Capítulo 26
Perdi a noção do tempo mas cheguei.
Capítulo bem amorzinho para vocês. Aproveitem 💜
***
David Cooper
Passei o fim de semana todo pensando na possibilidade da garotinha de anos atrás ser Kiera e, uma pessoa que havia me ajudado tanto, que eu havia pensado em tantos momentos poderia estar aqui novamente tão perto de mim?
A garotinha do orfanato me ajudou a passar aquela noite assustadora, o amuleto que ela considerava da sorte me fez pensar positivo. Meus pais iriam me buscar novamente na manhã seguinte, e eles foram!
Eu a procurei quando cresci um pouco, queria reencontra-la e agradecer por aquilo. Mesmo que ela não lembrasse nem nada, mas depois simplesmente desisti pois a probabilidade de entrontra-la após anos era mínima.
Qual a probabilidade dela ser Kiera? Faz algum sentido?
Uma batida na porta do escritório me desperta, autorizo a entrada e logo a figura da mulher que vem tirando meu sono e dona das minhas maiores perguntas entra.
— David, posso perguntar uma coisa? – ela pergunta.
— Pode. – ela sorri e se senta na poltrona que tanto ama fazendo a mesma expressão que fazia sempre que sentava ali.
— Eu estive pensando em algumas coisas nos últimos dias e estou com uma receita na cabeça. Já que o movimento hoje está mais lento eu posso colocar em prática?
— Uma receita? – arqueei uma das sobrancelhas curioso.
— Sim, mas é só uma coisa que está na minha cabeça. Posso?
— Pode, está liberada para fazer isso. Mas depois me mostre, quero ver como se saiu. – ela sorriu abertamente.
— Obrigada! – levantou-se e caminhou até mim beijando-me. — Você está bem? Tem andado meio estranho. – ela diz sentando sobre minhas pernas.
— Estou sim, é só cansaço. – sorrio leve.
A verdade é que desde o almoço com a família dela eu tenho andado pensando sobre a hipótese dela ser a garotinha. O almoço havia sido ótimo, a família dela é divertida e tudo mais. Mas no momento em que minha cabeça parou para pensar naquilo, não parei mais.
— Tudo bem então. Vou indo. – me deu um pequeno beijo e se levantou, a puxei de volta e a beijei mais intensamente a deixando sem fôlego. — Não mexe com fogo. – disse rindo e saindo da sala em seguida.
Resolvo por deixar os pensamentos de lado e me concentrar no trabalho. Por volta das cinco, resolvi descer e ver como estava indo as coisas lá em baixo.
Me aproximei de Kiera e ela terminava de mexer um creme escuro com um cheiro realmente interessante.
— E ai? – pergunto lhe dando um susto.
— Quer me matar por acaso? – perguntou revoltada. — Acabei de terminar e não sei como está.
— Qual é o nome disso?
— Bem, eu-
— GENTE, GENTE, GENTE! – Kiera foi interrompiada pelos berros de Victor.
— O que? – perguntei.
— Ele está aqui! – ele responde em uma grande afobação.
— Ele quem? – Kiera questiona.
— Esteban Policatro. – todos se olham eufóricos.
— Puta merda! – exclamei. — Você está brincando, não é?
— Vejam lá! – ele aponta para a porta. Todos correm em direção a porta e lá estava o cara do qual admiro a tempos sentado sobre uma mesa enquanto observava tudo ao redor.
— Puta que pariu! – Kiera exclamou. — É ele mesmo, e agora?
— E agora alguém vai atender ele, rápido! – digo e alguns funcionários saem correndo. Todos se encaram aflitos.
Todos sabiam que esse momento aconteceria, só não sabia que seria tão rápido.
Victor entra na cozinha pegando a atenção de todos.
— Ele quer que o chef o surpreenda. – respondeu. — Ele não quer nenhum prato específico do menu. – comecei por andar de um lado para o outro.
— Devemos utilizar o livro real? – Mônica questiona.
O livro real é repleto de receitas alemãs, mas a maioria já está no menu. Os pratos que lancei nas últimas semanas foi uma péssima ideia, deveria ter esperado para momentos como este.
— O que vamos servir? – Kiera questiona tão aflita quanto eu e o restante do pessoal. É então que o aroma da comida que ela fez chega em meu nariz.
Me aproximei da panela que ela havia preparado e observo o creme, o cheiro parece ter frango no meio. Parecia ótimo.
Encaro Kiera e ela me olha com os olhos arregalados sabendo no que penso.
— Nem pensar! – ela exclama.
— Kiera, é o único prato que temos. – dramatizo.
— Você enlouqueceu? Eu mal criei isso aqui, não posso dar para um cara como ele comer!
— Kiera, você está a meses trabalhando em algo assim.
— Nem vem David, eu não vou fazer isso. – continuou em negação. A puxo pelos ombros a fazendo me encarar.
— Kiera, você não confia em sí mesma? Tudo o que vem fazendo é maravilhoso. E se esse não for, tudo bem. Você tentou, mas também não podemos julgar sem ao menos provar. Se ele não aprovar, o problema é dele.
— David, é do seu restaurante que estamos falando. É sobre a sua reputação e a de todo mundo. Você não pode simplesmente servir o prato de uma estagiária para um crítico renomado como ele.
— Posso sim, o restaurante é meu. – digo e ela me olha indignada. — Eu confio em você. Mais alguém aqui confia na Kiera e no trabalho dela ou é só eu? – pergunto olhando para o pessoal.
— Não, por Deus! Kiera é incrivel. – Mônica quem diz e os demais concordam. — Nós confiamos também!
Voltei a encarar ela.
— Viu só? Só vamos! – ela hesita e depois solta um suspiro.
— Tá bom, vamos servir isso ai. Mas se algo der errado, a culpa é totalmente sua. – ela diz apontando para mim e todos gritam em comemoração. Por impulso a abraço tirando ela do chão. Mas com toda animação ninguém dá a mínima.
A coloco no chão e ela me sorri.
— Vamos nessa juntos. – digo e ela afirma.
Com isso as meninas ajudam ela a preparar o prato e o decorar. Em menos de dez minutos Victor leva o prato e serve Esteban. Assistindo sobre o vidro transparente da porta, vemos quando o homem leva a comida até a boca e degusta lentamente. É tudo tão lento e calculado que chega a ser tortura.
É quando o restaurante está vazio que Victor retorna com o prato vazio e com todos o encarando.
— Ele... ele quer conhecer o chef que preparou. – disse e Kiera quase perde toda a cor do rosto com a palidez.
— Não posso! Diz que foi embora, ou que se afogou na pia e morreu. – Kiera diz se afastando em negação.
— Kiera, não pode fugir. – digo e ela me olha. — Você fez um bom trabalho e pode finalizar isso. – digo sério. — Uma chef de verdade não se deixa abalar e nem abaixa a cabeça para as críticas. Apenas vamos lá e acabou. – ela me olha nos olhos por um longo tempo e depois afirma.
Retira o avental e me faz segui-la para fora. Caminhamos até a mesa do crítico chamando sua atenção.
— Boa noite, Sr. Policatro. – digo.
— Boa noite, Sr. Cooper. Já faz um tempo. – ele diz e afirmo. — Foi o senhor quem preparou aquele prato?
— Na verdade não. Ele é especialidade única da chef Kiera. – digo a olhando. Policatro faz o mesmo.
— Foi a Srta. quem preparou aquele prato?
— Sim, fui eu. – respondeu ela.
— E qual é o nome daquela especialidade?
— Ham, é strogonoff de frango ao molho swkenduich. – ela diz me pegando de surpresa assim como o crítico.
— Strogonoff? Hum, essa é uma comida muito popular no Brasil. – ele diz.
— Sim, é uma mistura da cultura brasileira com a alemã. Resolvi combinar ingredientes usados no Brasil com o molho. – respondeu. Policatro ficou um tempo em silêncio.
— A senhorita por acaso é brasileira?
— Tenho descendência. – disse o básico. Policatro afirmou.
— Bem, eu raramente convido um chef a vir até mim para fazer isto mas tenho que lhe dar os parabéns. – ela arregalous olhos. — Foi um prato realmente sabosoro, pouco original mas o que importa foi o sabor e a montagem do prato. Ficou realmente fascinante, meus sinceros parabéns minha jovem! – Kiera estava sem reação.
— Sério? – ela pergunta ainda sem acreditar.
— Sim, realmente fabuloso! – ele diz se colocando de pé. — Bem, tenho que ir agora. Se me dêem licença. – diz caminhando em direção a saída mas para no meio do caminho virando-se para nós dois. — Desculpe, mas como posso chama-la?
— Kiera, Kiera Evans. – respondeu. O homem afirmou e se retirou do restaurante. Assim que ele fez isso Kiera deu um grito agudo de animação e pulou em meu pescoço. — VOCÊ OUVIU O QUE EU OUVI? – ela berrou.
— Não sei, estou me sentindo surdo. – respondo e ela sorri.
— Ele me elogiou! Disse que gostou, meu Deus! Esteban Policatro gostou da minha comida! – começou a pular animada.
— Eu disse que conseguiria. – digo e ela me olha. — Você já é uma chef Kiera, basta você enxergar isso. – ela me sorri emocionada e me abraça.
— Obrigada, você me incentivou e confiou em mim. Assim como toda a galera, mas ainda assim você acreditou em mim como vem fazendo a muito tempo. – se afastou um pouco me olhando nos olhos. — Você não imagina o quanto significa para mim.
— Talvez esse brilho lindo nos seus olhos me digam que sim. – ela sorri pronta para me beijar mas nota o pessoal nos olhando e se afasta bruscamente de mim.
— Precisamos comemorar! – gritou. — Comemorar tanto aqui quanto em casa e isso não é um aviso. – susurrou.
— Hoje estou as ordens da minha chef. – ela sorri abertamente.
O sorriso dela ilumina qualquer escuridão e deixa meu coração aquecido de uma forma inexplicável.
Com isso concluímos que: se minhas suspeitas estiverem corretas, Kiera vem me iluminando da escuridão a muito tempo.
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