O fim do meu expediente havia se transformado num alívio, o que me deixava reflexiva e um pouco triste. Eu realmente amava minha profissão, mas de certa forma, não me sentia mais empolgada com as tarefas que me eram destinadas na Republic Records. Estava mais uma vez pensando sobre isso no caminho até o meu carro, o estacionamento da empresa era silencioso, e uma sensação de ser observada me acompanhou até sair daquele lugar. Provavelmente minhas fotos ao lado de Tae, despertaram a raiva ou a curiosidade em algumas fãs.

Meu foco naquele fim de tarde não era minha paranoia, mas a reconciliação extremamente tardia. Os dias de distância foram necessários, eu consegui pensar com mais clareza e realmente perdoar. Só queria dar um segundo passo quando meu coração estivesse livre de mágoas, e finalmente sentia que a hora havia chegado. Uma passadinha em casa para tomar banho e me arrumar foi necessária, tinha planos para a noite.

Tae ainda estava hospedado na mesma cobertura da festa que havia acontecido assim que chegou aos Estados Unidos, não foi difícil encontrar. A portaria liberou meu acesso, não fizeram nem questão de avisar minha chegada pelo interfone. Uma funcionária sorria de canto a canto para mim, pelo que entendi, Taehyung havia liberado minha entrada a qualquer hora. O nervosismo estava tomando conta da minha barriga durante o tempo no elevador, não era tão boa com declarações e sinceramente, minha mente havia apagado tudo que ensaiei dizer.

— Oi. — Falei assim que Tae abriu a porta, seus olhar se iluminou quando me viu. Ele vestia uma camisa branca e um jeans escuro, os pés estavam descalços. Droga, até os pés eram bonitos.

— Oi, Z. Que surpresa agradável. — Deu espaço para que eu entrasse, mas nenhum sinal de que tocaria em mim. Já estava tentando lembrar o que queria dizer quando passei pela porta, mas meus pensamentos foram interrompidos pelo braço de Tae que envolveu minha cintura. — Vai me perdoar por não conseguir manter as mãos longe de você, mas estive todos esses dias aguardando uma ligação.

— Eu preferi vir pessoalmente. — Ambos sorríamos, seu cheiro estava invadindo minhas narinas e nublando até a apreensão de momentos atrás.

— Bem melhor. — Seu braço me puxou para mais perto, nossos corpos estavam se esbarrando, lutei contra a vontade de fechar o espaço entre nossos lábios.

— Taehyung-ah, vocês deveriam ir logo para o quarto. — Uma voz soou de trás das minhas costas, me despertando para a vida além do abraço de Tae.

Tentei me desvencilhar, mas Taehyung só deixou espaço para eu me virar, suas mãos continuaram em torno da minha cintura. O vasto espaço que era a sala me deixou surpresa, várias luzes vindas do teto de gesso combinadas com a mobília sofisticada deixavam o ambiente imponente e aconchegante. Janelas enormes mostravam a noite de Los Angeles, notei também uma porta de vidro e uma sacada. Aquilo era uma jacuzzi?

A empolgação tomou conta quando vi Jungkook vindo na minha direção, havia tanto tempo que não nos víamos. O mais novo me puxou para um abraço, ignorando que eu já estava nos braços de Tae. Eu sabia que estava fazendo aquilo por implicância, mas não consegui segurar a risada.

— Então finalmente vocês deixaram de ser idiotas. — Jungkook me soltou, tinha um sorriso enorme no rosto. Mostrava que estava tão feliz quanto eu. — Venha, tenho que te apresentar ao meu namorado.

Meus olhos foram até o sofá e eu vi Bella sentada com uma expressão azeda, Tae notou minha apreensão e segurou minha mão. Não deixaria aquela praga ruiva estragar minha vida novamente. Simplesmente ignorei sua presença e voltei a atenção para o cara loiro que se levantava para me cumprimentar.

— Oi, Zendaya. Prazer em te conhecer, ouvi muito sobre você. Me chamo Jimin. — Ele estendeu a mão, acabou se surpreendendo quando o puxei para um abraço. Era mais baixo do que os outros e tinha os olhos mais puxados, Jungkook e ele formavam um casal lindo.

— Oi, Jimin. Eu ouvi tanto sobre você que me sinto como se já te conhecesse.

— Você é mais bonita pessoalmente, o Taehyung passava bastante tempo olhando seu Instagram, então eu acabava vendo vez ou outra uma foto sua. — Acabei rindo do tom malicioso de Jimin, ele e o Kookie tinham cara de que gostavam de atormentar o Tae.

Por fim, eu estava certa. Ficamos um bom tempo conversando e bebendo ali na sala, Bella não tentava disfarçar sua irritação e eu gostava de ver sua expressão incomodada. Gostava tanto, que aceitei sentar no colo de Tae quando ele me puxou. Precisaria conversar sobre a presença dela, não gostava nenhum pouco, mas entendia que não seria tão simples estabelecer limites. Afinal, aquela garota o seguia para baixo e para cima há tantos anos.

Estava tarde quando o irmão e o namorado decidiram cair na farra da cidade, Bella havia aceitado o convite, nada sutil, de carona que o Jimin havia oferecido. Ele não parecia gostar muito dela também.

— Fiquei o tempo todo procurando uma forma de pedir para todos irem embora sem ser rude, mas não consegui. — Tae me puxou de volta para seu colo. Finalmente éramos ele e eu. — Pode me dizer o que faz aqui com esse vestido provocante?

— Eu gostei de passar um tempo com o Jimin e o Jungkook. — Deixei meus braços deslizarem pelo pescoço de Tae, ao mesmo tempo em que arrumava uma perna em cada lado de seu quadril. Aquilo fez meu vestido subir um pouco mais e deixar boa parte da minha perna à mostra. — Apesar de não entender o motivo da Bella estar aqui.

— Foi divertido. — Seus olhos tentavam desviar das minhas pernas recém descobertas, mas suas mãos estavam ávidas demais por me acariciar. — Desculpe por isso, amor. Ela fica aparecendo as vezes, diz que está com problemas, eu preciso aprender a impor limites... É complicado, me sinto responsável pela Bella.

— Eu sei disso, mas não acredito em nenhuma palavra que sai daquela boca. Você precisa impor limites sim, e rápido. — Tae me distraia com aqueles carinhos, já não bastassem os dedos, agora seus lábios deslizavam pela lateral do meu pescoço.

— Vou fazer isso. — Sua voz era um sussurro próximo da minha orelha.

— Espera. — Recuei o corpo e seus olhos finalmente pareciam atentos ao que eu estava falando. — Vim aqui dizer pra você que já te perdoei antes mesmo de saber como andava sua vida por todos esses anos. Eu te amo tanto, não gosto de ver a minha vida sem você nela.

— Zendaya, você nem pense em voltar atrás. — Sua boca tinha um sorriso, mas os olhos ainda pareciam reticentes. — Eu viro uma pulga no seu sapato.

— Eu estou falando sério. E o certo é uma pedra no sapato.

— Tanto faz, mulher. Você entendeu. — Acabei dando risada, mas não durou muito tempo antes da sua boca cobrir a minha. E novamente, eu me esqueci do mundo à nossa volta durante aquele beijo.