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[Ticci Toby]

- o que faz aqui?

- é nesse fim de mundo que você vive?

- Não, é lá na esquina, Jeff.

Coloco o grande saco de farinha e suprimentos no chão e logo ponho a mão no bolso para pegar minha chaves.

- Muito engraçado, Tic Toby. - disse com um pouco de deboche em sua fala.

- Tic Toby é seu cu. - disse curto e seco.

Jeff me olhou com um pouco de espanto, até porque esse é o apelido que ele e muitos usam para me irritar. Com o tempo aprendi a lidar com isso, e a me virar sozinho. Eu sou um proxy, um treinado e se um simples apelido de provocação puder me deixar totalmente fora de mim, eu realmente não posso ser considerado um.

- Pra que isso, porra?

- Foi você que começou. - acho meu chaveiro e a chave principal.

- Sério? Um cachorro de jogo de bloco? - Jeff se referiu a meu chaveiro.

- Cala boca, é o ferrugem!

- Cara, isso é tão infantil.

Jeff deu uma risada nasal e logo abri a porta e peguei meu saco e o coloquei em meu ombro.

- Sério, o que veio fazer aqui? já não é hora de fuder mais ainda a vida do Jasper? - perguntei enquanto me dirigia ao balcão da cozinha com Jeff atrás de mim.

- Talvez, mas não estou tão afim disso agora. - Ele fez uma pausa e se sentou em meu balcão de mármore - Desde quando é esse ''Toby"? Pelo o que me lembre, até segunda passada, você surtava se repetissem "Tic Tic Tic" em seu ouvido e que vivia quebrando o pescoço com Tics. - esse corno começou a fazer esse barulho irritante enquanto eu guardava minhas coisas.

- Eu não sei se você sabe, mas existem medicamentos para isso e é melhor você parar, eu não quero sujar o chão com o SEU sangue. – falei enquanto deixava minha machadinha amostra.

- Espera! espera?! - Jeff riu alto - Você realmente acha que pode contra mim?! Acho que se esqueceu com quem está falando.

- Estou falando com o idiota que está sujando minha ilha com essa calça encardida. - disse batendo a porta do armário na cabeça de Jeff.

- Escuta aqui seu filho da pu- sua frase foi cortada pelo barulho vindo do porão, assim proporcionando um silêncio satisfatório. - Quem está lá?.

- Uma vítima.

- Você não é de raptar ninguém.

- Ele não tem família, então não existe problema.

o barulho se repetiu três vezes seguidas.

- Ele está com fome. - vou até a geladeira e pego um pedaço de bolo de chocolate e sirvo um copo de leite.

- Há quanto tempo?

- Dois dias.

[ Devin lee.]

- Esse merda está em todo lugar?! - Pergunto a mim mesmo que na volta para casa, passei o caminho inteiro pensando nele. Ao chegar em casa me encontro todos em uma animação.

- Hey Devin! o que aconteceu? parece pra baixo.. - Stella perguntou enquanto parava de se pegar com Catarine no sofá da sala.

- Eu sinto que estou sendo perseguido. encontrei a mesma pessoa duas vezes.

- Coincidência - respondeu Catarine.

- Acaso - Stella.

- Destino!! - Uma pequena criatura respondeu de trás da porta da geladeira e se intrometeu na conversa.

- Peach?

- Oi D-Devin, como vai? - disse enquanto fechava a geladeira com uma maçã na boca.

- PEACH, QUANTO TEMPO - me aproximei do pequeno garoto de saia e cabelo claros.

- Devin, eu vou sufocar - Disse quando eu o abracei fortemente.

- certo, certo. me desculpe! Quanto tempo! como vai o pessoal da casa? - perguntei soltando.

- Todos bem, eu acho, Will, Purple e Rosy se casaram, Mike tem parado de beber tanto e o meu namorado vai finalmente me apresentar pra família dele! – Disse sorrindo lindamente

- Tenho um negócio pra te contar, vem. - falei enquanto o arrastava para o andar de cima.

----------- 3 horas depois.

- E foi isso que aconteceu. - falei enquanto dava mais lenços ao pequeno pêssego.

- ERA UM PORCO TÃO JOVEM.- ele gritou enquanto chorava mais.

- EU SEI.

- Esse moço parece assustador.

- e ele é! parece que me persegue.

- Não é ao contrário?

- Não. - Falei rápido e com uma certa vergonha.

- preciso saber sobre ele.

- Sabe o nome pelo menos?

- Se não me falha a memória, é Toby.

- Nome de gente estranha, como era o rosto dele? – perguntou rindo um pouquinho – Se sim descreva.

- Alto, óculos laranja, cabelos marrons muito desenhável, agora o rosto eu não consegui ver direito, mas ele tinha um curativo na bochecha

- Ticci Toby?

- Toby o que?

- Ticci Toby, esses foram o resultado da sua descrição. – em algum momento Peach tinha tirado um notebook do nada

Corro para frente do notebook e vejo várias fotos de procurado com sua imagem.

- É ELE.

- Ele é Toby Eric. um assassino procurado e perigoso, tão oferecendo 5.000 pelo corpo dele vivo ou morto. - Peach disse enquanto rolava as informações.

- Ele se expõem muito, como não o pegaram?

- sei lá, o povo dessa cidade é estranho. - Peach.

- burrice, isso sim.- digo ainda olhando o feed.

Meus olhos batem na foto de uma garotinha.

- Espera! ela estava com ele! - aponto para a menina.

- Sally suja, nasceu dia 5 de abril de 1958 e morreu em 1965, no seu próprio aniversário.

-ok, pode ficar com o porco.

- Devin, você está usando drogas a quanto tempo?

- Cala boca.

---

As horas foram se passando até a hora de Peach ir para casa, aparentemente, ele está com o Daniel lá da cafeteria. Sabia que ele não era hétero. Tomei um banho e me deitei pronto para dormir pelas horas que ainda restam.

Estava quase dormindo, o quarto estava escuro, as janelas bem trancadas, o ar geladinho e eu em minha mais pura tranquilidade.

MAS CLARO, claro que eu, um ser trabalhado e responsável não iria conseguir dormir, barulhos constantes em minha janela ecoavam no quarto, como se alguém quisesse entrar. eu sou um ótimo ator, então, me fiz de morto. a janela foi quebrada e isso me fez levantar de susto - meu disfarce foi por vidros a baixo.

- O-o que?

eu estava completamente assustado, uma figura masculina pula a janela e fica parado em frente a mesma, eu simplesmente, paralisei.

ꜝꜝ

Já manhã.. a noite passada foi um tormento! Um cara aleatório entrou pela minha janela e em questão de segundos, minha única ação foi me fingir de desmaiado, depois de dar um grito. Bom, ele riu.. e simplesmente sumiu! o medo que eu fiquei, foi ao ponto de depois de uns 5 minutos que ele sumiu, eu fui correndo para o quarto da Stella - que por acaso se encontrava de quatro pra puta da Caroline - e implorei para dormir lá.

me colocaram em um colchão no chão.. Nem pra me deixar dormir no meio!

Bom, agora estou trabalhando, limpando e servindo os vários clientes que aqui vem. Nath de vez enquanto vem me visitar para ver se eu não morri pelas mãos de Daniel. Apesar que, Daniel é uma ótima pessoa! meio esquizofrênica? meio. Ele do nada começa a conversar com uma árvore lá fora e volta todo tossindo e com o nariz sangrando. Na minha opinião, na minha humilde opinião, Daniel usa droga.

Essa cidade é muito bizarra, toda hora algo me acontece! Ou levam meu porquinho, ou não tem tinta e até mesmo invadem a minha casa. Próxima bizarrice, eu volto pra casa dos meus pais e vou vender arte na praia!

- Devin? - Daniel me chamou do outro lado do balcão.

- Sim? o que foi?- perguntei de imediato.

- pode tomar conta da cafeteria hoje? Lúcia está na cozinha. - ele parou apenas para tirar seu avental e o chapéu - Me ligaram da escola do Tommy, aparentemente, está sendo acusado de sequestrar alguém.

- Pode ir, tomarei conta de tudo! e manda beijinhos para ele. - Disse enquanto via Daniel passar pela porta com seu típico casaco verde musgo.

Mesmo estando a DOIS dias trabalhando aqui, conheci a "família" do Daniel. Ele tinha um garoto chamado Tommy que adotou e criou como filho e agora precisava trabalhar para suprir as despesas em casa, aliás, Tommy é alguém estranho, ele sempre está cheirando carniça.

- Na minha humilde opinião, essa criança precisa de um banho. - pensei muito alto enquanto me virava para as cafeteiras atrás de mim. No minuto seguinte, uma garota apareceu

- me desculpe, não tinha te visto aí, posso anotar seu pedido? - Disse até um pouco surpreso pela garota aparecer do nada.

- Vou querer um bolo Mithan com calda extra e um café com leite. - Disse simples, sem tirar os olhos do livro.

- Certo, pode se sentar onde melhor se sentir confortável. - falei depois de anotar o pedido.

Levei o papel para cozinha e Lúcia começou a preparar o bolo ''Mithan". O bolo Mithan é um bolo de chocolate, com recheio de brigadeiro e de doce de leite, calda de chocolate ao leite e alguns granulados de cor verde e azul. Dizem que é o sucesso da casa. A televisão do local começou a passar uma reportagem que chamou tanto minha atenção como a da garota da mesa.

"Nessa manhã do dia 29 de novembro, dois professores foram brutalmente atacados na escola de XXXX na rua X. testemunhas afirmam terem visto dois garotos, um de blusa branca e outro de casaco verde fugindo. Para mais informações, Jornal Nacional."

- Daniel.. - foi a primeira coisa que veio à minha cabeça.

Bem, não poderia ser ele, ele saiu nem faz 30 minutos! Enquanto eu me perdia nos pensamentos, a garota listrada apenas se levantou, deixou 20 reais no balcão e simplesmente saiu. Ela nem ao menos comeu o que pediu!  guardei o dinheiro e corri para Lúcia e expliquei a ela tudo.

-Não deve ter sido ele, existem muitos casacos verdes por aí. -  disse Lúcia me acalmando. - Já que ela foi e deixou o bolo delicioso para trás, pegue, coma.

Lúcia me entregou o tal bolo Mithan, nunca parei para experimentar. Peguei um garfo, e cortei um pedaço do bolo, assim, o colocando em minha boca. Por um momento delirei, o bolo era maravilhoso! o chocolate não era enjoativo, pelo contrário me dava mais vontade de comer.

Eu comi aquele pedaço em questão de segundos!

- Tem mais? - eu disse com minha boca ainda cheia de bolo.

Lúcia sorriu e foi para a geladeira da loja, sim a loja tinha um cômodo só para geladeira. eu estava tão preso a imagem de Lúcia me trazendo um pedaço a mais de Mithan que nem percebi que a porta dos fundos foi aberta com força, logo após.. uma pancada e tudo se escureceu para mim.

[ Ticci Toby ]

O acertei bem na cabeça, o fazendo desmaiar e lógico, foi com o cabo do machado. Seu corpo caiu mole no chão, apenas dei os ombros enquanto a senhora voltava de não sei onde, ela deu um suspiro e logo pegou uma vasilha de sorvete. Eu estava 100% pronto para apenas matar a velha, quando a mesma veio até mim com o pote cheio de bolo.

- Leve para ele, ele estava com vontade. - Disse ela colocando o bolo em minha frente e logo depois indo para frente da loja.

apenas peguei ele em meu colo e peguei a vasilha. Eu poderia bem apenas arrastar esse corpo até a minha casa, mas, sem chance de eu ter paciência para ficar cuidado da ferida dessa criança. O caminho até em casa era um pouco longo, mas por sorte, eu chegaria lá antes de anoitecer.

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