Capítulo 3

Dez meses depois.

Estou muito feliz com o rumo que minha vida tomou, não me arrependi um segundo sequer de minha escolha em cursar literatura.

Estou amando cada segundo, nasci para isso.

Tudo está perfeito... ou quase. Já sentiu que você está dentro de uma bolha e não consegue sair? Por mais que eu tente superar, não consigo.

Seria tudo tão fácil se Ian estivesse comigo. Me apoiando em meus sonhos, e retribuindo meu amor. Mas infelizmente isso não aconteceu.

Depois de minha explosão de raiva, que gritei que o amava, fui embora. No fundo eu queria muito que ele viesse atrás de mim, mas não veio. Não ligou e muito menos deu sinal de vida.

Fico triste, porque eu gostaria que ele chegasse em mim, e me dissesse que me vê apenas como amiga, mas nem isso ele teve coragem de fazer.

Fui embora sem ver meu amigo. Eu não queria que as coisas acabassem assim. Ele poderia pelo menos estar ao meu lado como meu amigo, infelizmente ele decidiu fugir de mim.

Dois meses depois de minha mudança, mamãe me disse que Ian também havia ido embora. Ele iria começar a jogar profissionalmente.

Ele também foi em busca de seus sonhos. Torço por sua felicidade.

Mas por mais que eu tente seguir em frente, meu coração ainda ferido pela rejeição não deixa.

Conheci pessoas novas, mas ainda falta alguém para deixar minha vida completa.

- O que se passa nessa cabecinha? - Pergunta Olívia.

- Coisas de sempre. - Sorrio fraco.

- Você sabe que já passou da hora de seguir em frente, não sabe?

- Eu sei. - Passo as mãos pelo meu rosto.

Olívia é minha companheira de quarto. Quando nos conhecemos gostei dela logo de cara. Temos os mesmos gostos para tudo.

Encontrei nela uma amiga legal e fiél.

Nunca tive amizades com garotas, e para falar a verdade estou amando. Podemos fazer e falar coisas que eu não podia dizer a Ian.

Contei a ela sobre minha vida. Olívia me aconselhou muito. Sempre está me mandando seguir em frente, mas por mais que tente, não consigo.

- Kaique está caidinho por você. - Sorri com malícia. - E você aí perdendo tempo com esse tal de Ian.

Reviro os olhos com irritação. Mas eu sei que ela tem toda razão.

Kaique é alto, dos cabelos loiros e olhos verdes. Muito bonito.

Você já passou por isso com certeza... Se ainda não aconteceu com você, irá acontecer em algum momento de sua vida. Por mas que esse alguém que esteja afim de você seja uma pessoa incrível, você sempre irá comparar por quem está apaixonado (A). E na maioria das vezes esse amor não é correspondido. Não que tenha alguém interessado em mim. Para falar a verdade acho que Kaique quer me usar para chegar até minha amiga.

- Você deveria aceitar ir jantar com ele.

- Vai em meu lugar. - Sorrio, e jogo uma almofada em Olívia.

- Se ele me desse mole eu iria mesmo. -  Gargalha. - Mas ele não me nota. - Sorri triste.

- Então é cego. Pois você é linda.

Olívia tem os cabelos longos e ruivos, sardinhas pelo rosto que a deixa ainda mais atraente. Olhos azuis escuros, e corpo esguio.

Já percebi Kaique olhando para ela. Mas ela colocou na cabeça que ele está afim de mim.

- Acho que vou aceitar seu pedido para jantar. - Digo tendo uma idéia.

Só espero que minha amiga não me ache uma fura olho, pois irei juntar os dois. Basta descobrir como.

- Vou me refrescar. - Olívia levanta da cama, pega sua toalha, vai rumo a porta do quarto e sai para fora.

Moramos em uma república, então nada de banheiros nos quartos, infelizmente.

Pego meu celular. Fico olhando para a tela por um segundo. Por fim decido encarar o que vem pela frente.

- Alô. - Kaique atende o celular depois de chamar três vezes.

- Oi Kaique. - Digo. - Tudo bem com você? - Pergunto.

- Estou bem obrigada.

- Olívia saiu do quarto, aproveitei para ligar. - Sorrio. - Posso te fazer uma pergunta pessoal?

- Claro Emi. - Diz do outro lado da linha.

Decido ir direto ao ponto, sem enrolação.

- Você está afim da Olívia, não está?

- Está tão na cara assim? - Pergunta.

- Está. - Sorrio. - Ela também tem interesse por você, mas colocou na cabeça que você está afim de mim, por causa do convite para sair.

- Eu te chamei para sair, pois queria algumas informações sobre ela. - Se explica. - Vocês estão sempre juntas, então essa foi minha única opção.

- Foi o que eu pensei. - Digo tranquilamente. - Tive uma idéia aqui.

- Diz então.

- Vou dizer a ela que teremos um encontro, mas ela também terá que ir, pois você irá apresentar um amigo a ela. - Sorrio. - Tipo um encontro duplo.

- Continue. - Diz Kaique.

- Leve algum de seus amigos que seja legal. Ficarei conversando com ele enquanto você diz a ela o que sente.

- Por sorte, um dos meus melhores amigos chegou na cidade hoje, servirá perfeitamente.

- Ótimo. - Sorrio feliz.

A porta do quarto se abre e Olívia entra para dentro.

- A fila está enorme no banheiro. - Reclama irritada.

- Ela está aí não está? - Pergunta Kaique.

- Sim. - Digo. - As oito horas está bom para você? - Pergunto.

- Está excelente.

- Me manda mais tarde o endereço.

- Eu busco vocês se quiserem.  - Diz.

- Não precisa se incomodar. Vamos de táxi mesmo.

- Ok. Até mais tarde.

- Até mais tarde. - Sorrio, e desligo o celular.

Olívia está me encarando com a toalha jogada no ombro.

- Aceitou sair com ele? - Pergunta.

- Sim. - Digo. - Mas você também irá. Ele levará um amigo. Teremos um encontro duplo.

- Nem inventa Emi. - Revida os olhos. - Não irei sair hoje.

- Você irá sim. - Digo tranquilamente. - Ou também não irei.

- Isso é chantagem e você sabe disso.

- Eu sei. - Me levanto e beijo seu rosto.

                                 ⚘

- Você está linda. - Digo a Olívia.

Livi está com um vestido de cor vinho justo ao corpo, realçando suas curvas, cabelos soltos. Maquiagem leve. 

- Você também está. - Diz sorrindo.

Optei por algo mais despojado. Calça jeans, camiseta preta, com uma jaquetinha de couro também preta. Maquiagem básica como sempre uso.

- Pronta? - Pergunto pegando minha bolsa.

- Pronta.

- Então vamos. - Digo pegando em sua mão.

                                    ⚘

Kaique havia me mandado o endereço de um restaurante. Não o conhecia ainda. Para falar a verdade não conheço nada em Chicago. Meu tempo livre, passo estudando. Ou me apaixonando por algum personagem literário.

- Acho que é aqui. - Digo.

Pagamos o taxista e saímos para fora do carro.

Vejo Kaique parado em frente ao restaurante. Ele sorri e vem até nós.

- Boa noite. - Nós cumprimenta.

- Boa noite. - Olívia e eu dizemos em uníssono.

Kaique sorri galanteador para minha amiga. Ela percebe seu olhar intenso sobre ela e cora envergonhada.

- Você está linda. - Diz a Olívia.

- O... obrigada. - Gagueja.

Sorrio internamente, pois os dois fazem um belo casal.

- Meu amigo ainda não chegou. - Se desculpa Kaique.

- Não tem problema. - O tranquilizo.

- Ele deve chegar em breve. - Olha o relógio no braço esquerdo. - Vamos?

Kaique nos manda ir na frente, e nos segue logo atrás. Entramos no restaurante pequeno, mas aconchegante. Sua iluminação é fraca, deixa o lugar com um ar romântico.

Um rapaz sorridente vem até nós.

- Boa noite. - Deseja.

- Boa noite. - Respondemos em uníssono.

- Vocês tinham reserva? - Pergunta educado.

- Kaique Salvatore. - Diz sorrindo.

O rapaz olha em um pequeno tablet.

- Mesa para quatro?

- Exatamente.

- Por aqui. - O seguimos.

O rapaz dos olhos negros nos leva a uma mesa no canto do restaurante. Tem uma vista linda para a rua.

Me sento em uma das cadeiras, enquanto Lívia e Kai se sentam lado a lado em minha frente.

- Já trago os cardápios. - Diz o rapaz sorridente nos dando as costas.

Fico observando o casal em minha frente. 

- Vocês formam um lindo casal. - Sorrio.

Olívia me fusila com o olhar. Mas não me importo.

- Eu também acho. - Diz Kai a olhando de soslaio.

Livía o encara assustada.

- Mas eu pensei que...

- Pensou errado bobinha. - Digo a interrompendo.

Kai pega sua mão e beija com carinho. Os olhos de Olívia parece que irá pular do rosto a qualquer momento.

O rapaz volta com os cardápios. Entrega um para cada um de nós.

- Quando decidirem, me chamem. - Diz.

- Ok. Obrigada. - Agradeço, pois parece que Lívia e Kaique estão em outro mundo.

Os dois conversam, enquanto eu observo feliz. Até que enfim tiveram coragem de dizer um ao outro o que sentem.

- Desculpem pela demora. - Diz uma voz conhecida atrás de mim.

Me viro para trás, minhas suspeita é confirmada.

- Emi? - Pergunta Ian me olhando confuso.

- Olá Ian. - Digo com a voz um pouco trêmula.

Minha garganta está seca. Ainda bem que estou sentada, pois minha pernas estão trêmulas.

- Vocês se conhecem? - Pergunta Kai.

- Sim. - Digo sorrindo fraco.

Livía encara Ian. E não de uma forma muito amigável.

Ian senta ao meu lado. Mas não diz nada. Apenas fica me encarando.

- Como vocês se conhecem? - Pergunta Olívia a Kai.

- Meu primo joga no mesmo time de Ian. - Diz Kai. - Nos conhecemos na casa de Jesen, e nos tornamos amigos.

Continuo observando eles conversarem. Ainda não acredito que depois de quase um ano sem nos falarmos, Ian está a centímetros de mim.

- Vou ao banheiro. - Digo me levantando. - Com licença.

Corro para fora do restaurante. Só agora percebo que estava segurando a respiração.

Um táxi para em frente ao restaurante para um passageiro descer.

Quando dou por mim Estou dentro dele. Passo para o motorista o endereço da república, e vou embora.

Mando mensagem para Olívia. Menti que estava passando mal.

Eu sei que fui estúpida em fugir. Mas não estou pronta para encara-lo ainda.

Me sinto presa, uma sensação estranha toma conta de mim. Abro a janela do carro, para tomar um pouco de ar. Meus cabelos ao vento se embaração, mas não me importo. 

                               ⚘

Estou deitada em minha cama olhando para o teto.

Olívia respondeu minha mensagem muito brava. Me entendo com ela depois.

Alguém bate na porta do quarto. Me levanto devagar.

Quando abro a porta meu coração para.

- Oi. - Diz Ian sorrindo.

- O que está fazendo aqui? - Pergunto confusa.

- Posso entrar?

Fico o encarando por um tempo, por fim dou passagem para ele entrar para dentro do quarto, e fecho a porta.

- Não respondeu minha pergunta. - Digo cruzando os braços.

- Por que você fugiu? - Retruca.

- Eu não fugi. - Digo.

Reviro os olhos irritada comigo mesma, pois Ian ainda está enraizado em meu coração.

- Senti sua falta.

- Tanta falta que nem se dignou a uma ligação. - Murmuro baixinho.

- Você tem razão. - Diz triste. - Fui um idiota em deixar você sair de minha vida daquela maneira. - Suspira alto. - Fiquei com tanto medo de te perder, que no final foi o que acabou acontecendo.

Me sento na beirada de minha cama, fico observando Ian andar de um lado para o outro.

- Você vai acabar fazendo um buraco no chão. - Digo sorrindo tensa.

- Senti tanta falta do seu sorriso. - Diz. -  Por favor me perdoa?

- Pelo que? - Pergunto.

- Por te fazer sofrer, e não ter sido homem suficiente para dizer que sempre te amei.

- Você o que!? - Pergunto exasperada.

- Eu te amo. - Sorri.

- Mas como? Por que nunca me falou nada.

- Por medo. - Sorri triste. - Depois que você gritou comigo que me amava fiquei em choque. Não acreditei que meu amor era correspondido. Mas eu me distanciei para ter certeza que era amor verdadeiro. - Se senta  ao meu lado e pega minha mão. - Esses dez meses foram os piores de toda a minha vida sem você ao meu lado. Eu não preciso de mais dez para saber que o que sinto por você é verdadeiro. - Ian beija minha mão. - Mas eu preciso saber... Você ainda me ama Emi? Realmente me ama?

Meus olhos se enchem de lágrimas.

- Eu te amo. - Sorrio feliz. - Sempre te amei.

Ian me olha com ternura. Me puxa para si e me abraça forte.

- Aquele dia do baile... - Diz interrompendo o silêncio. - Foi armação de Cecília e Carmela. - Se explica. - Não vou mentir dizendo que não retribui o beijo, pois eu estaria mentindo. Beijei tantas garotas para te esquecer, mas nunca deu certo.

Só de me lembrar daquelas cobras meu sangue ferve. Minha vontade era arrancar os olhos delas com uma colher, mas acho que isso é crime.

- Nunca deixei outro garoto se aproximar de mim. - Sorrio fraco. - Lá no fundo eu tinha esperança que um dia você me notaria.

- Eu sempre notei. - Aperta minha mão de leve.

Olho para Ian que está sorrindo. Ele coloca meu cabelo atrás de minha orelha, contorna meus lábios com o dedo indicador.

Ian vai se aproximando de mim aos poucos.

- Você vai me beijar? - Pergunto baixinho.

- Com certeza eu vou. - Sorri. - Esperei muito tempo por isso.

Sinto sua respiração quente em minha pele. Nossos rostos estão a centímetros um do outro.

Ian enfim cola seus lábios nos meus. Me beija lentamente, enquanto puxa meu corpo para mas perto do seu. Jogo meus braços em volta de seu pescoço, minhas mãos  percorrem seus cabelos.

- Nunca irei me cansar de beija-lá. - Ian diz sorrindo.

- Eu te amo. - Digo.

- Repita por favor. - Beija meu rosto.

- Eu te amo.

- Eu também te amo. - Diz feliz. - Emi você quer namorar comigo? - Pergunta.

Meu sorriso se alarga no rosto.

- Sim! - Digo animada. - Sim.

Ian me beija novamente. Enquanto descobrimos um no outro o amor.

Não sei o que o futuro nos reserva. Apenas tenho a certeza que irei ama-lo para sempre. E será ao seu lado que construirei uma família.

                                                ⚘ FIM.⚘

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