[Devin Lee]

Mano, tem que ser MUITO azarado para acabar na minha situação. Primeiro meu pai me manda ir para casa do caralho, numa cidade que só Deus sabe como que chegamos aqui, depois sou sequestrado por um maníaco que tá todo mundo se fudendo se ele está matando ou não.

- Puta. Que. Pariu. – pontuei enquanto sentia minha perna ainda latejar.

Faz cerca de uns quatro dias que ele tinha sido um desgraçado comigo e cacete.. andar é algo impossível para mim.

- Devin, querido, não se mexa tanto! Quer que eu cuide como? – Disse Nathan enquanto trocava as gazes.

- Eu gostaria que você fosse um pouco humilde e desse uma cuspida na comida daquele maluco. – me ajeitei na cadeira enquanto Nathan me enfaixava.

- eu posso acabar como você. – Disse em um tom meio suspeito. – Melhor não.

Eu vi, ele quase riu.

- Sabe que rir da desgraça alheia é pecado né?

- Eu sou Ivanista. Os meus pecados são diferentes. – Disse simples.

- Iva.. o que? – questionei enquanto observava ele terminar o serviço.

- Ivanista, eu acredito em um bruxo antigo chamado Ivan. Ele alcançou a imortalidade e abençoa seus filhos com sua beleza. – explicou enquanto guardava as coisas que sobraram do Kit médico. – Bom, pelo menos é o que o Mike me explicou.

- Cada vez que você abre essa linda boquinha, eu fico mais confuso. – Falei

Nathan era alguém estranho, em pouco tempo que estávamos juntos naquele buraco, descobri pequenas coisas dele. Ele era o fundador da cafeteria em que eu trabalhava e que ele não lembrava de nada antes dos seus 16 anos. Aparentemente, seu amigo, Sully, havia o salvado de morrer afogado.

- Desculpe. – Riu docemente. – Mike é uma pessoa especial para mim. Bom, já foi alguém especial antes de tudo acontecer. – ele se referia a seu quase afogamento.

- Você bateu a cabeça não é? Como uma pancada fez você perder TUDO isso de memória? – Perguntei vendo ele se levantar.

- Não sei, mas gostaria que pelo menos do Mike, eu não tivesse esquecido. – Disse ficando um tanto cabisbaixo, mas logo um sorriso apareceu em seus lábios. – Bom, Toby provavelmente está no quarto dele, mas isso não significa que não temos que limpar lá em cima.

- oi? Limpar? Eu tô com a perna fodida e não vou limpar casa de maluco nenhum. – cruzei os braços.

- você parece uma criança mimada, vamos. – Nathan disse enquanto apertava minha bochechas.

Em um certo momento, ele soltou as minhas belas bochechas e tentou me carregar, afinal, estávamos no porão. Tenho que confessar que pela aparência frágil de Nathan, não imaginava que seria forte o suficiente para me carregar escada acima.

- vai caralho! Mostra o que você faz na academia! – brinquei.

Ele gargalhou até chegarmos ao primeiro andar.

A sala era bonita, as paredes em tons de amarelo queimado e o chão de madeira escura, uma cozinha aberta e muito bonita podia ser vista. Na sala, havia um sofá marrom que aparentava ser MUITO confortável. Atrás do sofá, havia uma escada da mesma madeira que chão e que provavelmente levava ao segundo andar.

Até que o cachorro tem bom gosto.

- Você fica aqui no sofá enquanto eu limpo, ok? – Disse Nathan sorrindo enquanto me colocava gentilmente no sofá. – Vamos conversar enquanto isso

- Não sou contra essa ideia. – me aconcheguei no sofá. – Tem fofoca?

- Fofoca do café, pode ser? – Ele pegou um pano preto e amarrou na cabeça, estilo dona de casa. – Sabe a Akira? Então, ela tava pegando a Elisa e a irmã dela ao mesmo tempo, aí a Elisa descobriu, quase expulsou as duas. PORÉM, Lúcia disse que ela não podia e 'tals, pois eram prometida a ela.

- Meu Deus.. é rodízio de 'xota isso ai? – Disse na maior cara de pau e vi Nathan ficar meio envergonhado pelo tom que eu disse.

Continuamos fofocando por boas horas, até que peguei no sono naquele sofá super confortável e muito melhor que aquele chão mofado.

[Nathan Jones]

Já fazia alguns dias que o Toby tinha acidentalmente acertado a perna do coitado do Devin e a criança está a uns quatro dias planejando me subornar para cuspir na comida dele.

Mas eu não sou nem LOUCO.

Eu estava na cozinha fazendo a janta de Toby e Devin tinha adormecido no sofá após me ""ajudar"" com a limpeza

- Qual o motivo de você ter sequestrado ele? - perguntei enquanto temperava a carne.

- Porque eu quis. - Toby estava sentando na ilha* da cozinha enquanto jogava um jogo em seu celular.

- Toby, sabe que não precisa manter essa pose de macho alfa perto de mim. - olhei para Toby que encarava Devin de longe.

- Não sei.. Nathan, eu realmente não sei. - Disse ele desligando o celular enquanto descia. - Eu já tinha me encontrado com ele uma vez. A Sally ficou com o porquinho dele.

- Entendi.. - Disse sorrindo levemente.

- Ei, ei, ei! Eu conheço esse sorriso! - disse depois de um breve silêncio - Nathan Jones, não ouse sorri assim pra mim!

- Oh, Toby! - Disse rindo um pouco alto.- Eu não estou rindo de nenhum jeito, aliás fale baixo, ele está dormindo.

- Qual é! Eu não preciso explicar tudo o que eu faço 'pra você. – Aquele garoto teimoso ficou do meu lado.

- Toby. – o olhei sério. – Vou contar para o Mike.

- isso é chantagem EMOCIONAL. – Disse colocando a mão no rosto. – Aliás, teve algum novo flash de lembrar?

- Não, infelizmente não. – Disse trazendo um ar desconfortável para aquela conversa. – Não tive oportunidade.

- Sully tem perguntado de você. Ele está atrás do Jeff novamente. – Disse fazendo cara de nojo.

- Espero que ele volte logo, sinto falta do meu irmão. – O clima estava se aliviando aos poucos.

Sully havia me salvado, dês de então cuidou de mim como se eu fosse seu irmão mais novo e eu devo muito a ele.

Terminei sua comida em poucos minutos e logo servi em um prato para que Toby comesse.

- Tá aqui, meu anjo. – Disse entregando o prato.

- Obrigado! Fez 'pro curupira desbotado? – disse me vendo fazer uma marmita para mim e Devin.

- Sim, afinal, a gente também precisa comer e o senhor trate logo de levar algum colchão para o Devin. Ele não pode deitar no chão com aquela perna. – Disse bravo.

– Você perturba em. – respondeu com a boca cheia.

- E você é mal educado não né? – Disse colocando um pouco de suco no copo dele e deixando do seu lado.

Ele revirou os olhos e me ignorou, pude ver de relance Devin se mexendo um pouco no sofá, provavelmente acordaria logo.

- ponha sua máscara de vítima. Até depois. – Disse subindo a escada rapidamente.
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