Epílogo

Kiera Evans

O aroma do café preenche o ambiente juntamente com o do bolo saído do forno e dos ovos mexidos no fogo e das torradas. Exatamente o aroma que eu amo sentir todas as manhãs.

— Mas que absurdo! – David exclamou indignado ao meu lado tirando-me da pequena bolha que eu me enfiei. Encarei-o e deixei o bolo sobre a bancada.

— Exatamente! – concordei puxando o jornal de sua mão. — Ele mal chegou e já está querendo sentar na janelinha.

— Me rabaixaram a simples 9.5 por conta desse cara, eu não posso acreditar! – ele continuou indignado.

— E eu que consegui 9.7? Esse cara deveria ser banido de Atlanta! – exclamo irritada.

Bem, aqui estamos eu e David tendo a nossa famosa e costumeira discussão sobre a posição de nossos restaurantes. Passamos os últimos sete anos brigando e disputando por conta do hanking de melhores restaurantes de Atlanta.

O German Royalty permaneceu sendo um sucesso, foi parar até em jornais de culinária mundiais e é claro, encheu mais um pouco a parede de David de prêmios.

Eu nem preciso dizer que a estréia do Mari Kandy foi um sucesso né? Exatamente como Policatro imaginou, nossa parceria deu muito certo. Tem agradado os clientes, e logo na primeira semana ultrapassou o veterano German Royalty e vem sendo assim nos últimos anos.

Entretanto, dessa vez a discussão é outra. Trata-se do nosso inimigo em comum, o  Soleil de la Route. Um restaurante francês que estreiou a duas semanas e vem nos dando uma tremenda dor de cabeça ao roubar parte da nossa clientela e dominar o primeiro lugar hanking.

— Deveríamos fazer algo sobre isso. Ele não pode simplesmente chegar assim e roubar nosso lugar! – eu disse deixando o jornal sobre a bancada e encarando meu marido a minha frente.

'Marido'. Uma palavra que por certo tempo eu demorei a me acostumar mas que agora eu utilizo com gosto. Me casar com esse homem foi uma das melhores escolhas que já fiz nessa vida.

— O que faríamos? Infiltrariamos um dos nossos no restaurante e colocasse ratos lá depois de chamar a defesa cívil? – sugeriu com certo sarcasmo. Mas então encaro-o considerando a ideia. — Nem pensar! Eu não estava falando sério.

— Isso não é uma má ideia.

— Não, é uma péssima ideia. – ele diz afastando-se de mim e indo até os ovos mexidos na frigideira.

— Nem tanto assim. Podemos usar o novato que já foi ator, Bradley. Ele seria perfeito!

— Nem sonhe, Kiera. Não podemos fazer isso. – faço uma careta.

O tempo passa, as pessoas envelhecem e mudam. Menos David Cooper e sua alma politicamente correta.

Hello!! O que uma garotinha de 7 anos precisa fazer para ser alimentada nessa casa? – a voz infantil impaciente soa do outro lado da bancada. É então que nós levamos o olhar em sua direção.

Esther Caroline Evans Cooper, nossa garotinha de 7 anos. Adotamos Esther a três anos atrás em uma das nossas idas ao orfanato. Sim, aquele mesmo pelo qual David e eu nos conhecemos. Temos muito carinho por aquele lugar e viemos ajudando já faz um tempo.

Esther é uma garotinha inteligente, e que todos dizem ser minha cópia por conta da agitação, da falação, do modo como sempre se mete em alguma confusão e é claro, pelo sorriso mais lindo do mundo.

— Desculpe, querida. Perdemos a noção do tempo. – digo com carinho antes de colocar o copo de suco de laranja a sua frente e David o prato com torradas e ovos mexidos conforme ela tanto ama.

— Torradas com geléia de morango alemão e ovos mexidos conforme minha filha linda de sete anos tanto ama. – ele diz carinhoso recebendo um sorriso com dois dentes faltando nas laterais.

— Obrigada mamãe e papai. Por essa eu vou deixar passar, mas não ousem deixar essa linda menina passar fome novamente. – avisou antes de piscar para nós e começar a comer. David e eu sorrimos.

— Não se preocupe, não irá se repetir. Agora coma. – pisquei de volta para ela. — Voltando ao assunto dos ratos, – encarei meu marido que me deu aquele famoso olhar de impaciência.

— Achei que esse assunto já estava encerrado. – disse ele abrindo a geladeira enquanto encho mais dois copos com suco.

— Pois não estava. Olhe David, não precisa ser vários ratos. Talvez um já faça um estrago danado com aquele francezinho metido.

— Você nunca o viu na vida para acha-lo metido. – dou de ombros.

— Sei que é um francezinho metido.

Vocês dois estão tão por fora! – a voz feminina e cheia de hormônios da pré adolescente soa do corredor do apartamento e a primogênita de nós entra na sala com o celular em mãos. — Não é nenhum francezinho metido, mãe. É um casal, Eloise Durand e Manuel Durand. Os dois administram o restaurante, é o segundo deles nos Estados Unidos. Um fica em Manhattan.

Essa é Manuela Stephany Evans Cooper. Nossa pré-adolescente que em um mês completa 13 aninhos. Adotamos ela logo após nos casarmos. Foi na primeira vez que visitei o orfanato após vários anos. Na época ela tinha 5 aninhos, uma garotinha tímida de lindos olhos grandes. Foi amor a primeira vista.

Diferente de Esther, Manu em certos momentos se parece muito com David, com aquele ar discreto, politicamente correto, sempre me repreende com o olhar quando eu falo alguma besteira e é dona de uma inteligência invejável.

— Como soube disso tudo? – David perguntou enquanto ela se sentava ao lado da irmã.

— Internet. – balançou o celular diante dos nossos olhos. — Eles têm um site, e tenho que dizer que é muito interessante. Me deu até vontade de comer lá algu– se interrompeu. — Quer dizer, é muito chato. Completamente horrível, horendo. Jamais pisaria meus pés lá! Papai cadê meus ovos? – mudou de assunto abrindo um sorriso nervoso.

Sim, ela acabou de mentir por nós dois. E é uma péssima mentirosa, infelizmente puxou o pai nesse quesito.

— Você não come nada de origem animal, meu amor. – David diz colocando as torradas e o suco na frente dela e pincelando a ponta do nariz dela com o dedo.

Manuela a alguns meses atrás decidiu que será vegana. Com certeza foi difícil no início, mas é claro que não foi impossível fazer algumas mudanças.

— Uh, é mesmo? Eu nem lembrei. – Manuela pegou o prato ainda com o sorriso nervoso. E então viu meu olhar sobre ela e bufou desarmando o sorriso. — Tá mãe, eu sei. Sou uma péssima mentirosa. – suspirou antes de tomar um gole do suco. — Eu só achei interessante o site e a história deles dois. Sabiam que a mãe de Eloise era contra ela seguir a vida na gastronimia? Ela tinha um casamento arranjado com um primo distante. Então conheceu Manuel e os dois fugiram juntos para seguirem seus sonhos. Então os dois abriram o restaurante e começaram a ficar famosos. Não é uma história incrível? – nos encarou sorrindo animada.

Eu queria dizer que não era, que não era nadinha emocionante mas era sim. Droga de casal francês metido!

— Sim, é incrível. – concordo contra minha vontade.

— Mas nada supera a linda história de amor da mamãe e do papai! – Esther diz sorrindo para nós dois. — Mamãe e papai passaram anos separados e então se reencontraram e viveram felizes para sempre com uma linda filha de sete anos. – continuou sorrindo enquanto a irmã mais velha revira os olhos.

Não disse que ela é igualzinha a mim? Até a sesatez veio de mim.

— Não estou dizendo que a história deles é melhor que a da mamãe e do papai. – Manu se defendeu. — Estou dizendo apenas que é uma história incrível. – deu de ombros.

— É realmente uma boa história. – concordou David. — E não se preocupe, ainda que me doa bem no fundo do meu coração dizer... – ele fez uma careta dramática. — Se você sentir vontade de ir comer lá algum dia, você pode.

Os olhos de Manuela brilharam de uma maneira que quase me deixou ofendida, mas o brilho é tão lindo que deixo de lado.

— É sério? – ela perguntou.

— Claro, não tem nada de errado você comer em outros restaurantes. – ele disse a fazendo sorrir. — Não é mesmo, Kiera? – ele diz me dando um olhar que eu bem conheço.

— Sim, pode. Podem comer em qualquer lugar que quiserem. – ela abre um sorriso tão grande que me faz sorrir também. — Mas se disser que a comida de lá é melhor que a nossa eu vou te deserdar.

— Pode deixar. – sorriu. — Nenhuma comida é melhor do que a de vocês.

— Não é mesmo. – Esther diz sorrindo. — Mamãe e papai são os melhores! – sorrimos para ela e trocamos um olhar desconfiado.

Esther o que tem sensata, tem de interesseira.

— Ei, calma ai! – David diz do nada. — Estão ouvindo? – ficamos todas em silêncio e não soou nenhum barulho além do silêncio. Negamos as três sem entender. — Exatamente, está tudo muito silencioso.

É então que eu compreendo. Estamos a vinte minutos nessa lenga-lenga e nem um único barulho, nada quebrando, nada caindo, nenhum grito ou algo do tipo.

Meu Deus, esquecemos do caçula!

Olhamos ao nosso redor antes de ir até a sala e não encontrar nada.

— Ele já não passou da fase de se esconder? – Manuela pergunta baixinho.

— Eu não sei, vocês duas nunca chegaram nessa fase. – David respondeu. — Vamos nos dividir, as duas procuram na dispensa e nós dois nos quartos. – ele disse baixo e nós três afirmamos.

Em passos lentos David e eu seguimos em direção ao corredor tentando fazer o mínimo de barulho possível. Passamos por todos os quartos e até o banheiro, nem um sinal. Então nossa última esperança é o nosso quarto. Quando entramos, não encontramos nada diretamente, até que eu encontro as pontinhas vermelhas das meias do homem de ferro.

Olho para David e aponto para debaixo da cama.

— Uau, David! Finalmente temos a casa só para nós dois! – digo propositalmente.

— Finalmente, todas as crianças já sairam. – ele entra no jogo.

— Acho que agora podemos deitar na cama e nos beijarmos. Sabe do que estou falando?

— Claro, daqueles beijos bem melosos que o nosso filho odeia.

— Esse mesmo! Vamos poder nos beijar por várias horas, sem interrupções. – pulo sobre a cama. — Vamos nos beijar agora mesmo, venha.

— Claro! Afinal estamos s-o-z-i-n-h-o-s. – ele frisou pulando na cama também enquanto tenta segurar o riso tanto quanto eu. — Vamos, deixar eu colar minha boca na sua.

— Claro, querido. – digo me inclinando na direção dele.

— AAAAAAAAAAAA NÃO! NÃO! EU TÔ AQUI, TÔ AQUI! – um grito infantil preencheu o silêncio do quarto. — EU TÔ AQUI MAMÃE E PAPAI! – e então ele escorrega para fora da cama e nos encara. — Não se beijem!

David e eu nos entreolhamos e caímos no riso por alguns segundos até as lágrimas invadirem meus olhos.

Bem pessoal, esse é Henry Arthur Evans Cooper. Nosso caçula de 4 aninhos, o único biológico até então. Uma criatura geneosa, que parece ter herdado o pior de mim e David em um corpo de meio metro.

— Vocês me enganaram! – ele apontou.

— Não enganamos não, estávamos prestes a nos beijar. Quer ver? – provoquei.

— Não!! – tampou os olhos enquanto eu ri mais um pouco.

Não que eu e meu amado marido fiquemos nos agarrando pela casa para as crianças verem. Mas Henry está naquela fase em que acha beijos nojentos, todas garotas chatas e que nunca na vida irá namorar. Então provoca-lo com isso, virou quase meu parque de diversão.

— O que é que você ainda está fazendo sem roupa? – David pergunta e é então que eu noto que ele está vestindo apenas a cuequinha do homem-aranha.

— Hoje não tem escola papai, esqueceu? – perguntou com um sorrisinho idêntico ao do pai. David e eu nos encaramos.

— Eu realmente esqueci. – confessei.

— Eu também. – ele diz rindo. — Posso leva-lo para minha mãe.

— Acho que dá para leva-lo hoje, o restaurante vai estar com pouco movimento de qualquer jeito mesmo. – suspiro e encaro a figura de meio metro na nossa frente. Os cachos negros como os meus caem na testa, ainda não tivemos coragem de corta-lo e acho que nem vamos ter.

— Henry, quer ir para o restaurante da mamãe ou ir para a casa da vovó Rose? – David pergunta. Henry faz uma cara de pensativo que me faz sorrir.

— Casa da vovó! – gritou animado.

— Certo, mas antes tem que vestir uma roupa. – aviso.

— Tá bom mamãe. – sorriu antes de sair correndo.

— De quem ele puxou essa mania de ficar andando pelado pela casa, hein? – perguntei.

— Puxa, eu nem posso imaginar. – debochou David me fazendo empurra-lo com o ombro. — Pode deixar que eu cuido do super peladão. – me deu um selinho antes de se colocar de pé. Mas antes de sair do quarto me olha. — Notou que Esther está dez vezes mais amorosa com nós dois que o normal? – suspiro e me deito de costas na cama.

— E que frisa a cada três segundos que tem 7 anos?  Sim. Amanhã é o dia de visitar o orfanato, ela provavelmente irá agarrar alguma criança pelo braço e chamar de irmã para depois tentar enfia-la dentro do carro e trazer para casa.

— E nós iremos deixar dessa vez? – cruzou os braços sobre o peito enquanto arqueia a maldita sobrancelha esquerda que já tentei raspar.

— Eu não sei. Estamos prontos para um quarteto fantástico? – o encaro.

— Estou pronto para o que você decidir. Embora eu ache que aos 40 anos estarei com todos os fios do meu cabelo brancos. – passou as mãos pelos cabelos me fazendo rir.

A alguns meses atrás ele descobriu dois fios brancos de cabelo e quase teve uma síncope. Eu é claro, ri muito. Mas essa é uma das dádivas de ter que lidar com 3 filhos e administrar um restaurante de renome ao mesmo tempo.

— Devo dizer que você ficará muito gostoso, talvez um grisalho combine mais ainda. – mordi meu lábio inferior.

David Cooper é como um vinho, quanto mais velho, mais gostoso fica.

— Você sabe como inflar o meu ego. – sorriu, mas antes que eu respondesse um grito agudo soou e uma gargalhada infantil logo em seguida.

— MÃE O HENRY DERRUBOU UM POTE DE GLITTER NA ESTHER! – o berro de Manuela chegou até nós.

— Talvez três seja demais. – resmungo antes dele sair do quarto as pressas.

Quando David e eu resolvemos dar inicio a nossa família, nunca falamos de um número exato. As crianças desde o início simplesmente aconteceram. Batemos os olhos em Manuela e em Esther e no momento soubemos que as queríamos. Com Henry não foi diferente, embora só descobrimos sobre ele quando eu já estava quase no 4° mês de gestação. Simplesmente acontece.

A  um ano Esther nos confrontou sobre querer mais um irmão e eu disse algo como: "Quem sabe quando você ficar velha o suficiente para lidar com outro." E bem, agora ela tem sete anos e se acha velha o suficiente para lidar com outro irmão. Sempre que visitamos o orfanato ela faz uma super propaganda das crianças e quer que eu adote todas elas.

Pelo menos eu sei que minha filha tem jeito para markenting.

Depois de arrumar a bagunça, dar uma bronca em Henry por jogar glitter na cabeça da irmã, outra bronca em Manuela que chamou a Esther de vômito de unicórnio e convencer Esther a ir para a escola cheia de brilho com um papo de que ela era a estrela mais linda e brilhante do mundo, deixei que David os levassem e entrei no meu carro e segui para o Mari Kandy.

David é um bom pai, nunca duvidei que seria. Mas quando o vejo desenvolvendo seu papel, meu coração se aquece de uma maneira que eu fico até sem ar. Ele é perfeito em tantos níveis que as vezes desconfio estar em um sonho. Ele é carinhoso, atencioso e não pensa duas vezes antes de ceder aos desejos de todos os três.

É sempre eu quem tenho que bancar a chata, pois ele pouquissímas vezes consegue ser duro com eles. Mas a fantasia de mãe chata não dura muito, todo mundo sabe que meu nível de maturidade é baixo e eu sou mais molenga que manteiga derretida. Basta Henry fazer o beicinho e eu já me desarmo toda.

Ser mãe é um negócio surreal. Passei muitos anos da minha vida me perguntando se o amor que minha mãe tinha por mim era diferente do dela por Austin. Se é capaz uma mãe amar um filho adotivo como o biológico e bem... é uma pergunta tão estúpida. Filho é filho, eu amo minha garotas na mesma intensidade que meu garotinho. Não existe amar menos ou mais, são meus filhos e os amo na mesma medida.

Abro um sorriso enquanto dirijo pelas ruas movimentadas de Atlanta. O restaurante não fica tão longe de casa.

Estaciono no estacionamento, e encaro a faixada cor de rosa e sorrio antes de entrar pelos fundos. Cumprimento alguns funcionários e entro no meu escritório. Uma sala pequena e confortável onde passo parte do meu dia lidando com algumas pendências do restaurante. Fiz o que pude para deixar esse espaço bem a minha cara, inclusive comprar duas poltronas incríveis iguais a que David tem no dele.

Deixo de lado a minha bolsa, encaro os retratos das crianças sobre a mesa junto de uma fotografia minha e de David no nosso casamento. Solto um suspiro antes de vestir meu dolmã preto e descer.

Dou pequenas orientações aos funcionários, todos muito talentosos e esforçados. Uma equipe pelo qual tenho um carinho imenso. Ajudo um pouco com alguns pratos e depois caminho até o interior do restaurante e fito alguns troféus que recebi ao longo dos anos, alguns certicados. Não tantos quanto David obviamente, mas uma certa quantidade que me da muito orgulho.

Observo ao redor, algumas mesas ocupadas, o ambiente tranquilo e aconchegante como eu sempre imaginei. Exatamente como eu imaginei quando entrei na faculdade, exatamente como imaginei quando segurei aquele canudo na formatura, exatamente como imaginei quando entrei naquele metrô prestes a fazer o estágio dos sonhos.

Bem, parece que enfim eu consegui.

Observo ao redor mais uma vez com um sorriso. Tenho minha própria família agitada e feliz, um homem que me ama como sou, filhos lindos, e um restaurante dos sonhos. Tudo exatamente como imaginei a muitos anos.

Ouço o barulho da porta da entrada, de onde estou tenho uma boa visão de lá. Um homem se aproxima a sorrisos até a recepcionista. Cerro meus olhos sobre o homem, ele me parece alguém que conheço mas não recordo.

Ele sorri para Alie, a recepcionista descaradamente. Quase reviro os olhos, desse tipinho sempre aparece por aqui. Mas de onde eu...

Puta merda!

Arregalo os olhos de imediato. Como não percebi antes?

É o cara da catota! O cara que passou a mão na minha bunda naquele metrô e que me fez acusar David erronamente de assédio.

Quase rio da coincidência. O mundo é realmente uma caixinha de surpresas.

Deveria agradece-lo por passar a mão na minha bunda e consequentemente me fazer acusar o cara que amo e me casar com ele, chutar a bunda dele para fora do meu restaurante, usar uma vassoura para bater nele ou... ele está tocando o braço da minha recepcionista?

— Me dá isso aqui! – pego o esfregão das mãos de Jesy, uma das minhas funcionárias que ajuda na limpeza e ela me olha assustada. — Eu vou matar um rato! – caminho em passos largos até o animal em questão. — Parece que nos encontramos novamente, cara da catota. – ele me fita. Franze o cenho.

— Desculpe, nos conhecemos? – jogou o cabelo para trás tentando parecer charmoso.

— Sete anos atrás, no metrô. O senhor passou a mão na minha bunda e eu culpei o meu marido que na época era meu chefe. – ele me olhou ainda franzindo o cenho sem entender. — Fiz um escândalo no vagão. Não se lembra? Ainda te pedi para chamar a polícia. – e então ele parece se recordar. A cor some do seu rosto.

— E-Eu não sei d-do que está falando. – gaguejou se afastando.

— Pois vai ser um prazer refrescar sua memória! – lhe abro um sorriso. Ele arregala os olhos e sai correndo. — Ah mas dessa vez você não vai fugir, VOLTA AQUI! – berrei antes de correr atrás dele. 

Bem... Maria Kiera Portilho Evans Cooper, é dona do 2° melhor restaurante de Atlanta. Uma jovem que começou com habilidades duvidosas, hoje é uma das melhores Chefs da cidade. Tem a família que sempre sonhou, um marido que a ama, pais incríveis e amigos incríveis. E dona de um gênio terrível. Oremos pelo pobre — nem tão pobre assim — cara da catota.

Parabéns Kiera, você conseguiu!

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