Capítulo 6
- Tem certeza disso Lina?
- Não tenho muita opção. - Falo.
Conheço meu pai bem o suficiente para saber que se eu não for nesse jantar, é capaz dele comprar esse prédio e me expulsar.
Ele não gosta de ser contráriado, como também não gosta de que alguém não obedeça suas ordens imediatamente.
- Desculpe amiga, mas seu pai é um ser humano horrível.
- Eu já sei disso. - Dou de ombros. - Então nem precisa pedir desculpas.
Já tem muitos anos que aceitei que meu pai não vale o que come, apesar de ser triste ter um pai assim, já que acostumei com sua distância.
Na verdade prefiro que ele se mantenha distante, ou eu teria que viver deixando do mesmo teto que ele, e sendo obrigada a seguir suas regras inúteis.
A melhor coisa que fiz na minha vida foi me tornar independe dele, ou ao contrário minha vida seria degradante.
Mesmo não tendo um convívio, ele ainda manda e desmanda em mim quando bem entende. Acabo obedecendo não porque sou burra, mas porque cuido das pessoas que me rodeiam.
Ele não pensaria duas vezes antes de destruir a vida de alguém se isso for lhe trazer algum benefício. Então como o conheço bem o suficiente, prefiro não ir contra sua vontade.
- Ainda acho melhor você não ir. - Lu fala.
- Prefiro ir por livre e espontânea vontade, do que sair daqui arrastada pelos seguranças dele.
Seria exatamente isso que iria acontecer se eu me negasse a comparecer no jantar e desobedecesse sua ordem, então prefiro manter minha dignidade intacta e ir com minhas próprias pernas do que ser arrastada.
- Que ódio. - Lu diz brava.
- Você tem sorte em ter pais maravilhosos. - Falo. - Então os valorize muito.
Os pais de Luane são totalmente diferentes do meu pai. Posso dizer sem dúvidas que são perfeitos como pais, e minha amiga recebe o amor de ambos sem dar nada em troca.
- Meus pais são maravilhosos. - Ela sorri abertamente. - Realmente tenho muita sorte.
Meu pai só se interessa por mim quando precisa da minha ajuda para algo. E na maioria das vezes que me procurava queria que eu seduzisse algum velho rico para seu benefício.
Por sorte sempre consegui fugir, mas não antes de enfrentar sua fúria. Com toda certeza sempre preferi apanhar do que me rebaixar ao que ele queria.
Tenho até medo do que ele tem preparado para hoje, mas como sempre irei fugir sem medo das consequências.
Mesmo sendo humilhante apanhar não tendo feito nada para merecer esse castigo, ainda acho melhor do que me envolver com um homem apenas para lhe ajudar em seus planos nojentos.
Já tem alguns anos que ele não me bate, porque da última vez revidei. Meu pai não merece respeito algum, então não me senti nem um pouco culpada por chutar suas partes íntimas. Na verdade eu me senti vingada por toda surra que levei sem merecer.
Ele gritou, espraguejou, me xingou de todos nomes ruins que já ouvi, e por um momento achei que ele iria me matar, quando vi sua feição extremamente furiosa.
Por sorte ele apenas me expulsou de casa, e desde então ele não me ligou, não me chamou para fazer parte dos seus planos. Achei que ele havia me esquecido, mas para minha tristeza estava errada.
- Que horas o motorista vem te buscar?
Antes que eu responda, alguém toca a campanhia do apartamento.
- Provavelmente é ele. - Falo.
Pego minha bolsa sobre o sofá e a coloco no ombro, me levanto em seguida e caminho lentamente em direção a porta.
- Lina? - O homem pergunta quando abro a porta.
- Sim. - Digo apenas.
Ele está todo vestido de preto. Como sempre os empregados do meu pai se vestem impecavelmente, sem nenhuma falha.
Provavelmente irei ouvir um sermão por estar usando apenas camiseta e calça jeans. Meu pai sempre odiou que eu ou minha mãe não vestíssemos as melhores roupas.
Lembrar da minha mãe faz meu coração doer, se ela estivesse ao meu lado, teria evitado eu passar por tanto sofrimento sem sentido.
Mesmo meu pai sendo um homem rude, ele amava minha mãe, e demonstrava isso da sua forma meio grosseira.
- Vamos?
O homem é mal encarado, parece não sorrir nunca, o que dá um pouco de medo.
- Ok.
Ele começa a caminhar, e eu o sigo de longe. Ele aperta no botão do elevador e alguns segundos depois a porta se abre.
Entro no elevador e ele faz o mesmo a seguir. Me mantenho quieta, pois mesmo se eu quisesse conversar, provavelmente ele não iria responder.
Depois de uma eternidade a porta do elevador se abre, e ele me dá espaço para sair primeiro.
- Obrigada. - Agradeço.
Vejo que sua feição muda um pouco ao ouvir eu agradecendo. O coitado nunca deve ter recebido um agradecimento do meu pai, e provavelmente por isso estranhou minha atitude.
Caminhamos até um carro preto e ele abre a porta para mim.
- Obrigada. - Agradeço novamente.
Ele acena com a cabeça e fecha a porta em seguida. Coloco o cinto de segurança enquanto ele se senta no banco do motorista e faz o mesmo. Ele dá a partida no carro e começa a dirigir lentamente.
- Qual o seu nome? - Pergunto.
Ele me olha pelo espelho retrovisor por algum tempo, e quando acho que ele não irá me dizer nada ele fala:
- Dimitri.
- Muito prazer Dimitri. - Falo.
- O prazer é meu senhorita.
- Me chame de Lina por favor. - Sorrio abertamente.
Ele apenas acena com a cabeça e volta sua atenção para o tráfego.
- Você é Russo Dimitri? - Continuo me intrometendo.
- Meu pai é Russo, mas eu nasci aqui nos Estados Unidos. - Fala.
- Entendi. - Digo apenas.
Continuo fazendo perguntas mesmo que pareça que ele está respondendo apenas por cortesia.
Mas conforme o tempo foi passando, parece que Dimitri se abriu um pouco mais, e até mesmo começou a me fazer perguntas sobre minha vida.
- Como sabia onde eu morava? - Pergunto curiosa.
Nunca passei meu endereço para meu pai, mas também não é surpresa alguma, já que ele gosta de saber de tudo.
- Eu sei tudo sobre a senhorita. - Fala.
- Você sabe que isso é assustador não sabe?
- É apenas o meu trabalho. - Ele sorri.
- Achei que você jamais faria isso. - Sorrio também.
- Fazer o quê?
- Sorrir. - Falo. - Deveria fazer isso com mais frequência, fica bonito quando sorri.
Ele leva uma das mãos a boca e começa a tossir.
- Não estou dando em cima de você, apenas estou falando o que acho. - Me explico ao perceber que ele ficou sem graça.
- Eu sei.
- Não recebe elogios com frequência não é? - Pergunto.
- Não. - Assume.
- Por isso eu disse para sorrir mais. - Falo. - Você fica meio assustador quando está sério.
Ele é um homem atraente, mas isso fica ainda mais visível quando ele não está com cara de psicopata. Sou doida em estar falando demais, mas apesar dele ser sério e parecer irritado o tempo todo, fui com a cara dele, e isso é bem difícil de acontecer comigo logo de cara.
- Já até posso adivinhar que não tem uma namorada.
- Está certa. - Ele confirma com a cabeça.
Ele é muito sério, provavelmente assusta qualquer mulher que chega perto.
- Siga meu conselho e sorria com mais frequência. - Pisco para ele. - É de graça e não dói nem um pouquinho.
- Vou pensar no seu caso.
Ele para o carro em frente ao portão da casa do meu pai, e começa a conversar com um outro segurança.
A conversa com ele estava tão boa que nem vi o tempo passar. Gostei do tempo que passei com ele, mas agora sinto toda minha animação indo pelo ralo.
O portão é aberto, então Dimitri segue viagem até chegar em frente a mansão de meu pai.
Está de noite, então não posso dizer se mudou muita coisa. Quando Dimitri para, tiro o cinto e abro a porta antes que ele faça isso para mim.
Ele me oferece a mão e me ajuda a sair do carro, em seguida fecha a porta atrás de mim.
- Me deseje sorte. - Cochicho.
- Boa sorte senhorita. - Ele me oferece um sorriso largo.
- Já ganhei a noite por vê-lo sorri tão abertamente. - Falo.
Pode parecer que estou dando em cima dele, mas não é o caso. Eu me sinto animada quando alguém sorri para mim.
- Estarei com problemas se seu pai escutar isso. - Ele cochicha.
- Não se preocupe. - Digo. - Provavelmente a mais prejudicada em tudo seria eu como sempre.
Não vejo surpresa em seu rosto, o que indica que ele deve saber do que já se passou na minha família.
- Até mais tarde. - Ele diz.
Aceno com a cabeça e caminho em direção a casa. Não tem para onde correr, então decido descobrir logo o que meu pai quer para poder ir embora o mais rápido possível.
Suspiro alto e toco a campainha da casa. Alguns segundos depois a porta é aberta por uma senhora desconhecida para mim.
- Bem vinda senhorita.
- Obrigada. - Aceno com a cabeça.
- Seu pai já está lhe aguardando. - Ela diz.
Ela fecha a porta atrás de mim e começa a caminhar em direção a sala de jantar. Alguns móveis foram trocados, mas de resto se parece com a antiga casa que conheci.
- Lina, minha filha querida.
Me assusto com a atitude do meu pai, e me surpreendo ainda mais quando ele se levanta de seu lugar e caminha em minha direção de braços abertos.
- Senti tanto a sua falta meu amor. - Ele beija meu rosto diversas vezes.
Minha vontade é de vomitar com seu fingimento. Percebi que tem alguém sentado de costas para nós, e logo percebo que tem um motivo para ele estar me tratando com tanto "Carinho".
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