Capítulo 40
Mateo
- Você está me deixando preocupado Mateo. - Dylan fala.
- Por quê? - Pergunto.
- Olha para você. - Ele revira os olhos. - Parece um morto vivo.
- Que exagero. - Falo.
- Não estou exagerando e você sabe disso. - Ele aponta para mim. - Está magro, pálido e parece que vai desmaiar a qualquer momento.
- Estou bem Dylan. - Digo. - Não se preocupe.
- Se não tirar férias eu vou me demitir. - Ele ameaça.
- Você não seria capaz...
- Pode acreditar que eu seria. - Ele me corta. - Então descanse um pouco e depois volte para a empresa.
- Ok. - Suspiro alto.
Concordo com Dylan porque sei que ele seria capaz de cumprir sua promessa. Ele é meu único amigo, e o único que confio minha empresa, então não posso me dar ao luxo de perdê-lo, e por esse motivo decido que é melhor descançar um pouco. Desde que Lina desapareceu eu me atolei no trabalho, e não tive descanso nem nos finais de semana.
Essa foi a melhor forma que achei para me distrair e não ficar pensando na Lina ou sentindo saudades. É óbvio que não deu muito certo, mas aliviou um pouco minhas frustrações.
Praticamente não tenho vivido desde que Lina me deixou, e a única coisa que me manteve firme e forte foi minha vingança contra Thomas.
Consegui o que eu buscava há anos faz pouco tempo. Tirei tudo de Thomas e o deixei apenas com as roupas do corpo.
Me vinguei por mim, por meu pai e por Lina. Thomas matou meu filho, e isso só me faz ter ainda mais raiva dele, então coloquei o dobro de esforços para conseguir acabar com ele enfim.
Se Thomas não tivesse fugido já estaria preso, mas tenho certeza que breve ele irá para a prisão, e então minha vingança estará completa.
Descobri que Thomas fazia coisas ilegais há anos, então reuni todos os documentos que comprovava suas fraudes e entreguei para a polícia. Como não poderia ser diferente, ele tentou subornar os policiais, mas para sua infelicidade eles eram honestos, então mais um crime foi adicionado a sua imensa lista.
Fiquei extremamente surpreso quando descobri que Dimitri era um agente infiltrado do FBI, então decidimos juntar as provas que ele tinha contra Thomas e a minhas. Ele não vai conseguir se safar tão facilmente, tenho certeza que quando for pego, pagará por todos seus crimes.
Thomas conseguiu fugir, e eu tenho que assumir que gostaria de saber como ele está se virando, visto que tirei tudo dele.
Provavelmente alguém importante está lhe ajudando, caso contrário ele já teria sido pego.
Eu achei que seria feliz após acabar com ele, mas por algum motivo isso não aconteceu.
- Nada de Thomas ainda? - Pergunto.
- Não. - Ele nega com a cabeça.
- Será que ele conseguiu encontrar Lina?
- É difícil saber. - Dylan diz. - Não tenho ideia de onde ele possa estar, então não tem como saber seus passos.
- Espero que ele jamais a encontre. - Suspiro alto.
- Você sabe que a melhor forma de mantê-la segura nesse momento, é mantendo ela ao seu lado.
Thomas deve querer a minha morte nesse momento, e ele sabe que meu ponto fraco é sua filha, então tenho certeza que ele fará o possível para encontrar ela é usar contra mim.
- Eu sei disso, mas Lina fugiu porque me odeia, então não posso aparecer na sua frente do nada. - Falo. - E além de tudo ela tem alguém para protegê-la.
- Talvez esteja errado. - Dylan fala.
- Ela seguiu sua vida, então não vou interferir.
Depois de quase um ano procurando por ela, Dylan enfim a achou no Texas, então mais do que depressa eu fui atrás dela, mas tive uma surpesa nada agradável.
Em uma pequena cidade vi Lina andando de braços dados com um homem. Eles sorriam animados e pareciam felizes, então continuei os observando a distância e não tive coragem de aparecer na sua frente.
Ela parecia ter seguido em frente com outro homem, e eu não tinha o direito de voltar para sua vida quando tudo o que aconteceu foi por minha causa.
Eu queria correr até ela e lhe abraçar, e pedir perdão por toda dor que lhe causei, e enfim dizer que a amo verdadeiramente. Naquele momento tudo o que eu mais queria era lhe abraçar com força, e demonstrar que eu a amava apenas com meus gestos e atitudes, mas escolhi deixá-la em paz, pois tenho certeza que ela estará melhor sem eu na sua vida.
Para meu completo desespero, fui me dar conta que a amava depois que ela havia me deixado. Fiquei feliz comigo mesmo por saber que eu fui capaz de amar alguém, mas ao mesmo tempo foi triste, porque infelizmente descobri quando já era tarde demais.
Depois de toda dor que lhe causei não tenho o direito de pedir ou querer receber seu perdão. Lina não merece um homem como eu, e se ela está feliz ao lado de outra pessoa, ficarei feliz por ela ter sido capaz de seguir com sua vida.
Eu não poderia estragar sua felicidade. Eu não podia ser egoísta e pedir para ela voltar para mim, então voltei para Nova York, e não fui procurá-la no Texas novamente.
- É melhor deixar o orgulho de lado e ir até ela. - Dylan diz.
- Não é orgulho. - Nego com a cabeça. - Ela refez sua vida, então não tenho o direito de interferir...
- Não seja burro Mateo. - Dylan me corta. - Pode ser apenas um amigo.
- Talvez você esteja certo. - Suspiro alto. - Mas prefiro não arriscar.
- Eu desisto. - Dylan passa as mãos pelos cabelos. - Só espero que não se arrependa depois.
- Eu também espero. - Sorrio.
Talvez eu esteja apenas sendo covarde ao desistir, mas eu tenho medo da reação que Lina poderia ter ao me ver novamente.
Ela poderia me rejeitar, olhar para mim com nojo e desprezo, e eu não quero isso. Eu prefiro me iludir de longe ao pensar que algum dia Lina voltará para mim, e espero que isso aconteça, porque pode passar anos e eu ainda estarei esperando por ela.
🌻
- Vai continuar vivendo assim Mateo? - Minha mãe pergunta.
- Assim como?
- Você tem se olhado no espelho?
- Sim. - Confirmo com a cabeça.
Minha mãe se levanta, caminha até mim em passos largos e pega minha mão.
- Vamos ao médico. - Ela diz.
- Por qual motivo eu iria ao médico?
- Você está doente.
- Não estou doente mãe. - Forço um sorriso. - Não se preocupe comigo.
- Como eu não iria me preocupar com você? - Seus olhos se enchem de lágrimas. - Olhe para você meu filho, está se acabando aos poucos, e eu não pretendo ver você morrer na minha frente.
- Não pretendo morrer. - Falo. - Ainda terá que me aguentar por muitos anos.
Demorou algum tempo até minha mãe voltar a falar comigo. Foi o pior momento da minha vida quando ela manteve distante. Sempre fomos apenas nós dois, então acabamos ficando muito próximos um do outro, então quando minha mãe me deixou, senti meu mundo ruir.
Tive que batalhar muito para enfim ter seu perdão, e ela enfim olhar para mim com os mesmos olhos de antes.
- Vou fazer algo para você comer. - Ela diz.
- Não estou com fome. - Digo.
- Vai comer mesmo não estando com fome. - Ela retruca.
- Mãe...
- Não discuta comigo Mateo. - Ela me corta. - Vai comer mesmo que eu tenha que enfiar na sua garganta. O que acha melhor? Comer por livre e espontânea vontade ou forçado?
- Ok. - Levanto as mãos em sinal de rendição. - Vou comer sozinho, não precisa enfiar comida na minha garganta.
- Garoto sábio. - Ela passa a mão por meus cabelos.
Minha mãe caminha em direção a cozinha, então me deito no sofá para tentar dormir até ela me chamar para comer.
Suspiro alto e fecho os olhos lentamente, mas de repente me assusto com o celular da minha mãe vibrando.
- Acho que recebeu alguma mensagem mãe! - Grito.
- Olhe para mim Mateo! - Ela grita de volta.
Me levanto e pego seu celular sobre a mesinha de centro. Quando abro a mensagem meu coração se acelera no peito.
- Mateo... - Minha mãe está pálida e ofegante, e tenta tomar o celular da minha mão.
Levanto meu braço e não lhe devolvo o celular.
- O que é isso aqui mãe? - Pergunto. - Por que você recebeu uma foto da Lina? E quem são essas crianças?
Olho para a foto novamente e vejo que a garotinha se parece comigo quando criança, então pergunto:
- Não me diga que são meus filhos?
- Eu posso explicar filho.
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