XXXIII- Amigos desconhecidos
Matheus
Acordar e me deparar com tantos rostos desconhecidos me causou um certo desconforto, mas ver o sorriso enorme em cada rosto me fez ver que cada um daqueles homens ali são de alguma forma conhecidos meus que eu acabei esquecendo por uma fatalidade do destino.
O primeiro a caminhar em direção a cama é meu pai, seus olhos estão cheios de água e isso me trás uma grande tristeza, afinal tudo isso é por minha culpa.
— Oi filho, como você está se sentindo? — Ele pergunta assim que está próximo suficiente e pega em minha mão livre já que a outra abraça Gustavo que ainda dorme.
— Na medida do possível estou bem. E você e a mamãe? — Pergunto e vejo ele olhar na direção da porta, onde agora pude ver melhor minha mãe chorando muito.
— Vem cá mãe. — Chamo e ela caminha muito lentamente até mim. Quando ela chega próximo eu a seguro e puxo de forma desajeitada para próximo do meu corpo afim de lhe dar uma abraço.
— Eu estou bem e Gustavo está bem, foi só um susto. Não precisa ficar assim. — Eu falo tentando passar confiança para todos ali de que estamos bem, mas a realidade é que eu ainda estou muito assustado com a possibilidade de perder meu amor.
— Eu achei que te perderia novamente meu bebê. — Minha mãe diz entre soluços e sei o quanto todos ali estão realmente assustados com essa possibilidade.
— Não se preocupem estamos bem de verdade. Agora me digam quem são os rostos que eu ainda não conheço, ou melhor dizendo não reconheço. — Falo e vejo o negro mais lindo que já vi se aproximar ainda mais.
— Bom vamos do começo, eu sou Yuri e esse aqui é o Alec, meu marido. — Ele diz e ouvir isso me acalenta o coração e eu não sei o porque.
— Agora essas duas figuras são Gabriel e Guilherme. Você e Biel faziam faculdade no mesmo lugar e de alguma forma se tornaram amigos e se você é amigo de um é de todos. — Ele diz e vejo a verdade nos olhos do moreno que se parece muito com o Yuri.
— Então quer dizer que eu estudava com você? É bom ver que eu tinha amigos no passado. — Eu digo e todos ali me olham de forma estranha.
— Claro que você tinha meu filho! Nossa casa estava sempre cheia e esses dois por vezes passaram as tardes conosco. — Minha mãe diz e todos confirmam.
— É bom saber que apesar de tudo você está vivo, todos nós da faculdade ficamos muito tristes quando você desapareceu e quando sua mãe ligou para o tio Yuri avisando tudo que estava acontecendo decidimos que mesmo você não se lembrando, estaríamos com você novamente.
— O Gabriel diz e eu acabo ficando emocionado, porque por mais que eu nunca esperasse rever as pessoas do meu passado tudo isso está chegando a mim de forma tão simples que fica impossível não sentir vontade de recuperar essas memórias.
Conversamos mais alguns minutos até que Gustavo lentamente começou a acordar e quando abriu os olhos seu sorriso para mim me fez ganhar o mundo.
— Oi amor! Você está bem? Quer alguma coisa? — Pergunto e ele apenas nega. Seus olhos não saem dos meus e eu percebo que ele está alheio ao que está no seu redor, não dando fé da plateia que nos assiste, mas para dizer a verdade isso também não me importa, tudo que vale agora é saber como ele está.
— Tem certeza que não precisa de nada? — Torno a perguntar para ter certeza e quando ele confirma novamente sei que é hora das apresentações.
— Amor, temos visitas. — Falo e aponto na direção onde todos nos olham admirados.
— Me desculpem não ter visto vocês aí. Ainda estou meio grogue pelos analgésicos que me deram. — Ele diz e vejo todos negarem com a cabeça.
— Gustavo esses são amigos meus do passado, a mamãe ligou avisando que eu apareci e eles vieram para uma visita. — Digo e vejo a surpresa em seus olhos.
— Por que vocês não nos falaram antes? — Gustavo pergunta e quando vejo que Patrício vai responder uma sogra muito desorientada entra no quarto seguido por Hector e minha bebê linda.
— Porque não tivemos tempo, já que aquele cretino pegou vocês no dia da chegada deles. — Bárbara diz já agarrada a nós dois.
— Mãe cuidado com meu braço! — Gustavo reclama e ela se afasta um pouco, mas não nos solta. Sinto todo seu alívio vindo em forma de abraço e eu sei o quanto ela devia estar preocupada.
Sinto alguém puxar Bárbara e quando olho vejo olhinhos impaciente no colo do avô e eu sei o quanto ela deve estar assustada também.
— Vem cá meu bebê. — Falo e Hector a coloca em cima da cama, ela nos abraça e poucos segundos depois posso sentir seu corpinho balançar e sei que ela está chorando.
— Não chora princesa do papai, eu e seu pai estamos bem. Foi só um susto que não irá se repetir eu prometo. — Gustavo diz, mas isso só faz aumentar seu choro, o que me preocupa muito. Tão pequena e já com tantos traumas.
— Vem para meu colo bebê. — Digo e ela se amontoa sobre meu corpo, o que me faz relaxar um pouco mais.
— Presta atenção no que eu vou te dizer porque é uma promessa e eu nunca quebro uma promessa feita. Ok?! — Pergunto e ela balança a em confirmação o que me deixa satisfeito.
— Então Mel, eu prometo que nenhum de nós seis nunca, nunca mais vamos te dar um susto desse e prometo também que quando o papai sair do hospital nós três vamos para nossa casinha e vamos ter todas as coisa felizes na nossa festa de Natal. — Falo olhando para todos os rostos dentro do quarto e vejo todos concordando comigo.
— A casa já está limpa e abastecida, mas eu sinto muito, porém essa promessa de ir para casa não poderá acontecer. Eu acho que vocês se esqueceram do nosso combinado e promessa é promessa não é? — Minha sogra fala e eu gelo, porque realmente me esquici que combinamos de sair da sua casa só depois do casamento.
— Vixxi!!! Se seu mal anjo! — Gustavo fala rindo e eu tenho vontade de socá-lo.
— Princesa você está vendo que não é culpa do papai que não vamos para casa. É um complô da vovó e do vovô para ficarmos para sempre com eles. — Falo fazendo graça e todos riem, o que é bom porque a Mel também sorri esquecendo do choro de minutos atrás.
— Então quer dizer que eu vou poder ficar no quarto que a vovó fez para mim? — Mel pergunta toda feliz da vida.
— O quarto na casa da vovó sempre estará lá para você, mas você não quer um quarto de mocinha só para você na casa do papai também não? — Dessa vez foi meu pai quem perguntou.
— Claro que vou querer vô, mas a casa da vovó eu já conheço a casa dos papais ninguém me levou lá. — Ela diz toda cheia de si e tenho vontade de morder minha filha.
— Então você vai conhecer no dia do natal. — Gustavo diz e noto que ele está um pouco mais quieto. Eu sei que sua cabeça deve estar um turbilhão e agora é minha função cuidar dele assim como ele cuidou de mim.
— Eu sei que todos viram que estamos bem e eu não quero ser mal agradecido ou ser grosseiro, mas eu acho que agora nós dois precisamos descansar. — Digo e Gustavo concorda comigo.
— Ok! Vamos pessoal, até porque amanhã eles devem ter recebido alta médica e conversamos em casa. — Hector diz e eu agradeço mentalmente por isso.
— Pai antes de você ir tem como eu falar à sos com você? — Gustavo pergunta e um a um dos que vieram nos visitar foram saindo do quarto. Minha sogra pega Mel e deixa um beijo em cada um de nós antes de sair.
Gustavo
Eu sei que saímos quase ilesos dessa merda toda, mas como médico eu sei o tamanho da lesão em meu pulso, eu sei que dificilmente eu poderei fazer novamente uma cirurgia minuciosa como eu estava acostumado. Eu sei que não me arrependo de nada do que fiz até aqui para estar com o Matheus, mas também sei que estou meio sem chão nesse momento.
Mesmo com Pedro estando morto ele conseguiu cumprir seu propósito em destruir minha carreira, o que é tudo que sei fazer na vida, mas agora eu não posso deixar que meu anjo veja o meu sofrimento, ele já está se culpando suficiente e não precisa de mais nada para piorar tudo. Meu pulso vai se curar e mesmo que eu não possa mais operar eu ainda poderei clinicar, poderei diagnosticar e indicar o caminho certo para outro médico.
Saio dos meus pensamentos com Matheus pondo todos para fora do quarto, mas eu ainda preciso saber da situação geral dos acontecimentos, por isso peço meu pai para ficar. Espero que todos saiam para começar a perguntar.
— Pai o que aconteceu com o João e os outros envolvidos? — Pergunto e vejo ele respirar fundo.
— Bom primeiro que nossa casa está uma bagunça, está tudo revirado e apesar da sua mãe insistir que não devemos sair de lá enquanto a concertamos, eu creio que teremos que invadir a casa de vocês, não é saudável para a Mel ficar revivendo o horror do dia de ontem. — Meu pai fala e eu concordo sem pensar duas vezes, minha mãe não deveria nem ter cogitado a possibilidade de ficar naquele lugar.
— Agora vamos aos acontecimentos; enquanto estavam os investigando sobre o João e o Pedro descobrimos alguns lugares que eles poderiam estar e em um desses lugares achamos a Bella e a Paloma mantidas cativas. — Meu pai fala e fico surpreso ao saber de Paloma.
— Como assim pai? Eu não sabia que ela estava desaparecida. — Falo e vejo ele passar as mãos pelos cabelos.
— Ninguém sabia Gustavo, Pedro falou para todos que ela havia viajado para fora do país e só descobrimos porque no plano maluco da sua mãe de ir para televisão nos expor, ela encontrou sem querer a namorada da Paloma que pediu ajuda. Ela estava sendo mantida para cuidar da Bella, ambas estão bem, mas a Paloma está muito machucada e assim como você tem um braço quebrado que vai precisar de cirurgia, já a Bella está muito assustada não aceita ser pega pela Vânia, e acha que a Paloma é sua mãe. Os psicólogos do hospital já estão trabalhando a mente dela, mas sabemos que isso vai demandar tempo e a Vânia terá que ter muita paciência.
— Agora o João, esse foi levado pela Polícia Federal para uma prisão no Rio de Janeiro. O delegado avisou que quando vocês estiverem bem vão marcar um depoimento, eu já dei o meu e Marcus também, enviamos todas as provas físicas que conseguimos e o advogado nos afirmou que ele vai tentar de trinta a cinquenta anos de cadeia nos tribunais, mas nosso maior problema agora é descobrir quem estava no esquema do João aqui dentro do hospital. O delegado avisou que seremos investigados e ja levaram todos os computadores da gerência. — Meu pai fala e posso sentir a angustia em sua voz, porque assim como eu ele investiu muito dinheiro no hospital e agora podemos ser acusados de estelionatários por causa de um cretino ambicioso.
— Calma gente, nada vai acontecer com vocês, a polícia vai saber quem é o culpado. — Matheus diz algo pela primeira vez e eu queria tanto acreditar que fosse tão fácil assim.
— Eu sei que nada vai nos acontecer Matheus, mas o problema é a repercussão que isso vai ter. — Meu pai diz e vejo o semblante do Matheus mudar.
— Tudo isso por minha causa, se talvez eu não estivesse acordado nada disto estaria acontecendo com nenhum de vocês. — Matheus fala e eu nego freneticamente com a cabeça.
— Não fala isso nem de brincadeira anjo, eu não esperei por cinco anos para agora você se arrepender de ter acordado. Isso não é culpa sua e pelo que meu pai está falando independente de você ter acordado ou não ele estava usando o hospital como fachada para seus crimes, então nunva mais diga isso você entendeu? — Digo e vejo que ele tenta concordar mas falha totalmente.
— Olha Matheus, o que ele fez com você no passado foi só mais um dos crimes pelos quais ele será julgado, e não ache que se a polícia não tivesse pego ele ele não continuaria. Você acordar só ajudou a tirar mais um bandido das ruas, e se fosse preciso cada um de nós faríamos tudo de novo se isso nos dissesse que você estaria bem e seguro. — Meu pai fala e eu me emociono, porque eu nunca imaginei na vida que teríamos tanto apoio como temos tido de todos.
— Mas agora chega de chororô, voces precisam descansar para sair daqui o mais rápido possível porque eu não vou ficar no fogo cruzado com sua mãe sozinho não. — Meu pai diz e não tem como não rir da cara de sofrimento que ele está fazendo.
— Deixa minha sogra te ouvir dizer isso...vai dormir no sofá. — Matheus diz e meu pai balança as mãos no alto em uma ato de rendição.
— Então descansem, amanhã volto para buscá-los. — Ele diz e sai pela porta.
Volto meu olhar para meu noivo muito lindo e sei que ambos teremos que matar muitos demônios internos, mas também sei que sempre faremos isso juntos, como uma família.
— Vem, deita aqui de novo. — Digo e ele se aconchega em meu peito e na posição que ele está seu que ele pode ouvir meu coração bater.
— Ele bate por você! — Digo e seus olhos cruzam com os meus.
— E o meu por você! — Ele diz e isso já me basta para ser muito feliz.
2310 palavras
Bem desculpa a demora, mas o bloqueio chegou até mim😞...
Moranguinhos do meu core, postei ontem na plataforma um novo livro de contos, porém os contos desse livro serão exclusivos para concursos da plataforma como contosLP... FantasiaLP... TerrorLP... Enfim só serão postados nesses casos e agora é um desses casos😅...
O primeiro conto já está disponível nesse livro👇
Espero que gostem e se gostarem deixem seu voto porque vai contar na hora da avaliação 🙈🙈🙈 obrigada e beijos da
StramberyBlack💕💕
Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top