Capítulo 4

Olha eu aqui de novo com mais um capítulo fervendoooo!

Não estava no planos um capítulo tão grande, mas ja que saiu vamos aproveitar não é mesmo?

Aproveitem 💜

***

Uma semana já se passou desde que comecei a trabalhar no German Royalty. Eu queria muito que um raio caísse do céu e me atingisse pois faz uma semana que David Cooper está fazendo um inferno a minha vida. É tarde de mais para eu criar uma máquina do tempo e voltar para aquele maldito dia no trem e não entrar nele? Acho que é. 

Eu não chego nem perto dos fogões do restaurante direito, e se chego é para fazer coisas simples como ferver uma água. Eu não me dediquei quase cinco anos na gastronomia para isso, eu mereço mais!

Minha mãe descobriu sobre o amassadinho no carro e quase teve um ataque, mas graças ao meu amado pai tudo se normalizou. Meu amado irmão tinha voltado e devolvido meu carrinho, então dei a BMW de mão beijada para ele.

Agora ele está me devendo duas vezes.

A manhã de hoje havia iniciado corrida, alguns fornecedores haviam atrasado as entregas e por isso meu amado chefe resolveu me escolher para ir junto a ele buscar os produtos. David Cooper é completamente diferente do que eu havia imaginado. Na verdade, o problema dele é comigo já que todos ele trata super bem, mas parece que ele sente prazer em me tirar do sério.

Estou parada em frente a caminhonete enquanto ele está falando com os fornecedores. Meu celular toca no bolso da minha jardineira jeans. "Cretina" brilha no visor e eu sorrio sabendo que é Angelique.

— O que devo a honra da sua ligação? – pergunto logo ao atender.

— Estou voltando da Bélgica. – Angelique diz me pegando de surpresa.

— Ué, por que? Pensei que ficaria ai para sempre. – debochei.

— Não dá. – a voz dela está embargada me deixando em alerta.

— O que houve Angel?

— Guilhermo me traiu! – ela exclamou agora sendo tomada por um choro.

Angelique Drayton e Guilhermo Fontes namoravam a três anos e estavam noivos. Angel é atriz, e não uma simples atriz. Recentemente Angelique tinha conseguido um papel em um filme do qual as filmagens se passariam na Bélgica, Guilhermo é o diretor do tal filme. Jamais esperaria algo vindo dele. 

— Que filho da puta! – exclamei revoltada.

— Ele ainda teve a cara de pau de dizer que a culpa foi da mulher e que ela quem estava dando em cima dele como se o pau dele tivesse criado vida sozinho e se enfiado no meio da pernas dela sem o consentimento dele! – riu amarga. — Eu estou com tanta raiva!

— Onde você está agora? – pergunto andando de um lado para o outro.

— Estou no hotel. Eu vou voltar para os Estados Unidos, passar um tempo com você e dar um tempo da mídia. Se essa história cair na rede é o meu fim! – disse desesperada.

Lembra quando eu disse que ela não era uma simples atriz? Pois bem, Angel tem descendência Espanhola. Veio jovem de lá e desde muito pequena começou a atuar em comerciais, logo depois fez participações em séries bastante conhecidas, até ganhar uma série do qual seria a protagonista. A série fez o maior sucesso e ela está onde está hoje.

Nos conhecemos por conta da minha mãe, em uma premiação do qual mamãe foi homenageada Angel estava lá, conversamos por horas na after party e simplesmente viramos melhores amigas.

— A mídia não pode cair em cima de você sendo que o errado foi ele, você é uma estrela.

— Você sabe que eles são todos uns monstros, estou com aquela blogueira atravessada na minha garganta até hoje por ela ter dito que eu fiz plástica! – ela diz me fazendo rir. 

— Ela não mentiu. 

— Mas ninguém precisava saber, Kiera! – ela exclamou me fazendo segurar o riso. — E foi só uma rinoplastia. 

— E um preenchimento labial acompanhado de um botox por todo o rosto. – provoquei. 

— Maria Kiera! – me repreendeu frustrada o que me fez rir mais ainda.

— Tudo bem, tudo bem. Se acalme, ok? Volte para cá, fica na minha casa. Traga uns chocolates belgos e uns champanhes. Vamos nos entupir de comida e assistir Titanic quantas vezes você quiser. – ela ri do outro lado. 

— Não esqueça dos lenços de papel e o rímel extra. – abri um sorriso. 

— Você é a amiga chorona da história, já tem um kit 'S.O.S Angelique'  guardado na dispensa. – foi a vez dela rir. 

— Certo, certo. Vou tratar de arrumar as malas e providenciar o chocolate e o champanhe.

— Ótimo. – virei-me tomando um susto com David me encarando. — Ai merda, depois eu te ligo. Te amo! – finalizei sem esperar resposta.

— Namorando em horário de trabalho, Srta. Evans? – perguntou com os braços cruzados em frente ao peito e a desgraça da sobrancelha esquerda arqueada.

— Namorar, está me estranhando? Era um amiga, mas isso não vem ao caso. Conseguiu resolver? – mudei de assunto.

— Sim, preciso da sua ajuda para carregar as caixas.

— Tudo bem. – guardei o celular no bolso e o segui até o galpão da distribuidora.

Foram umas trinta caixas extremamente pesadas que tive que carregar e enfiar na caminhonete. Meus braços estão dormentes.

Entramos no carro e seguimos a caminho do restaurante. Ele ligou o rádio onde tocava uma música da banda The Neighbourhood. O olhei surpresa.

— Você curte indie rock? Nunca imaginei. – digo lhe chamando a atenção.

— O que há de errado nisso? – perguntou se fazendo de ofendido.

— Não há nada errado nisso, só estou surpresa. – dei de ombros.

— Achou que eu escutava o que?

— Com esse jeito ogro seu eu imaginava que não existia música na sua vida. – soltei sincera.

— Ogro? Eu sou ogro? – perguntou desviando os olhos do caminho para me olhar.

— Sim, você é! – confirmei. — Você está me infernizando a uma semana!

— Eu não estou te infernizando, se está tão incomodada é só pedir demissão. – disse rude.

— Está vendo só? Rude de novo, seu ogro! – aponto para ele. — Eu já entendi, que eu errei em te acusar de algo tão sério sem provas, já sei que errei em bater no seu carro e colocar a culpa em você mas eu já pedi desculpas.

— Do que é que você está reclamando, afinal? – diz agora com a atenção presa no trânsito.

— Eu quero cozinhar! Eu estou cansada de limpar, picar, lavar e ferver água. Foram quatro anos na gastronomia, eu quero poder ajudar. – desabafo.

— E você vai fazer isso.

— Quando? Quando meus seis meses expirarem? – questionei frustrada.

— Você é toda desastrada. Em uma semana você quase colocou fogo na cozinha quatro vezes, você tem noção disso? – me encarou e eu desviei meu olhar do seu.

Tudo bem, mas não foi por querer.

— Eu só pedi para você colocar a água para ferver e você quase colocou fogo na cozinha. – ele aponta.

Pode ser que eu tenha me distraído xeretando o "Livro Real" da cozinha, mas foi sem querer.

— Quem sabe a vez que te pedi para fritar as cebolas e você as queimou inteiras. – ele continua.

Eu não sabia que o fogão era tão potente.

— Tudo bem! – o cortei antes que ele continuasse a queimar meu filme. — Já entendi, mas eu sou boa cozinheira. Talvez eu não tenha me adaptado muito bem com a ala salgada, por que não me manda para a doce?

— Tem certeza que fez gastronomia? – debochou.

— Sim, eu fiz! E me dediquei firme e forte nessa área, dia e noite. Todo mundo erra. Ninguém é perfeito, me desculpe ai se nunca errou Sr. Perfeição. – digo irritada agora encarando a janela ao meu lado.

— Eu nunca disse que era perfeito! – retrucou.

— Mas me apontou como se você fosse! – foi minha vez de retrucar.

— Só acho que se você não tem capacidade de lidar com uma das áreas, nem deveria continuar. – foi seco.

Abri minha boca em quase choque para sua declaração, mas nada saiu e apenas soltei uma risada desacreditada.

— O senhor deve ter razão. Desculpe ai, ancião da gastronomia. 

O carro ficou em silêncio e a única coisa que se era ouvida era a música.

Sim, eu sou desastrada em 50% do meu dia. Mas também sou boa em muitas coisas, eu só preciso de tempo para me adaptar como as outras pessoas. Acho que nunca me senti tão insultada quanto neste momento, eu vivo ouvindo coisas das pessoas ao meu redor sobre eu e o meu desastre natural em tudo. Mas receber dessa maneira justamente por David Cooper parece um pouco mais dolorido do que os demais.

Paramos no estacionamento sem falar nada e assim começamos a descarregar as caixas, Victor, Richard e Dayse vieram nos ajudar.

— Idiotinha! – xingo voltando a caminhonete sozinha. — Não precisava me dar um soco desses, não é como se eu não soubesse. Espero que o molho dele seque e queime. Que a tortilha fique sem sal e a carne salgada! – praguejo e chuto o pneu da caminhonete sentindo meu pé doer. — Viu no que da jogar praga nos outros Kiera?

Bufo frustrada.

Kiera? – a voz que escuto chamar-me era a última que desejava ouvir naquele momento.

Virei-me com a esperança de estar tendo um pesadelo, mas não. Ele estava ali.

Jason Sanders. Meu ex namorado babaca.

— Você por aqui, por essa eu não esperava. – ele continuou. — Está trabalhando aqui? – apontou para o restaurante.

A minha relação com Jason Sanders não era uma das maos saudáveis, é uma pena que eu só pude perceber isso mais tarde. O cara é completamente sem noção. E para ajudar, pode ser que quando eu descobri sobre a traição dele com uma das minhas colegas de curso Beatrice, eu tenha jogado na cara dele de que eu seria alguém muito grandiosa, que administraria o melhor restaurante da cidade e que ele estaria esquecido com o meu sucesso. Mas veja só, sou apenas uma auxiliar de cozinha considerada inútil pelo próprio chefe.

— Hoje só pode ser o dia da desgraça, não é possível. – murmurei frustrada. 

— Qual é o seu cargo aqui? Chef? Administradora? Recepcionista? – sugeriu em provocação pura. — Se bem que garçonete combina mais com você. – o deboche estava em toda a face daquele cretino. — Eu te disse Evans, você não vai chegar longe. Nem o dinheiro da sua família é capaz de comprar o que você não tem, o talento no caso. 

— Jason querido, já tentou amarrar os próprios cadarços sozinhos sem depender da mamãe para isso? – o insultei usando minha voz mansa. — Vai testar um extintor de incêndio e não testa minha paciência. 

— Por que ficou tão irritada, babe? Estou mentindo por acaso? Ou vai me dizer que os seus pais não precisaram comprar o dono daqui para ele te contratar?  – riu. — Você deve sentir muito a minha falta, ninguém amaciava seu ego como eu. Aposto que jamais irá encontrar alguém como eu.

— Essa é a intenção. – lhe abri um sorriso. — Já soltou seu veneno? Posso voltar ao meu trabalho.

Seu sorriso se foi e uma expressão séria tomou conta de seu rosto.

— Você ainda me ama, não é? Se finge de forte para mostrar que não precisa, mas eu sei que precisa Kiera. Você não é nada sem mim.

Meu punho cerrou, eu estava pronta para descontar todas as minhas frustrações na carinha de playboy filho da puta que Jason tem, mas algo muito fora do comum me interrompeu de fazer tal coisa.

— Pegou as chaves, amor?

Por um momento achei que eu estava delirando e que David Cooper não estava se dirigindo a mim como "amor". Mas depois que ele parou em minha frente e me olhou com aqueles olhos com a sobrancelha direita arqueada e um sorrisinho nos lábios saquei que algo estava muito errado.

— Hã? – foi tudo o que saiu da minha boca.

— A chave, eu pedi pra você vir buscar. Por que está demorando? – perguntou ele com o tom de voz mais do doce do mundo.

— Ah, eu... eu esqueci. – digo tentando não gaguejar.

— Desastrada. – me sorriu. — Deixa que eu pego. 

A alma saiu do corpo e não sei nem se volta.

O homem na minha frente está me encarando com uma expressão de deboche, e previ que mais merda sairia da sua boca.

— Tipico, é claro que o comprou com outra coisa. – Jason insinuou. — Por que não estou surpreso Kiera? Dormir com o cara para conseguir uma vaga de emprego?

— O que foi que disse? – David perguntou se aproximando novamente agora com a chave na mão enquanto encarava Jason. 

Não, não, não, não.

— Não se empolgue muito meu irmão, ela não é tudo isso que a embalagem mostra ser. – Jason ousou dizer, para minha total surpresa David Cooper estava a ponto de avançar sobre Jason mas o impedi. 

— Não perca seu tempo, isso é comigo. – eu disse encarando-o. Me aproximei do meu ex-namorado. — Jason, sinto em te dizer mas nada que você diga sobre a minha pessoa me afeta. Você se acha melhor que os outros, melhor do que eu, mas veja só você vindo até o meu local de trabalho para tentar me humilhar. Você é um pobre garoto que precisa fazer esse tipo de coisa para se sentir importante e mais útil. Precisa chamar a atenção fazendo esse tipo de coisa pois as pessoas ao seu redor estão muito ocupadas tentando ser úteis com suas próprias coisas do que se importar com sua vida sem graça de cara mimado que se acha o rei do mundo. – seus olhos estão cheios de ódio. — Tente ter uma vida melhor, huh? – me afastei mas retornei. — E antes que eu me esqueça, meu conteúdo consegue ser dez vezes melhor que a embalagem. Mas a minha embalagem meu bem, nem a Mattel conseguiria criar algo tão belo quanto isso aqui. – apontei para meu corpo e me afastei voltando para perto de David.

Este me encarou espantado por um instante, mas logo em seguida estendeu sua mão para mim e eu a peguei. Com isso, entramos no restaurante. 

Se me contassem que algo assim aconteceria eu riria muito e diria que a pessoa está brincando comigo ou que fumou alguma árvore de origem duvidosa.

David passa pela cozinha me puxando ainda sem largar minha mão, por sorte meu colega de trabalho estão muito ocupados para prestarem a atenção em nós dois. Subimos para sua sala, e assim que ele fechou a porta atrás de sí que soltei minha mão da dele.

— Que porra foi essa que acabou de acontecer? – soltei  ainda sem compreender.

— Eu realmente não sei o que deu na minha cabeça, me desculpe. – ele pediu passando as mãos pelos cabelos. — Quando eu percebi já estava indo em sua direção. 

— E por que... por que fez aquilo? – questionei sentando-me sobre o chão fraca de mais para ficar de pé ou caminhar até a poltrona mais próxima.

— Porque queria te pedir desculpas pelas coisas que eu disse mais cedo.

— Você me pedindo desculpa? – abri minha boca em choque. Jubileu está estranho. — Obrigada por isso, por mais que eu saiba que ele irá espalhar para meio mundo que seduzi você para conseguir o emprego. – ele me olhou com certa preocupação. — Mas não se preocupe, eu não me importo. Minha consciência nunca esteve tão limpa. 

— Você está livre para ir para a ala dos doces, se quiser paralelar entre lá e a dos salgados também está tudo bem. – lhe olhei sem reação.

Ok, agora o dia acabou de ficar mais estranho. 

— Você por acaso foi possuído ou isso é um gêmeo do bem que eu não sabia da existência?

— Eu só estou tentando evoluir e parar de ser um estúpido com você. Se não quiser, é só dizer! – olha ai o David Cooper que eu conheço.

— NÃO! – berrei. — Eu quero, muito obrigada. Não só por isso mas também por tentar me defender daquele babaca de merda mesmo sem ter conhecimento de nada, sério, obrigada. 

— Alguém já te disse que você tem uma boca suja? – questionou me fazendo sorrir.

— Gerluza diz que vai lavar minha boca com alvejante e minha mãe vive dizendo que vai me fazer comer sabão. – disse dando de ombros.

— Talvez elas estejam certas. 

— Nem se atreva a se aliar a aquelas duas traidoras, eu te proíbo! –lhe avisei fazendo-o dar um sorrisinho sem mostrar os dentes. — Mais uma vez, obrigada. Vou indo nessa já que o trabalho me aguarda. – acenei e sai de sua sala.

Soltei um suspiro ao fechar a porta atrás de mim, meu coração ainda bate rápido e uma dor de cabeça está prestes a se instalar. Mas a pergunta do dia é: O que diabos foi esse dia? 

***

Notas finais: eu juro que não planejava deixar o capítulo tão intenso mas acabou que saiu assim! Chocada em Atlanta.

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