V - Decisões

                               Gustavo

       Saí daquele quarto totalmente desnorteado, não sabia se eu o tinha assustado, meu maior medo se materializado ali na minha frente. E se eu o perdesse? E se ele estivesse com nojo de mim e dos meus sentimentos? Eram tantas perguntas em minha mente e eu não tinha nenhuma resposta para elas. Tão frustrante !

        Fui em direção ao meu carro que estava no estacionamento, na parte lateral do hospital, medo era o que eu sentia naquele momento, mas eu não poderia me encolher diante disto, como a Vânia disse, eu tenho que lutar e se no final desta batalha ele ainda não me quiser, pelo menos eu fiz tudo ao meu alcance para conquistá-lo, e mesmo que não fiquemos juntos, ainda sim vou ajudá-lo a se reerguer, porque no fim das contas eu quero só o melhor para ele.

       Entro no meu carro e dirijo de volta para casa, onde é meu refujo de todos. Mas quando entro na rua do condomínio vejo um carro parado, que não via ha muito tempo por aqui, e isso me causa uma sensação ruim, mas decido enfrentar essa situação de uma vez por todas. Já fugi tempo demais da minha mãe.

       Entro na garagem de casa e vejo minha mãe sentada na varanda, não sei como ela entrou e isso me deixa muito irritado.

       — O que você faz dentro da minha casa? — Pergunto e ela me olha em desafio e depois deixa sua cara de vítima, antes de abrir sua boca e jogar sobre mim palavras sem importância.

       — Eu ainda sou sua mãe e tenho todo o direito de vir aqui quando eu quiser, uma vez que está casa também é minha é do seu pai. — Ela diz de forma agressiva, e isso me faz querer saber o que tanto ela quer comigo depois de cinco anos.

       — O que você quer mamãe? — Pergunto de forma irônica, e ela de levanta e caminha em minha direção, tentando passar a mão pelo meu rosto, mas eu dou um passo para trás a fazendo parar no lugar.

       — Vamos diga logo, eu estou cansado, eu trabalho muito ao contrário de você que agora só usufrui do que meu pai construiu.

       Minha mãe é uma mulher linda, muito educada e inteligentissima, mas cheia de defeitos, defeitos esses que, quase me destruíram. E por consequência quase destruiu o império do meu pai por consequência, nem sempre fomos ricos, meu pai lutou muito para se formar e ainda mais para se erguer em sua profissão. Ele é um homem justo, honesto e acima de tudo ama sua família, mesmo que as vezes tenha vontade de matar minha mãe. Ele nunca foi um homem injusto, sempre escuta os dois lados da história antes de fazer seus julgamentos. E foi neste julgamento que ele resolveunque a casa era minha e que manteria minha mãe longe de mim e do meu futuro seja ele qual fosse.  Fui tirado dos meus pensamentos com uma dona Bárbara me cutucando no braço.

       — Mãe a senhora sabe que odeio que façam isso. Falo com raiva evidente na voz, ela me olha é faz sinal para que entremos em casa, coisa que realmente não queria que ela fizesse, poderiamos muito bem conversar aqui mesmo na varanda, já que sinto que não vou gostar do conteúdo dessa conversa, mas vamos logo acabar com isso, penso comigo ja abrindo a porta da sala e fazendo sinal para que ela entre na frente. Fecho a porta e respiro fundo indicando o caminho da sala que ela conhece muito bem.

       Me sento no sofá e digo para ela fazer o mesmo.

     — Então mãe, me diga o que veio fazer aqui, realmente estou esgotado hoje e quero descansar.

       Ela me olha e sei que está pensando em como começar o assunto, e isso me deixa inquieto, porque ela só fica assim quando é sério, então sei que vem merda gigante por aí para eu resolver. Ela abre e fecha a boca mais algumas vezes e nada sai, até que eu perco um pouco do que ainda resta da minha paciência.

       — Olha se você não vai dizer nada, então eu gostaria que saísse da minha casa. Vejo ela tentar outra vez, mas agora ela joga a bomba de uma vez só.

       — "A Natália voltou". — Eu quase perdi o ar ao ouvir esse nome sendo dito pela boca da pessoa que destruiu tudo para mim há cinco anos.

       — Não me interessa saber, digo ja me levantando do sofá e indo em direção a porta, abro e indico para ela sair. Vejo ela vindo em minha direção, mas antes de sair ela para ao meu lado e diz algo que me surpreende.

       — Filho eu errei no passado e quero consertar as coisa agora, não quero ver você sofrendo e enterrado dentro daquele hospital, sem ter uma vida fora dali. Tudo que eu fiz foi pensando no seu bem. Naquela época, eu tinha certeza que Natália não era a pessoa certa para você e provei isso a todos quando ela aceitou meu dinheiro e foi embora sem olhar para trás, mas agora vejo que mesmo nela sendo a golpista que é você a ama e preferia tê-la ao seu lado. Então quando ela me procurou na semana passada, eu vi uma oportunidade de consertar as coisas com você. Juro que desta vez não vou me envolver no seubrelacionamento. — Pense e depois me fala se você quer vê-la, que eu providenciarei o reencontro de vocês.  — Ouço minha mãe terminar de falar e sair sem me dar a oportunidade de responder, fiquei ali olhando para o nada até minha ficha realmente cair.

       Natália tinha sido a mulher que eu queria levar para a vida, nunca fui extremamente apaixonado por ela, mas ela meionque entendia o que eu queria para mim naquela época e não me prendia, então resolvi que era hora de apresentá-la para minha família, minha mãe já no primeiro momento não gostou dela, e ficamos nesse impasse por quase um ano, até que dona Bárbara resolveunque tinha que testá-la e lhe ofereceu uma quantia considerável para que ela me deixasse e adivinha! Ela foi embora sem nem olhar para trás, naquele momento eu odiei minha mãe por ela ter razão e me mostrar que eu não sabia nem ver quando as pessoas estavam me usando, como ela mesma disse.

       Brigamos, eu não aceitava, aquilo significava que eu não era tão esperto quanto eu achava, me provava que a maioria das pessoas só queriam me usar pelo que minha família tinha, eu nunca havia sido amado de verdade por aquela que eu tinha escolhido e isso me enfureceu. Meu pai teve que se envolver e quase que eles se desentenderam, mesmo ele achando que tinha sido melhor acontecer antes do casamento. Ele ficou dividido entre nós dois e foi aí que percebi que não era justo destruir o casamento dos dois, eles se amavam apesar de tudo. Eu era o culpado por não perceber o que era ou não bom para mim.

       Mas agora quando ouvinda minha mãe que Natália tinha voltado, tudo o que senti foi desprezo, nada mais. Aquela mulher nunca mais faria parte da minha vida, nunca mais e foi ali que percebi o quanto estava sendo injusto com minha mãe por todos esses anos, vendo ela ali parada na minha frente, dizendo que me aceitaria com ela, mesmo que aquilo não fosse o certo, me mostrou o quão egoísta eu fui. Eu fui o bobo da história ela só quis me proteger, de um jeito torto mais foi.

       Parei de pensar sobre essas coisas do passado quando meu estômago roncou alto, me fazendo sorrir e lembrar do cansaço e da fome que eu estava antes de chegar em casa.

       Subi até meu quarto e separei uma calça de moletom e uma box, deixei tudo em cima da cama e fui para o banho. Fiquei naquela água quente não sei por quanto tempo, até ouvir meu telefone tocar incessantemente e ser obrigado a sair para atender. Desliguei o chuveiro e enrolei uma toalha na cintura eu caminhei até a pia onde havia deixado meu telefone, olhei o número e no instante que vi que era do hospital eu atendi, já que eles nunca me ligam se não for extremamente importante.

       — Alô! — Atendi e esperei a resposta, que veio de uma Vânia desesperada.

       — Doutor Gustavo, o Marcelo desmaiou e não quer voltar, por favor volte. — Meu coração parou naquele momento.

                                   1412 palavras

    Agora vocês sabem um pouquinho do passado conturbado do Gustavo. E o que será que aconteceu com o Marcelo ?

       Espero que tenham gostado do capítulo.

    Beijos StramberyBlack💕💕

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