- O quê? - Jaremy pergunta confuso. - O que acabou de dizer? Irmão?

- Do que está falando Melissa? - Elisa também pergunta.

- É... bem... é que... - Mel leva as mãos ao rosto. - Os dois eram amigos no passado, então se consideravam irmãos.

- Tem certeza que é só isso? - Jeremy pergunta.

- Mas é claro. - Melissa sorri sem graça. - O que mais poderia ser?

Todos ficam em silêncio por um tempo, enquanto Mateo e Jeremy se encaram confusos.

- Olhando para os dois percebo que eles se parecem muito. - Hilary fala.

- Claro que não. - Mel nega com a cabeça. - Não se parecem nem um pouco.

- Na verdade eles se parecem sim. - Elisa fala desconfiada.

Tenho quase certeza que Mel está mentindo. Ela está tentando disfarçar o nervosismo, mas não está conseguindo nem um pouco.

- Deveríamos ir almoçar? - Melissa tenta mudar de assunto.

- Por que está tão nervosa mãe? - Jeremy pergunta. - O que está escondendo de mim?

- Não estou tentando esconder nada meu filho.

- Está mentindo. - Ele fala. - Te conheço muito bem, e sei quando está mentindo.

Melissa enxuga o suor da testa, em seguida faz o mesmo com as palmas das mãos no vestido. Ela parece querer fugir a qualquer momento, e isso só me faz ter ainda mais certeza que ela esconde algo.

- Você... Por acaso... Já teve um caso com meu pai Melissa? - Mateo pergunta de repente.

- Do que você está falando Mateo? - Elisa o encara com seriedade. - Seu pai jamais seria capaz de fazer algo desse tipo.

- Sempre achei estranho eu ser parecido com o Jeremy, e do nada Melissa diz que somos irmãos, e depois tenta disfarçar. - Ele fala. - Está na cara que ela está mentindo, então a única alternativa seria que ele teve um caso com meu pai.

- Jeremy é mais velho que você Mateo. - Elisa diz. - Não faz sentido algum o que está falando.

- Se estou errado nos diga Melissa. - Mateo pede.

- Eu não vou ficar aqui ouvindo essas bobeiras. - Ela fala.

Melissa se vira, e começa a caminhar em direção a cozinha, mas para quando Jeremy lhe faz uma pergunta.

- A senhora vai nos contar a verdade, ou terei que fazer um teste de DNA com o Mateo?

- Você não acredita em mim? - Ela pergunta. - Por que está duvidando da minha palavra?

- Porque eu sei que a senhora está mentindo. - Ele retruca. - Então, nos diga o que realmente aconteceu, ou acabarei pensando o mesmo que Mateo.

- Nunca fui amante do Joshua. - Ela diz.

- Então nos explique o que aconteceu. - Jeremy diz.

Melissa caminha até uma das poltronas, e se senta em seguida.

- Conheci Joshua quando estava na faculdade, e nos tornando amigos. - Ela começa a falar. - Algum tempo depois acabamos confundindo nossos sentimentos, e pensamos que estávamos apaixonados.

- O que aconteceu depois? - Jeremy pergunta.

- Conheci Elisa na época que havíamos terminado nosso rápido namoro, e acabamos nos tornando amigas. - Ela olha para Elisa em seguida abaixa a cabeça. - Eu apresentei os dois, porque percebi que combinavam em muitos aspectos, e por sorte eu estava certa, Joshua e Elisa se apaixonaram a primeira vista.

Elisa também caminha até uma das poltronas e se senta ao lado da Melissa.

- A primeira vez que vi Derek foi quando ele veio visitar Joshua na faculdade, pois eram amigos de infância, mas eu ainda não tinha o conhecido, então acabamos nos tornando amigos também. - Melissa continua com a história. -  Alguns meses depois descobri que estava grávida do Joshua.

- O quê?! - Elisa arregala os olhos.

- Derek foi a única pessoa que soube que Joshua era pai do Jeremy. - Melissa olha para o filho e sorri fraco. - Quando eu disse que não iria contar para Joshua sobre minha gravidez, ele pediu para assumir meu bebê, pois ele não poderia ter filhos, já que era estéril. Começamos a namorar apenas para esconder quem era o verdadeiro pai do meu filho, mas acabamos nos apaixonando com o tempo.

- Por que fez isso Melissa? - Elisa pergunta. - Por que escondeu isso?

- Vocês estavam tão felizes, e eu não quis dizer nada para não prejudicar o relacionamento de vocês. - Ela fala.

- Deveria ter dito Melissa. - Elisa passa as mãos pelos cabelos.

- Como iria se sentir? - Mel pergunta. - A sua melhor amiga, estava grávida do seu namorado.

- Seria difícil, mas tudo aconteceu antes de eu começar a namorar com Joshua. - Mel fala. - Eu teria sabido entender seu lado, e apoiaria ambos.

Elisa diz isso agora, já que ela é uma mulher experiente, mas não da para ter certeza que ela iria agir de forma tão madura no passado.

- Meu pai sabia? - Mateo pergunta.

- Não. - Mel nega com a cabeça. - Ele me perguntou uma vez, mas neguei.

- Como ele não percebeu, já que você havia conhecido Derek bem depois que namoraram? - Mateo continua com o interrogatório.

- Fui morar com o Derek quando minha família me expulsou de casa quando soube da minha gravidez. - Ela fala. - Então quando Joshua me viu novamente, Jeremy já havia nascido há algum tempo.

- Por que nunca me falou nada mãe? - Jeremy pergunta. - Por que deixou eu pensar que Derek era meu pai esse tempo todo?

- Derek era seu pai. - Ela diz séria. - Poderia não ser seu pai biológico, mas era seu pai.

- Deveria ter dito isso antes. - Ele aponta o dedo para ela.

Jeremy começa a caminhar em direção a porta da casa, então Hilary corre atrás dele, enquanto Melissa também se levanta para ir atrás do filho.

- Deixe ele Melissa. - Donna aparece do nada. - Ele precisa ficar sozinho.

- Mas...

- Não seja teimosa. - Donna a corta e volta para a cozinha.

Eu soube que havia algo suspeito assim que coloquei meus olhos no Jeremy. Eles são parecidos demais para ser apenas uma coincidência.

- Estou magoada com você Melissa. - Elisa fala. - Não porque foi namorada do meu marido, mas porque escondeu algo tão importante de todos nós.

- Não confie demais nas pessoas a sua volta mamãe. - Mateo sorri sarcástico. - Até os que dizem te amar, são capazes de te esfaquear pelas costas.

- Agora não é hora para começar com as provocações Mateo. - Elisa o repreende.

Ele olha para mim enquanto continua com o sorriso cínico nos lábios.

- Por que está falando isso como se fosse a única vítima aqui Mateo? - Pergunto. - Esqueceu que o primeiro a mentir foi você?

- É claro que não me esqueci, e por causa dos meus atos estou sofrendo as consequências. - Ele fala. - Não estou justificando minhas ações, mas tudo o que eu fiz foi quando eu não te amava, mas você que dizia me amar na primeira oportunidade traiu minha confiança.

- Não me amava? - Pergunto enquanto sorrio com sarcasmo. - Então quer dizer que agora me ama?

- Sim. - Ele diz apenas.

- O quê?! - Arregalo os olhos.

- Eu te amo. - Ele fala.

Meu coração começa a saltar freneticamente no peito, enquanto encaro Mateo com os olhos arregalados.

- Pare de mentir Mateo. - Peço.

- Não estou mentindo. - Ele da um passo em minha direção.

- Você jamais será capaz de amar alguém. - Falo.

- Você está completamente errada. - Ele da outro passo em minha direção. - Eu te amo Lina.

Mateo parece estar sendo sincero, mas quando me lembro que ele é bom em mentir, minha alegria acaba no mesmo instante. Eu realmente gostaria que ele me amasse de verdade, e talvez ele esteja sendo verdadeiro, mas não sei que consigo acreditar nele novamente.

- Por que está fazendo isso comigo? - Pergunto enquanto seguro o choro. - Não acha que brincou com meus sentimentos o suficiente?

- Eu te amo Lina. - Ele repete. - E eu vou provar para você.

- Como?

- Ainda não sei. - Ele da de ombros. - Mas pode ter certeza que você irá acreditar em mim algum dia.

- Estava bravo comigo há alguns minutos atrás, e agora diz que me ama?

- Eu ainda estou muito bravo, e vim até aqui para te fazer sofrer, mas não acho que sou capaz. - Mateo fica sério novamente. - O amor que sinto é maior que a decepção, então acredite em mim quando digo que te amo, porque estou falando a verdade.

Mateo enxuga as lágrimas do meu rosto, em seguida me puxa para um abraço apertado.

- Eu senti tanto a sua falta. - Ele suspira alto.

- Eu também senti a sua. - Assumo.

- Fico feliz. - Ele se distância e sorri para mim.

- Por que está tão magro? - Passo a mão por seu rosto.

- Eu estou bem. - Ele diz.

- Olhe para você. - Falo. - Não se parece nada bem.

Mateo está muito diferente do homem vistoso que me casei. Seu rosto está tão pálido, olheiras profundas abaixo dos olhos, e seus lábios estão ressecados. Ele continua bonito, mas com a feição abatida e sem vida.

Vê-lo dessa forma só me faz me sentir ainda mais culpada. Enquanto eu estava vivendo bem, Mateo estava se acabando aos poucos, e isso corta meu coração.

- Me perdoe. - Peço com lágrimas nos olhos. - Por favor me perdoe.

Mateo me abraça novamente, e passa a mão por minhas costas enquanto me consola.

- Pare de chorar Lina. - Ele pede. - Até parece que estou morrendo.

- Não fale isso nem de brincadeira. - O repreendo. - Não ouse morrer primeiro que eu.

- Ninguém vai morrer. - Ele beija o topo da minha cabeça. - Então pare de se preocupar.

Mateo me solta, leva as mãos a cabeça enquanto faz uma careta.

- O que foi? - Pergunto preocupada.

- Minha cabeça...

Antes que termine de dizer algo, Mateo cai aos meus pés desacordado.