Capítulo 6

Já dizia Ludmilla: CHEGUEEEEEEI!

Mais um capítulo só para vocês!

Aproveita esse basiquinho de domingo.

***

A quarta feira estava tão agitada, mas nada me tirou a felicidade de finalmente estar cozinhando. O pessoal da ala doce eram simplesmente gentis e cooperativos, os pratos não eram tão difíceis quanto eu imaginava. Estava tudo tão perfeito!

Depois da conversa rápida que tive com David no dia anterior, eu percebi que eu deveria ser mais profissional e esquecer os problemas que tinhamos e focar no que era necessário. Mesmo que eu ainda o achasse idiota, eu era fã do trabalho dele e foi exatamente por isso que vim correndo para o restaurante dele para estagiar.

O dia foi um pouco cansativo, paralelei entrei as duas áreas e foi incrível!

Quando era por volta das oito, ainda estavamos trabalhando. Foi então que notei Selena que estava distraída observando algo pela fresta da porta.

— O que está vendo ai? – perguntei baixo fazendo-a se sobressaltar.

— Quer me matar do coração? – perguntou baixo.

— Foi mal. – digo no mesmo tom de voz que ela. — O que há lá fora que está te deixando tão curiosa?

— Dave fechou o restaurante para servir aquele pessoal. – apontou para uma mesa cheia de pessoas.

— Ele nunca faz isso?

— Não de última hora. – ela diz. — Sra. Morgan teve que desmarcar todas as reservas de hoje a noite. – arregalei meus olhos.

— Jura? – ela afirma.

— O vi cumprimentar a garota de cabelos castanhos. – apontou para uma moça bonita de vestido branco. — Ela deve ser bem importante para faze-lo desmarcar tudo de última hora.

— Será que é namorada? – pergunto encarando a mulher. Ela era realmente bonita, mas não parecia tão animada em estar ali.

— Ele não namora. – ela diz. — Pelo menos nunca apresentou ninguém desde que estou aqui. – deu de ombros.

— Eles fariam um casal e tanto. – digo projetando imagens daqueles dois em momentos românticos na minha cabeça.

A mulher era bonita, David era bonito. Seriam simplesmente um super casal.

Na verdade, ela é minha irmã. – a voz do meu amado chefe soou nos pegando de surpresa.

— D-D-Desculpe. – Selena pediu gaguejando. — Eu só estava curiosa.

— Tudo bem, normal. Só podiam ter me perguntado, eu teria respondido. – ele diz agora me encarando. — Me admira a Srta. Quase implorar para cozinhar e quando a deixo fazer isso, você resolve fofocar pelos cantos.

— Não estou fofocando, estou me informando. – argumento. — Eu já fiz a minha parte.

— Eu também. – Selena diz.

— Tudo bem, então vão lá para frente ajudar a Sr. Morgan a organizar algumas coisas. – ele diz e nós afirmamos saíndo da cozinha.

Ajudamos Sra. Morgan com alguns clientes que ainda ligavam para falar sobre as reservas, enquanto Selena falava no telefone eu fazia algumas anotações.

— Estou surpreso com você, Isabel. – escuto um dos homens de terno e gravata dizer na mesa. — Não sabia que conhecia o chef desse restaurante.

— Ah, sim. Somos... conhecidos. – a irmã do meu chefe respondeu.

Tudo bem, ela não queria dizer que era irmã dele para não comprometer. Conheço bem isso.

— Conhecidos? Só isso? – uma mulher ruiva de voz enjoada disse em tom conhecido por mim como de provocação.

— Não, ele não é meu namorado. Se fosse não seria da sua conta. – Isabel respondeu ríspida.

Mas gente... na lata?

— Que falta de educação, Isabel! – o homem de antes a repreendeu. — Sua colega de trabalho apenas lhe fez uma pergunta.

— Desculpe. – pediu abaixando a cabeça. — Eu só não gostei da insinuação. – ela diz agora tomando um gole de vinho.

— Não sei se você está pronta para esse mercado. – o homem diz a fazendo arregalar os olhos. — É sempre tão rude. Sempre que um de seus colegas de elogiam você os trata assim.

— Não são simples elogios. – Isabel argumentou. — Muitas vezes me deixaram desconfortável, eu apenas falei para que parassem.

— É disso que estou falando. – o homem tornou a dizer. — Você faz parte dessa nova moda que  leva todo elogio como ofensa só porque são homens. Já parou para pensar no quão preconceituoso isso é hoje? – disse fazendo minha boca abrir em indignação.

Ele não disse isso, disse?

— Sem falar no senso de moda, olhe esse vestido. – continuou apontando para o vestido branco lindo de morrer que ela vestia. — Tudo tão coberto, tão... brega? Tem certeza de que quer trabalhar com moda? – seu tom agora é de deboche.

Isabel ficou sem jeito, a ruiva cobriu o lábio tentando evitar alguma risada e os demais apenas desviaram o olhar.

Vejo Isabel engolir a seco antes de responder.

— Eu tenho certeza sim, de que eu quero trabalhar com moda. – ela diz com a voz cortante. —
Acredito que a roupa que eu visto está exatamente na lista das melhores e mais usadas atualmente.

— No seu planeta, talvez. – a ruiva disse alto o suficiente para que todos ouvissem.

— Mabel, eu não estou pedindo a sua opinião. – Isabel diz.

— Mas eu faço questão da opinião dela. – o homem diz. — Me desculpe, Srta. Andersen mas você não tem nenhuma chance de ir para Paris. – o sangue no rosto da mulher some de seu rosto.

— O-O que?

— Estou dizendo que, você não tem capacidade para esta área. Tudo o que tem feito desde que a competição iniciou foi de modo errado e desleixado. Por isso, quem vai para Paris é Mabel. – a ruiva sorri abertamente animada.

Isabel está sem reação. Ela demora um pouco para assimilar o que estava acontecendo, até que ela ri amarga.

— Eu fiz exatamente tudo, da maneira mais perfeita que eu pude. – Isabel começou. — Contatei pessoas difíceis do mundo da moda simplesmente para salvar várias de suas campanhas, limpei o chão que você pisava, tudo isso para ser trocada por um boquete. – a mesa ficou em choque e o sangue do rosto da ruiva sumiu. — Este tempo todo eu... eu fiz coisas impossíveis, fiquei sem comer e dormir de trabalhar para você dar um chance tão única como essa para esta ruiva de quinta que não sabe nem combinar cor. – riu novamente antes de tomar um gole de vinho. — Isso é realmente um ultraje! Eu batalhei noite e dia naquela droga para isso. – apontou para a mesa. — Eu até iria pagar a conta, mas depois dessa, paguem vocês mesmos. – levantou-se. — Eu quero que todos vocês se danem, e quem enfiem aquela agência onde o sol não bate! – disse virando um último gole de vinho. — Ah, e eu me demito!

— Você não pode nos fazer pagar, você quem nos convidou! – o homem exclamou.

— E acham mesmo que eu vou pagar? Você acabou de me humilhar na frente de todos e acha que te devo algo? – riu debochada. — Me obriguem.

— Irei chamar o gerente e a polícia. – a ruiva ameaçou.

— Podem chamar, vão dizer o que? Que eu não paguei a conta do restaurante do meu irmão e fui embora? – todos na mesa arregalaram os olhos.

— Está dizendo que David Cooper é seu irmão? – o homem questionou em choque.

— Isso mesmo. – Isabel deu um sorriso maldoso. — Meu irmão vai chutar a bunda de vocês para fora. – ascenou e se afastou saindo do restaurante. Notei que ao passar pela porta ela deixou cair algo.

Todos estavam abismados, até mesmo a Sra. Morgan que sempre estava neutra no quesito expressão facial parecia ter acabado de ver um show de roda punk.

Olhei de solsaio para o lado e lá estava David encarando tudo do lado de dentro com uma expressão de cansado.

Aos poucos começaram a jogar o dinheiro na mesa para contar o dinheiro, eu e Selena resolvemos voltar para a cozinha mas antes eu caminhei até a entrada do restaurante. Isabel havia deixado cair um lenço branco com lindos detalhes bordados, na esperança de ainda encontra-la sai do restaurante e comecei a procura-la pelo estacionamento.

Isabel pelo visto é uma menina sonhadora e batalhadora que queria realizar seu sonho com seu próprio suor, é compreensível a frustração dela e eu super entendo. Não deveria ser fácil trabalhar com aquele bando de sururu.

Quando estava prestes a dar meia volta, ouvi o som de choro vindo de trás de um carro a alguns metros de distância da entrada do estacionamento. Caminhei em direção ao som e encontrei a dona dele e do lenço. Isabel está sentada na beirada da calçada chorando.

Me aproximei lentamente dela.

— Acho que isso é seu. – eu disse esticando o lenço. Ela ergueu a cabeça e me encarou.

— Devo ter deixado cair junto da minha dignidade. – ela respondeu pegando o lenço de minha mão.

— Você deixou tudo cair lá dentro menos sua dignidade. – eu disse. — Você mandou a real, e honestamente? Achei pouco. – ela voltou a me encarar.

— De que adianta? Agora eu não tenho mais um emprego, minhas chances de entrar no mundo da moda se foram. Talvez eu devesse voltar e implorar por mais uma chance. – disse após um soluço.

— Olhe, eu não te conheço. Mas pelo pouco que ouvi, você é uma pessoa que batalha pelo que quer. Isso inclui fazer o seu irmão fechar o restaurante dele vulgo o número um da cidade para comemorar o aniversário do seu chefe babaca e de seus colegas insuportáveis. – Isabel voltou a me olhar, sua maquiagem estava borrada. — Você não precisa de pessoas que não te valorizam, você só precisa erguer essa cabeça, empinar esse nariz e seguir em frente. Aposto que pessoas precisando de pessoal com potencial como você  é o que não falta. – lhe sorri. — Esse país é grande de mais para você se prender a uma coisa só.

Isabel ficou um tempo me olhando sem dizer nada. Não sabia se estava sendo intrometida de mais ou se ela estava refletindo minhas palavras. Mas houve um momento em que ela se colocou de pé e me encarou com um sorriso.

— Eu não sei quem é você, mas com certeza você é um anjo enviado pelos céus. – disse me fazendo sorrir. — Obrigada, acho que está certa. Vou pensar no que disse e seguir em frente, não preciso desses idiotas.

— Um anjo? Costumam me dizer que sou uma Deusa mas tudo bem. Tudo que tem a ver com a divinidade sem aplica a mim. – Isabel gargalhou.

— Estou em certa dúvida se você é religiosa ou se é narcisista. – foi minha vez de gargalhar.

— Digamos que a autoestima lá em cima fala por mim. – dei de ombros. — Eu preciso voltar agora, meu adorável chefe não é lá um dos mais compreensíveis quando o assunto sou eu.

— Me perdoe, talvez eu tenha feito o humor dele ir lá em baixo. – fez uma careta.

— Nada pelo qual eu já não tenha me acostumado, preciso ir. Foi um prazer Isabel. – acenei me afastando.

— Calma, você não disse seu nome! – gritou.

— É Kiera. – eu disse ainda me afastando.

— Foi um prazer Kiera! – ela gritou agora acenando e me sorrindo.

Sorri em resposta e lhe dei as costas, entrei no restaurante já encontrando o grupo de pessoas fechando a conta e saindo.

Quando entrei na cozinha, soube que David estava em seu escritório e isso fez com que Selena aproveitasse para fofocar aos outros sobre o ocorrido. Minutos mais tarde, ele apareceu com aquela face mais conhecida como: "O Demônio está irritado."

— Estão dispensados. – ele diz simplesmente antes de sair da cozinha.

Solto um suspiro e vou me trocar assim como os outros.

Me despedi de todos e entrei no meu carro em direção ao meu apartamento. Minhas costas estão doloridas e posso ouvir os gritos da minha cama implorando por mim. Só quero cair nela e dormir por uma década.

Assim que abri a porta do apartamento e estava pronta para ignorar os planos de caminhar até a minha cama e me jogar no chão mesmo de tão cansada, noto que as luzes estão acesas. Com isso já fico em posição de ataque pronta para atacar quem quer que fosse que havia invadido meu apartamento com a minha bolsa na mão.

Quando estou prestes a atacar a pessoa, uma vassoura brota na minha linha de visão junto com um grito, o que me faz gritar também e atirar a bolsa. Mas é quando ouço um gemido de dor, que percebo que o "invasor" é nada mais nada menos que Angelique.

— Quer me matar de susto?! – ela pergunta colocando a mão no peito e depois esfregando o braço atingido.

— Eu quem deveria dizer isso! – digo. — Por que não disse que já tinha chegado? Como entrou?

— Cheguei agora a noite e ainda sei onde você guarda sua chave de emergência. – respondeu. — Que marca é essa hein? – apontou para minha bolsa. — Vai deixar meu braço marcado pelo resto da vida.

— Importada de Paris. – respondi deixando a bolsa sobre a mesinha de centro. — Quem achou que fosse para atingir com uma vassoura?

— Eu pensei que chegaria mais tarde, quando ouvi barulho da porta foi a coisa mais próxima e ameaçadora que encontrei. – deu de ombros deixando a vassoura de lado e abrindo os braços. — Vem cá!

— Eu deveria te esfolar mas quero te abraçar. – a abraço.

— Senti tanto a sua falta. – ela diz me apertando contra seus braços.

— Eu também senti muito a sua. – digo sorrindo. — E sabe, a vassoura teria sido mais ameaçadora se você estivesse em cima dela imitando uma bruxa.

— Cala a boca e me abraça direito! – exclamou me fazendo rir.

A minha melhor amiga estava em casa então nada mais importava além de aproveitar a ilustre presença dela.

***

Nota final: Isabel e Kiera, será que é uma amizade que rola ou não rola?

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