Capítulo 24
Lina
Depois que me mudei para a casa do Mateo, passei a maior parte do tempo organizando meus pertences no meu novo quarto.
De vez em quando eu checava meu celular para ver se havia recebido alguma mensagem sua, mas infelizmente ele não deu sinal de vida. Não me ligou, como também não atendeu minhas ligações.
Já é tarde da noite e Mateo ainda não voltou para casa, e já estou começando a ficar preocupada. E se aconteceu alguma coisa com ele?
Pego meu celular sobre o criado mudo e tento ligar para ele novamente, mas é em vão.
- Por que está fazendo isso Mateo? - Suspiro alto.
Me levanto rápidamente quando escuto uma movimentação fora do quarto, então corro até a porta e a abro.
Antes que eu saia do quarto, praticamente trombo com Mateo completamente bêbado.
- Minha doce esposa. - Ele aponta para mim.
Mateo quase cai, então pego seu braço e coloco sobre meu ombro e o guio com dificuldades até a cama.
Ele parece adormecer no mesmo instante que cai na cama, então tiro seus sapatos para deixá-lo um pouco mais confortável.
Depois de ficar algum tempo o observando, pego meu travesseiro e vou para o quarto vizinho. Não irei dormir com ele fedendo a bebida, então apagado a luz e fecho a porta do quarto.
Deixo meu travesseiro no quarto, e caminho em seguida até a cozinha. Guardo na geladeira toda comida que fiz, na esperança de conseguir jantar com meu marido.
- Idiota. - Murmuro baixinho.
Acabou que nem eu jantei após perder o apetite. Passei o dia sem comer nada, apenas bebi um pouco de suco, já que não conseguia comer nada.
Lágrimas banham meu rosto enquanto lavo a louça. Por mais que eu tentei segurar foi em vão. Eu pensei que enfim seria feliz, mas estava errado como sempre. Estou sobrecarregada há anos, e nada de bom acontece na minha vida, e pelo jeito com esse casamento não será diferente.
Se eu ao menos imaginasse que Mateo mudaria, não teria me casado mesmo o amando. Agora o que me resta é chorar, pois não tenho outra opção.
Depois de lavar a louça volto para o quarto e tranco a porta. Apago a luz do abajur e me deito na cama em seguida.
Não sei por quanto tempo chorei abraçada ao meu travesseiro, e acabei adormecendo enquanto soluçava baixinho.
🌻
Abro os olhos lentamente para me acostumar com a claridade do quarto. Olho para o lado e não encontro Mateo, então me lembro do ocorrido da noite passada.
Me levanto, arrumo a cama com calma, em seguida caminho para a porta do quarto, mas antes que eu a abra escuto Mateo chamar por mim.
Saio do quarto, e antes que eu feche a porta Mateo aparece na minha frente.
- Achei que tinha ido embora. - Ele me abraça com força.
- Como se fosse possível. - Cochicho baixinho.
O empurro para longe de mim lentamente, e no mesmo instante Mateo me olha e parece confuso.
- Não quer que eu te abrace? - Ele pergunta.
- Não. - Digo apenas.
Mateo ainda está fedendo a bebida, mas não quero abraçá-lo por esse motivo, apenas quero distância.
- O que eu fiz Lina? - Ele pergunta na maior cara de pau.
- Quer mesmo que eu responda a essa pergunta? - Sorrio incrédula.
- Sim. - Ele confirma com a cabeça.
- Deixa eu ver por onde eu começo... Hum... - Cruzo os braços. - Se lembra da forma grosseira que me tratou? Me ignorou o dia inteiro e nem ao menos me ligou ou respondeu minhas ligações.
- Mas...
- E por último e não menos importante. - O corto. - Preparei o jantar na esperança que meu marido chegasse em casa para comermos juntos, mas advinha o que aconteceu? Ele chegou tarde em casa, e ainda por cima bêbado.
- Eu tinha que trabalhar. - Ele diz.
- Seu trabalho é mais importante que eu? - Pergunto. - Não mereço sua atenção pelo menos por algumas horas? Normalmente os casais ficam juntos na sua lua de mel, mas comigo foi totalmente diferente, além de ser tratada com grosseria, e ainda passei o dia inteiro sozinha sem notícias suas. - Falo. - Não poderia pelo menos ter se despedido de mim antes de ir trabalhar? Não poderia tirar um minuto do seu tempo para me ligar e perguntar como eu estava?
Mateo não fala nada, apenas me observa meio surpreso.
- Você bebe no seu trabalho? - Pergunto. - É a primeira vez que vejo alguém saindo bêbado do seu serviço. - Sorrio com sarcasmo. - Você preferiu sair para beber do que passar um tempo comigo, e não venha me dizer que era trabalho, não sou tão ingênua como pensa.
Fico me perguntando o que levou Mateo a se casar comigo. Ele dizia me amar, e posso saber pouco sobre esse sentimento, mas se ele realmente me amasse não me trataria dessa forma. Ele mudou da noite para o dia, e olha que é o segundo dia que estamos casados.
- Começo a trabalhar hoje, então não me espere acordado. - Digo. - Se quiser comer alguma coisa, esquente o que tem na geladeira.
Provavelmente ele iria me ignorar hoje também, e chegar tarde em casa, mas já deixei avisado por via das dúvidas.
Abro a porta do quarto e começo a caminhar em direção ao closet para pegar alguma roupa, mas sou impedida de continuar a andar quando ele segura minha mão.
- Não quero que você vá trabalhar. - Ele diz. - Não irei permitir que você trabalhe em algo tão simples como dar aulas. O que as pessoas vão pensar ao saber que minha esposa é uma simples professora?
- É sério que você pensa dessa forma Mateo? - Pergunto incrédula. - Achei que você era diferente do meu pai, mas infelizmente eu estava errada.
- Não sou como seu pai! - Ele grita.
Me assusto com sua atitude, mas continuo de cabeça erguida. Já cansei de ser maltratada a minha vida toda, e se ele pensa que irei aceitar suas grosserias está bem enganado.
- Você é igualzinho ele. - Digo entredentes. - E eu não estava pedindo sua permissão para trabalhar, apenas estou lhe informando mesmo achando que você não está se importando com o que faço ou deixo de fazer.
Não pretendo deixar de trabalhar só porque ele pensa que ser professora não é um emprego tão digno, ou que o envergonharia. Eu acho meu trabalho muito importante, e para mim é a minha opinião que interessa.
Mateo
- Droga. - Praguejo baixinho.
- Disse algo senhor? - Dylan pergunta.
- Preciso que faça minha esposa ser demitida do emprego. - Falo.
- O quê? - Ele arregala os olhos.
- Está surdo Dylan? - Pergunto com irritação.
- Mas senhor...
- Apenas faça o que estou mandando. - O corto.
- Ok. - Ele sai do escritório.
Não achei que Lina iria me enfrentar por causa do seu emprego, mas eu estava errado. Não pretendo deixar ela nesse emprego porque isso me deixaria envergonhado. Um homem importante como eu casado com uma mera professora?
- O que eu faço com você Lina?
Fecho os olhos e suspiro alto, e no mesmo instante memórias da nossa primeira noite juntos me vem a mente.
Fiquei extremamente surpreso ao descobrir que Lina era realmente virgem, e por alguns segundos me senti feliz por ser o primeiro homem da sua vida, mas logo me lembrei que provavelmente ela se manteve virgem como garantia dos seus planos.
Lina não me engana com sua pose de boa moça, e tenho certeza que ela é uma víbora assim como o pai é. Fiquei possesso de raiva quando ela me comparou com aquele homem nojento, mas pensando bem talvez eu não seja tão diferente dele, olhe até onde eu cheguei por causa da minha vingança.
Pego meu celular sobre a mesa e ligo para Lina, mas ela não atende minha ligação. Ela provavelmente está se vingando de mim por tê-la ignorado o dia inteiro.
Quando acordei sozinho em nossa cama, achei que Lina havia fugido de mim, mas por sorte estava errado. Talvez uma pequena parte de mim tenha ficado triste ao encontrá-la tão abatida. Parecia que ela havia chorado no dia anterior, pois seus olhos estavam inchados, mas logo tratei de me lembrar que é apenas fingimento.
Uma pequena parte de mim gostaria que ela fosse diferente do pai, mas não abriria mão da minha vingança mesmo se ela fosse uma mulher inocente nessa história toda, coisa que não é.
Quero só ver a cara de Thomas quando descobrir que a preciosa filhinha está casada com um monstro.
- Você não sabe o que te espera sogrinho. - Sorrio sombriamente.
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