Capítulo 41

Mateo


- Eu posso explicar filho.

- Então explique, porque não estou entendendo nada. - Passo as mãos pelo rosto.

Minha mãe se senta lentamente, junta as mãos e começa esfregá-las uma na outra com nervosismo.

- Quando fui ao hospital visitar Lina, ela pediu minha ajuda para fugir. - Ela assume. - Ela havia pedido para o médico confirmar a morte do bebê caso alguém perguntasse sobre ele, porque ela tinha medo de que Thomas tentasse algo novamente, então ela me assumiu que havia mentido, e pediu para que eu lhe ajudasse a fugir.

- Sabia onde ela estava desde o começo? - Pergunto.

- Sim. - Ela confirma com a cabeça. - Pedi para Melissa aceitar Lina na sua casa, e ela aceitou, e desde então Lina mora com ela.

- Por que não me falou nada mãe? Você viu como eu estava procurando por ela como um louco, e não me falou nada.

- O que eu poderia fazer Mateo? - Ela pergunta. - Lina pediu minha ajuda, e eu não podia trair sua confiança.

- Não precisava me dizer onde ela estava, mas deveria pelo menos ter me dito que ela estava bem e em segurança. - Retruco. - Me viu desesperado, sem saber se Thomas havia feito alguma coisa com ela, e mesmo assim me deixou sofrer.

Entendo que ela havia feito uma promessa para Lina, mas eu queria apenas saber se ela estava bem ou viva, porque tenho certeza que Thomas seria capaz de matar a própria filha.

Lina não deixou apenas eu preocupado, Luane e Dimitri também ficaram com medo de que Thomas tivesse feito algo com a filha, então Dimitri usou um pouco o seu poder para ajudar Dylan com suas buscas.

Não foi uma tarefa muito fácil achá-la, e quando fui atrás dela, viajei para vários países diferentes para despistar os homens de Thomas. Dimitri contou para Luane onde sua amiga estava, mas ela não foi atrás da Lina, justamente por medo de Thomas mandar alguém lhe seguir.

Apesar de não falar comigo, minha mãe viu de perto todo meu desespero e angústia, como também dos amigos da Lina e mesmo assim se manteve quieta. Eu com toda certeza fiz algo ruim, então foi merecido todo sofrimento que passei, mas não acho que Lina tenha agido certo ao esconder nossos filhos de mim.

Eu sei que Lina queria distância de mim, e entendo porque ela mentiu sobre a morte do bebê, mas ela nem ao menos me deixou falar que eu estava feliz com sua gravidez, mas mesmo se eu falasse, provavelmente ela iria achar que era mais uma das minhas mentiras.

Olho para a foto novamente e meus olhos se enchem de lágrimas. Nunca imaginei que seria pai algum dia, e agora que soube da existência dos meus filhos, eles não sabem sobre a minha, mas pretendo mudar isso de agora em diante, e compensarei de alguma forma todo tempo perdido.

Fui um péssimo marido, mas pretendo ser um bom pai, e Lina não terá o direito de me negar isso. Foi errado o que eu fiz com ela, mas isso não lhe dava o direito de esconder meus filhos de mim. Eu não sei se ela mentiu sobre a morte do bebê apenas para se vingar de mim, ou se foi por causa do seu pai.

Se realmente foi para manter nosso filho em segurança eu não sei, mas o que tenho certeza é que ela não poderia ter tirado de mim o direito de ser pai, como também tirou das crianças o direito de ter um pai.

Estou no escuro há anos, então perdi o nascimento dos nossos filhos, perdi a primeira palavra ou o primeiro passo. E agora como eu irei aparecer do nada na frente dos meus filhos? Serei apenas um estranho para eles, e talvez nem aceitem minha presença.

Ela poderia me odiar e me desprezar pelo resto da sua vida, mas não deveria ter escondido meus filhos de mim.

Assumo que sou um monstro, mas até os monstros tem um coração e um ponto fraco. Eu jamais seria capaz de machucar qualquer criança indefesa, muito menos meus filhos.

- Qual o nome deles? - Pergunto.

- Bryan e Lucy. - Minha mãe responde.

- Bryan e Lucy. - Passo o dedo na foto, enquanto repito seus nomes.

- O que vai fazer agora Mateo? - Ela pergunta.

- Vou atrás dos meus filhos. - Digo.

- Mas...

- Quer que eu fique sem fazer nada sabendo da existência deles? - Pergunto.

- Não era isso que eu ia dizer.

- Não é o que parece. - Retruco. - Não precisa dizer nada, sua feição já diz tudo.

Minha mãe enxuga as palmas das mãos no vestido com nervosismo, em seguida diz:

- Lina está feliz Mateo, então seria melhor que a deixasse em paz com as crianças...

- Eu vou fingir que eu não escutei isso. - A corto. - Eles conhecem a mãe e a avó, mas não pode saber que tem um pai?

- Eles já tem um pai. - Ela diz.

- O quê?!

- Eles chamam Jaremy de pai.

- Como Lina teve coragem de deixar meus filhos chamarem outro homem de pai? - Pergunto. - E você sabendo disso ainda me pede para não ir atrás deles?

- Você seria um estranho.

- Exatamente! - Me exalto. - Vou ser um estranho para meus próprios filhos, porque minha mãe e minha esposa tiveram a capacidade de esconder eles de mim, e além de tudo permitiu chamar um homem que não sou eu de pai!

- Se acalme. - Ela se levanta e tenta tocar meu braço.

- Está escutando o que está dizendo mãe? - Me distancio dela. - Como tem coragem de me pedir para não ir atrás dos meus filhos?

- Eu não queria dizer isso. - Ela suspira alto.

- Você quis sim. - Digo incrédulo. - Eu sei que fiz muita coisa errada, mas isso não é motivo para me pedir para não ir ver meus filhos.

- Mateo...

- Mesmo não achando certo eu entendo que tenha mantido segredo, mas nunca achei que ouviria isso vindo da senhora, estou muito decepcionado.

Ela deveria estar feliz por mim, enfim irei conhecer meus filhos, mas para minha completa surpresa e desgosto, minha própria mãe me pede para continuar sendo um estranho, e deixar meus filhos chamarem outro homem de pai.

Eu sei que devo pagar por meus pecados, e tenho certeza que ainda pagarei, mas eu não mereço ser um estranho para meus filhos, eu não mereço apenas observá-los de longe enquanto crescem sem eu ao lado dos dois.

Não acho que seja egoísmo querer fazer parte da vida deles. Eu tenho o direito de ser pai, como Lina tem de ser mãe.

Talvez ela não aceite minha presença, mas isso não irá mudar em nada, porque de agora em diante serei um pai presente, ela gostando ou não.

- Tome. - Entrego o celular da minha mãe.

Coloco a mão no bolso da calça e pego o meu celular, em seguida ligo para Dylan.

- Oi Mateo. - Ele atende na segunda chamada.

- Estou saindo de férias, então cuide da empresa para mim até eu voltar.

- Sim senhor. - Ele fala.

Conversamos mais algum tempo e fizalizo a ligação, então guardo o celular no bolso novamente e começo a caminhar em direção as escadarias.

- Mateo...

- Se não quiser que eu perca o respeito pela senhora, não tente me impedir de ver meus filhos. - Digo sério. - Então nem perca seu tempo tentando me convencer do contrário.

Mesmo que leve algum tempo eu irei conquistar meus filhos, e então lhes darei todo amor que eu tiver para oferecer. E de agora em diante, eles terão o seu verdadeiro pai ao lado, Lina gostando ou não.

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