me afundei na cadeira, peguei o celular no bolso, limpei a tela que estava molhada e olhei para o relógio que marcava cinco e meia da tarde, o céu estava escuro e se iluminava com frequência. Os postes começaram a iluminar a rua.
- Oi. – a voz ele ecoou em minha cabeça. – Como você está? – disse ele se aproximando de mim e me beijando a cabeça e apertando meus ombros e em seguida sentando-se a mesa.
- Estou bem. – o olhei nos olhos.
Ele pareceu me avaliar por alguns instantes e me puxou para perto do seu corpo. Seus braços me envolveram rapidamente. Seu cheiro inundou minhas narinas enquanto sua pele entrava em contato com a minha, suas mãos me acariciavam singelamente.
- Me desculpe. Eu não tive como ficar, eu nem havia me instalado e recebi uma ligação inesperada.
- O que você faz aqui? – a pergunta saiu baixa quase que inaudível.
- Acho que seu pai desistiu de me impedir de ver você.
- Como assim? – me afastei de abraço e o olhei nos olhos. – E quem disse que quero ver você? – meus olhos se arquearam.
- Uou. Que olhar é esse? – disse rindo – Acho que se você não quisesse me ver não estaria sentado na minha frente nesse momento.
Silencio.
- Desde que soube que você foi embora – continuou ele enquanto seu semblante parecia se perder em um lugar distante e vazio – Eu venho tentando encontrar você. Foram os piores meses da minha vida, seu pai chamou a policia, me surrou, mais de uma vez na verdade.
- Surrou? – o olhei perplexo enquanto ele levantava a manga da camisa e uma macha roxa em sua pele ainda estava visível.
- Eu...
Ele sorriu novamente, mas dessa vez comedido.
- Ele fez o que precisava, e a culpa acabou sendo minha por tudo o que aconteceu.
Tudo o que aconteceu. Num rompante minha mente rebobinou tudo o que havia acontecido desde o dia em que eu havia esbarrado em Arxos que se fazia ser Marxos, na aposta, nos golpes que recebi um atrás do outro.
- Espero que esteja feliz com os resultados. – uma onda me inundou, toda a dor que se acumulou e me que me tornou a pessoa que sou hoje é... – É tudo culpa sua e do seu irmão. Porque não me deixaram em paz? Porque precisavam me tornar um monstro.
- Eu... – ele assentiu - Quero poder me explicar, dizer o que eu sinto.
- Ah dizer o que você sente. Estou cansado não de ouvir, mas de ver suas demonstrações de verdade. E acredite não estou nem um pouco afim de ter um flashback com você.
- Eu sei que sou um idiota, sei que eu casei danos a você, mas também sei que essa pessoa que eu vejo agora, aparentemente vazia e sem coração não é quem você é.
- A dor não nos muda, ela apenas revela quem realmente somos. E se perdeu o ultimo memorando eu não sou mais o garoto que você conheceu.
- Se não é você, porque ainda esta aqui? Porque não levantou dessa mesa e saiu ou apenas vamos ao maldito de um motel para eu ter a mínima esperança de que vou ter você de volta e você ferra de vez meu coração. Então porque diabos ainda esta parado na minha frente?
- Porque eu tenho medo. Medo de dizer que ainda amo você, mas tenho mais medo ate onde esse amor pode me levar, mas isso não é tudo. Você não é o único dono do meu coração, outra pessoa preencheu o vazio que estava no meu peito, curou algumas feridas, contra todas as chances. Ele ficou do meu lado. Eu o humilhei, o ignorei, pisei e quebrei se coração todas as vezes eu pude fazer e mesmo assim ele teima em ficar parado na minha frente, e dizer que me ama. Você sabe o que é isso?
- Não. – ele abaixou a cabeça.
- E talvez nunca saiba.
- Talvez.
- "O amor é um grito no vácuo" Marxos. E eu te amei tanto, que mesmo depois de tudo eu ainda fui atrás de você.
- Atrás de mim? – disse ele sem entender nada.
Então algo acertou a minha cabeça, vi apenas por um breve instante Marxos se levantando, ele parecia estar em pânico, seus braços iam em minha direção, mas assim como eu seu corpo começou a cair indo em direção ao chão. Então tudo ficou esc...
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