Capítulo 36
Mateo
- Nada ainda Dylan? - Pergunto.
- Nada. - Ele diz apenas.
- Merda. - Praguejo baixinho.
Me jogo na cadeira, e levo as mãos aos cabelos bagunçados.
- Deveria descançar senhor. - Dylan fala.
- Estou bem. - Suspiro alto.
- Não é o que parece.
Já faz duas semanas que Lina desapareceu, e de lá para cá quase não consegui dormir ou comer direito. Quando fui buscá-la no hospital depois de receber alta, Lina havia sumido, e desde então não soube notícias suas.
- Não se preocupe. - Sorrio fraco. - Irei descansar assim que encontrar minha esposa.
- Não quero parecer pessimista, mas ela sumiu e não deixou rastros.
- Tem certeza que não deixou nada passar? - Pergunto.
- Tenho sim. - Confirma com a cabeça.
Dylan é um bom investigador, mas não conseguiu achar nada sobre Lina. Provavelmente alguém a ajudou, pois tenho certeza que ela não conseguiria fugir sozinha, e sem deixar rastros.
Nunca imaginei que ela faria algo desse tipo. Eu sabia que ela me odiava, mas não imaginei que seria tanto aponto de fugir.
Lina tem toda razão em querer sumir. Depois de tudo o que a fiz passar, é aceitável que ela não queira me ver nunca mais. Ter um pai que é um monstro, e um marido que não é diferente só lhe deu mais força, então é aceitável que ela tenha ido embora.
Provavelmente seja melhor que ela se mantenha distante, mas sou tão egoísta que não quero viver sem Lina ao meu lado, então estou procurando por ela, e quando achá-la tentarei me redimir de alguma forma, então talvez algum dia Lina me perdoe.
Acho bem improvável que eu tenha o seu perdão, mas ainda tenho esperanças que isso aconteça algum dia.
- Investigou sobre o médico que atendeu Lina? - Pergunto para Dylan.
- Sim. - Me responde. - Tudo indica que é um homem honesto.
- Tenho a sensação que ele me escondeu algo. - Falo.
Achei estranho quando Lina disse que havia perdido o bebê, então fui investigar. Enquanto eu estava no hospital o médico me falou que estava tudo bem com o feto, e depois que eu fui em casa e voltei o bebê havia morrido, mas não perguntei nada para Lina no momento porque ela parecia bem abalada.
Fui perguntar para o médico sobre o bebê, e ele confirmou a morte do meu filho, mas ele parecia estranho, e não me olhou nos olhos enquanto conversava comigo.
Eu pensei que Lina havia mentindo, e tenho que assumir que eu desejava isso, mas infelizmente eu estava errado.
Nunca quis filhos, mas estranhamente eu gostei de saber que seria pai, mesmo sendo pego de surpresa, mas minha alegria durou pouco.
Agora me pego pesando na vida que poderíamos ter tido juntos, e na família que não existe mais. Apesar de ter me casado apenas por vingança, estava começando a gostar do meu eu pela primeira vez. Começou errado, mas estava me esforçando para que se tornasse real, e mesmo estando com medo, ainda assim continuei encarando de frente.
Nunca quis uma família, mas estava começando a desejar isso ao lado da Lina, mas como previsto, mais uma vez tudo deu errado na minha vida.
Tenho certeza que não merecia ser feliz ao lado da Lina depois de tudo o que fiz, e tenho ainda mais certeza que não mereço seu perdão, mas eu gostaria de apagar tudo de ruim que fiz com ela, e recomeçar novamente.
Lina poderia ser a mulher que me faria amar pela primeira vez na minha vida, mas ela fugiu, e não tenho o direito de culpá-la por querer distância de mim.
- Thomas ainda está escondido em casa? - Pergunto.
- Sim. - Me responde. - Está cheio de seguranças, então seria difícil pegá-lo por agora.
- Eu tenho paciência. - Sorrio sombriamente. - Ele não ficará preso em casa para sempre.
Thomas pode se esconder em casa como um covarde o tempo que ele quiser, mas quando eu tiver a chance de colocar minhas mãos nele, não gostaria de estar na sua pele.
Coloquei alguns homens para observá-lo, pois fiquei com medo de que ele tivesse feito algo com a filha, mas tudo indica que ele também não sabe de nada, visto que também está procurando por ela.
- Já está tarde senhor. - Dylan fala. - Vá para casa descançar um pouco.
- Você também deve estar cansado. - Falo.
- Eu estou bem. - Ele me oferece um sorriso largo.
Dylan praticamente não parou na empresa essas duas semanas em busca da Lina, então tenho certeza que ele está mais cansado que eu.
- Fique em casa o final de semana e descanse. - Ele fala.
- Tenho que ocupar minha mente com algo, e nada melhor que o trabalho para fazer isso. - Sorrio fraco.
- Não vai adiantar de nada se morrer no processo. - Ele revira os olhos.
Praticamente não votei para casa, e me afundei no serviço, para ver se o tempo passa mais rápido, e eu distraia minha mente e pare de pensar na Lina.
- Sentiria minha falta Dylan? - Pergunto enquanto rio alto.
- Mas é claro. - Ele cruza os braços. - Você paga meu salário, então pode ter certeza que eu seria o primeiro a chorar.
- Cretino. - Gargalho alto.
Dylan é a única pessoa que posso chamar de amigo. Nos conhecemos a muitos anos atrás, e desde então ele começou a trabalhar para mim, e é o único que confio completamente.
- Estou falando sério Mateo. - Ele aponta o dedo para mim. - Não é para vir para empresa amanhã.
- Nada de senhor? - Pergunto. - Enfim vai parar com esse costume bobo?
- Me escute pelo menos dessa vez. - Ele ignora minha pergunta.
- Ok. - Reviro os olhos.
Enquanto Dylan guarda alguns documentos em sua pasta, me levanto rapidamente e no mesmo instante me arrependo.
- Ainda está sentindo dor? - Ele pergunta.
- Sim.
- Deveria ter ido ao hospital. - Dylan revira os olhos.
- E falar o que para o médico? - Pergunto.
- Que levou uma surra da amiga da sua esposa, então foi ao hospi...
- Cale a boca. - O corto.
- Você quem perguntou. - Ele da de ombros.
- Não exagere. - Digo.
- Não estou exagerando. - Ele ri de canto. - Você levou uma bela de uma surra.
Quando Luane descobriu que eu havia enganado a amiga, ela invadiu meu escritório com um taco de beisebol e quebrou várias coisas, e não satisfeita voou sobre mim e me agrediu sem dó nem piedade.
Ela estava com tanta raiva que parecia que queria me matar, e se não fosse Dimitri segurá-la, ela teria me matado.
Tenho certeza que ele esperou ela me bater um pouco, para depois detê-la. Estava estampado em seu rosto a satisfação de me ver apanhando de uma mulher.
Ainda sinto dor, e tenho vários hematomas no meu corpo, mas sei que merecia a surra, então não guardo magoa de Luane.
- Nunca pensei que o grande Mateo iria apanhar feio de uma mulher. - Dylan sorri.
- Não provoque. - Aponto o dedo para ele.
- Nunca fiz isso. - Ele se finge de inocente. - Mas mudando de assunto, Luane também não parece saber nada sobre a amiga.
- Lina não deve ter dito nada para ela. - Suspiro alto. - E mesmo que tivesse dito, Luane jamais me falaria onde ela está.
A cada dia que passa fico ainda mais preocupado. Lina pode estar bem, mas também tem a possibilidade de que tenha acontecido algo ruim, e isso está me deixando louco.
- Lina não quer saber de você, então por quê está tão disposto a achá-la? - Dylan pergunta. - E mesmo que a ache, tenho certeza que ela iria fugir de novo.
- Preciso que ela fique perto de mim, só então poderei protegê-la de Thomas.
- Tem certeza que não existe outro motivo?
- Qual? - Pergunto confuso.
Dylan se levanta com calma, pega sua pasta de documentos, e em seguida me oferece um sorriso misterioso e responde:
- Amor?
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