Capítulo 10

- Onde vai Lina? - Lu pergunta.

- Vou sair um pouco. - Falo.

- Com quem?

- Com ninguém. - Falo. - Quero sair um pouco para espairecer.

Ela parece curiosa, mas não pergunta nada, agradeço por isso pois eu teria que inventar mais uma mentira para minha amiga.

- Não vai trabalhar hoje? - Pergunto.

- Sim. - Confirma com a cabeça. - Hoje vou trabalhar um pouco mais tarde.

Achei que Lu já havia saído para trabalhar, mas para minha infelicidade dei de cara com ela quando saía.

- Não está escondendo nada de mim não é Lina?

- Não. - Minto.

- Tenho a...

- Está imaginando coisas. - Forço um sorriso.

- Algo me diz que tem algo errado.

- Não se preocupe. - Falo. - Não está acontecendo nada, e com toda certeza não estou escondendo nada de você.

Fico triste por estar mentindo para ela, mas infelizmente não tenho outra alternativa. Luane jamais pode saber sobre a ameaça do meu pai, ou estaria tudo acabado.

- Espero que não esteja mentindo para mim. - Ela me olha ainda desconfiada.

- Não estou. - Falo. - Agora preciso ir.

- Não volte tarde para casa.

- Digo o mesmo para a senhorita. - Sorrio abertamente.

Me despeço dela e vou em direção a porta do apartamento e saio fechando a porta atrás de mim.

Fecho os olhos e suspiro alto. Preciso me manter forte perto da Luane, ela já está desconfiada, e qualquer erro meu ela pode descobrir tudo.

Logo após deixar o prédio, consigo mais que depressa um táxi para ir ao meu destino.

Tenho certeza que se fosse em outro momento não teria tanta sorte, mas como estou indo atrás do fim da minha liberdade, tudo acontece com muita rapidez.

Já faz duas semanas que tive um encontro infeliz com meu pai e Mateo, e desde então venho buscando coragem para dar minha reposta para ele.

Tive que esperar um tempo passar, para poder sumir todas os hematomas do meu rosto. Mateo provavelmente faria perguntas que eu não poderia responder, então minha única alternativa era esperar.

Talvez ele saiba que meu pai é um monstro, ou talvez não. Então por via das dúvidas preciso me manter quieta.

🌻

- Chegamos.

- Hum... Ok.

A viagem até o prédio de Mateo passou mais rápido do que eu imaginava.

Ainda sentada olho pelo vidro do carro para o enorme prédio que pertence a ele. Por algum motivo meu coração está acelerado, e sinto todo meu corpo trêmulo.

- Senhorita?

- Me desculpe.

Pego minha carteira na bolsa e pago a minha corrida, em seguida saio do carro e fecho a porta.

Para ser bem sincera, minha vontade é de voltar para casa, mas preciso criar coragem e seguir meu caminho, e é isso que faço.

- Bom dia. - Cumprimento a recepcionista. - Poderia me informar o andar do presidente? - Pergunto.

- Boa tarde. - Ela sorri simpática. - Último andar.

- Obrigada. - Agradeço.

Ela acena com a cabeça, e me entrega um crachá de visitante. 

Alguns segundos depois adentro o elevador e aperto no botão do último andar. Me olho no espelho e ajeito meu cabelo e meu vestido.

As mulheres que trabalham aqui estão bem mais vestidas do que eu, e isso acaba me deixando um pouco constrangida.

Estou usando um vestido preto simples, e uma sapatilha também da mesma cor.

- Relaxe Lina. - Digo para meu reflexo no espelho.

Minhas mãos estão suando, então esfrego-as no vestido por diversas vezes.

A porta do elevador se abre, então por alguns segundos empaco no lugar.

- Coragem Lina.

Respiro fundo e saio do elevador, em seguida caminho de cabeça erguida até uma moça que trabalha silenciosamente.

- Olá. - Digo apenas.

- Bom dia. - Ela me cumprimenta. - No que posso ajudar?

- Bom dia. - Retribuo o cumprimento. - O Mateo está?

Ela arregala aos olhos surpresa, provavelmente por ter o chamado por seu nome e não sobrenome.

- Sim, ele se encontra. - Fala.

- Gostaria de conversar com ele um pouco.

- Tem horas marcada?

Ela olha para a tela do computador procurando por uma visita nesse horário.

- Não. - Nego com a cabeça. - Ele não sabe que estou aqui.

- Desculpe, mas não pode entrar sem horas marcada.

Ela me olha dos pés a cabeça, e não tenta esconder seu desdém.

- Mas...

- Desculpe senhorita. - Ela me corta.

- Poderia avisá-lo que a Lina gostaria de vê-lo? - Insisto.

- Não. - Ela fala com grosseria. - Normalmente o senhor Carter não permite a entrada de mendigos no seu prédio.

Se antes eu estava sem graça, agora estou me sentindo muito pior.

- Tudo bem. - Digo cabisbaixa.

Não percebi quando a porta do seu escritório foi aberta, só me assusto quando ele grita:

- O que pensa que está fazendo?

- Se... senhor Car... Carter. - Gagueja.

A moça se levanta tão rápido que acaba derrubando sua cadeira. Seus olhos estão arregalados, e seu rosto está branco como papel.

- Como ousa tratar minha noiva dessa forma?!

- Noi... no... noiva? - Ela gagueja novamente.

Dessa vez sou eu a pessoa a arregalar os olhos surpresa. Mas tenho que assumir que uma pequena parte de mim ficou feliz por ele estar me defendendo.

- Está demitida. - Mateo fala.

Ele pega minha mão e começa a caminhar em direção ao seu escritório.

- Não precisa fazer isso. - Digo baixinho.

- Preciso sim. - Diz entredentes.

A moça não fala nada, e nesse momento não sei se é porque perdeu a fala, ou porque Mateo é conhecido por não dar segunda chance para ninguém.

Procurei um pouco sobre sua vida na internet, e o que vi não me agradou nada. Luane já havia me falado que ele é um galanteador, mas a lista de mulheres que ele já namorou é enorme.

É óbvio que não irei me casar com ele por amor, mas espero que ele tenha a decência de se manter fiel enquanto nossa união durar.

Ele bate a porta com força, então levo as mãos ao peito na tentativa frustrada de me acalmar.

- Por que deixou ela te tratar daquela forma?

- Não me importo com o que as pessoas pensam de mim. - Dou de ombros.

Não é nem um pouco agradável ser mal tratada, mas se for debater com um pessoa assim, acaba se tornando igual a ela ou até pior. Então prefiro me manter quieta, ao baixar meu nível.

- Mas deveria Lina. - Ela passa a mão pelo rosto.

- Não sei por qual motivo está tão bravo.

- Esqueça. - Ele fala.

Mateo me dá as costas e caminha em direção a sua mesa, ele pega o tefelone e diz:

- Contrate outra secretária.

Ele não me manda sentar, então tomo a iniciativa e me sento em um sofá bem longe da sua mesa.

- Está com medo de mim?

- Não. - Digo apenas.

Ele se levanta, e caminha em passos largos até onde estou e se senta ao meu lado. Me distancio um pouco, mas é em vão, e ele encosta em mim novamente.

- Por que falou que sou sua noiva? - Pergunto. - Eu ainda não aceitei.

- Tenho certeza que você não viria até aqui para me dizer um não. - Ele sorri confiante.

Mateo é tão cheio de si que chega ser irritante. Ele é bonito e rico, mas o que mais ele tem a oferecer a não ser isso?

- Eu vim dizer um não. - Falo convicta. - Por enquanto é um não.

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