Capítulo 31

Apareci para tentar selar um pouco de paz nesses coraçõezinhos 💜

***

Kiera Evans

Batidas na porta me despertam da minha bolha transtornada. Muita coisa se passando dentro da minha cabeça, ela ainda dói como se fosse explodir e eu ainda tento não desabar embora eu sinta que já estou desabando.

Caminho até a porta em passos lentos e a abro, ao erguer meus olhos para a pessoa na porta sinto meu coração bater tão rápido que sinto que vou ter um ataque cardíaco.

David está aqui. David Maldito Cooper está na minha porta.

Não tenho tempo de pensar em dizer algo, sou simplesmente envolvida por seus braços em um abraço caloroso que por alguns segundos me deixa paralisada sem saber o que está acontecendo e ao mesmo tempo aliviada por ele ter feito isso.

Eu não queria o gelado do chão, eu não queria a travessa de torta, eu não queria o apartamento silencioso. Eu só queria o abraço quente dele, o som de sua respiração batendo contra meus cabelos e seu coração batendo no mesmo ritimo que o meu. Foi tudo o que precisei durante essa noite.

Sem me soltar, ele fecha a porta atrás de sí e me guia até o sofá. Ao me sentar sobre o sofá, me solta e ajoelha na minha frente enquanto segura minhas mãos e me fita com uma expressão de pura preocupação.

— Você está pálida e gelada. – ele diz antes de colocar a mão em minha testa para medir minha temperatura. — Vou pegar uma água. – ele tenta se levantar mas o impesso.

— Por que está aqui? – perguntei olhando-o nos olhos. — Por que não está com a sua família protegendo eles daqueles monstros que chamamos de mídia? Eles vão fazer um inferno novamente, por que está aqui?

— Porque é aqui que eu preciso estar. – disse ele ainda me fitando. — Meus pais não são os mesmos jovens de vinte anos atrás e sabem se cuidar. Tem proteção o suficiente para eles.

— A sua carreira, David. Por que continua aqui? Sua carreira vai se destruir por minha causa, você não deveria estar aqui! – exclamo sentindo as lágrimas invadirem meus olhos com força.

— Kiera, você acha que algo realmente vai acontecer com a minha carreira por causa de umas fotos de sexo? – ele me olhou com obviedade. — Eu sou homem, Kiera. Nessa sociedade raramente, quase nunca um homem tem sua carreira destruída por conta disso. Minha preocupação é com você, com a sua carreira, com a sua saúde mental, porque as pessoas vão falar, vão falar muita merda de você e eu quero estar aqui com você. – o olhei sem reação. — São dois naquelas fotos, mas infelizmente só um é massacrado e sabemos quem.

Fico um tempo sem fala. Este é David Cooper. O cara por quem eu me apaixonei a anos atrás sem nem mesmo te-lo visto. O homem por quem admiro, o homem que eu amo.

— Como você está? – voltou a segurar minhas mãos.

— Me sentindo culpada, isso é tudo culpa minha.

— Não é sua culpa, Kiera.

— Jason veio aqui ontem. – conto. — Veio me pedir para voltar com ele, disse que estava sentindo minha falta. Neguei, ele disse que eu me arrependeria. Eu achei que ele estava blefando, mas ele sabe dos nosso relacionamento a meses, desde aquele dia no estacionamento. Ele tem meios o suficiente para conseguir que tirassem essas fotos. – David me olha sem reação por algum tempo.

— Filho da puta! – exclama se colocando de pé atordoado. Os punhos estão cerrados e a mandíbula travada. Está puto, muito puto.

— Ele conseguiu, David. Ele conseguiu me destruir como tem tentado a tempos. – desabei. David me olha e retorna se ajoelhando a minha frente e segurando minhas mãos.

— Kiera, ele não te destruiu. Nunca vai conseguir algo assim. Nada está perdido, podemos falar com as autoridades, o que ele fez é crime.

— Ele é o filhinho da mamãe mimado que tem tudo o que quer, David. – encaro-o. — Os pais tem poder o suficiente para conseguirem o que querem. Mesmo que ele seja preso, não passaria nem doze horas naquela cela.

David me olha de maneira indecifrável.

— Por Deus, Kiera! Essa não é você! – ele exclama. — Essa aqui na minha frente não é a Kiera que eu conheço. Somos Evans e Cooper, temos tanto poder quanto ele. Seus pais são famosos e têm milhões de contatos. Seu irmão é o melhor juiz de Atlanta. Meus pais também tem contatos e influência o suficiente para conseguir o que precisamos. – franzi o cenho olhando-o.

— O que está dizendo?

— Que devemos usar as mesmas cartas que ele. – me sorriu. — Não vamos deixar que ele saia impune disso e que nunca mais chegue perto de você.

Claro. Usar as mesmas cartas, eu posso fazer isso, eu poderia ter pensado nisso antes. Claro!

— Esse cara é uma ameaça a sociedade e principalmente a você. – ele continuou. — Se ele vai jogar sujo, nós também devemos. Que graça teria ter certos privilégios e não usufruir deles quando precisamos?

Encaro-o sem conseguir chegar a uma conclusão do que estou sentindo e apenas afirmo.

— Vamos fazer isso. – respondi apertando suas mãos.

(...)

Na casa dos pais de David estão todos, desde a minha família e a dele, advogados, meu irmão e pessoas que podem supostamente destruir o reinado de Jason Simons. Eu não poderia me sentir menos aliviada.

Ter David na minha porta, me mostrou os motivos reais pelo qual eu fiquei tão mal e me fez entender muitas coisas.

Agora temos Evans's e Cooper's juntos, e parecem se dar bem. Isso faz com que um pequeno desconforto no peito se forme ao pensar que tudo entre eu e ele está acabado mas que ao menos nossas famílias se dão bem.

Entro na segunda sala de estar da casa dos Cooper. Exatamente onde estavam todos a algum tempo e agora estão todos no escritório de Louis fazendo telefonemas e afins. Como a casa é uma verdadeira fortaleza pelo qual a mídia não tem acesso, acharam melhor que fôssemos reunidos aqui.

Na mesinha de centro, há cópias impressas das fotos. Elas vão ser usadas para fins judiciais ou algo do tipo, realmente não entendo nada dessa parte.

Sento-me sobre o sofá azul confortável da sala e pego as cópias das fotos as analisando. Todas em um ângulo perfeito, muito bem calculado e de um momento extremamente íntimo.

— O que está fazendo? – a voz de David me tira por alguns segundos o foco das fotos. Ele se senta ao meu lado e encara as fotos também.

— Essas fotos não são de todo um mal. – digo voltando a analisa-las. — Ao menos se nossa carreira for para o lixo podemos explorar outra área. Quem sabe um produtor de filme adulto nos contrate, essas fotos dizem muito sobre a química que temos. – encaro-o. Ele me olha com as malditas sobrancelhas arqueadas como se eu tivesse dito a maior besteira do mundo. Então quando penso que vai brigar comigo, ele sorri.

— Você voltou. – diz tirando as fotos das minhas mãos. — Não sabia como lidar com a Kiera chorona.

— Aquela era a Maria, ela é meio sensível. – entro na brincadeira. — A Kiera já é mais durona.

— Gosto das duas, mas a Kiera faz mais o meu tipo. – sorrio levemente para ele.

— Maria é o meu lado sensível e medroso. – confesso. — Talvez o problemático também. Maria tem medo de ficar sozinha, de ser abandonada novamente e por isso faz muitas besteiras quando sente o medo a sufocar. – encaro-o. — Ontem, essa Maria fez uma coisa muito errada. Comeu uma travessa de torta e depois a vomitou, exatamente quando fazia quando estava infeliz com seu próprio corpo, insegura e com medo. Quando me expulsou da sua vida ontem, alguns fantasmas da minha vida acordaram. Eu não te culpo, é algo que eu deveria saber controlar mas... foi mais forte que eu. – desabafo enquanto encaro meus dedos.

— Eu também tenho fantasmas, Kiera. – ele começa após um suspiro pesado. — E ontem eles também acordaram e resolveram me fazer uma visita. – riu sem humor. — Minha mãe biológica me abandonou quando eu tinha seis anos. Durante seis anos em que ela me criou, sempre deixou claro que graças a mim ela teve que desistir dos sonhos dela, do país dela, da juventude dela e da liberdade que ela tinha. Digamos que ela não era muito minha fã. – riu sem humor e olhei-o sentindo uma dorzinha no peito. — Assim que nasci ela veio para os Estados Unidos tentar uma vida melhor com meu pai. Mas ele desapareceu algum tempo depois. – voltou a suspirar. — Ela me abandonou com uma vizinha com quem fiquei por uns dois meses, ela também abriu mão de parte da vida dela para cuidar de uma criança que ela não tinha nenhuma responsabilidade.

— Eu sinto muito. – disse baixinho e ele me sorriu.

— Eu não. – segurou minha mão. — Sem ter escolha ela me deixou no orfanato. Ai você espera que finalmente as coisas caminharam para mim né? – me olhou. — Mas não. Quando Louis e Rose tentavam me adotar, eu ia e vinha do orfanato por conta das polêmicas da carreira de Louis. Então o juiz disse a ele que se ele quisesse me levar para casa em definitivo, ele teria que abrir mão da carreira dele.

Foi então que as coisas começaram a fazer sentido na minha cabeça.

— Não justifica o modo como falei com você, mas só de cogitar a ideia de você desistir de realizar seus sonhos por minha causa, eu entrei em pânico. Não queria que mais uma pessoa abrisse mão de algo importante para sí por minha causa. Mas como você bem disse, eu não sou o centro do mundo. – me encarou. — Me perdoa por aquilo, a última coisa que eu queria era te magoar. Eu sou um idiota!

Abri um sorriso.

— Sim, você é um idiota. Tudo o que precisava ter feito era ter dito como se sentia além de ficar me expulsando. Mas sim, eu te perdôo. – ele sorriu levemente.

— Tem uma coisa que eu também deveria ter dito ontem, mas não disse. – ficou sério.

— O que? – ele me fita.

— Que eu te amo. – meu coração erra uma batida. Abro um sorriso tão grande mas no mesmo instante eu o desfaço.

— Tudo o que você deveria ter feito era ter corrido atrás de mim e dito isso, não me deixar desolada achando que não me amava! Caramba, David Cooper você não assiste romance? – lhe dei um tapa no ombro. — Eu não sou romântica, mas ao menos escolhia um momento menos turbulento para me dizer isso! 

— Me desculpe? – perguntou confuso enquanto eu sorria. — Eu só achei que deveria–

— Eu te amo também, idiota. – interrompo-o antes de beija-lo.

— Eu te amo. – repetiu antes de me beijar dessa vez. Ao desfazer o beijo me encostei em seu peito e ele ergueu a foto que ainda segurava. — Acha mesmo que um produtor de filme adulto nos contrataria?

— Claro, estava nos trend's do twitter. Se ao menos tivessem gravado uma sextape para mostrar nossa performace incrível. – reclamo.

— Kiera! – me repreendeu me fazendo rir.

— E estou mentindo? – encaro-o.

— Não, não está. – me beijou me fazendo esquecer as tensões todas das últimas horas.

Caminhamos para fora da sala alguns minutos mais tarde para encontrar com os demais e saber o que estava acontecendo.

— Eu simplesmente odeio essa merda! – Isabel exclama entrando na sala. — O que há de errado em duas pessoas transando? Digo, ok que é meu irmão e eu com certeza irei ter pesadelos pelo resto da minha vida mas, por que um auê desses tão grande? Estão massacrando a Kiera como se ela fosse uma vagabunda sendo que não há nada de errado em ela transar com o namorado dela. Por favor, me expliquem o sentido do mundo! – exclamou irritada. — Por que estamos escondidos como se esses dois tivessem matado o presidente dos Estados Unidos, cozinhado os orgãos dele e alimentado crianças carentes com eles?

— Porque você não imagina o quanto a mídia é doentia. Eles manipulam, eles perseguem, e fazem o possível para prejudicar as pessoas em cima de vendas, dinheiro. – Louis quem explica. — Essa é a socidade em que vivemos.

— E devemos aceitar isso de braços cruzados? – Isabel questiona.

— Querida, as autoridades já estão fazendo a parte deles. – Rose começa. — Devemos esperar para não correr nenhum risco. – a preocupação é evidente em seu rosto.

— E já fizemos nossa parte. – Austin entra na sala. — As fotos já foram retiradas da internet, e já está sendo solicitado um processo para as pessoas que compartilharam as fotos e aos sites que também compartilharam. A polícia já conseguiu rastrear o IP de onde foi publicada as fotos e estão indo checar. Se a sua acusação em cima de Jason for provada, ele será indiciado por violação de privacidade, e crime virtual de exposição. Não o fará ser preso, mas já estamos entrando com uma ação onde ele é obrigado a manter distância de duzentos metros de você. – ele soltou tudo de uma vez. Um suspiro aliviado toma conta da sala de estar.

Já disse que amo ter um irmão juiz? Bem, eu amo!

— Nunca gostei de advogados mas definitivamente isso me deixou levemente excitada. – Isabel quem disse.

— Isabel! – Louis e David exclamaram em uníssono.

— Eu sou juiz, não advogado. – respondeu Austin a encarando com o cenho franzido.

— Melhor ainda. – ela sorriu para ele deixando-o incrédulo e o pai com o irmão indignados. — Relaxa, você não faz o meu tipo.

— Eu deveria agradecer? – Austin perguntou confuso.

— Com toda certeza. – David respondeu recebendo uma cotovelada na costela de Isabel.

Segurando o riso, eu apenas pulei nos braços do meu irmão e o abracei.

— Obrigada por ser o melhor irmão do mundo.

— De nada, sabe que vou cobrar isso.

— Desconto de trinta porcento no meu restaurante futuro pelo resto da vida. – ele me olha sorrindo.

— Trinta e cinco.

— Trinta e oito e não se fala mais nisso. – ele pareceu pensar.

— Feito! – lhe beijo o rosto e o solto.

— Demorei mas cheguei! – Angelique exclama entrando na sala. — Foi um inferno encontrar esse lugar, mas encontrei. – ela vem em minha direção e me abraça.

— Achei que estivesse em Paris. – eu disse confusa.

— Não exatamente. – me sorriu fazendo-me franzir o cenho.

— Em um único dia estou respirando o mesmo ar que Bárbara Portilho, William Evans e agora Angelique Drayton. – ouço Isabel dizer. — Parabéns, irmãozinho você finalmente aperfeiçoou seu gosto por mulheres. – deu dois tapinhas no ombro de David.

— Você é ridícula. – ele diz e ela lhe mostra a língua.

— Tá gente, mas e agora? Acabou? – Angel questiona. — Ficamos aqui até que o assunto morra?

Isso me fez refletir sobre os últimos acontecimentos, sobre Jason e suas palavras e atitudes. E então a ficha cai.

— É exatamente isso que ele quer. – começo recebendo toda a atenção. — Ele sabia que essas fotos mexeriam com a minha insegurança sobre mim. Acha que isso faria com que eu corresse atrás dele para implorar por migalhas de amor que jamais existiu. – rio com certa amargura. — Ele quer que eu me esconda, que eu não seja capaz de colocar a cabeça para cima e encarar tudo isso. Acha que finalmente destruiu minha autoestima. – bufo. — Não posso dar isso a ele. – nego. — Eu deveria agir normalmente, ir ao trabalho. – David encara o relógio de pulso e me fita.

— Concordo. A senhorita já está bem atrasada para seu trabalho. Não acho que seu chefe vá gostar muito disso. – lhe abro um sorriso.

— Ainda bem que meu chefe não sabe que tenho uma pessoa incrível para me dar uma carona. – respondo fazendo-o sorrir.

— Tão perfeitos que faz meu coração derreter! – Angelique quem diz arrancando alguns risos.

Depois disso, fomos diretamente para o restaurante. Logo na entrada notamos que havia uma quantidade de jornalistas na frente e revirei os olhos. David e eu descemos do carro de mãos dadas lhes chamando a atenção. Não demorou para que se aproximassem acalorados.

— O que têm a dizer sobre as fotos vazadas? Eram vocês mesmos? – alguém perguntou.

— O que tenho a dizer? As fotos dizem muito. – lhes sorrio. — Sexo, algo normal que acontecem geralmente com pessoas atraídas umas pelas outras. – permaneço sorrindo. — Já tomamos as devidas providências, portanto não tenho nada a dizer. Se me dão licença, eu tenho que trabalhar. – finalizo antes de acenar e seguir David para dentro do restaurante embora eles insistissem em nos seguir.

Solto um suspiro aliviado e David me sorri.

— Você foi incrível.

— Eu sou sempre incrível. – respondo fazendo-o me beijar.

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