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[Ticci Toby]
Bom, eu estava certo. Cheguei antes de anoitecer! Foi um pouco difícil com ele acordando, mas nada que um soco na cabeça resolvia. Eu já estava descendo as escadas do porão para amarrar o garoto e assim eu fiz, o deixei lá embaixo e subi para comer aquele bolo! Meu pau que eu ia dividir com ele.
Certo.. faziam cerca de mais de 10 horas que ele estava dormindo.. será que matei ele? Foram só alguns socos.
Eu tentei usar uma técnica milenar que o Masky usava em mim, quando eu ainda era novo.
Peguei um balde de água e joguei nele.
-QUE PORRA – Devin acordou desnorteado, molhado e querendo xingar meio mundo aparentemente.
- Acordou, Flor? – Eu usei um deboche pequeno em minhas palavras.
- Por que você não vai tomar no seu cu? – o garoto praticamente gritou enquanto cuspia a água.
- Você é agressivo demais. – Dei uma leve pausa ao ver que o garoto agora percebia a situação que se encontrava – Bom, sem jantar pra vocês hoje.
Sem mais nenhuma palavra, subi para a sala e logo tranquei o porão.
[Devin Lee]
- Tá, onde estou, por que estou, como eu vim e o que caralhos está acontecendo?! – murmurei para mim mesmo.
Um som de uma cadeira sendo arrastada, pegou toda a minha atenção.
- Bom, você está em uma casa no meio da floresta, ele te pegou porque você deve ser útil para ele, ele provavelmente te arrastou até aqui e você foi sequestrado e está mantido em cativeiro nesse exato momento. – Uma voz masculina e calma, praticamente respondeu todas as minhas perguntas.
- Espera, o que? – perguntei confuso.
- Desculpe, apenas respondi suas perguntas, criança. – O garoto em meio a escuridão, agora se mostrava.
Ele era muito parecido com uma primeira pintura que fiz quando vim para essa cidade horrenda.
- Quem é você? – lancei para ele um olhar de desconfiança.
- Oh, onde estão meus modos!? – o garoto diz um pouco decepcionado.
Agora que percebi a situação do garoto, também estava amarrado na cadeira. ESPERA, EU ESTOU AMARRADO?!
Debati pra tentar me soltar, até que o garoto voltou a falar.
- Me chamo Nathan, Nathan Jones. – E sorriu simpático.
Eu congelei, Nathan Jones era o garoto que sumiu sem explicações da cidade!
- Nathan Jones.. – murmurei.
- Sim, você me conhece? Eu trabalhei na cafeteria da cidade, aquela grande e com vista para o parque. – Nathan explicou.
Ok, me sinto culpado por ocupar o lugar dele.
- Ah, eu também trabalho lá, ou melhor, trabalhava..
Eu já estava depressivo, ia morrer pelas mãos do ladrão de porcos de pelúcia.
- Hm, ei, qual o seu nome?– Nathan.
- Sou Devin Lee, mas pode me chamar de Devin mesmo.
- Se acalme, Devin, se ele te sequestrou e não te matou, quer dizer que ficará vivo por algum tempo. – Nathan tentou me acalmar, mas claramente não estava funcionando.
Eu comecei a chorar, não queria morrer ali.
- Devin, um dia escaparemos! – Nathan disse animado.
- Suas palavras otimistas estão começando me deixando mais desesperad– Antes que eu pudesse sequer terminar minha frase, um machado foi lançado e acertou em cheio o meio de nós dois
E apenas a sombra daquele homem no pé da escada foi vista por mim.
- Calem a boca! Consigo ouvir vocês lá de cima! - Disse o rapaz de moletom listrado
- Ahh, vai se fuder, cacete! Primeiro me sequestra e depois quer que eu cale a boca?! - Falei no mesmo tom, esse porre acha que vou deixar ele falar assim comigo?!
- Devin, melhor a gente calar a boca.. ele tem um machado e a gente tá preso. - Disse Nathan um pouco ansioso.
- Que eu calar a boca o que, é isso mesmo que você ouviu, vai se fuder! - Gritei e tentei mostrar o dedo, mas não consegui.
O garoto que continuava na escada, apenas começou a andar em minha direção, me olhando bem fundo nos olhos.
- Vo-voce deveria escutar seu coleguinha - Ele tentava esconder as palavras que saiam gaguejadas de sua boca, mas seu pescoço, repetia um movimento semelhante a tics nervosos
Deu pra perceber a síndrome de tourette presente nesse filho da puta.
Ele estava perto, um pouquinho muito perto, eu podia sentir a respiração abafada debaixo daquela máscara horrenda e que lembrava vagamente a de um bombeiro.
- Me solta, seu cretino. - Sussurrei enquanto o encarava, sou Devin Lee! Não vou ser assustado por um maluco com um machado.
Ele, em silêncio, caminhou até o machado fincado no chão.
Pude ouvir o som da lâmina sendo retirada da parede, ele arrastou aquela coisa pelo chão de madeira, até próximo das pernas traseiras da cadeira.
- Vamos brin-brincar primeiro.. Devin. - gaguejou novamente.
Ele pegou aquele maldito machado e com força quebrou as duas pernas traseiras da cadeira em que EU estava sentado.
Foi inevitável, as pernas traseiras quebraram e as da frente foram junto por conta do meu peso.
Maldito, vagabundo, espero que pegue câncer no cu.
- AI, SEU DESGRAÇADO - Gritei passivamente.
Pude ver seu vulto sair de trás de mim e parar em minha frente, ele ergueu o machado e fincou em minha perna.
Eu gritei, novamente.
[ Ticci Toby]
Me irritei com o seu último grito. Sinceramente, quem em sã consciência continuaria gritando estando diante a alguém armado? Só esse maluco do Devin mesmo.
Sem muito tempo a perder, soquei mesmo o machado em sua perna, foi um corte um pouquinho profundo, mas nada que em 2 meses não cure.. aliás, se ele ainda estiver vivo daqui a 2 meses.
Pude ver com clareza o desespero, angústia, dor profunda em suas lágrimas que escorriam de seus olhos.
Ele ainda gritava, então peguei uma fita isolante preta que estava lá no canto e a utilizei para tampar sua boca. Nathan estava ali do lado, em silêncio.
- Isso aqui não é n-novo para você, eu e-e-esperava uma reação melhor. – quebrei o silêncio dos gritos abafados dele.
Infelizmente, não posso deixar o ajudante do meu ajudante paraplégico, então apenas enfio meu dedo indicador na ferida e começo a abrir ela.
Ele grita.
Grita muito.
- D-Devin.. tente relaxar.. não deve doer t-tanto.. – Contínuo por pouco tempo, infelizmente o falso ruivo acabou desmaiando. – Oh, merda. Aguentava mais um pouco.
[Narrador]
Toby limpa seu dedo sujo em seu próprio moletom e logo em seguida se aproxima de Nathan
- Ele é só uma criança.. qual o motivo dele estar aqui ? – Nathan perguntava enquanto Toby o desamarrou da carreira.
- I-isso não é assunto seu. – Toby respirou fundo e logo deu continuidade. – Eu não vou deixar ele mais machucado do que isso, não se preocupe. E mais uma coisa, na hora que ele acordar, explique pra ele as regras.
- Certo.. poderemos comer algo mais sustentável hoje? – Nathan se encontra a 3 dias sendo alimentado apenas por pão seco e bolo que o mesmo preparava para Toby.
- Vou pensar no seu caso. – Toby que já tinha desamarrado Nathan, foi até a mesa e pegou um pequeno kit de curativos e entregou. – Macarronada, escreve o que vai precisar e eu compro.
- Certo, certo. – Nathan foi até Devin e o desamarrou enquanto Toby ia para o próximo andar.
ꜝꜝ
Após algumas horas, Devin havia despertado no porão. Já estava de dia, o sol dava uma pequena esperança pela janela muito empoeirada.
- Bom dia. – Nathan ao notar que o garoto acordou, se aproximou dele e entregou um prato com macarrão de panela. - Aqui o seu café/janta, eu guardei o seu.
- Obrigado..? – Dizia Devin ainda meio atordoado.
- Não se movimente muito, ainda está bem feio e inchado. – Nathan
- Eu ou a minha perna? – Devin tentava fazer uma pequena piada enquanto comia quase como se o mundo fosse acabar.
- A perna e não coma tão rápido, vai se engasgar. – Nathan dizia sorrindo. – Devin, eu preciso te explicar as regras deste lugar.
- 'Pra que? Ele vai me matar, não vai?
- Larga de ser assim, muleke! – Nathan respirou fundo para não bater em Devin – Regra número um: Nunca sair do porão sem que ele chame ou mande. Regra número dóis: mantenha tudo limpo, inclusive você próprio.
- Indireta fofa? Aqui tem banheiro? – Devin perguntava após ter terminado o prato.
- Sim, mas só o da cozinha é permitido a gente usar. Terceira regra: Nunca vá para o segundo andar.
- Ok, o que tem lá?
- Tem os quartos.
- ok, eu vou lá quando tiver chance. – Devin disse enquanto tentava levantar e falhava miseravelmente.
- Devin, você mal consegue ficar de pé, quem dirá subir lá.
- Tá me humilhando? Seu pobre.
- Não estou humilhado, eu estou falando a verdade. – Disse Nathan se levantando e ajudando Devin a se equilibrar.
Os ouviram um som baixo de um trinco se destrancando e ambos ficaram atentos.
- Ele deve estar saindo.. Você consegue subir a escada? – Nathan questionava
- É a hora de fugirmos daqui, se eu não consigo, a gente força, BORA! – Devin se animou, queria sair dali
- Esqueci de dizer, nós limpamos a casa quando ele sai e Devin.. – Nathan caminhou com Devin até uma cadeira e o colocou sentando. – Não tem como fugir, se você tentar, ele te acha e acredite.. dói garoto, dói bastante.
- Você já tentou?
- Já sim, mas infelizmente ele me pegou.. – um clima levemente tenso se formava. – Enfim, fique aqui e tente descansar um pouco, eu volto com água, ok?
- Que porra de vida é essa Nathan?
- A vida que ele pelo menos deixa a gente ter.
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