Capítulo 2.3
004
Respeitável Público
Os irmãos seguiram pela estrada de terra por alguns minutos antes de enfim chegarem ao destino.
No momento em que Clara colocou os pés no primeiro degrau da escada a porta se abriu e um vento frio atingiu os irmãos.
Theo e Clara se entreolham.
"Depois de você" disse a garota.
Havia fumaça para todo o lado, cartas, argolas e muitos outros itens estavam visíveis por todo o lugar.
Sentado de costas para os jovens estava um homem usando terno roxo, ao perceber a aproximação dos garotos ele apagou o cigarro no cinzeiro e então se virou.
Era um homem adulto com a barba feita, havia algumas pequenas rugas em seu rosto mas mesmo assim ele possuía uma aparência jovem e cheia de vida.
"Quem são vocês?" perguntou o homem.
Clara tentou falar algo mas não conseguiu pensar em nada.
Theo deu um passo à frente.
"Desculpe senhor, eu sou Theo e essa é a Clara, estamos perdidos".
O homem olhou os irmãos de cima a baixo.
"Certamente estão".
Clara correu o seu olhar pelo lugar.
"O que é tudo isso?" perguntou.
O homem se levantou e se dirigiu até uma espécie de gancho onde ele guardou o terno após tirá-lo.
"São meus objetos mágicos" respondeu com simplicidade.
"Mágicos?" repetiu Theo.
O homem lançou um olhar como se tentasse perceber se os garotos fossem doentes
"Isso, mágica" respondeu.
O homem puxou uma cadeira próxima a janela e então fez menção para os garotos se sentarem.
"Então estão perdidos?" perguntou o homem.
Theo limpou a garganta.
"Não sabemos como viemos para aqui, mas precisamos voltar para casa, nossos pais devem estar loucos".
O mágico pegou sua cartola e ficou girando entre os dedos.
"Certo" disse vagamente.
Clara enfim disse algo.
"Vai nos ajudar?" perguntou.
O homem parou.
"Posso tentar" respondeu com simplicidade.
Theo sorriu genuinamente, uma pontada de esperança surgindo, finalmente haviam encontrado um adulto sensato.
"Qual a maneira mais rápida de sair daqui?" perguntou o garoto.
O homem ficou em silêncio, olhando o teto.
"Não vão querer saber".
Clara tossiu.
"Não vamos querer saber?" disse com a voz esganiçada "estamos aqui faz semanas!".
"Ei, tente não gritar nos meus aposentos"
Clara ficou vermelha e em silêncio absoluto.
"Por que acha que não iríamos querer saber?" Continuou Theo.
Nesse momento um barulho na janela assustou os irmãos.
Um gato preto havia surgido do nada trazendo um passarinho morto.
Clara olhou para a lateral da barriga do animal, ele parecia ter entrado em uma briga.
Havia também uma espécie de pena preta em suas unhas traseiras.
Theo reconheceu a coloração, era idêntica ao do corvo.
Ele imaginou o que poderia ter acontecido.
O mágico se levantou e correu até a janela e a abriu.
Após alguns segundos de carinho nas orelhas e barrigas o gato se aproxima e começa a ronronar no ouvido do homem que demonstra uma feição bastante séria.
"Ah sim, entendo, posso ver claramente" disse o homem em voz alta "então já é tarde demais, ah sim, de fato".
"Perdão?" Disse Theo.
O homem parece se lembrar que os dois irmãos estavam ali perto.
"Algum problema?" Questionou o homem.
Theo e Clara se entreolham.
"Você está falando com o gato?" perguntou a menina.
O homem parece despertar de um leve transe.
Ele encara os garotos com uma expressão estranha.
"Precisamos conversar".
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