( 11 ) Aproximações: Pt2
⚠Capítulo pode conter gatilho
J I M I N
Duas semanas haviam se passado desde então. E nossa, algumas coisas mudaram.
Muitas coisas mudaram.
Junghyun estava cada vez mais presente, seus turnos haviam diminuído já que outros médicos anestesistas haviam sido contratados para o hospital e seu horário de chegada agora eram umas nove, dez horas da noite. O senhor Jung-hee tem saído mais que o normal, o que me deixa curioso já que um senhor de sua idade costuma ficar no conforto de sua casa procurando que idosos gostam de fazer.
Mas, Jung-hee é um idoso bem elétrico e agora que… Bem, ele confia em mim para deixar Jungkook comigo, sozinhos, acho que a sua monótona vida de idoso está muito badalada. E acho que em apenas quatro meses trabalhando na livraria, eu meio que virei um gerente daquele lugar e um faz tudo na casa.
Exatamente, agora eu também sou chamado para cozinhar e ajudo senhor Jeon e Jungkook na limpeza do lugar, tanto da livraria quanto do andar de cima.
Estou reclamando? Jamais, meu salário até aumentou por conta disso.
E agora Jungkook frequenta um psicólogo, por indicação de Taehyung.
Junghyun disse que já estava pensando em colocá-lo em um terapeuta antes, mas meio que lhe faltava tempo para pesquisar e encontrar alguém bom? Eu não sei, mas Jungkook está… Melhor. As suas aulas com Hoseok também estão ajudando muito!
— Hyung? — Ele me chamou, cutucando meu braço enquanto eu terminava de por seu almoço. — Cadê vovô?
— Seu avô saiu de novo, acredita? — Me fingi de indignado. Jungkook fez a mesma expressão que eu, franzindo o nariz e fazendo uma caretinha brava. Sorri.
— P-pa… Para onde?
— Foi ao mercado, a dispensa estava vazia. — Apontei para a portinha no canto da cozinha, Jungkook murmurou um "Oh… " e continuou ao meu lado, esperando seu pratinho de Kimchi com carne de porco.
Nos sentamos à mesa e começamos a comer em silêncio. Mas não era um silêncio comum, era um silêncio… Nosso. Nada de desconforto ou constrangimento, era somente a gente comendo sozinhos e em um silêncio acolhedor.
— Quando… Q-quando a gente vai no merc-cadinho de novo? — E Jungkook o quebrou, limpando a boca com a manga de seu moletom lilás.
— O que? — Perguntei confuso.
— Jung- Eu, Eu nunca mais f-foi ao mercadinho, hyung. — Ele murmurou, abandonando sua colher.
Ah…
— Podemos ir da próxima vez, tudo bem? Eu peço ao seu avô para te levar comigo. — Sorri, enfiando um pedaço de carne na boca, nervoso. Mas seu sorrisinho feliz me acalmou.
A lembrança da última vez que ele foi ao mercado retornou com força em minha cabeça, eu odiava quando as lembranças ruins simplesmente brotavam sem qualquer aviso. Ainda mais aquela, que além de ser ruim para mim, também era muito ruim para Jungkook.
— Prometo que será melhor da próxima vez. — Acrescentei, ele sorriu e concordou.
— Obrigado.
O resto do dia foi exatamente como os outros, mas Jungkook escolheu outro livro para lermos no meu momento de lazer — Passei a chamar assim, já que era muito tarde para horário de almoço e era muito cedo para ser horário de jantar. Então é meu momento de lazer ajudando Jungkook com suas atividades e assistindo, lendo ou sendo modelo para alguns de seus desenhos.
Ele voltou a desenhar com mais frequência também, mas me recusa a mostrá-los para mim. E eu fico indignado! Sou modelo para seus desenhos, mas não posso vê-los?!
À noite, eu já estava só com os caquinhos do meu corpo andando por aí. Fui juntando meus pedacinhos no caminho para quando chegar no meu apartamento, jogar tudo naquela cama e esperar o tempo consertar.
Se eu não tivesse outro pesadelo, claro.
Esses pesadelos estão começando a ficar frequentes novamente, e isso está me assustando. De novo.
Se isso piorar, tenho medo do que irá acontecer novamente. Mais de uma coisa eu sei, algo bom com certeza não irá ser.
Para melhorar minha noite de sono perfeita, Myung fez um escândalo que com certeza incomodou os vizinhos — Não me importo muito — e acordou metade do prédio, não posso fazer nada se meu filho estava procurando alguém para fazer suas vontades sexuais por aí.
Se o pai não vai, ele foi.
— Cara, você tá acabado. — Taehyung murmurou risonho na manhã seguinte.
— Você me anima tanto — Ironizei, procurando por alguma comida na geladeira — O que você fez pro café?
— Não fiz nada pra ele não. — Riu de sua própria piada sem graça. Revirei os olhos. Cutucou meu ombro, me entregando um pão com queijo e uma xícara com café. — Se não fosse eu, você morreria.
Eu não duvido nada.
— Que horas são?
— Sete e alguma coisa, come logo e vamos pra luta! — Bateu em minhas costas, fazendo uma pose engraçada ao sair da cozinha. Suspirei.
Ah é, a faculdade. Eu não queria, mas estava tão desanimado para ir nos últimos dias, as noites mal dormidas não ajudava em caquinha nehuma. E também tinha aquele sem noção que continuava a me perseguir por um motivo que eu sequer sei! Até pensei em falar com o diretor, mas ele me odeia também.
Quando chegamos na Universidade, Sohui estava parada próxima a entrada do Campus. Não a via desde o dia em que tivemos aquela conversa e não tenho a mínima vontade de falar com ela agora, ainda mais depois daquele vexame que seu irmão causou quando ela distorceu tudo o que tínhamos falado.
O que me custou muita dor de cabeça, já que o diretor Jung fez questão de me chamar na diretoria para me dar sermão. Pfff, nem estamos no fundamental para isso, e foi injusto!
— Ih... — Taehyung quem disse, suspirando quando viu Sohui caminhar em nossa direção. — Quando eu penso que o dia ia começar bem.
— Jimin-ah! — Ela chamou, aproximando-se de nós dois — Quanto tempo!
Ai, que caralho.
— Ah, sim, muito tempo, hein? Só não foi o suficiente.— Taehyung debochou, suspendendo uma sobrancelha.
Sohui o ignorou, dei uma risada fraca.
— Como vai, Sohui?
— Estou ótima, Jimin-ssi. E você?
Querendo sumir daqui, obrigado.
— Ele 'ta ótimo, licença. — Taehyung respondeu por mim, prendi a risada quando meu braço foi segurado e puxado para sair dali. Taehyung sempre foi bem impulsivo.
— Jimin-ssi! Queria te falar uma coisa! — Sohui nos seguiu, se dependesse de Taehyung eu teria ignorado completamente o chamado da garota.
Mas, como eu mesmo havia dito na última vez que nos falamos, somos amigos. Eu jamais ignoraria um amigo meu.
Mesmo que seja um desvio de caráter absurdo querer que ela suma agora? Com certeza, mas não posso negar meus princípios.
— Pode falar.— Puxei Taehyung para que ele ficasse quieto ao meu lado, Sohui parou a nossa frente.
— É mais um convite.— Ela começou, suspirei cansado.— Estou planejando fazer uma festa lá em casa e gostaria muito que você fosse.
Paralisei ao ouvir aquilo, Taehyung sorriu como se imaginasse a resposta que eu daria.
— Não, baranga, agora nós dê licença. — Taehyung me puxou pelo braço, sorri para Sohui e saí junto de meu melhor amigo.
[📚🧚🏻♂️🍓]
Apesar de negar de primeira o convite de Sohui, eu estava um pouquinho pensativo em relação ao seu convite.
Uma festa... Faz tempos que eu não bebo e me divirto como qualquer jovem por aí. Eu ao menos havia notado isso!
Quase cinco meses sem beijar uma boca ou entrar em qualquer boate nessa cidade. Eu virei um senhor de meia idade que vive no trabalho e não tem tempo para se divertir? Possivelmente, e só tenho vinte anos! Quase vinte e um, já!
Acho que é bem provável que Jung-hee se divirta muito mais que eu.
— Jimin! — Taehyung chamou assim que saí da minha sala, caminhando em minha direção todo sorridente.
— Oi, Tae. Vamos? — Chamei, sorrindo para si também.
Mas, enquanto estávamos caminhando para sair da faculdade, Sohui apareceu novamente
— Jiminie! — Chamou, respirei fundo. — Pensou no meu convite?
— Achei que tinha ficado bem claro a resposta dele quando saímos. — Taehyung respondeu por mim novamente, mordi o lábio inferior.
— Não estou falando com você!
— Então some daqui! — Ele retrucou, tive que conter minha vontade de sorrir.
— Mas…
— Olha, Sohui. — A interrompi, falando por mim mesmo agora. — Vou pensar na sua proposta, tudo bem? Obrigado pelo convite.
— Jura?! — Mais animada, ela perguntou.
— Ah, pelo amor de Deus…
— Quando vai ser? — Ignorando o protesto de Taehyung, perguntei.
— No próximo sábado! — Respondeu animada — Você vai?
— Muito interessadinha na presença do hyung, não? — Taehyung retrucou.
— Você também pode ir, Taehyung. — Sohui revirou os olhos, segurei a risada.
Eles não tinham uma relação muito amigável.
— Vou ver se consigo ir, obrigado pelo convite.— Sorri, puxando Taehyung para sair dali.
— Sério mesmo que você vai? — Perguntou num sussurro — Ela diz que vai te deixar em paz mas na primeira oportunidade te enche o saco, sinceramente, ela só quer te ter por perto e você não percebe. Te embebedar novamente pra foder com você.
— Taehyung!
— Isso tem nome viu? Se você não percebeu, eu percebi. — O olhei confuso, tentando entender seu ponto. — Assédio, seu idiota!
— Taehyung…
— Essa garota vive te assediando, hyung! E não é só porque ela é uma mimadinha sem noção e de família rica, que pode ficar te tocando sem sua permissão! — Ele foi sincero, me assustando levemente.
Decidi não me aprofundar nesse assunto, já que é algo que realmente me deixa desconfortável.
Não gosto de assuntos como esse.
— Eu preciso me divertir um pouco, Tae. Nada melhor que uma festa grátis para isso, não? E eu não vou me envolver com ela, misericórdia.
— Não se diverte no trabalho, não? — Com um sorriso sugestivo, ele perguntou.
Descarado sem vergonha!
— Não é esse tipo de diversão que eu tô falando
— Mordi o lábio, Taehyung me deu um tapa na cabeça — Qual é?!— Massageie o local acertado— Você tem Yoongi p'ra fazer coisinhas sempre, 'to a meses sobrevivendo só de bater uma para aliviar.
— Que pena.
— De qualquer forma, não sei se vou, sábado eu preciso por trabalho da faculdade em dia, já que é um dos únicos dias que tenho uma folguinha do trabalho. E além do mais, ando com a cabeça cheia demais para esse tipo de coisa.
— Cheia de que? — Ele suspendeu uma sobrancelha, me encarando.
Neguei com a cabeça, não querendo dizer.
Mesmo com seus protestos, eu queria mesmo ir nessa festa. Sohui sempre dá festas maravilhosas e, por conta do dinheiro que tem, organizadas e cheias de bebidas caras pra caramba. O único problema era o idiota de seu irmão e suas aproximações desconfortaveis, mas isso é só um pequeno problema.
— Você diz que Jungkook é ingênuo, mas o ingênuo aqui é você por não perceber as coisas que essa menina faz. — Ele negou com a cabeça, me fazendo suspirar.
Taehyung se despediu e seguiu caminho para o trabalho. Eu fui em direção a saída, sozinho, já que aparentemente — Tenho certeza — ele ficou muito chateado comigo.
E, por pura falta de sorte, quando já estava no último corredor que dá para o campus e a saída da Universidade, e eu estava correndo para pegar Jungkook na escola, dei de cara com Seong-Hyeon assim que virei.
Ótimo. Mas um dia normal por aqui.
— Você anda me perseguindo? — Juntei as sobrancelhas, ajeitando minha mochila nas costas.
— Só queria deixar claro que você não é bem vindo na minha casa.— Cruzou os braços, aproximando-se de mim. — Não é bem vindo em nenhum lugar que eu fique.
— Então saia da minha frente porque eu estou apressado, e bem, aqui não é seu departamento para ficar perambulando por aí no momento que as aulas estão acabando. — Tentei passar por si, mas ele me impediu.
Cara sem vergonha, só porque é um tiquinho maior que eu, acha que vou ter medo desse nariz empinadinho que ele carrega por aí.
— Vai aonde? Encontrar aquele cara estranho? — Com um sorrisinho de lado, perguntou.
Porque caralhos ele quer saber disso?
— Não é da sua conta. — Empurrei seu ombro, ele estava próximo demais. — Não sei o que você quer comigo, achei ter deixado bem claro que não suporto sua presença da última vez que te vi. — Sua expressão vacilou e, por alguns segundos, pensei ter visto tristeza em seu olhar — Onde te deixei de joelhos, lembra? — Levantei uma sobrancelha, vendo sua expressão superior fraquejar ainda mais, Sorri.
— Você é insuportável — Revirou os olhos, afastando-se de mim por completo.
Disso eu sei, idiota.
— Sai da minha frente.— Suspirei. Tentando saber qual pecado que eu cometi em alguma vida passada para estar enfrentando um pé no saco como esse cara.
O único obstáculo que me impede de colocar esse garoto no lugar dele, é o diretor Jung. Se ele souber que eu me meti em mais alguma confusão, sou expulso desta Universidade em um segundo.
E sabe, não é muito adequado usar da violência para acabar com isso.
— Você é surdo ou alguma coisa do tipo? — Perguntei já sem paciência, ele estava realmente testando a pouca paciência que eu tenho.
— Não sou, mas aquele seu amiguinho parece ser, não é? — Deu mais um passo, aproximando-se de mim um pouco mais.
O que mais me intriga, é que eu e Jungkook não fizemos absolutamente nadapara merecer um idiota como esse.
Jungkook é, possivelmente, a melhor pessoa que já conheci nesse mundo! Como pode um demônio desses vê-lo apenas uma vez e já começar a insultar ele? Isso é para quê? Me afrontar?!
— Em primeiro lugar, se você estiver falando de Jungkook, eu vou te arrebentar lá fora.— Apontei o dedo em seu rosto — E qual é o seu problema comigo e com ele? Você só o viu uma vez e já ficou assim! O que é que você quer?!
— Um Zé ninguém como você querendo me dar lição de moral? — Sorriu, negando com a cabeça. — Fala sério.
— Sai. Da. Minha. Frente! — Empurrei seu ombro novamente, obrigado-o a se afastar. Ele estava quase colado em mim, tentando me encurralar contra a parede do corredor. — Não me importo com o que você pensa. E não se aproxima assim de mim, seu nojento.
— Nojento é você, viadinho meia boca.
— Fala sério…
— Aquele doente mental deve se envergonhar de andar com um ninguém como você.
Agora ele me tirou do sério.
Lhe dei um soco no rosto. Sim, fui impulsivo o suficiente para isso. Me xingar, tudo bem. Mas Jungkook não tem nada haver com isso! Acertei sua boca com força, fazendo meu pulso doer pelo impacto e sua boca sangrar.
Ele cambaleou um pouco para trás, com a mão no local acertado. Me olhando com uma expressão horrorizada, por sorte, só estava nós dois aqui no corredor. Mas, para minha surpresa, ele sorriu logo depois que sua expressão de espanto se foi.
— Some da minha frente antes que eu acabe com esse seu sorrisinho idiota de uma vez por todas!
— Insuficiente, Park Jimin é um cara insuficiente — Ele riu, paralisei. — Você não é ninguém perto de mim. Não sei como minha irmã foi queres transar logo com alguém como você. Você me lembra seu pai.
Nojo.
Tudo que eu senti naquele momento, foi nojo e dor. Como se um machucado cicatrizado fosse tocado, meu coração acelerou.
— De onde você conhece aquele homem?! — Me irritei, tentando não desabar aqui mesmo.
Mas que porra esse garoto quer comigo?!
Meu corpo estava imóvel, era como se uma arma com paralisante tivesse disparado contra mim. Um gatilho.
E como se ele soubesse disso, deu risada da minha expressão afetada e saiu, andando como se nada tivesse acontecido. Eu gostaria de dizer que aquilo não foi nada, que era besteira ou frescura minha, mas me trouxe lembranças que eu realmente odiava.
Qualquer um que me visse naquele estado, com certeza iria dizer que surtei de repente e meu cérebro entrou em combustão, me paralisando. Afinal, eu estava imóvel e, consequentemente, traumatizado mais uma vez.
O resto do dia foi igualmente como os outros, a única diferença é que Jungkook estava quieto e que não foi a escola. Ele teve outra crise, o que me deixou preocupado quando cheguei em sua casa e ele estava com a mão direita e o antebraço esquerdo enfaixados. Foi uma das fortes…
O dia foi tão desgastante quando a noite, nem mesmo Jungkook parecia o mesmo. Estava quieto, calado, não parecia... O Jungkook de ontem.
É normal, eu sei que é. Mas ao mesmo tempo é tão diferente, sentia que não estava dando o meu melhor para nos aproximamos mais ainda. Me sentia insuficiente.
[📚🧚🏻♂️🍓]
— H-hyung... — Ele chamou baixinho, já passava oito da noite e ele parecia sonolento, seu avô estava lavando as louças que sujamos no jantar. Eu havia me oferecido para ajudar, mas ele negou várias e várias vezes.
Depois do jantar, Jungkook pediu para ler "Com Amor, Simon" comigo, já que eu disse que traria o livro. Nós estávamos na sala, sentados no chão e encostados no sofá enquanto liamos. Virei meu rosto para encarar o seu. Seu nariz vermelho me fez sorrir.
— Que foi? Se emocionou? — Era justamente a parte da conversa de Simon com sua mãe, um pouco diferente da do filme e Jungkook pode ter notado isso. Com um movimento de cabeça, ele concordou.
— Quer l-ler mais não — Se sentou de braços cruzados, soltei uma risada baixa e encarei seu rosto.
— Ah, qual é ?— Soltei o livro no chão da sala, me deitando completamente no chão — Tudo bem, já 'tá tarde e tem alguém que precisa dormir para acordar cedo e animado amanhã— Preguiçosamente, me sentei e toquei em seu ombro, com um sorriso curto.
— O hyung? — Juntei as sobrancelhas confuso, o que?
Ele… Ele percebeu que eu estava “não normal” hoje? Poxa vida…
— Você, bobo.— Me levantei, segurando em sua mão e ajudando-o a ficar de pé — Ainda tenho que resolver algumas coisas antes de dormir.
— Bo-bobo é o hyung— Ele resmungou me dando as costas, entrando para o seu quarto.
O segui, aproveitando que ele estava escovando os dentes para organizar sua cama bagunçada, notei vários outros desenhos espalhados no colchão. Reconheci Taehyung ali no meio dos outros papéis, assim como Hoseok e... Eu — E mais uma trocentas fadas coloridas.
Além de mais seres mitológicos em sua escrivaninha.
Coloquei tudo ali e me sentei, o esperando. Aquele quarto era calmo, eu sentia paz.
— Hyung?— Jungkook chamou ao entrar no quarto.
— Hum? — Me levantei, vai que ele não goste que toquem em suas coisas sem permissão.
— F-fica aqui? — Como se travasse uma luta interna, ele perguntou baixinho, ainda parado na porta.
— Ficar? Jungkook... — Sorri, negando com a cabeça— Você sabe que eu preciso ir embora. — Sorri, confuso com seu pedido.
— N-não — Juntos os lábios, suspirando baixinho. — Não... Não isso, não é isso.
— Não é isso? — Ele concordou, me aproximei mais dele, parando quando estávamos frente a frente — Então, o que é?
— Fica aq-qui até Jungkookie... Até eu dormir?
Meu coração acelerou. Ele falando em terceira pessoa realmente me deixa meio que… paralisado.
Mas é em um estado de paralisia muito bom.
— Claro que sim — Baguncei seu cabelo, sorrindo — Vai deitando aí que eu vou buscar meu notebook.
Ele balançou a cabeça e se apressou em deitar na sua cama. Corri até o andar de baixo, e sorri para meu chefe.
— Acho que vai chover. — Jung-hee disse, terminando de guardar os copos.
Hoje estava fazendo mais frio que ontem, possivelmente irá chover, mas eu espero que não.
— É, eu acho também— Murmurei em resposta, sorrindo para si— Jungkook me pediu para ficar lá até ele conseguir dormir, tem algum problema?
— O que? Claro que não, Jimin-ah! — Ele negou com a cabeça, apontando uma concha para mim. — Eu já disse que você é quase um membro dessa família, não precisa ficar me pedindo sempre for passar um tempo com Jungkookie, confio em você.
Certo. Ele confia em mim… Uau.
Subi as escadas sorridente, batendo na porta para saber se podia entrar.
— Oi… — Eu disse assim que abri a porta.
— Oi, hyungie.
— Posso usar sua escrivaninha? — Fechei a porta, Jungkook balançou a cabeça em concordância.
— Boa noite, J-jimin hyung— Ele disse baixinho assim que desliguei as luzes de seu quarto, sorri.
— Boa noite, Jungkook 'saeng — Desliguei a luminária próxima a sua cama, observando seus olhos fecharem lentamente. Voltei a sorrir, na verdade, meu sorriso apenas cresceu.
Eu juro que tentei não observar Jungkook enquanto ele dormia, mas era impossível não notar o biquinho que ele fazia com a boca enquanto o travesseiro era esmagado por sua bochecha, fiquei mais calmo só em vê-lo dormir tão serenamente.
Desde quando ele tem uma boca tão bonita?
Quando eu vi que ele já estava dormindo, caminhei para fora do quarto e me surpreendi quando ouvi barulho no telhado da casa. Estava chovendo!
—Ah, Jimin-ah! Já disse que não precisa se preocupar com isso. Pode esperar a chuva passar aqui! — Senhor Jeon disse pela vigésima vez naquela noite. Eu não queria lhe incomodar e meu horário de trabalho já havia acabado, e eu estava pronto para ir embora mesmo que estivesse chovendo forte e o guarda-chuva não durasse mais que dois minutos para fora.
Mas ele não deixou, alegando que eu pegaria um resfriado se entrasse naquela tempestade e seria ainda pior. Bem, eu aceitei ficar ali até que a chuva passasse.
E me deitei no sofá da sala, com um cobertor que Jung-hee havia dado para me proteger do frio. E então, eu dormi.
E acordei de mais um pesadelo.
Não era um pesadelo... Era uma lembrança, eu sabia qual, pois tinha várias dessas "alucinações" Antigamente. Antes mesmo de toda a confusão no depósito da universidade acontecer.
Quando acordei, a chuva já havia parado e Jung-hee também já estava dormindo, peguei minhas coisas e fui embora, tentando parar com aquela sensação ruim no meu peito.
[📚🧚🏻♂️🍓]
"Insuficiente"
"Inútil"
"Seu viadinho nojento!"
"Decepção para família"
"O filho que qualquer um teria vergonha de ter"
"Você não é ninguém! Nunca vai ser prioridade, um Zé ninguém!
"Insuficiente"
"Não ouse levantar a voz para mim, Park Jimin!"
“Vira homem, viado nojento!”
E então, quando o primeiro tapa iria acertar meu rosto, eu acordei.
Assustado, suado e com Taehyung à minha frente.
O que estava acontecendo comigo?
— Jimin, você está bem? — Taehyung perguntou preocupado, afastando minha franja suada de minha testa. Suspirei, tentando controlar minha respiração.
—Estou… Estou bem sim. — Sorri, tentando me afastar. Mas ele me segurou.
— São quatro da manhã e você estava gritando! É claro que eu vou acreditar que você está bem, vou mesmo! — Sentou ao meu lado, tocando em meu pescoço— Você está febril... Me conta o que aconteceu, por favor.
Suspirei mais uma vez, Tae é tão insistente e inteligente que não tenho o que negar, ele vai ficar sabendo de qualquer maneira.
Até porque, querendo ou não, eu também estou assustado com a possibilidade daquelas coisas voltarem.
— Tive um pesadelo, só isso — Menti, engolindo a seco.
— Um pesadelo normal ou... Aqueles pesadelos?
Odeio quando ele sempre sabe de tudo.
— O que aconteceu?
— Meu pai... Ele ia fazer aquilo de novo — Suspirei. Me ajeitando sobre minha cama — Não quero que volte, Tae.
— Eu achei que tinha parado…— Lamentou, limpando as lágrimas que eu não havia notado em meu rosto. — Hoje foi a primeira vez?
— F-foi sim — Mordi o lábio, torcendo para ele não fazer mais perguntas.
Não funcionou.
— Você é horrível mentindo.— Sorriu — Porque não me disse nada?
— Porque não é importante? — Pelo menos para mim, não era.
Até isso começar a afetar minha vida.
— Para, não começa com isso.— Deu um tapa na minha cabeça, revirei os olhos e tentei sorrir — Desde quando?
Respirei fundo.
— Três ou quarto semanas… Não lembro, mas só piorou depois que aquele idiota disse aquelas coisas para mim, na faculdade. — Mordi meu lábio inferior, cansado de esconder tudo.
Taehyung arregalou os olhos, levantando-se de minha cama.
— Um mês? E você não me fala nada?! — Gritou, segurando em meus ombros, me encarando com uma expressão repreendedora e preocupada — Que tipo de melhor amigo você acha que eu sou?
— Tae...— Sorri, segurando em suas mãos— Não precisa se preocupar com isso, já disse. São só sonhos ruins.
— Você falou isso da última vez e acabou tendo crises de panico e ansiedade! Isso não é normal!
Abaixei a cabeça, suspirando em concordância. Sentindo vontade de chorar.
— Alguém sabe? Não é possível que alguém saiba e eu não…— Voltou a se sentar, segurando em minhas mãos — Jungkook sabe?
O que? Porque Jungkook?
— Não! — Foi a minha vez de ficar de pé, com as pernas bambas.
— Falando assim até parece que você tá com alguma doença contagiosa — Riu, segurando em minhas mãos e me puxando para sentar mais uma vez — Idiota, você sabe que isso pode piorar e não me conta nada? Quer apanhar?
Taehyung consegue me fazer sorrir até em momentos assim, pelo amor de Deus.
— Eu estou bem.
— Não 'tá. Mais tarde a gente fala sobre isso — Se espreguiçou, pelo que ele disse, ainda eram quatro da manhã e possivelmente ele estaria caindo de sono, assim como eu, agora. — Quer alguma coisa? Algum remédio?
— Dorme comigo? — Em um surto de desistência emocional, eu perguntei, tentando não demonstrar minha instabilidade.
Taehyung sorriu, tocando meu rosto e acariciando minha bochecha. Relaxei e o puxei para se deitar comigo, abraçando seu corpo, sendo a "conchinha de fora"
— Não é justo, você foi a conchinha de fora da última vez — Protestou.
— A última vez foi hà meses, você só sabe dormir com Yoongi agora — Apertei sua cintura, Taehyung sorriu.
— Ciúmes?
— Vai se ferrar — Revirei os olhos — Eu não sinto ciúmes.
— Nem com Jungkook ? Você fica todo irritadinho quando ele fala de alguns coleguinhas da escola.
Não fico nada.
— C-cala a boca.— Engoli em seco — Isso é mentira.
— Você sabe que não — Sorriu, revirei os olhos mais uma vez.
Ele ainda está com aquela ideia idiota de que entre eu e Jungkook existe algo á mais, já cansei de explicar que eu não sinto nada por Jungkook — romanticamente falando — Nossa relação melhorou, somos bons amigos e apenas isso.
Não o vejo como alguém que eu beijaria, ele é bonito, muito bonito. Bonito mesmo. Mas, ainda assim, eu não... O vejo com outros olhos, digamos assim. É, é isso.
Eu espero que seja isso.
— Você falou a mesma coisa com Seulgi e vocês namoraram por meses — Relembrou.
Sério, queria apagar certas coisas da cabeça desse garoto.
— Mas Seulgi é... Seulgi, uma mulher maravilhosa, você tem noção disso? — Retruquei, Taehyung riu.
Uma comparação bem idiota eu diria, até porque Jungkook só tem dezoito anos e seu corpo ainda está em desenvolvimento. Mas… Deixa, eu nem sei por que estou falando isso.
Porque estamos falando disso?
— Está dizendo que Jungkook não é beijável? — Perguntou, onde ele quer chegar com isso?
— Vai dormir, Tae, por favor.— Fechei os olhos, tentando acalmar meus nervos e ter um sono tranquilo agora.
Quando foi que a conversa chegou nesse sentido?
— Me promete que se isso piorar e você sentir que aquilo tudo pode voltar, promete que vai me contar tudo? Que não vai esconder?— Mudou de assunto, entrelaçando nossas mãos. Suspirei. Ele era ótimo em mudar de assunto rapidamente.
A diferença de tamanho entre nossas mãos era enorme, sua mão cobria a minha completamente. Ele gostava de me zoar com isso antigamente.
— Prometo. — Já meio sonolento, eu respondi. Sorrindo ao sentir o cheiro de seu cabelo.
Uma das coisas que me acalmavam antigamente era o cheiro gostoso de seu cabelo. E os cafunés que recebia todas as noites quando eu tinha um dia ruim.
Eu sinto falta de cafunés e abraços na hora de dormir. Minha mãe sempre fazia isso, Taehyung também, mas parou com o tempo.
— De dedinho? — Soltou minha mão, levantando a sua. Pela pouca iluminação eu pude notar seu dedo mindinho levantado, querendo selar a promessa.
— De dedinho. — Juntei nossos mindinhos. Queria acreditar em mim mesmo, acreditar que se piorasse eu contaria para ele. Taehyung sorriu, juntando nossas mãos mais uma vez.
— Sua mão é tão pequenininha, imagina o tamanho do seu-
— Cala a boca, vai dormir pelo amor de Deus!— Sabendo exatamente a besteira que ele iria falar, o interrompi dando um tapa em sua cabeça com a mão desocupada. Torcendo para não ter mais pesadelos assim que fechei os olhos.
Gostaria de dizer que dormi, no máximo cochilei por alguns minutos. Não conseguia parar de pensar, minha cabeça estava a mil e todas as coisas ruins que eu já passei sendo lembradas em câmera lenta, parecia que eu estava em um pesadelo sem estar dormindo.
Mas uma das coisas que me acalmou — Além de Taehyung dormindo comigo— foi Jungkook, seu sorriso animado quando recebe doces na quarta e o abraço que me deu quando andamos de bicicleta juntos. Por incrível que pareça, eu consegui dormir tranquilamente ao pensar que amanhã, ou hoje mais tarde, eu o veria.
E isso me deixava confuso.
— Bom dia, dorminhoco. — Taehyung falou assim que entrei na cozinha, terminando de fazer alguma coisa no fogão — Dormiu bem?
— Pelo resto da madrugada, sim — Suspirei, me aproximando de si — O que está fazendo?
— Ovos mexidos para fortalecer seus ossinhos — Cutucou minha cintura, sorri.
— Desde quando ovos fortalecem ossos?
— Desde quando eu falei que fortalecem — Deu de ombros — Agora senta e come.
Eu apenas obedeci, me sentando em um dos banquinhos do balcão e agradeci quando ele me serviu.
— Agora vamos conversar sério — Sentou do outro lado do balcão, começando a comer — O que acontece nos seus pesadelos? São pesadelos comuns ou aqueles pesadelos que você tinha antes?
—Tae... Por favor, não quero falar disso — Suspirei, abandonando a colher no prato.
— 'Ta, mas sabe o que eu estava pensando? — Segurou em minha mão, o olhei — Em você voltar a fazer terapia.
Engasguei.
— O que?
— Terapia, sessões psicológicas qu…
— Eu sei o que é! Estudo psicologia, esqueceu?— O interrompi — Só não... Acho necessário. Eu estou bem. Não tô doente.
Que burrice foi essa que eu acabei de falar?!
— Olha a besteira que você tá falando, Jimin! Você melhor que ninguém deveria saber que não se faz terapia só quando está "doente" — Fez aspas como os dedos, suspirei mais uma vez. Mordendo o lábio e notando o quão errado foi o que eu disse. — E eu ainda não entendo porque parou de fazer.
Eu estou fazendo psicológia afinal. Para ajudar as pessoas, eu preciso ficar bem antes de tudo!
— Porque eu estava bem e não tinha dinheiro pra continuar pagando? — Voltei a comer, esperando pelo que Taehyung diria.
— Mas agora você tem dinheiro e não estava bem porcaria nenhuma!
— Tae...
— "Tae" nada! — Apontou o dedo em meu rosto, me repreendendo — Você, como um estudante de Psicologia deveria saber muito bem que, para administrar a profissão que estuda, deve ter pelo menos um psicológico estruturado? — Perguntou com as sobrancelhas suspendidas.
— Porcaria — Choraminguei, Taehyung sorriu convencido — Eu não tenho tempo para isso, 'tá legal?
— Para de enrolar! Você deveria se colocar em primeiro lugar, não as outras pessoas!
— Tae… Não estou com ânimo para esse tipo de coisa. — Tentei mentir, mas ele apenas cruzou os braços e negou.
— E pra se divertir nas festas de Sohui você tem, não é? — Como ele consegue estar certo sempre?
— Eu não disse que iria.
— Mas não negou — Suspirou — Para de ser teimoso, não vou te obrigar a ir no consultório porque você já é adulto. Vou marcar e se você quiser, vai — Levantou, carregando seu parto vazio — Vou ligar p'ro doutor Kang hoje.
Tudo que eu fiz foi concordar, ele estava certo, eu sabia que sim. Parei com as sessões de terapia porque não tinha dinheiro mais, e como eu havia dito para Taehyung — Mentindo — eu estava me sentindo bem. Coisa que não era verdade.
— Que horas são? — Mudei de assunto, Taehyung pegou seu celular e me encarou.
— Nove, quase dez — Deu de ombros, arregalei os olhos.
Como ele fala uma coisa dessas na maior calmaria?!
— Dez?! Taehyung, e a faculdade?! — Me apressei em correr até meu quarto, não entendendo muito bem porque Taehyung gargalhou e me seguiu. — Do que você 'ta rindo?
— Hoje é sábado, Jimin — Sentou em minha cama ainda desarrumada — Anda com essa cabecinha nas nuvens, hein?
Socorro, é claro que hoje é sábado! Ontem foi sexta então obviamente hoje é sábado.
— De qualquer maneira, eu preciso ir na livraria.
— Mas é final de semana?
— Jung-hee pediu para que eu fosse hoje, mas que eu seria bem pago. Sabe, tipo hora extra.— Sorri, animado. — Ele meio que vai sair novamente.
— Esse senhor só sabe sair agora?
— Eu não sei o que ele faz, mas se ele confia em mim para ficar com Jungkook e cuidar da livraria ao mesmo tempo, eu fico feliz.
— Ficar com Jungkook, é? — Perguntou, suspendendo as sobrancelhas.
— Taehyung!
— De qualquer forma.— Ele sorriu, ignorando meus protestos — Yoongi me ligou mais cedo e falou para te avisar que Jungkook esta no hospital — Disse — Mas não vai demorar, então é melhor ir logo.
— E porque não me disse antes? — Me sentei ao seu lado, deixando a camisa que tinha pegado ao meu lado.
— Porque você não perguntou. — Deu de ombros.
O resto da manhã foi normal, Taehyung — Por obra de algum feitiço lançado contra mim — Conseguiu me convencer de deixá-lo me acompanhar até a casa de Jungkook e ficar lá até as duas da tarde, horário que ele precisa ir ao trabalho.
Quando chegamos, Jung-hee e Jungkook ainda não estavam, como eu já sabia. Entremos e, curioso como sempre, Taehyung saiu fuçando a casa toda.
— Ah, esse é Junghyun? O chefão? — Perguntou me mostrando um dos portas retratos da casa, confirmei — Ele é gostosão hein? cuidado para não trocar o filho pelo pai — Sentou ao meu lado.
Não acredito que ele falou isso! Eu não pude fazer nada além de dar risada, sério, como ele cria essas histórias em sua cabeça? Além de botânico agora é fanfiqueiro.
Antes que eu pudesse responder, Jungkook e meu chefe entraram pela porta, fazendo o sininho ecoar pela livraria.
— Jimin! — Meu chefe disse feliz, caminhando até onde eu e Taehyung estávamos, Jungkook o seguiu com um sorrisinho pequeno nos lábios. — Yoongi avisou que estariam aqui, vim o mais rápido que pude. — Sorriu. Eu não falei para Yoongi dizer que estávamos aqui, mas... Taehyung com certeza falou. — Como está, amigo do Jimin? — Ele perguntou para Taehyung, segurei uma risada.
— Bem! Mas pode me chamar de Taehyung, agradecido. — Tae se curvou, Jung-hee concordou.
— Bom dia, senhor. — Eu o Cumprimentei, me virando para Jungkook, que se mantia calado desde que entraram. — Bom dia, Jungkook. — Sorri.
—Oi, Fofinho — Taehyung acenou para Jungkook, que retribuiu com um aceno curto e bochechas visivelmente vermelhas, nos dando as costas e subindo as escadas.
Poxa, nem falou comigo.
— Bem, eu preciso ir — Jung-hee falou, sorrindo para nós dois — Se acontecer alguma coisa com Jungkook, me ligue, Jimin. E tem almoço na geladeira! — Disse ao sair, nos deixando a sos.
Eu fiquei curioso novamente para saber onde esse velhinho estava indo, mas me contentei em apenas em acenar e me
— Até mais tarde, senhor!
Eu e Taehyung fomos esquentar o almoço — Ele queria por tudo subir e ver como Jungkook estava, mas eu sabia bem que quando ele voltava de uma consulta com Yoongi, gostava de ficar no quarto por alguns minutos. E como se ele ouvisse o que nós falávamos, apareceu na porta da cozinha, de roupa trocada e um sorrisinho pequeno no rosto.
— E essa felicidade toda aí, alguma novidade para contar? — Eu perguntei, largando Taehyung no fogão sozinho e me sentando ao lado de Jungkook na mesa.
— Y-yoonnie hyung — Ele sorriu, tapando a boca com as mãos— O hy-hyung falou que vou comer docinhos... P-posso comer docinhos agora! — Seu sorriso aumentou mais ainda, não só o seu como o meu também.
Aquilo foi uma ótima evolução!
— Que maravilha! — Comemorei, me colocando de pé. Quase pulando. — O que você quer comer de sobremesa hoje?
— Sovete! — Bateu palmas, estraçalhando meu coração em mil pedacinhos.
Taehyung choramingou do outro lado da sala, possivelmente controlando-se para não pular em Jungkook e apertar suas bochechas até ficarem roxas!
Ele já fez isso com um primo meu uma vez quando éramos pequenos.
— Você quer sorvete? — Perguntei e ele balançou a cabeça rapidamente, concordando — Eu compro sorvete.
Me levantei, andando até livraria e procurando pelo meu celular. Ligaria para Yoongi primeiro, não que eu não acredite em Jungkook, mas possivelmente Yoongi colocou limites nessa sua comilança de doces.
— O que você quer? — Com a educação que lhe falta, ele atendeu.
— Jungkook me contou todo animadinho que agora pode comer coisas com açúcar normalmente, perguntei o que ele queria comer para comemorar isso e ele falou que queria sorvete — Fui logo ao assunto, ouvindo um suspiro de Yoongi— Ele pode comer sorvete?
— Pode, mas não com exagero. O nutricionista falou que o organismo de Jungkook já está quase normalizado, então ele pode consumir açúcar de forma controlada.— Sorri com sua confirmação, andando até a cozinha e parando na porta. — Taehyung está aí?
— Sim, ele vai almoçar aqui e depois ir para floricultura— Expliquei, abrindo um sorriso pequeno observando a forma curiosa e, falhamente, discreta que Jungkook observava Taehyung — Porque?
— Nada.— Respondeu simples— Era só isso que queria saber?
— Sim, valeu ai e até mais — Encerrei a ligação, colocando o celular na mesinha no centro da sala e voltando para cozinha. — Taehyung? — O chamei.
— Hum? — Saiu de perto do fogão, onde terminava de preparar nosso almoço.
— Pode ir comprar sorvete para nós? — Jungkook me olhou com os olhos grandes praticamente brilhando da forma mais linda possível, sorri. Taehyung concordou, tão animado quanto Jungkook.
— Qual seu sabor favorito, Jungkookie? — Sentou ao lado de Jungkook.
— Hum… — Ele fingiu pensar, me olhando pelos cantos dos olhos e sorrindo pequeno.
— Deixa ver se eu consigo adivinhar — Sentei do outro lado, fingindo pensar também. — Morango?
Com um sorrisinho nada disfarçado, Jungkook balançou a cabeça várias vezes, dizendo que sim, era seu sabor favorito. Já não me era mais segredo o fato de Jungkook amar tudo que envolve morango.
Acompanhei Taehyung até a porta, entregando o dinheiro para ele comprar o pote de sorvete.
— Jimin, ele fala sovete!— Choramingou baixinho — Como você aguenta uma coisa como essas? — Perguntou baixinho, disfarcei um sorriso.
— Vai logo comprar o sovete, Tae. — Bati em sua cabeça, sorrindo do que havia falando.
O fato é que eu faço um esforço enorme para aguentar e não morrer do coração toda vez que Jungkook abre a boca para falar.
Voltei para a cozinha e observei Jungkook com seu celular — coisa que não tinha notado quando ele entrou aqui — Sorri.
— O que você 'tá fazendo? — Me sentei ao seu lado, esperando ser respondido.
—P-play… — Ele tentou dizer, juntando as sobrancelhas e fazendo uma expressão engraçada — Playlist — Respondeu, sorrindo contente quando conseguiu. — Yoon hyung a-ajudou.
— É? — Soprei uma risada — E você 'tá fazendo playlist de que?
— Música. — Deu de ombros, contive a vontade de sorrir diante de sua resposta óbvia. — Favoritas. M-minhas favoritas.— Abriu um sorriso enorme, o deixei fazendo o que fazia antes e fui tirar nosso almoço do fogo.
Jungkook sorria para qualquer coisa que fazia em seu celular, o que me fazia sorrir também. Seu sorriso é tão contagiante quanto qualquer coisa que eu já tenha conhecido.
Pouco tempo depois Taehyung apareceu com o pote de sorvete, colocando no congelador da geladeira para comermos depois do almoço— Jungkook até tentou protestar porque queria comer agora, mas eu sabia que ele ainda não tinha comido nada e obviamente não deixei — E então Taehyung me puxou para um canto da cozinha enquanto Jungkook voltava a mexer em seu celular.
— O que foi? —Perguntei, ele estava meio estranho.
— Sabe se Seong-Hyeon mora aqui perto? — Sussurrou. O encarei confuso.
— Eu não sei nada sobre aquele cara. — Respondi sincero, Taehyung suspirou — O que aconteceu?
— O encontrei quando voltava pra cá, ele estava virando a esquina quando passou por mim — Mordeu o lábio inferior — Ele pareceu bem assustado quando me viu.
— Acha que ele pode estar nós vigiando? — Meio assustado, eu perguntei.
Não é possível que depois de tudo, esse cara ainda esteja me seguindo por aí! Eu preciso resolver isso.
— Não sei. — Olhou para o lado, o incentivei a continuar contando o que sabia — Talvez ele poderia estar de passagem, sabe?
— Não quero estragar meu dia pensando nisso.— Respirei fundo — Vamos comer.
Almoçamos em silêncio, Taehyung falava uma coisa ou outra de vez em quando, puxando assunto com Jungkook enquanto minha mente estava longe. Aquele cara esta em quase todos os lugares que eu vou, se ele acha que esta me intimidando fazendo esse joguinho idiota, tudo que conseguiu foi me deixa com ainda mais desconfiança e raiva de si.
— Olha — Taehyung disse para Jungkook, mostrando para ele a tela de seu celular— Ele não ficou a coisa mais linda de gatinho? — Perguntou, ajeitando-se no sofá.
Eu sabia exatamente do que ele estava falando, era um edição de imagem que ele mesmo havia feito de Yoongi, colocando orelhinhas e bigodes de gato no cabeção dele. Jungkook soltou uma risada alta e concordou, foi inevitável não sorrir.
— Yoon hyung p-pa... Parece um g-gatinho — Ele riu, cobrindo a boca com a mão.
— Não é? — Taehyung também sorriu — Olha essa — Mostrou outra foto — Tenho muitas fotos de Yoongi de gatinho.
— Eu tenho um gatinho! — Falei sem perceber, Jungkook levou um pequeno susto e me olhou com as sobrancelhas franzidas.
O que me deu?
— T-tem hyung? — Mudando sua expressão, ele perguntou curioso e animado.
—Nunca contou para Jungkook sobre Myung? — Taehyung se intrometeu.
— Você não iria trabalhar? — Tentei mudar de assunto, não funcionou.
—No sábado eu só trabalho depois das duas da tarde — Sorriu convencido, revirei os olhos — Você gosta de gatinhos, Jungkookie?
— M-muito! — Animado, ele respondeu, suspirei frustrado. — Gosto muito, muito.
— Qualquer dia Jimin trás Myung para você conhecer, não é, hyung? — Cobra sorrateira! Tudo que eu fiz foi concordar, Jungkook sorriu mais ainda.
Se for para ver ele sorrindo assim, eu trago um zoológico para ele ver.
E se ele gosta de gatinhos, conhecer Myung será um ponto extra na minha carteira de primeiro melhor amigo para Jungkook. E ele vai ficar muito feliz, então, só vantagens!
Depois de um tempo, Taehyung se despediu de nós com a promessa de voltar para cuidar das plantinhas de Jungkook com ele, aquela ideia deixou Jungkook bastante animado. Plantas com certeza era algo que os dois tinham em comum.
Passamos a tarde toda jogados no chão da sala lendo e fazendo coisas aleatórias. Jungkook era a pessoa mais animada que eu já havia conhecido até então, e hoje em especial, ele estava mais animado que o normal. Acho que a ideia de voltar a comer doces normalmente o deixou tão contente que o mau humor de ontem sumiu completamente.
Eu também o ensinei a mandar mensagens pelo celular, por conta de sua pouca dificuldade visual, demorou algum tempo até ele conseguir memorizar todas as letras de seu teclado. Mas, quando aprendeu, mandou praticamente o primeiro capítulo do "Pequeno Príncipe" completo para meu celular.
Tudo bem, exagero meu. Mas ele realmente virou um prodígio na área de digitação. Quando descobriu a função de áudio então? Puft, eu tinha o maior e melhor produtor de podcast na sala do meu trabalho e ele tinha uma das vozes mais doces e melodiosas que eu já tive o prazer de ouvir.
O "Hyung fadinha" ainda me constrangia um pouco, confesso.
Quando terminamos de fazer tudo, ele estava cansado o suficiente para continuar lendo e aprendendo novas coisas sobre tecnologia, já se passavam das oito da noite. E bem, Jung-hee ainda não havia chegado! O que me deixou muito, muito preocupado.
Mas em ligação ele disse que estava no hospital com Jonghyun, e disse que eu poderia passar a noite com Jungkook. Eu fico me perguntando como ele pode confiar tão rápido nas pessoas, e se eu fosse alguém ruim que estivesse fingindo ser um cara legal e acabasse fazendo coisas ruins com Jungkook? Mas, ainda bem que sou um cara legal, minha nossa.
— H-hyung… — Ele me chamou, coçando os olhos.
Jungkook parecia sonolento e cansado, fiz um sanduíche para ele comer — Sim, fiquei com preguiça de fazer janta, porque comemos tudo no almoço— E então, ele subiu para dormir, eu fiquei aqui embaixo. Estava caindo de sono por conta da noite mal dormida que tive ontem e também acabei tendo medo de dormir e acabar tendo outro pesadelo.
Mas, apesar de tudo, o sofá um tanto quanto confortável dos Jeons e o cobertor com cheirinho de amaciante bom que Jungkook me deu, me fez cair no sono mais rápido do que eu imaginava.
Dito e feito, acordei ofegante e suado por conta de mais um sonho ruim. Meu desespero só aumentou quando abri os olhos e me deparei com a escuridão da sala, porque era isso que me perturbava em meu sonho — Além das vozes que ecoavam em minha cabeça— O escuro.
Acendi a luz da sala e fui para cozinha tomar um copo d'água, minha garganta estava seca. Me assustei ainda quando virei na direção da porta e Jungkook estava ali, parado.
Puta que pariu, ele quer me matar?!
— Pelo amor de Deus, não aparece mais assim. — Coloquei o copo no balcão, levando a mão até meu coração e respirando fundo.
—Hy-yung? — Ele se aproximou, me olhando curioso — Está bem?
— O que? — Juntei as sobrancelhas, ele... — Eu… Eu fiz algum barulho?
Com um movimento de cabeça, ele concordou. Porcaria.
— Te acordei? — Disse que sim, suspirei. — Desculpa, eu só... Tive um sonho ruim.
— Sonho ruim? — Se aproximou, sentando ao meu lado.
— Um pesadelo. — Sorri meio entristecido, tomando o resto da água que estava no copo. Jungkook finalmente entendeu, fazendo uma expressão engraçada.
Acho que era preocupação.
— Seu avô já chegou? — Perguntei.
— Um-hum. — Ele balançou a cabeça, dizendo que sim.
Minha nossa. Que horas são?
— E o seu pai?
— Hum-Hum. — Negou.
Ficamos em silêncio, eu ao menos sabia que horas eram e eu tinha que ir embora, mas meu corpo estava cansado mesmo que eu tenham acabado de acordar! Olhei para Jungkook e sorri observando seu pijama engraçado e colorido, ele ficava incrivelmente bonito até com os cabelos bagunçados.
— Está sem sono? — Perguntei, quebrando o silêncio. Com um movimento de cabeça, ele concordou.
— Hyung, vem. — Do nada ele segurou em minha mão, me puxando para fora da cozinha, parando na porta dos fundos. Com certeza eu estou com a maior expressão de confusão possível.
Ele é tão...?
—O que foi? — Perguntei e ele apontou para fora, fiquei ainda mais confuso — Você quer sair? Agora?
— Papai... Mostra est-telas quando estou triste.— Ele explicou, agarrando a barra da camisa de seu pijama.
Ele quer me mostrar as estrelas? Meu Deus, Jungkook…
— Você pode pegar um resfriado se ficar exposto no sereno da noite, Jungkook— Tentei negar, mas eu estava imensamente feliz por ele se preocupar em como eu me sinto.
— Vamos, hyung.— Ele decidiu, cruzando os braços.
— E se seu pai chegar, o que eu vou dizer?
— Que... Es-estava vendo mamãe comigo. — Deu de ombros.
Um soco doeria menos que isso! Jungkook sabe como convencer alguém.
Peguei meu celular e saímos de sua casa, andando pela grama molhada e sentamos nas cadeiras que tinham debaixo da "tenda" no jardim dos fundos.
Jungkook acertou quando me trouxe para ver o céu estrelado. Estrelas lembram minha mãe, e minha mãe é uma das pessoas que realmente me acalmam.
—Hum..— Ele disse num murmúrio, os olhos focados nos pontinhos de luz sobre nossas cabeça, o encarei — O hyung... Gosta de eu?
Meu coração acelerou com aquela pergunta repentina, Jungkook era direto, eu sabia que sim. E também sabia que não era daquele gostar que ele estava falando, mas a ideia de que sim, poderia ser, fez minhas mãos soarem sem motivo.
— É claro que eu gosto, bobo — Estiquei minha mão, bagunçando seus cabelos e o fazendo rir baixinho — E... E v-você, gosta de mim?
— Gosta.— Respondeu, sorri contente.
Ele gosta de mim.
Encarei seu rosto banhado pela luz da lua, os olhos brilhantes, tão contente e calmo olhando para o céu enquanto eu o observava. Confesso que passaria horas olhando para seu rosto se isso fosse me acalmar como acalmou agora.
Meu celular vibrou em meu colo, denunciando uma nova mensagem. Sorri e arregalei os olhos quando eu vi que horas eram.
23:25. Não era nem meia noite ainda.
Que isso pesadelo? Eu mal fecho os olhos e essa porcaria aparece.
A notificação era uma mensagem de Jung-hee, meu coração acelerou. Ele não estava dormindo?!
Chefão 💵💵:
|Jimin-ah, não demore ai fora com o Goo, estou mandando mensagem porque não queria atrapalhar o momento de vocês. E pode dormir aqui em casa hoje, espero que fique bem e bons sonhos! 💤
Queria eu ter bons sonhos, senhor.
Me:
Obrigado! Agradeço por me oferecer o sofá para dormir, senhor, mas assim que Jungkook voltar para a cama eu irei para casa. Mas obrigado novamente! |
Bem, eu estava… impressionado com aquilo. Ele me ouviu quando tive o pesadelo? Espero, de verdade, que não.
— O-o que foi, hyung? — Virou o rosto para o lado, me encarando.
— Nadinha — Guardei o celular, forçando um sorriso para ele. Mas, quando voltei a olhar as estrelas, meu celular tocou novamente. Agora era uma ligação
Meu Deus! Cadê a paz?
—Tae? — Atendi sua ligação.
— Está marcado. — Disse serio. Marcado o que?
— Do que você tá falando?
— Sua sessão no terapeuta, idiota!— Respodeu, me deixando surpreso.
Eu havia me esquecido!
— Que? — Sussurrei — Como assim?
— Achou que eu 'tava brincando quando disse que marcaria uma sessão para você?
— Então…?
— Terça a tarde — Arregalei os olhos — E não é mais o senhor Kang.
— Como assim? Eu... Confio muito no Senhor Kang, ele acompanha meu…m-meu tratamento desde que eu tenho dezessete anos! — Talvez eu tenha alterado um pouco minha voz, respirei fundo, tentando me acalmar — Não sei se consigo falar tudo do começo de novo, Tae...
— Senhor Kang foi internado porque pegou uma doença que não me recordo o nome — Começou a explicar — O consultório 'ta sendo administrado pelo sobrinho dele, um tal de Kim Namjoon. Falei com ele, para de ser cabeça dura, ele parece ser um bom profissional.
— Certo. — Concordei, suspirando meio aliviado.
— Porque você ainda não chegou? Já está tarde e você não costuma chegar nesse horário! — Ele perguntou visivelmente preocupado, sorri e olhei para Jungkook. — Fiquei preocupado.
Jungkook já me olhava, mas desviou rapidamente os olhos dos meus quando o olhei. Sorri, ele ficava tão fofo quando fazia isso.
— Está tudo bem, Tae. — Sorri novamente, desviando meus olhos do rosto de Jungkook. — Estou vendo as estrelas com Jungkook, até mais tarde! — Encerrei a ligação, suspirando e relaxando na cadeira.
Kim Namjoon... Possivelmente, meu novo psicológo.
Voltei a olhar para Jungkook, ele olhava para as estrelas como um olhar tranquilo, calmo. Não demonstrava cansaço ou sono.
—Qual sua constelação favorita? — Toquei em seu ombro, Jungkook tombou a cabeça para o lado, denunciando sua confusão — Você não tem uma constelação favorita? — Ele negou. — Sabe o que são?
— M-mais ou menos… — Ele murmurou, mordendo o lábio inferior. — Explica, hyung?
— Explico sim. — Sorri, feliz por ele querer aprender um pouco mais sobre algo que eu sei, pelo menos um tiquinho.
Pelo pouco de astronomia que eu estudei, dava para explicar o básico das constelações e alguns dos nomes. Além de que não precisa ser astrônomo para saber o que é uma constelação.
— Tá vendo aquele monte de estrelas juntinhas? — Apontei para o alto, Jungkook olhou para onde eu havia indicado e concordou — É uma constelação. Constelações são um agrupamento de estrelas ligadas por linhas imaginárias, entende?
— Ima-Imaginárias?
— Sim, linhas que só existem na nossa cabeça. — Expliquei, tocando sua testa com o indicador. Jungkook sorriu. — Essas linhas imaginárias servem para ligar as estrelas de uma constelação. Elas ligadinhas servem para representar objetos, animais, criaturas mitológicas ou deuses! — Expliquei e respirei fundo, eu gostava de pesquisar sobre as estrelas quando era menor, ainda lembro de algumas coisinhas.
Talvez ele tenha entendido tudo o que eu disse, talvez não tenha nem me escutado falar. Isso porque eu tentei explicar a visão dos astrônomos antigamente, que acreditavam que as constelações formavam figuras de animais, pessoas e objetos, o que os incentivou a colocar o nome de cada constelação de acordo com o que elas pareciam. Hoje em dia, as constelações são usadas como indicadoras de direção e para o reconhecimento do céu em análises espaciais.
É uma das poucas coisas inteligentes que eu sei.
— Mamãe é uma c-coste... Constelação? — Franzi as sobrancelhas e soltei uma risada fraca, mas, logo parei ao notar que ele estava realmente confuso.
— Sua mãe é... Uma estrela, ela faz parte de uma das milhões de constelações que existem.— Apontei para o alto, Jungkook sorriu.
Falar sobre essa mulher me deixava intrigado, e Jungkook não parecia sentir aquele mesmo desconforto que sentiu quando a possibilidade de sua mãe ser sua professora particular, passou pela sua cabeça. Isso é… Curioso, e um pouco estranho.
— A m-mais brilhante. — Disse decidido, concordei.
Não era meu o direito de dizer no que ele tinha que acreditar, várias pessoas acreditam que estrelas realmente são os espíritos das pessoas que viviam aqui na terra. Eu particularmente não entendo sobre a morte, então não posso dizer para qual dimensão, céu, inferno ou se existe algo como reencarnação.
Acredito que reencarnação seja mais plausível, na minha cabeça. Eu mesmo gostaria de reencarnar para poder tentar viver uma vida melhor.
Apesar de tudo, é mais do que certo que estrelas são, na maioria das vezes, corpos celestes que tem luz própria e que podem se manter vivas por trilhões de anos.
— Sabia que existe uma constelação chamada de unicórnio? — Ao ouvir o nome do animal mitológico, Jungkook me olhou com os olhos arregalados e surpresos.
— Q-qual? Qual, hyung? — Perguntou animado, olhando para o alto e depois para mim.
— Monoceros ou Unicórnio, é uma constelação do equador celeste. Como tem poucas estrelas aqui hoje, não dá para ver — Sua animação diminuiu, o que me fez rir um pouquinho.
— Queria ver... — Disse baixinho, voltando a olhar para o céu.
De repente, a voz de Seon-hyeon voltou em minha cabeça, o que gerou uma... Angústia em meu peito. A voz dele misturada com a do meu pai, me deixaram ainda mais afetado.
Eu não queria pensar nisso, estragar o momento que estou vivendo com Jungkook. Mas minha mente funciona exatamente da forma que eu não quero.
"Insuficiente, um ninguém" As vozes ecoavam pela minha cabeça, e aquilo estava me deixando atormentado. Aquele idiota não deveria me afetar com algo tão banal assim!
Só queria dizer que isso não me afeta. Mas, infelizmente, afeta. E se eu não fosse o suficiente para entender de verdade Jungkook? Ajudar meus amigos, ajudar meus possíveis pacientes quando me formar… Droga, porque isso agora?
— Jungkook... — O chamei, ele me olhou com um sorriso pequeno moldando sua boca — Você acha que eu sou... Insuficiente? Acha que sou... Um… Um ninguém?
— Hum? — Juntou as sobrancelhas em confusão — Que... Q-que isso agora, hyung?
Onde que eu tava com a cabeça quando perguntei uma coisa que o garoto ao menos sabe o que é?
— N-não é nada! — Acabei as mãos, envergonhado por isso.
— Quem… Quem disse i-isso? — Ele perguntou novamente, parecendo chateado.
— Não… Não foi ninguém, não se preocupa, ok? — Passei a mais no cabelo, tentando controlar meu nervosismo— Foi… só uma pergunta sem graça.
— Hyung… — Ele me olhou parecendo preocupado, mordi meu lábio inferior arrependido por ter feito essa pergunta. — N-não diz isso. O que… O que aconteceu?
Ele estava preocupado? Deixei ele preocupado? Vou pular da sacada dessa livraria.
— Não... Não é uma coisa muito boa, sabe? Um sentimento ruim.
— Então o-o hyung não é — Como se lesse meus pensamentos, ele voltou a falar.— Jimin hyung é... Bom, não tem nad-dinha de ruim — Voltou a me olhar, meu coração estava mais acelerado que o normal, ouvir isso de sua boca me deixou... Melhor.
E ouvi-lo falar tanto, me deixa tão orgulhoso.
— Obrigado — Suspirei aliviado, olhando para o alto e observando o céu que nos iluminava agora.
— E-e... E o hyung é alguém sim — Voltou a falar, respondendo a segunda pergunta que eu havia feito. Ele parecia nervoso. — Para... Para Jungkookie sim.
Meu coração palpitou rápido no peito novamente, quase que me deixando sem fôlego. Ele… Minha nossa, que sensação é essa dentro de mim?!
— Eu... Sou alguém para você? — Virei meu rosto, encarando o seu.
— Aham — Respondeu, sorrindo pequeno. — O hyung, é alguém… Alguém m-muito especial, pelo menos p-para eu. — Seu sorriso aumentou, revelando seus dentinhos fofos e me deixando ainda mais perto de um infarto.
— Você falando isso, me deixa muito melhor. — Suspirei, relaxando na cadeira. — Obrigado.
— Não d-deixa gente boboca te magoar, J-Jimin hyung. — Continuou a dizer, sorri ainda mais.
Ele também sorriu, e por puro impulso, estendi minha mão em sua direção, pedindo pela sua. Ele olhou para minha mão estendida e, antes de agarrá-la, sorriu de um jeito tão bonito que me deixou desconcertado.
Eu, acidentalmente, olhei para sua boca. Eu juro, juro que senti que poderia morrer ali. Nunca havia notado que sua boca era tão... Bonita.
Tão linda, assim como tudo nele. Talvez, eu devesse parar de falar coisas que não se comprovaram ainda, porque bem, às vezes a gente paga com a língua.
E eu nunca poderia imaginar que, naquela época, eu não iria apenas olhar para a sua boca pequena e bonita.
🧚🏻♂️
Eita 👀
Eu ri um tantinho de vocês achando que o Nam era o professor do Jungkook, logo logo vocês saberam quem éKKKKKK
Possivelmente, no próximo capitulo.
Aos poucos vocês vão entender cada coisinha que aconteceu no passado dos personagens, vejo que muitas pessoas tem dúvidas sobre o que aconteceu com Jimin e agora, a mãe de Jungkook. Pouco a pouco as coisas seram explicadas, não abandonem minha filhinha por favor:(
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Beijinhos e até a próxima att💜✨
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