Capítulo 31 - Realidade
https://youtu.be/LZ34LlaIk88
Apesar de ter estado no mesmo chuveiro que o Liam ainda me fazia confusão vê-lo à minha frente sem nada a cobrir-lhe a sua pele perfeitamente bronzeada. A imagem dele a procurar roupa na sua cómoda despertava um sorriso que eu não estava habituada a ter nos lábios. Eu não tinha nada mais do que uma toalha branca pequena a envolver-me o corpo e ele nem isso tinha.
-As opções de escolha para esta noite vão ser limitadas, minha madame.- ele falava com certa ironia enquanto segurava umas boxers na sua mão direita e uma t-shirt azul na mão esquerda sorrindo.
-Não será uma escolha difícil então.
-Depende do seu ponto de vista, mas se preferir pode ficar sem nada que eu também não me importo.- perante a provocação dirigi-me a ele rindo para lhe dar um soco sem força que ele respondeu agarrando-me nos braços imobilizando-os e virando-me de costas encostando-me ao seu peito fazendo-me respirar ofegante.
Ri-me e tentei mover os braços para que ele me soltasse em rendição, mas ele não relaxou nem um músculo. Ele riu-se também e eu percebi porquê. A toalha que eu tinha, havia caído também.
Ele beijou-me o ombro onde os nossos olhos se cruzavam e finalmente largou os meus braços para que eu me virasse para ele. A cama dele estava mesmo ao lado, eu sabia que já tínhamos tido o nosso momento naquela noite, mas todos os momentos com o Liam pareciam passar tão rápido que eu queria ter muitos para que nunca ficasse com a saudade amarga que ele me deixava quando não estava ao meu lado. As minhas costas encontraram o colchão dele e as minhas mãos estavam repousadas no seu rosto enquanto ele me beijava.
De repente ouvimos um barulho, o qual infelizmente já conhecíamos muito bem...o som da porta a abrir-se. Mas ele não a tinha trancado? Pelos vistos não. Tentámos recompor-nos e ao ver quem tinha entrado escondi a minha cara de riso por detrás das suas costas. Eu só queria rir e ao mesmo tempo estava chocada, já o Liam estava mudo e eu acredito que o conhecendo como eu conhecia a sua boca estava bem aberta.
-Daisy, tens de bater à porta antes de entrares.- a sua voz queria ser mais firme mas era impossível responder assim a uma criança com duas bonecas na mão e uma cara de puro choque. Coitadinha, ela devia estar tão confusa. Não devia ter mais de cinco anos, mas mesmo assim aquilo não deixava de ser embaraçador.
-Mano, quem é essa menina?- a sua vozinha de criança era tão fofa como algodão doce numa feira popular, a sua inocência genuína encantava qualquer um. Liam não respondeu por momentos e ela continuou. -Porque é que a menina não tem roupa? Porque é que tu não tens roupa? A mamã diz que devemos usar sempre roupinha á frente de outras pessoas.
Liam agarrou na camisola que estava caída ao lado da cama e passou-a para que eu a vestisse e pegou nas calças que tinha tirado anteriormente da cómoda e vestiu-as rapidamente indo ter com a Daisy.
-Nós só estávamos a brincar.- mmm, aquilo não me pareceu ter sido uma boa resposta para dar a uma criança ainda tão nova.
-Brincar? Mas tu prometeste que íamos brincar às princesas quando chegasses.
-E vou, eu não me esqueci, minha bonequinha. - Liam apertou gentilmente a bochechinha da pequenina de cabelos lisos do mesmo tom que os seus.
-Está bem, então brincamos depois da tua amiga se ir embora?
-Claro que sim. Mas, Daisy, esta não é só a minha amiga.- Eu olhei para ele num tom confuso assim como a pequena - A Ariana é minha namorada.- O meu coração quase que parou quando o ouvi dizer aquelas palavras, aquela palavra tão junta ao meu nome e sem ser no sentido negativo. Eu nunca pensei que as ouvisse daquela maneira, vindas da boca de quem as disse, mas soavam tão bem que eu só o queria abraçar ainda mais.
Levantei-me da cama dele e aproximei-me deles os dois agachando-me para pegar numa das bonecas da Daisy.
-Qual é o nome dela?- perguntei olhando-a nos olhos castanhos grandes e bem abertos. Ela estava nervosa com a minha presença, mas ao mesmo tempo ficou feliz com a minha pergunta.
-Essa é a Eva, é a princesa da água.- assenti-lhe com a cabeça e sorri-lhe olhando depois para o Liam.
-E quem é que o teu mano costuma ser?
-Ah, o Liam gosta muito de brincar com a Eva, eu gosto mais da Elena, é esta aqui é a princesa do fogo.
-Queres brincar comigo?- perguntei lembrando-me dos meus tempos de criança e recordando as gargalhadas que eu dava com as minhas amigas quando brincávamos juntas. Eu sempre quis ter um irmão ou uma irmã, mas os horários de trabalho da minha mãe nunca permitiram isso.
-Quero!- a pequenina gritou contente e pegou na minha mão arrastando-me para o seu quarto. Olhando para trás mirei o Liam, a expressão nos seus olhos fez com que eu por uma das primeiras vezes da minha vida sentisse que estava a admirar alguém. E admirar o Liam era muito diferente de admirar outra pessoa...
- m -
-Eu acho que as nossas teorias estão erradas.
-Do que é que estás a falar?- perguntei olhando-o nos olhos enquanto nos dirigíamos para a escola. Na noite anterior eu tinha ido dormir a casa depois de conhecer a mãe do Liam e de brincar com a Daisy...na noite anterior tinha também descoberto algo que me custou saber, o Liam já não tinha pai.
-Eu já não acho que Marina seja a Maré.
-O quê? Como assim?
-Até ontem eu pensei que sim, mas depois outro elemento importante surgiu.
-Oceana.
-Claro. Até ontem algo faltava, a Maré nunca mais poderia vir a terra e isso comprometia as nossas teorias, mas agora sabemos que Oceana é humana quando está seca e é imortal. É só juntar um mais um.- Os meus olhos cruzaram-se com os dele e fez-se luz na minha cabeça também. No dia anterior não tinha tido tempo para pensar depois das emoções com que tinha sido atingida, mas agora, de volta á realidade tudo começava a ganhar um novo sentido, uma nova explicação. Tudo parecia compor-se, parecia ser óbvio, uma réstia de dúvida ainda vagueava em mim por algumas peças soltas, mas os factos eram evidentes demais para negar também.
-Tens razão. No entanto, nós já nos enganámos antes, podemos estar a enganar-mos outra vez.- Liam assentiu em compreensão e agarrou-me mais contra si quando entrámos no corredor que dava á nossa sala. Só íamos ter aula de português de novo na quinta feira por isso hoje não iriamos ter mais informações a não ser que Marina passasse á nossa frente.
Aquela mulher era cada vez mais um enigma e mesmo que tudo fizesse sentido as célebres frases da mulher do que nem tudo parece é e tudo mais, não me largavam os pensamentos também. Teríamos assim tanta certeza no que pensávamos? -Mas então porque é que ela haveria de se expor assim? Porque achas que ela nos está a contar a sua própria história? É perigoso demais...
-Todos os perigos têm um motivo para serem arriscados.
Entrámos na sala e não consegui esconder a felicidade quando olhar do Paul e da Kelly embateu em nós e esmoreceu o seu sorriso convincente e confiante. Eles podiam fazer tudo para me deitar a baixo, para nos deitar abaixo, mas por algum motivo o Liam não desistia de mim, não importava o que eu já tivesse feito, ele continuava ali.
Sentei-me na minha secretária e tirei as coisas da minha mala. Muito provavelmente tinha-me esquecido de algo em casa porque a fração de segundos que estive realmente acordada, livre do mundo em que eu estava com o Liam, bem...esses momentos tinham sido escassos demais para que eu pudesse raciocinar. Tirei as coisas de História A da mala e coloquei-as em cima da mesa, mas quando os meus olhos se cruzaram com a figura de Marina a entrar na sala eu questionei finalmente o que realmente se estava a passar comigo. Estava eu tão fora de mim que já nem sabia que dia era? Estava eu tão perdida em tudo o que estava a acontecer que já não sabia mais para que vivia? Estava eu tão apaixonada que o Liam ocupava todos os meus pensamentos?
Sem dúvida.
-A vossa professora de história faltou e eu vim fazer-vos substituição.- Ela trazia uma expressão neutra na cara, parecia que tinha sido magoada pelo contrário, mas expressão essa mudou quando ouviu o Liam a chamar o meu nome. Eu sabia que ele me chamava, mas esforcei me para manter os olhos nela, a expressão dela era o mistério mais difícil que eu podia ter naquele momento. Decifrar aquela mulher era quase impossível.
-Stora, não podemos continuar a ouvir a sua história? Sempre é melhor do que passar uma hora e meia a elaborar respostas enormes para história A.
As nossas cabeças assentiram ao pedido da Rita e Marina olhou para o papel que trazia na mão com o trabalho que nos iria ser proposto. Olhou novamente para nós e pousou o papel na secretária sorrindo-nos.
-Muito bem, hoje faço-vos a vontade.
Marina pegou na sua mala para tirar o livro misterioso e eu olhei de relance para o Liam que me piscou o olho e eu fiz lhe uma careta sorrindo. Como eu gostava daquele rapaz...
Olhei novamente para Marina e tentei perceber se a nossa nova teoria tinha razão de ser. Olhos espuma do mar, confere, pele pálida, confere, nenhuma ruga aparente, confere...
Só a história nos poderia dizer a verdade.
***
Como é que eles vão provar quem ela é? Há tantos detalhes a ter atenção nesta altura da história que só os mais atentos vão descobri-los a todos! És um deles???
Deixa a tua estrelinha e conta-me nos comentários que valem mundos para mim!!! <3 <3 <3
Adeus amores e já sabem, vemos-nos na próxima maré.
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