Capítulo 31

Tento abrir os olhos lentamente, mas no mesmo instante percebo que meu rosto está inchado, e um dos meus olhos não se abre por causa do inchaço.

Olho em volta e percebo que estou em um quarto de hospital, então logo vem em minha mente o que aconteceu.

- Lina está acordada? - Luane pergunta.

- Sim. - Digo apenas.

Tento me levantar, mas todo meu corpo dói então desisto e continuo deitada.

- Fique quieta.

- Não precisa pedir duas vezes. - Sorrio fraco.

De repente me lembro do meu bebê, então começo a me desesperar.

- Meu bebê...

- Está seguro. - Ela me corta. - Não precisa se preocupar com isso.

- Por quanto tempo eu dormi? - Pergunto.

- Vinte e quatro horas.

- Tudo isso?

- Sim. - Ela suspira alto.

Até que é compreensivo depois da surra que levei de Thomas. Minha maior preocupação era meu bebê, mas já que ele está em segurança, não me importo com o resto.

- Onde está Dimitri? - Pergunto. - Preciso agradecer a ele...

- Voltei. - Antes que eu termine de falar ele adentra o quarto.

- Por que demorou? - Luane pergunta.

- Estava conversando com Mateo. - Ele fala. - Ele foi em casa tomar banho e já volta.

- Mateo estava aqui? - Pergunto incrédula.

- Sim. - Luane confirma com a cabeça. - Ele quase não saiu do seu lado.

Uma parte de mim fica feliz ao ouvir isso, mas logo me lembro do que ele fez comigo, e minha felicidade acaba no mesmo instante.

- Ele sabe sobre o bebê? - Pergunto.

- Sim. - Luane responde.

- O quê falou para ele Dimitri?

- Eu não falei nada. - Diz. - Acho que você deve dizer a verdade.

Provavelmente não vai acreditar em mim, já que está tão cego por vingança, mas também não vou perder meu tempo tentando o convencer que sou inocente e meu pai um monstro.

No momento não me interesso com o que ele pensa sobre mim, eu quero distância de tudo, então só assim poderei recomeçar e talvez ser feliz.

- Vou te fazer uma pergunta, e espero que não fique bravo comigo. - Falo para Dimitri. - Thomas colocou alguém para me seguir, e quero saber se é você.

- Não sou eu. - Fala. - Como eu te falei antes sou apenas um motorista, com certeza é uma pessoa desconhecida.

- Fico aliviada. - Sorrio fraco. - Me perdoe por desconfiar de você.

- Não precisa se desculpar. - Ele pega minha mão e aperta de leve.

Várias vezes tive a sensação de ser seguida, e estava começando a achar que estava ficando louca, mas agora tenho certeza, minha intuição estava certa.

- Você deveria ter matado aquele verme! - Luane fala brava.

- De jeito nenhum. - Digo.

- Por que não? - Ela pergunta.

- Não quero nenhum de vocês com as mãos sujas de sangue por minha causa. - Falo. - Thomas algum dia terá o que merece, mas nenhum de nós estaremos envolvidos.

Jamais me perdoaria se acontecesse algo com meus amigos por minha causa. Meu pai é meu problema, meu fardo, e preciso passar por isso sozinha, mesmo que seja difícil.

- Dimitri provavelmente está encrencado por agredi-lo. - Falo.

- Eu sei me cuidar Lina. - Ele diz.

- De agora em diante precisa estar ainda mais alerto. - Digo. - Ele não irá deixar barato.

Me arrependo de ter pedido sua ajuda, pois o prejudiquei com toda certeza, mas se não fosse por Dimitri eu teria perdido meu bebê, ou poderia ter sido agredida até a morte. Se Thomas é capaz de matar meu filho, então talvez é capaz de acabar com minha vida.

Sempre soube que ele é um ser humano desprezível, mas nunca imaginei que ele fosse um assassino. Como ele teve coragem de tentar matar seu neto? Se ele faz isso com a própria família, não quero nem imaginar o que ele já fez para as outras pessoas.

Isso só me faz ficar ainda mais preocupada com Dimitri e Luane. Ele seria capaz de qualquer coisa para se vingar de mim, então nesse momento ninguém que ficar perto de mim estará em segurança.

Um homem adentra o quarto, caminha até mim e pergunta:

- Como está se sentindo senhora?

- Estou bem. - Falo. - Meu corpo dói, mas é só isso que me incomoda um pouco.

- Ótimo. - Ele exibe um sorriso largo.

- Como está meu bebê doutor? - Pergunto.

- Ele teve sorte ao sobreviver. - Ele diz. - Sua mãe foi uma guerreira quando o protegeu.

Para proteger meu bebê, coloquei os braços sobre minha barriga, então meus braços estão todos roxos pelos chutes de Thomas.

Graças a Deus meu esforço foi capaz de salvar meu filho mesmo que eu esteja toda machucada. Faria novamente para mantê-lo em segurança, e de agora em diante o que realmente importa para mim, é que eu e meu filho estejamos seguros.

- Se precisar de algo me chame. - Ele fala.

- Obrigada doutor. - Agradeço. - Muito obrigada.

- Não precisa agradecer querida. - Ele sorri simpático. - Agora descanse, voltarei mais tarde para te ver novamente.

- Obrigada. - Agradeço novamente.

- Vou mandar uma enfermeira trazer algo para você comer. - Diz. - Agora está comendo por dois, precisa se manter forte.

Ele se despede de nós, e sai do quarto em seguida.

- Me ajude a me levantar. - Peço.

Dimitri me ajuda, e tenho que assumir que quase desisto, pois meu corpo dói em partes que eu desconheço.

- Obrigada. - Agradeço.

- Estou muito brava. - Luane fala.

- Por quê? - Pergunto.

- Como um homem que se diz pai pode deixar a filha nesse estado? Eu queria arrancar a pele dele...

- Se controla Luane.

Começo a rir, mas me calo no mesmo instante. Acabei esquecendo da minha situação decadente, enquanto sorrio com o nervosismo de Luane.

- Você deveria denunciá-lo. - Ela diz.

- Eu já pensei nisso, mas acho que eu teria mais dor de cabeça, pois ele iria se livrar facilmente.

- Você deveria fugir. - Dimitri fala.

Sempre pensei nessa possibilidade, mas também sempre achei que Thomas me acharia onde eu tivesse, mas agora tenho algo precioso para proteger, e a minha única alternativa é sumir.

Não posso confiar em ninguém nesse momento, tenho que colocar a minha vida e do meu filho em primeiro lugar.

Seria tudo tão mais fácil se Mateo realmente me amasse, talvez eu acharia a segurança que tanto procuro nele, mas nem no meu próprio marido posso confiar.

Mateo destroçou meu coração de uma forma que não tenho certeza se algum dia poderei perdoá-lo. Enquanto eu me entreguei por completo, enquanto eu o amava cada dia mais, ele apenas brincava com meus sentimentos. Tudo não passou de um plano doentio, e como sempre a maior prejudicada fui eu.

Mateo me usou e não pensou nas consequências. O que ele faria após se vingar do meu pai? Iria me abandonar ou acabar comigo como planeja fazer com Thomas?

- No que está pensando? - Luane pergunta.

- Não é nada. - Minto.

- Sei que está mentindo, mas não vou insistir. - Ela diz.

- Obrigada. - Agradeço.

Por agora não vou contar a ela o que descobri. Luane está querendo matar Thomas, e se souber o que Mateo fez, provavelmente fará um escândalo, e nesse momento tudo o que preciso é de paz.

🌻

- Podem ir para casa. - Escuto Mateo falar. - Vou ficar com ela, então podem ir descansar.

- Tem certeza? - Dimitri pergunta.

- Sim. - Ele responde.

Continuo com os olhos fechados, enquanto finjo estar dormindo. 

- Depois eu volto. - Luane fala.

Eles se despedem, e alguns segundos depois escuto o barulho da porta do quarto sendo aberta e em seguida se fechando.

Mateo se senta na beirada da cama, pega minha mão e a beija. Minha vontade é de tirar sua mão suja da minha, e socar sua cara cínica, mas nesse momento não tenho forças nem para me levantar sozinha, muito menos agredir alguém.

Abro o olho que não está inchado lentamente quando escuto a porta do quarto se abrindo novamente, e no mesmo instante meu corpo gela.

- O que aconteceu com minha filha? 

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