- Vamos embora. - Mateo pega minha mão e começa a andar.

- Me solte. - Peço.

- Não. - Ele diz e continua caminhando.

- Eu mandei me soltar Mateo. - Puxo minha mão com força.

Ele se vira para mim, e surpresa está estampado no seu rosto.

- Lina...

- Não vou a lugar nenhum com você, então não perca seu tempo. - O corto.

Mateo só não agrediu George por ele ter me abraçado porque entrei na frente. George também não parecia muito feliz, e estava disposto a brigar com Mateo.

- Por que está fazendo isso?

- Não acho que te devo satisfação alguma. - Retruco.

- É claro que deve, sou seu marido.

- Meu marido. - Gargalho alto. - De agora em diante somente no papel.

- Lina...

- Vá embora. - Digo. - Sozinho, porque eu não vou com você.

Mateo passa as mãos pelos cabelos bagunçados com nervosismo, enquanto me encara irritado.

Passo por ele e continuo a caminhar para longe de Mateo, mas de repente sou impedida quando ele segura em minha mão.

- Você vai comigo. - Ele fala.

- Se não quiser que eu faça um escândalo, acho melhor me soltar agora mesmo.

O encaro bem de perto para ele ter certeza que não estou brincando.

- Ok. - Ele me solta.

Provavelmente está com medo de que eu realmente cumpra minha promessa, e seu precioso nome seja manchado nas capas de revistas.

Ignoro seu olhar irritadiço sobre mim e começo a caminhar novamente, e dessa vez ele não me segue.

Sai de casa em um Táxi, mas provavelmente seu motorista me seguiu, deve ser por isso que ele me achou tão facilmente.

Enquanto caminho, pego meu celular na bolsa, e quando enfim o ligo aparece trinta ligações perdidas de Mateo, e uma de George. Ignoro as ligações do meu marido, e retorno a de George, então depois de algumas chamadas ele atende.

- Oi Lina.

- Oi. - Digo. - Queria algo?

- Só queria saber como você está. - Ele fala. - Parecia chateada com Mateo.

- Só estou triste por ter perdido meu emprego. - Falo. - Meu marido não tem nada haver com isso. - Minto.

- Ele não brigou com você?

- Por quê? - Finjo não entender.

- Mateo parecia bem irritado. - Diz.

- Ele é um pouco ciumento, mas já resolvemos essa questão.

Na verdade acho que Mateo me via apenas como um troféu. A filha de um homem rico, que provavelmente é imatura e mimada, então ele conseguiria me manter debaixo dos seus pés, mas o que ele não imaginava é que sou totalmente diferente, e em nenhum momento irei abaixar minha cabeça para ele, como sempre fiz com meu pai.

A única diferença entre os dois é que Mateo não me agrediu, mas nunca se sabe o que poderá acontecer no futuro. Me enganei completamente com ele, e agora o que me resta é aceitar o meu destino cruel.

- Se precisar de qualquer coisa me avise Lina. - George fala.

- Obrigada. - Agradeço.

Conversamos por alguns minutos, então finalizo a ligação e coloco o celular na bolsa novamente.

Antes que eu feche minha bolsa, meu celular começa a tocar, então o pego e atendo a ligação.

- Oi Dimitri.

- Oi Lina. - Ele fala. - Como você está?

- Estou ótima e você? - Minto.

- Estou bem.

- Aconteceu algo? - Pergunto.

- Liguei para dizer que vou aceitar sair com Luane.

- Sério?

- Sério. - Parece que Dimitri sorri. - Pensei bastante, e decidi seguir seu conselho.

Pelo menos algo bom aconteceu no meio da bagunça que está minha vida. Talvez Dimitri e Luane acabem não dando em nada, mas não será por falta de torcida da minha parte.

- Fico muito feliz. - Sorrio abertamente. - Espero de coração que dê tudo certo entre os dois.

- Obrigada. - Ele agradece.

- Já avisou a Luane sobre sua decisão? - Pergunto.

- Sim. - Ele fala.

Luane deve estar bem animada, pois ela já vinha correndo atrás de Dimitri há algum tempo.

- Preciso desligar. - Ele fala. - Até breve.

- Boa sorte no seu encontro. - Digo.

- Obrigada. - Ele agradece e finaliza a ligação.

Novamente guardo meu celular na bolsa, e dessa vez bem feliz por minha amiga. Vendo Luane tão namoradeira, nunca imaginei que ela iria se interessar por alguém da forma que está por Dimitri, agora é esperar para ver se pelo menos os dois darão certo.

🌻

Depois que conversei com Dimitri, fui ao cinema sozinha. Sempre planejava de ir com Luane, mas acabava não dando certo, então aproveitei a oportunidade, mesmo não prestando atenção no filme.

Agora que estou desempregada tenho tempo para esse tipo de coisa, só não tenho dinheiro para bancar algumas regalias.

Agora estou eu, parada em frente à porta da casa de Mateo, me preparando psicológicamente para enfrentá-lo. Tenho certeza que ele estará me esperando para me encher de perguntas e me atormentar, mas nesse momento tudo o que quero é dormir em paz.

Suspiro alto, levo a minha mão até a maçaneta da porta e a abro. Dou um passo adiante, me viro e fecho a porta em seguida.

- Onde estava Lina? - Mateo pergunta antes que eu me vire.

- Como se você já não soubesse onde eu estava. - Reviro os olhos.

Se ele mandou alguém me seguir até o parque, provavelmente também já sabia que eu havia ido ao cinema.

O ignoro e começo a caminhar em direção ao meu quarto, enquanto escuto Mateo em meu encalço.

Depois de alguns segundos paro em frente à porta do meu quarto e a abro, mas antes que eu consiga fechá-la, Mateo invade o quarto.

- O que está fazendo nesse quarto? - Ele pergunta.

- O que se faz em um quarto Mateo? - Retruco. - Na verdade tem várias opções, mas no meu caso é só dormir mesmo.

- Mas esse não é nosso quarto. - Ele diz.

- Não existe nosso de agora em diante. - Coloco minha bolsa sobre a cama. - Você continua no seu quarto, e eu vou ficar nesse.

- Não vamos ficar separados. - Mateo fala com irritação.

- Meu maridinho está sentindo minha falta agora? - Pergunto com desdém. - Não se importou comigo e agora está preocupado por quê vamos dormir separados?

Ele nem se importa comigo, provavelmente está com medo do que os empregados vão pensar ou falar ao descobrir que não dividimos o mesmo quarto.

- Por que está agindo dessa forma Lina? Ele pergunta. - Não me ama mais?

- Vai mesmo ser tão baixo aponto de querer usar meu amor por você como uma arma?

- Não foi isso que eu quis dizer.

- E você realmente me ama Mateo? - Sorrio cínica. - Você pensou o quanto me magoaria ao me fazer perder algo tão importante na minha vida? Passou pela sua cabeça o quanto me magoaria?

- Do que está falando Lina? - Ainda tem a cara de pau de se fazer de desentendido.

- Você não é burro, sabe muito bem do que estou falando. - Digo. - Perdi meu emprego por sua causa, e isso não vou perdoar facilmente.

- Se tivesse me escutado nada disso teria acontecido.

- É sério isso? - Pergunto incrédula. - Você abandonaria sua empresa por mim?

- É totalmente diferente.

- Não tem diferença alguma. - Retruco. - Sabe o quanto é egoísta? Eu sou obrigada a fazer sacrifícios, enquanto não recebo nada de você, e vamos ser sinceros, provavelmente nem tenho o seu amor e respeito.

Mateo dá um passo em minha direção, mas regresso um para trás, não quero que ele me toque.

- Eu te amo Lina.

- Eu sou uma idiota. - Digo. - Sou tão estúpida que não percebi sua mentira.

- Do que está falando Lina? - Ele parece preocupado.

- Você nunca me amou de verdade.

Me sinto triste por ter enxergado isso tarde demais. Estava tão animada por enfim amar alguém e ser amada, que acabei não percebendo suas mentiras.

- O que você quer de mim Mateo? - Pergunto. - Tenho certeza que não me ama, então não teria motivos para se casar comigo sem amor.

- É claro que te amo Lina. - Ele pega minha mão.

- Não me toque. - Tiro sua mão da minha e me distancio dele. - Como consegue mentir tão friamente?

- Está fazendo tudo isso por causa daquele moloque? - Ele pergunta bravo. - Está me traindo Lina?

- Uau. - Bato palmas. - Quando penso que você não poderia me ofender ainda mais percebo o quanto estou errada.

- Me desculpe. - Ele pede. - Não queria dizer isso.

-  Você acha que sou uma filhinha de papai que só se importa com dinheiro, e agora uma vadia. - Digo. - Não quero nem imaginar o que virá em seguida. Se queria me magoar ainda mais parabéns Mateo, você conseguiu mais uma vez me mostrar o quanto eu fui uma idiota e cega ao acreditar em você.

Quando me casei não imaginei que passaria por isso, mas agora não posso fazer nada a não ser suportar conviver com esse homem tão desprezível quanto meu pai.