Capítulo 2.7

008
Dia de Colheita

Os irmãos estavam caminhando rumo ao fim da cidade quando um enorme barulho de passos ecoou pelo lugar.

"O que foi isso?" disse Clara.

Theo parou e tentou entender o som.

"Acho que são pessoas" disse Theo com uma pontada de esperança.

Os irmãos seguiram o barulho até um divisão da estrada que levava para dentro da floresta.
Ao se aproximarem eles notaram uma espécie de carruagem movida a cavalos.
De dentro do transporte desceu um homem barbudo de terno e gravata, em uma das mãos ele segurava um chapéu cinza.

"Vocês eu não conheço" disse o homem.

Theo e Clara se olharam por alguns instantes.

"Eu sou Theo, essa é minha irmã Clara" disse o garoto.

"Estamos perdidos", continuou.

O homem abriu um sorriso e estendeu sua mão.

"Eu sou Antônio, prefeito da cidade".

Clara não conseguiu evitar demonstrar sua ansiedade e felicidade.

"Quando vocês chegaram?" perguntou Antônio fazendo menção para os jovens o seguirem.

"Senhor" uma voz chamou.

O prefeito se virou e deu de cara com dois jovens vestidos de jardineiros, eles seguravam uma cesta cada.

"Ah, Antonella" disse o homem de maneira bondosa para a garota, "Jake" completou acenando para o menino.

"Estamos prontos" disse Jake empinando o peito.

O homem sorriu.

"Sabia que podia contar com vocês" elogiou os jovens enquanto bagunçava seus cabelos.

O prefeito puxou um pequeno papel do bolso e colocou em uma das cestas.

"Conhecem a regra, não conhecem?" perguntou.

Os dois jovens se entreolharam e então balançaram a cabeça em concordância.

"Seguiremos a estrada e não vamos falar com ninguém" começou Antonella.

"Vamos entregar os presentes e então vamos voltar" continuou Jake

"E?" disse Antônio.

Clara sentiu uma breve tensão na troca de olhar entre o prefeito e os jovens mas decidiu não comentar.

"Não vamos abrir as cestas" disseram os dois jovens ao mesmo tempo.

O prefeito sorriu e uma ruga surgiu ao lado de seu olho.

"Bons rapazes" e dizendo isso o homem deu um último abraço nos jovens antes que eles partissem rumo à floresta.

"Não posso evitar de perguntar" começou Theo.

"Para onde eles estão levando essas cestas?".

Antônio olhou o garoto de cima a baixo e abriu um sorriso.

"Para uma conhecida".

Theo se sentiu satisfeito com a resposta, Clara porém lançou um olhar estranho para seu irmão.

"O que aconteceu?" disse Theo.

"Nada" respondeu Clara imediatamente.

Os irmãos continuaram caminhando na companhia do prefeito.
Agora que todos voltaram para a cidade o local ficou extremamente barulhento, havia crianças e adultos brincando, alguns jardineiros cuidavam das plantas na frente de suas casas, algumas pessoas apenas caminhavam e colocavam o papo em dia.

"Está lotado aqui né?" disse Clara.

Theo correu o olhar pela cidade e concordou com a cabeça.

"E por qual motivo não estaria?" disse Antônio distraído.

Theo e Clara se olharam novamente.

"Eh, Antônio?" chamou a garota.

O prefeito olhou por cima do ombro.

"Sim?"

"Ah.. você vai nos ajudar?" perguntou Clara.

"Ajudar?" disse o homem sem entender.

"A irmos embora?" disse Theo.

O homem pensa por uns momentos e então parece se recordar que os garotos estavam perdidos.

"Ah claro, perdidos" disse o homem monotonamente.

Uma moça de cabelos presos e usando um avental se aproximou do trio.

"Antônio" ela chamou.

O prefeito se virou para a moça.

"Ana" disse o homem em bom tom se esquecendo totalmente das crianças.

"Que maravilha" disse Theo.

A moça cochichou algo no ouvido do homem que o fez dar um salto, ele se virou e olhou a floresta ao longe.

"Quando?" disse o homem.

Clara tentou limpar os ouvidos para conseguir ouvir com mais clareza mas o prefeito era muito bom em esconder suas verdadeiras intenções.

"Eles podem acabar passando por lá.." disse Ana baixinho antes que Theo gritasse.

"Está tudo bem por aqui?"

Antônio e Ana finalmente pareceram se lembrar que os irmãos estavam por perto.

A moça lançou um olhar furioso para o jovem.

"Desculpe?" disse Theo.

Mas a moça apenas virou a cara e foi embora.

Antônio estava saindo de mansinho quando Clara gritou seu nome.

"Prefeito! Aonde vai?".

O homem lançou um sorriso amarelo para os irmãos.

"Mais tarde ok?" disse apressado.

"Mas.."

"Mais tarde" repetiu Antônio ao ir embora quase correndo.

Theo e Clara observaram o homem sumir ao virar uma rua próxima, a esperança de conseguirem voltar para casa novamente se esvaindo.

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