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Devin andava silenciosamente entre as árvores, enquanto torcia para não tropeçar em nada ou sua sacola fazer barulho.

Enquanto mais adentravam a floresta, mais escuro ficava, e Devin, por sua vez, tinha um certo medo de escuro.

Devin congelou ao ver que o castanho tirou de trás de uma árvore uma machadinha.

[Ticci Toby!]

- Ele está nos seguindo.. - Sally com sua voz um pouco fria disse.

- Eu sei, ele não é nada silencioso. - Respondi a pequena Sally enquanto pegava minha machadinha.

Tive que a deixar ali, não iria dar muito certo entrar com ela na loja.

- Eu posso brincar com ele? Por favor - dizia Sally dando pulinhos enquanto segurava seu ursinho.

- Ok, se divirta. - Disse soltando a mão da garotinha e me sentando encostado na árvore.

No mesmo momento, Sally sumiu e alguns segundos depois o garoto caiu assustado no chão.

[Devin Lee]

- Você quer brincar? - uma voz infantil e assustadora se fez presente atrás de mim, por impulso me virei e acabei tropeçando.

A garotinha que antes estava com o garoto, agora está aqui em minha frente me encarando com olhos profundos e brilhantes.

Aquele olhar me sufocava, eu via claramente o sangue escorrer de sua cabeça até suas vestes rosas.

Comecei a tentar me afastar, tentei me arrastar, sentia como se pudesse morrer ali e talvez eu iria.

- Não se afaste de mim.. - Ela se aproximava e eu tremia e me afastava mais.

Acabei batendo meu cotovelo em minha sacola e isso chamou atenção da garota.

- O que tem aí? - ela me perguntou enquanto lançava seu olhar para a sacola.

- M-Meu porco.. - Gaguejei um pouco.

Tremendo um pouco, peguei o porco da sacola sem tirar meu olhos dela.

- V-Veja.. - Dizia enquanto mostrava meu querido porquinho a ela. - V-Você o q-quer?

Vi os olhos da garota brilharem e rapidamente puxar a pelúcia de minhas mãos.

- TOBY! Veja meu porquinho! - Dizia a garota enquanto esticava o porco para cima.

O garoto.. tinha totalmente esquecido dele, me virei para ver o mesmo e assim percebi que ele estava vindo em minha direção.

- Lindo, ele te deu? - Ele perguntou e a garota assentiu. - Vai poupar a vida dele?

O garoto perguntou e logo me encarou, ele agora usava uma máscara cinza e óculos laranjas. Eu não conseguia ver o resto de sua roupa pois estava escuro, mas claramente usava um moletom.

- Vou, eu adorei o porquinho! - a garotinha disse e parecia que o garoto não escutou.

Ele ainda me encarava, parecia que nem piscar ele piscava, e isso me deu um grande arrepio, pois seu olhar parecia de um morto vivo ou de alguém que não dorme a semanas.

Bem parecido com a minha pintura..

- Toby? - a garotinha chamou - Vamos! Eu quero ir para casa. - a garotinha começou a andar assim deixando o garoto para trás.

- Já estou indo. - Disse o mesmo indo atrás.

[Narrador]

Devin ficou ali ainda, vendo os dois sumindo entre as árvores, estava estático, paralisado.
Ao perceber onde estava, ele se levantou rapidamente e começou a correr, correr até a cidade.

Enquanto corria, lembrou-se de seu porco que foi levado.
"Sinto muito, Alfredo." pensou enquanto choramingava pelo seu porquinho.

Devin corria pelas ruas da cidade que mal conhecia, mas por sorte conseguiu chegar em casa.

O garoto escancarou a porta, totalmente cansado pela corrida.

- QUEEEEEEBRRRRAAAAA, FOI VOCÊ QUE PAGOU, NÉ?!- Gritou Catarine do andar de cima.

Devin suspirou e fechou a porta atrás de si e começou a tirar do bolso suas coisas; chave de casa, celular, folhas secas que entraram lá por acaso.

"Minha tinta.." E foi aí que ele lamentou seus quase 100 reais deixados para trás.

Subiu até o quarto de Catarine e abriu a porta sem bater e lá estava ela, no meio das pernas de Stella.

-.. PORRA - Devin fechou rápido e correu para o seu quarto.

- Foram muitas emoções para um dia só!! - Dizia se jogando na cama.

Devin - mesmo sujo - decidiu apenas tentar dormir, não contaria para a polícia sobre o ocorrido, o chamariam de louco.

Jogou o travesseiro sobre sua cabeça e tentou se sufocar na maciez do colchão e assim a imagem dos dois ainda percorria sua mente, até que finalmente, ele dormiu.

Logo pela manhã bonita que aparecia pela janela do seu belo quarto, uma Catarine escandalosa batia a porta.

DEVIN LEEE, ACORDA, VOCÊ VAI SE ATRASARR – gritava do outro lado da porta.

Devin que apenas descansou por pouquíssimas horas, teve que, enfim
, levantar e se arrumar.

[Devin Lee]

Sério, é nesses momentos que eu sinto falta do meu pai e da minha mãe. SÃO 5 DA MANHÃ E EU ESTOU SENTADO NA FRENTE DA PORRA DA CAFETERIA QUE SÓ ABRE AS SETE E TRINTA.

Catarine, eu te odeio.

Bom, tirando o horário, o clima está ruim. Frio, muito frio, eu ODIEI. Em minha cidade natal é frio basicamente todo dia e aqui parece que estou em casa.

Estou usando uma camisa social branca e uma calça preta, como eu perdi a minha preciosa tinta no meio da floresta e não sou nem louco de passar por lá pra pegar, eu vim com a cara e a coragem - e um cabelo rosa pêssego -.

Eu estava sentado em um banco em frente a cafeteria, enquanto olhava o Twitter em meu celular.
Eu apenas rolei meus olhos pelo Feed enquanto dava Rt e fav em algumas publicações, o tempo estava relativamente devagar a passar e eu estava ficando entediado.

Já eram seis e vinte, já havia algumas pessoas na rua, por algum motivo súbito me lembrei daquele garoto. Confesso que fiquei pensando nele durante meu banho matinal - já que tinha dormido sujo, eu precisava de um banhozinho. -, aqueles círculos laranja e aquela máscara escondiam um rosto que meu espírito de detetive se remexia para tentar lembrar.

Se for para ele me roubar outra película, eu espero nunca o encontrar.

Alguns minutos a mais em meus pensamentos e percebi alguém vindo em minha direção.

- Senhor.. Devin, certo? - Dizia uma mulher vestida de apenas uma regata branca e uma calça cinza.

A mulher tinha um corte de cabelo "masculino" e belos olhos Roxos

- Sim, sou eu! E a senhora deve ser? - Perguntei me levantando.

- Nath, me chame de Nath. - Dizia destrancando a porta da cafeteira. - Seja bem-vindo a nossa equipe.

Nath adentrou a cafeteria ligou o padrão de luz, era um lugar bem espaçoso, com várias cadeiras e mesas bem bonitas e com um forro decorado de rosas vermelhas.

- Então, Devin, sua função hoje é a de anotar os pedidos. Como será o seu primeiro dia, te explicarei como tudo aqui funciona. - Disse Nath caminhando para a cozinha.

Nath me explicou tudo, TUDO MESMO, até como bater em um cliente sem levar processo.

Assim que deu 7:40, alguns funcionários começaram a chegar. Ao todo, tínhamos 3 mulheres e 2 homens.

Eu, Daniel, Lucia, Akira e Elaine.

Daniel era o garçom principal, Lúcia a confeiteira, Akira fazia os cafés e cappuccino e a Elaine.. era a Elaine.

Já batiam 8 horas no relógio, eu já tinha anotado vários pedidos e eu estava me divertindo, o pessoal era bem agradável e gentil. Mas tinha uma coisa..

UMA CRIANÇA DE 4 ANOS GRITANDO E ESPERNEANDO EM PLENO SALÃO.

Eu estava pronto para descer o cacete nessa criança. Ela gritava e eu anotava com muito ódio o pedido de uma velha senhora.

- Nathan, meu filho.. tenha mais paciência, é só uma criança. - Disse a velha senhora enquanto tocou meu rosto.

- Nathan? Me desculpe, eu me chamo Devin. - Devin.

- Oh, me desculpe, você se parece muito com o antigo balconista, meu jovem. - ela saiu e se sentou do lado de fora da cafeteria.

Eu peguei seu pedido e entreguei a Elaine que logo o levou para cozinha.

•••

As horas se passaram e o expediente havia acabado, estávamos todos sentados no chão da cozinha. Eram mais ou menos 6/7 da noite, eu estava ocupado comendo, não estava dando a mínima para o relógio.

Lucia havia nos dado bolos e capuccino e aquilo estava muito bom. Dois socos foram dados na porta dos fundos e isso logo gerou um vasto silêncio e Daniel - Ou melhor, Collins - pegou um papel que havia sido passado por debaixo da porta dos fundos.

- Ao mercado você não quer ir, mas ficar me perturbando, quer né? - Ao dizer, três socos foram dados.

Daniel pegou e foi colocando em uma sacola alguns ingredientes; ovos, leite, farinha, açúcar.

E claro, eu achei aquilo estranho e quando fui questionar Lúcia, ela me fez um sinal de "Shiu". E eu apenas obedeci, vai que é um ladrão, quero ser roubado não.

Ao pegar tudo, Daniel abriu a porta e colocou as coisas lá e em seguida a fechou, assim ficando encostado nela até um soco foi dado.

- certo.. que porra foi essa? - Devin.

- Se acostume, isso sempre acontece no final do dia. - Akira.

- Ele sempre vêm pegar as coisas. - Elaine.

Daniel se afastou da porta e foi seguido dos outros para o salão principal, mas um quadro - que eu não tinha percebido. -
me deixou parado ali.

Um garoto de cabelos e olhos escuros sorria de uma forma gentil.

- Quem é ele? - Devin.

- Nathan, Nathan Jones. Sumiu faz uns 9 meses, era o proprietário do lugar. - Lúcia explicou enquanto limpava os pratos.

- Uma senhora me chamou de Nathan hoje.. - Disse enquanto me aproximava do quadro - Eu o vi em algum lugar.

A porta dos fundos foi aberta com brutalidade e isso espantou a mim e a Lúcia.

Estava escuro lá fora e a cafeteria ficava relativamente próxima a floresta, eu podia sentir o vento gélido contra minha pele. Quando encarei um pouco mais a floresta, pude o ver ali.

Aquele garoto de óculos laranjas estava ali.

[Ticci Toby]

- Aquele não é o garoto do outro dia? O que ele faz na cafeteria?! - Sussurro para mim mesmo enquanto encaro ele.

Não me diga que eles o contrataram? Eu vou ter que tirar mais um funcionário de lá? Provavelmente.

Decidi apenas ignorar o garoto por enquanto, peguei minha bela sacolinha e me dirigi a minha casa que era um pouco longe dali e sim compensa mais eu ir lá do que ir no mercado.

As pessoas não se dão muito bem com a minha aparência, pelo simples fato de que eu possuo um buraco na lateral da minha boca e eu não me dou bem com as pessoas.

Um tempo de caminhada e de muito "Porra, os ovos vão quebrar", eu chego em minha residência.

Uma casa bem escondida onde vivo lá "sozinho". Ser um Proxy não significa que eu tenho que morar na rua, não é?
Ao chegar na varanda, acabo me deparando com uma visita inesperada.

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