26 - Acontecimentos

Já havia se passado mais de um mês e ainda não tinha nada em mente de como acabaria com Christian sem ser morta, a não ser uma coisa, mas essa era uma das coisas mais difíceis e arriscadas para se fazer, então tinha que pensar bem no assunto.
Eu ainda visitava o casarão com muita frequência, mesmo sem ter que executar nenhuma missão, Christian me obrigava a ir nas malditas reuniões e a ajudar nos recebimentos que chegavam, isso se resumia a armas de todos tipos e muito dinheiro. Poucas vezes conseguir entrar em seu escritório sem que ninguém percebesse, mas mesmo procurando diversas vezes, ainda não encontrava nada que pudesse o comprometer e aquele homem que Lorenzo havia comentado na viagem a Washington, o que trabalhava na época em que Caio Wellkin era o chefe da facção, estava em outro país a negócios, ou seja, não havia conseguido nada, mas pelo menos eu havia aprendido como funcionava sua rotina, seus horários, sua movimentação, tive uma base de como o casarão funcionava.

Lorenzo era umas das pessoas mais presentes no casarão e eu havia percebido que talvez não fosse respeito ou admiração que ele tinha por Christian, mas sim como se estivesse uma obrigação a cumprir, teve um dia em que escutei ele conversando com Christian porque não queria mandar um carregamento e isso gerou uma grande discursão.

Dias antes...

— Quero que você mande o carregamento para Savannah, Lorenzo! — disse Christian sentado um sua mesa olhando para o computador.

— Outra pessoa não pode mandar? — pergunta Lorenzo em pé em sua frente.

— Eu quero que você mande — ele disse agora encarando Lorenzo com a voz neutra. — Se eu quisesse que outra pessoa mandasse, não teria pedido para você!

— Isso é muito sério, Christian! — disse ele apoiando em sua mesa.

— Eu confio em você!

— Christian, isso é muito arriscado! — Lorenzo insistia.

— Escuta o que vou te dizer — Christian ergueu seu corpo para frente. — Você vai para o salão agora, e vai se encarregar de enviar aquele carregamento para Savannah, me entendeu?

— E se eu me negar a fazer isso? — disse Lorenzo o encarando fixamente.

Ao terminar de dizer aquilo, Christian se levanta de sua cadeira, e apoia suas mãos na mesa, ficando cara a cara com Lorenzo.

— Tem certeza de que vai fazer isso? — Christian disse irônico. — Não quero que aconteça nada com você, Lorenzo! — ele debocha.

— Para ser sincero, Christian — Lorenzo deixa sua voz mais firme. — Eu não ligo! — cospe as palavras.

Christian o olhar intrigado, mas isso não dura muito.

— Eu realmente não queria ter que ir a Virgínia, mas se não tiver outro jeito, eu faço um esforço! — consigo ver o sarcasmo de Christian.

— Você disse que colocaria eles fora disso! — Lorenzo aponta para Christian indignado.

Eu me perguntava do que Christian estava falando e quem seria “eles”? Fiquei intrigada com o comentário de Lorenzo, sem entender porque havia ficado tão incomodada por não saber de quem ele estava falando

— E você que se comportaria, o que está acontecendo, Lorenzo, se quer que tudo fique bem, sabe o que tem que fazer! — Christian altera a voz.

Lorenzo não responde de imediato, ele fica parado um bom tempo, até que se afasta de Christian.

— E então Lorenzo, Savannah ou Virgínia? — disse ele sorridente.

— Deixa comigo! — Lorenzo abaixa a cabeça desistido.

— Muito bom! — Christian disse vitorioso.

Só vejo Lorenzo se virando e vindo em direção a porta revoltado com o que tinha acontecido.
Eu apenas saio de perto da porta e vou correndo para o salão, depois de alguns segundos vejo ele passar rápido, sem que sequer pudesse perceber minha presença.

Confesso que aquela conversa tinha me deixado curiosa, Christian tinha algo contra Lorenzo, esse era o único motivo pelo qual fez com que ele mudasse tão rápido de opinião, fiquei vários dias pensando quem seriam os motivos pelo qual mexia tanto com Lorenzo, cheguei até em pensar que talvez poderia ser uma mulher, mas eu quiz acreditar que não pudesse ser isso.
Depois que Lorenzo me deixou em casa naquele dia, nos víamos apenas no casarão, e não havia acontecido nada demais desde então, mas de alguma forma nos aproximamos bastante, começamos a conversa mais e isso fez com que eu conhecesse mais ele, só que Valentina deixava tudo mais difícil, ela não desgrudava mais de Lorenzo e estava deixando claro seu interresse por ele, para falar a verdade não sei se Lorenzo ainda não percebeu ou se apenas fingi não perceber, mas ela parece estar bem disposta a conquistá-lo, o que eu acho difícil.
Tinha vezes em que estávamos sozinhos sem ninguém por perto e um clima diferente se formava, eu não sabia explicar, então esses poucos momentos faziam com que eu o desejasse ainda mais, ver ele perto de mim e não acontecer absolutamente nada, era frustrante, por mais que eu soubesse que tinha que continuar assim.

Eu tinha que me lembrar sempre o principal motivo de eu estar aqui e Charlie não me deixa esquecer isso, voltamos a nos falar desde aquele dia, e até hoje ele não deixou claro de como sabia tudo o que estava acontecendo, tentei de todas as formas descobrir através dele, mas ele se nega me dizer, isso me incomoda e me preocupa.
Não me atrevi a dizer nada sobre Lorenzo, não sei como ele agiria, mas provavelmente me reprenderia por saber que ele faz parte da facção e tanto ele quanto eu sabíamos que era perigoso, ainda mais com a fascinação que Christian acabou criando por mim, não sei o que ele faria se soubesse que eu e Lorenzo já nos beijamos e espero que nunca saiba, porque eu não quero descobrir.

A poucos dias eu estava vendo um jornal local e falaram sobre o chamado “Roubo do caminhão”, o que me deixou apreensiva, mas depois ficou claro que a polícia até hoje não descobriu nada que pudesse me comprometer e o homem, a única vítima e testemunha que sabia tudo o que tinha acontecido, ainda estava em coma e a família mesmo sabendo que tinha um pouco mais de um mês que ele havia sofrido o acidente, já estava desanimada e o médico declarou em entrevista que as chances dele acorda eram mínimas, até sugeriu a família que desligassem os aparelhos e ele estaria esperando a resposta deles.
Foi ai então que eu me senti culpada, eu tinha acabado com a felicidade de uma família e eu mais do que ninguém sabia como era essa dor, mas além da culpa que eu sentia, eu também sentia remorso, porque me lembrei de Liam, não sabia onde ele estava e nem tinha nenhuma notícia sua, mas eu sabia que quando tudo isso acabasse, ele saberia quem eu era, disso eu não tinha dúvida e talvez nunca me perdoasse e pensar nisso me machucava, não conseguia imaginar o desprezo que ele teria por mim. E mesmo não correspondendo seus sentimentos por mim, eu de certa forma me preocupava com ele, seu jeito convencido e atrevimento me conquistou, mesmo não querendo me envolver, eu me envolvi, de outra forma, mas sem querer me envolvi.

Eu parei para pensar, será que é justo eu acabar com vidas, sentimentos, por isso?

Então mesmo todos esses anos tentando esquecer aquele dia, eu ainda não conseguia, me veio em mente meus pais e como tantas outras vezes, imaginei como teria sido minha vida se eles tivessem vivido, teria sido tudo diferente e eu me perguntava, porque eu não podia ser feliz, porque eu fui privada do amor, eu me perguntava, e de acordo com as perguntas, uma lágrima escorria do meu rosto. E só o que pensava era em vingança, apenas isso...

Pois a vingança sempre foi meu objetivo, mas não sabia como continuar, só sabia de uma coisa, que Christian Wellkin tinha que pagar pelo que ele fez, ele e quem tivesse envolvido.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top