- Cheguei. - Mel adentra a casa e corre até as crianças de braços abertos.

- Vovó! - Os dois gritam e também correm em direção a ela.

Mel se ajoelha no chão e abraça os dois ao mesmo tempo, em seguida os beija.

- Vocês cresceram enquanto a vovó estava longe? - Ela pergunta.

- Sim! - Os dois gritam.

- Estão tão lindos meus pequenos. - Ela os abraça novamente. - Estava com muita saudades de vocês.

Melissa se levanta e também me cumprimenta com um abraço demorado.

- Como foi de viagem? - Pergunto.

- Tudo ótimo. - Ela responde.

- Jeremy não veio com você?

- Sim. - Fala. - Está tirando as malas do carro.

Alguns segundos depois Jeremy entra na casa puxando duas malas, então ele as deixa perto da porta, e começa a caminhar lentamente até as crianças.

- Oi. - Ele cochicha perto de Bryan e Lucy.

Os dois se viram para trás assustados, mas exibem um sorriso largo ao ver que é Jeremy.

- Papai! - Se jogam em cima dele.

- Estava morrendo de saudade de vocês. - Jeremy os abraça.

Ele passa a mão no cabelo dos dois, em seguida caminha até eu e também me abraça.

- Tudo correu bem por aqui Lina? - Ele pergunta.

- Sim. - Confirmo com a cabeça. - Não precisa se preocupar.

- Fico aliviado. - Ele sorri fraco.

Toda vez que vai viajar, Jeremy fica preopado que eu fique sozinha. Ele tem medo que Mateo ou meu pai me encontrem, mas acho que ele está se preocupando atoa.

Anos se passaram, e até agora não me acharam, então fico um pouco mais tranquila.

Quando eu fugi eu vivia com medo, mas conforme o tempo foi passando, percebi que precisava relaxar um pouco, ou acabaria louca.

Tenho certeza que eles estão me procurando, e por esse motivo ainda tenho um pouquinho de receio, mas não chega nem perto do medo que eu tinha no passado.

- A porta estava aberta, então invadi. - Hilary sorri abertamente.

- Seja bem vinda querida. - Mel diz.

- Obrigada. - Ela agradece.

Hilary olha para Jaremy e no mesmo instante fica toda corada, então ela abaixa a cabeça e começa a conversar com as crianças.

- Olhe o que a tia trouxe para vocês. - Ela entrega um presente para Bryan e outro para Lucy.

- Obligada titia.

Os dois pegam o seu presente, e correm até o sofá e se sentam.

- Deveria parar de dar presente para eles todas as vezes que vir aqui. - Digo. - Vai deixá-los mal acostumados.

- Eu sei. - Hilary pisca para mim.

- Vocês não me escutam. - Nego com a cabeça. - Depois não reclamem.

Quando não puder dar nenhum presente para eles, será o momento dos escândalos e birras.

- O almoço está pronto. - Donna aparece na sala.

- Oi Donna. - Jeremy diz. - Não vai me dar um abraço?

- Não. - Ela fala.

- Por quê? - Ele pergunta.

- Você não se despediu de mim quando foi viajar. - Ela cruza os braços. - E não me ligou nenhuma vez.

- Desculpe. - Ele pede. - Não foi minha...

- Não quero saber. - Ela o corta.

Donna se vira e começa a caminhar em direção a cozinha novamente, e ignora Jeremy completamente.

- Você está ferrado meu amigo. - Lhe dou um tapinha no ombro.

- Eu sei. - Ele suspira alto.

- Você conhece Donna o suficiente para saber o quanto ela é dramática. - Melissa fala. - Então agora terá que correr atrás do prejuízo.

Jeremy me ligou apenas duas vezes para ver como todos nós estávamos, mas Donna ficava toda mal humorada quando ele ligava.

- Como estão meus alunos? - Pergunto para Hilary.

- Com saudades da professora preferida. - Ela fala. - Eles não gostam muito do Henry.

- Quem gosta do Henry? - Pergunto enquanto sorrio.

Nunca conheci um homem tão rabugento quanto Henry. Ele não faz amizade com ninguém, e responde apenas o que lhe perguntam. Ele não maltrata as crianças nem os outros professores, mas ele é muito sério e isso acaba fazendo as pessoas ficarem com medo dele.

Sua sala de aula nem parece que tem crianças estudando. Ele é o único que fala, e não permite que ninguém o atrapalhe ou faça alguma brincadeira.

Meus alunos são brincalhões, mas também são comportados quando peço que fiquem em silêncio, mas quando Henry da aula para eles, nenhum abre a boca para falar nada, a não ser responder a chamada de presença.

- Acho que ele precisa de uma namorada. - Olho para Hilary.

- Deus que me livre namorar com um homem mal humorado como ele. - Ela faz uma careta.

- Você é extrovertida, então ele iria acostumar com seu jeito rapidamente.

- Ou eu iria me tornar uma mulher mal humorada.

- Vamos almoçar? - Jeremy pergunta do nada.

Acabei me tornando amiga de Hilary quando comecei a trabalhar na escola. Os outros professores não gostavam de mim por eu ser de Nova York, mas Hilary sempre esteve ao meu lado, mas graças a Deus eles mudaram quando perceberam que eu não era uma pessoa ruim, ou que quisesse roubar o emprego deles.

Apresentei Jeremy para Hilary quando nos tornamos amigas. Ela se encantou por ele no mesmo instante, mas é muito tímida para dizer a ele como se sente.

Talvez eu esteja errada, mas parece que Jeremy também está interessado nela, mas também não fala nada, então sempre que tenho uma oportunidade falo de outros homens na frente dele.

Percebo que ele fica desconfortável e como sempre tenta mudar de assunto, como fez agora pouco nos chamando para almoçar.

- Vou levar as crianças para almoçar. - Mel fala. - Vocês podem conversar mais um pouco se quiserem.

Mel olha para mim e pisca disfarçadamente, em seguida caminha em direção as crianças, pega na mão de cada um e vai para a cozinha.

Ela também já percebeu o interesse do filho pela Hilary, então se eu estiver errada, Melissa também estará.

Eu espero que eu esteja certa, porque gostaria de ver meus amigos assumissem que gostam um do outro, e enfim ficarem juntos.

No começo Hilary achou que eu era namorada do Jeremy, mas disse para ela que ele era apenas meu amigo, e no mesmo instante vi alívio no seu rosto.

- Vamos nos sentar um pouco. - Aponto para o sofá.

Me sento rapidamente, e quando Hilary vai sentar na poltrona ao meu lado eu falo:

- Sentem lado a lado.

- Por quê? - Hilary arregala os olhos.

- Quero que fiquem de frente para mim.

Os dois se entreolham desconfiados, mas atendem ao meu pedido e se sentam lado a lado.

- Vou fazer uma pergunta, e espero que me respondam com sinceridade.

- Ok. - Jeremy diz.

- Você gosta do Jeremy Hilary? - Pergunto. - E você Jeremy? Gosta da Hilary.

- Que tipo de pergunta é essa Lina? - Ele pigarreia algo.

- Apenas respondam minha pergunta.

Os dois se entreolham sem graça, e no mesmo instante tenho ainda mais certeza que se gostam.

- Bem... Se a Hilary gostar de mim eu também gosto dela. - Jeremy fala.

- Então você assume que...

- Claro que não. - Ele me corta. - Só assumirei alguma coisa se ela também tiver interesse por mim.

- Eu gosto do Jeremy. - Ela abaixa a cabeça toda tímida.

Jeremy se vira para ela no mesmo instante, e seus olhos parecem querer saltar do rosto.

- É sério? - Ele pergunta.

- Sim. - Ela responde.

- Mas... você... eu... - Ele sorri abertamente. - Por que não me disse antes? Estive esperando por você esse tempo todo.

- Fiquei com medo de ser rejeitada. - Ela assume.

- Jamais iria rejeitá-la. - Jeremy pega sua mão.

Se eu não tivesse dado uma ajudinha, os dois iriam ficar escondendo os sentimentos um do outro pelo resto da vida.

- Não precisam me agradecer por ter ajudado. - Sorrio abertamente.

- Obrigada. - Os dois agradasse em uníssono.

Me assusto com um barulho vindo de fora da casa, então me levanto para ir ver do que se trata, mas antes que eu dê um passo a porta é aberta.

- Onde estão meus filhos? - Mateo pergunta irado.