Capítulo 2

Olá pessoas, tudo bom?

Mais um capítulo quentinho para vocês!!

Alguém ai já enfrentou a famosa Ressaca Literária?? Estou enfrentando uma gigante, socorrooo

Aproveitem o capítulo 💜


~~~

Eu estava quase me contorcendo de desespero enquanto ele estava quase gargalhando da minha desgraça. Posso visualiza-lo tomando meu sangue de canudinho.

David Cooper, o cara que eu tanto admiro e que estagiarei ao seu lado por seis meses é o tarado do metrô. Ou melhor, o cara que acusei ser o tarado do metrô.

Ele lavou as mãos e voltou a se aproximar de mim e de Sra. Morgan. Quando ele me estendeu a mão eu quase corri para longe mas me mantive ali forçando uma expressão impassível.

— É um prazer conhece-la, Srta. Evans. – disse olhando nos meus olhos.

— O-O prazer é meu. – digo apertando a mão estendida.

Puta merda, eu estou muito ferrada!

— Felícia, pode ir agora. Daqui em diante eu serei responsável pela Srta. Evans. – ele diz me dando aquele olhar.

Aquele olhar de: "Vou fazer churrasco de você querida, e ninguém vai te salvar!"

— Boa sorte. – Felícia me abriu um sorriso antes de se retirar e eu quase me agarrei a perna dela para ela não me deixar sozinha.

Soltei um suspiro e resolvi encarar o bicho. Ele estava com os braços cruzados me olhando, seus olhos estavam cerrados em cima da minha pessoa.

— Srta. Evans, sinto que te conheço de algum lugar. – começou em explícita provocação. — Ou eu te confundi?

— Quem sabe, não é mesmo? Eu sou muito fácil de ser confundia. Acredita que já me confundiram com a Rihanna? – soltei uma risada nervosa. — Dei autógrafos e tudo.

— Hm, então não deve ser. Aconteceu uma coisa muito louca comigo hoje, sabe? Uma mulher me acusou de passar a mão na bunda dela no metrô, você acredita? – riu com sarcasmo. — Disse que iria chamar a polícia e tudo, me acusou com tanta convicção que fiquei até com medo da minha mão ter criado vida própria e eu não estivesse sabendo. – riu. — E sabe o que é mais engraçado nessa história?

— Vou adorar saber o que é. – rio nervosa.

— É que essa pessoa se parecia muito com você. Mas somos sete bilhões de pessoas no mundo, qual a probabilidade de ser você não é mesmo? – riu debochado enquanto me olhava.

Deus sabe que eu não fiz por mal. Se não existissem tarados no mundo, mal-entendidos como estes não aconteceriam e pessoas inocentes como eu não precisariam estar passando por tamanho constrangimento.

— Tudo bem, tudo bem! Era eu mas a culpa não é minha! – solto logo de uma vez. — Eu estava distraída, ai eu senti uma mão me apalpando e ai você era o mais suspeito. Quem iria desconfiar de um cara cutucando o nariz? Eu sei que eu errei, não deveria ter te acusado sem provas mas foi calor do momento, tudo bem? Não tenho culpa se humanos da sua espécie não honram as próprias calças e faz com que as mulheres saiam desconfiando de todos que passam por elas! – soltei de uma vez deixando o ar faltar.

O homem a minha frente não está com uma reação e os funcionários estão me olhando.

Mico: 3 x Noção: 0


— Tudo bem pessoal, podem voltar ao trabalho de vocês. – ele pede e os funcionários lhe obedecem. Sua atenção está em mim novamente. — Tudo bem, em partes a senhorita tem razão. Mas isso não significa que você deve sair por ai acusando um inocente. Por sua sorte era eu, e se fosse outra pessoa.

— Aí eu estaria morta, viraria churrasco na mão de alguém que não sabe fazer churrasco. – digo antes de soltar um suspiro. — Me desculpe pelo mal-entendido, por favor não me demita. Eu sou uma jovem que batalha muito e juro que isso não vai voltar a acontecer! – peço exasperadamente. — Não se o senhor não me der motivos. – pontuei sem pensar. Arregalei meus olhos e neguei. — Digo, eu não...

— Respira primeiro, garota! – ele diz me encarando como se eu tivesse fugido de alguma ala psiquiatra. — Não vou te demitir, mas também não vou te perdoar tão cedo.

— Mas que merda! – solto recebendo um olhar repreendedor. — Digo, melhor do que nada, chefe! Eu trabalharei duro para o senhor, não se preocupe.

— É David meu nome, então ou me chame de David ou Dave como a maioria aqui me chama. Não gosto de formalidades. – explicou sério como um verdadeiro chefão geralmente faz.

— Tudo bem.

— A Srta. pode ficar aqui com o pessoal que trabalha com as comidas mais salgadas nas primeiras semanas e depois te mando para o pessoal dos doces, caso se adapte com os dois podemos paralelar. Certo?

— Certo.

— Ótimo, alguma dúvida?

— Dúvida não, pedido. – ele franze o cenho. — Me chame de Kiera, Kiki ou sei lá. Mas pode parar por favor com essa coisa de senhorita? – ele arqueia as grossas sobrancelhas e parece pensar por um momento.

— Se sente incomodada com isso?

— Sim. – respondi ganhando um sorrisinho que eu considerei maldoso.

— Ótimo, pois vou continuar te chamando de senhorita. – o olhei indignada.

— Isso não é justo! – impliquei.

— Não é justo eu ser acusado de assédio em um trem lotado quando eu não fiz nada.

Quase bufo de frustração mas solto um suspiro abrindo um sorriso enquanto mil e um xingamentos giram ao redor da minha cabeça.

— Como preferir. Por onde posso começar? – mudo de assunto.

— Pode terminar de sovar essa massa aqui, ainda não pegou o ponto certo. Depois entregue para Ralph. – apontou para o ruivo do outro lado da cozinha. — Os pedidos aparecem naquele painel. – apontou para um painel de led na parede.

Uau, realmente tecnológico.

— Certo. – assinto para tudo o que ele diz. Ele caminha até um armário a alguns metros e retira um pacote transparente e me entrega.

— Aqui está seu uniforme. – disse assim que peguei o pacote. — Pode usar aquela sala e usar um dos armários para guardar suas coisas. – continuo afirmando. — Ralph, Dora, Selena, Dayse, Richard, Candice, Leonel e Victor. – apontou para cada um me apresentando e esses deram um pequeno aceno. — Srta. Kiera Evans, nova colega de vocês. – me apresentou e foi minha vez de dar um tchauzinho. — Agora já pode iniciar seu trabalho se não houver nenhuma dúvida.

— Não, nenhuma. Está tudo certo. – digo caminhando até a tal sala. Ao fechar a porta atrás de mim entrei em um pequeno surto enquanto me debatia de frustração.

Merda! Merda! Merda, Kiera!

Vesti a T-shirt branca junto do gorro com fitas alaranjado que quase estragava meu penteado. Por isso fui obrigada a muda-lo como deu. Guardei minha bolsa em um dos armários e sai da sala logo em seguida. Lavei minhas mãos com álcool e me encaminhei até a massa que até então meu amado chefe sovava e tomei seu lugar.

Colocar a mão na massa me acalmava! Cozinhar me acalma muito, foi por isso que decidi fazer gastronomia. Na verdade há vários motivos pelo qual eu escolhi a gastronomia, mas são tantos.

Eu estava sorrindo para a massa, quase esquecendo dos recentes acontecimentos quando noto David Cooper me encarando com os braços cruzados sobre o peito.

— O que? – não resisti e perguntei.

— Estou monitorando seu trabalho. – diz simplesmente.

— E precisa ficar me encarando dessa forma?

— A Srta. está realmente questionando meu modo de trabalhar? – perguntou voltando a cerrar os olhos enquanto me encarava.

Tudo bem Kiera, você consegue. Não pode estrangula-lo no primeiro dia. Respire garota, você é uma Deusa enviada pelos Deuses para colorir o mundo dos descoloridos tristes.

Solto um suspiro e me forço a sorrir antes de lhe responder:

— De maneira alguma. – volto a minha atenção para a massa.

— Não precisa usar tanta força. – ele diz apontando para a massa.

Não estou usando nem um terço da minha força mas não vou contestar.

— Tudo bem. – respondi. Ele se afasta e vai averiguar o trabalho dos outros. Assim que sinto que a massa está no ponto, passo para Ralph conforme foi dito para que eu fizesse.

Desde ai o trabalho não parou. Meu amado e adorável chefe me colocou apenas como uma auxiliar de cozinha, por isso meu trabalho parecia pesar trinta quilos a mais que o restante.

Tudo bem, esse é só o inicio do meu sofrimento. Ninguém mandou acusar o próprio chefe de assédio em um trem lotado e sem provas. Chega até ser irônica a frase levando em conta que há mulheres que vivem o caso realmente e não são levadas a sério. Talvez isso me dê uma pontada de culpa, mas Deus sabe que não foi nenhuma invenção minha. Alguém definitivamente passou a mão na minha bunda, não tenho culpa se David me parecia suspeito e que sou uma pessoa encrenqueira. Veio de fábrica!

Enquanto eu varria, observava Ralph cortar batatinhas em uma velocidade invejável enquanto Selena fervia um caldo que me parecia espetacular. Eu poderia chorar só de observar.

Srta. Evans. – a voz do cão me desperta. Viro-me e o encaro.

— Sim.

— A pia é toda sua. – me apontou a pia lotada e quase deitei no chão para fazer uma birra mas engoli abrindo um sorriso.

— Claro. – deixo a vassoura de lado e caminho para a pia pronta para lavar toda a camada da louça.

Por volta das três fizemos uma pausa para almoçar, conheci quase todo o pessoal e são todos muito gentis e simpáticos.

David tinha sumido e eu tinha dado graças a Deus.

O restaurante era grande e bastante frequentado. O trabalho era dobrado e ainda assim aquele tanto de pessoas conseguiam fazer tudo extremamente perfeito. Aprendi um pouco sobre comida alemã, que era a especialidade do restaurante. O que explicava bem o nome dele, e me apaixonei mais e mais pela cultura gastronômica do país.

David retornou por volta das oito e ainda assim pegando no meu pé.

O trabalho teve fim por volta das dez. Todos soltaram um suspiro em grupo de alívio quando as luzes finalmente foram apagadas.

— Eu só quero deitar na minha cama e esquecer da minha existência. – Ralph quem disse.

— Eu quero me agarrar na minha cama e não sair mais de lá! – Selena quem disse dessa vez.

Estavam todos extremamente cansados.

— Parabéns Kiera, você foi muito bem no seu primeiro dia. – Victor me parabenizou.

Victor era alto e loiro, muito bonito por sinal. Muito atencioso com todos, gosto.

— Ah, que isso! Varrer e lavar são as minhas especialidades. – digo com ironia e eles riem.

— Não se preocupe muito, no início ele faz isso mesmo. – Dora quem diz. — Mas com o tempo ele para.

— Eu duvido muito, ele vai fazer isso até eu desistir. O que obviamente não vai acontecer. – digo convicta.

Se ele acha que vai me fazer desistir, ele está realmente enganado.

— David é um bom chefe, tudo isso é só um castiguinho. – Selena diz rindo. Um carro para em frente ao restaurante. — Minha carona chegou, tchau gente. – acenou em despedida e entrou no carro.

Caminhei com os outros três até o metrô e segui quase sozinha no trem para casa, o vagão estava quase deserto. Sinto meu celular vibrar e o tiro da bolsa. "Mãe" brilhava na tela.

— Muito boa noite, Sra. Evans. – atendi em tom de provocação.

— Olha se não é a minha filha. – ela diz e posso apostar que está sorrindo. — Como foi seu primeiro dia no trabalho?

— Foi legal mãe, meus colegas de trabalho são gentis e simpáticos. E David Cooper é um idiota! – reclamo.

— O que ele te fez?

— Na verdade fui eu quem fiz a ele e agora ele está usando isso a favor dele, mas eu vou superar.

— Onde você está?

— No trem, voltando para casa.

— A uma hora dessas Kiera? Onde está seu carro? – cocei a nuca. Se eu disser que emprestei ao meu irmão ela vai ficar muito brava com ele, se eu salvar a pele dele dessa vez ele vai ficar me devendo um favor.

— Está na revisão mãe, tive uns problemas com ele. – minto descaradamente.

— Por que não disse antes? Eu mandaria outro carro para você. William, sua filha está sem carro! – a escuto gritar meu pai.

— Mãe, nem pense nisso!

— Querida, você não pode ficar andando a uma hora dessas de metrô. Você sabe o quanto esse mundo está perigoso e eu me preocupo com você. – soltei um pequeno suspiro.

Bárbara Portilho Evans é uma mãe extremamente protetora. Faz exatamente tudo para que os filhos estejam confortáveis e protegidos, move céu e terra pelo bem dos dois e ainda mima nós dois como se ainda fossemos crianças.

— Mãe, eu sei. Mas não se preocupe, eu ficarei bem. Meu carro logo sai da revisão.

Assim eu espero, caso Austin não tenha decidido atravessar a fronteira novamente.

— Estou descendo mãe, não se preocupe. Vou desligar, te amo. – finalizei a ligação.

Mais um pouco e aposto que ela iria sugerir um jatinho particular para me levar e trazer.

Meus pais são ricos, mas prefiro ser modesta e dizer que apenas são bem estabilizados financeiramente. Minha mãe foi uma grande atriz nos anos 80 e meu pai um médico renomado, mas atualmente estão aposentados curtindo a vida deles.

Duas quadras mais tarde e eu já estou em casa me jogando no sofá pronta para cair em um longo sono.

Era só o início, e eu sabia disso.


***

Notinha final: Eu de fato não encontrei informações se há restaurantes que fazem essa divisão que fiz, mas é algo meu mesmo que pretendo usar para fins futuros.

É isso, beijão.

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