Capítulo 2
- Tudo bem Ian? - Pergunto apreensiva.
- Por que você não me contou? - Me encara.
Suspiro alto. Não queria que ele soubesse assim que mudei nossos planos. Mas eu não suportaria viver debaixo do mesmo teto que Ian, vendo ele sair com várias meninas diferentes toda semana. Em Nova York seria ainda pior.
Não estou conseguindo esconder tão bem como antes o que sinto por ele. Minha mãe já percebeu, e pelo jeito Jane também, pois ela está sempre dizendo alguma coisa com duplo sentido.
- Me perdoe. - Peço. - Eu iria te contar, mas foi tudo tão rápido que acabei me esquecendo.
- Você não quis dizer Emi, é diferente. - Diz carrancudo. - Eu sabia que você estava escondendo algo de mim. E você sempre mentindo dizendo que estava tudo bem.
Já vi que não será nada fácil convencer Ian a me perdoar.
- Eu estava tentando achar a melhor forma de te dizer. - Suspiro cansada. - Me perdoe, não quero ir embora brigada com você.
- Eu sinceramente achei que éramos amigos. - Diz. - Mas pelo jeito me enganei.
- Mas... - Me interrompe.
- Diga a minha mãe que estou com dor de cabeça, por isso fui embora. - Diz indo até a porta e a abrindo.
Vai embora sem ao menos olhar para trás.
- Sinto muito Emi. - Diz Jane atrás de mim.
- Eu também. - Sorrio fraco.
- Ele só está bravo agora. - Sorri confiante. - Só precisa de um pouco de tempo.
⚘
O jantar estava tão sem graça. Não foi o que eu queria para minha despedida. Todos conversavam animados, mas não era a mesma coisa, pois Ian não estava ao meu lado.
- Animada meu amor para a mudança? - Pergunta minha tia.
- Sim. - Me animo pela primeira vez na noite. - Será um desafio incrível.
- Lhe desejo sorte querida. - Diz Tom sorrindo.
- Obrigada. - Agradeço animada.
Minha felicidade seria completa se Ian tivesse me apoiado, mas ele escolheu não estar ao meu lado em um momento feliz de minha vida.
⚘
- Você está linda meu amor. - Diz minha mãe animada.
- Não é para tanto mamãe. - Digo sorrindo.
A semana passou se arrastando. Ian não me ligou, não mandou mensagem e muito menos voltou aqui em casa.
Ele seria meu par no baile, mas pelo jeito terei que ir sozinha, pois até agora ele não deu as caras.
- Acho que vou chorar. - Diz mamãe. - Minha bebê cresceu tão rápido.
- Mãe não sou mas bebê. - Digo sorrindo.
- Para mim será sempre. - Beija meu rosto.
Me olho no espelho mais uma vez para ver se está tudo em ordem.
Meu vestido azul combinou com minha cor. É de renda, na altura do joelho, bem rodado e tomara que caia.
Optei por um sapato preto, de salto fino. Maquiagem como sempre passei o básico, não gosto de exagerar. Acho que sou muita nova para usar uma maquiagem muito carregada. Passei um gloss gosmento de péssima qualidade, mas tirei logo em seguida. Prefiro coisas mais neutras. Meu cabelo deixei solto, fiz apenas cachos para aumentar o volume.
Gostei de meu reflexo no espelho, estou bonita.
- Os garotos iram babar em você. - Diz mamãe animada.
- Exagerada como sempre. - Gargalho alto.
- Só estou dizendo a verdade. Ian que não abra os olhos, vai acabar perdendo.
Sorrio triste. Infelizmente ele só me vê como sua irmã e amiga.
- Pronta minha princesa? - Pergunta papai entrando em meu quarto.
- Estou pronta. - Digo.
- Então vamos. - Oferece o braço para mim.
Minha vontade era ficar em casa, deitada em minha cama e lendo um bom livro. Mas minha mãe ficaria louca se isso acontecece.
⚘
- Venho te buscar as 23:00 horas. - Diz papai, depois que chegamos ao colégio.
- Se quiser vir mais cedo não tem problema. - Digo sorrindo. - Acho tudo isso perca de tempo.
- Sua mãe arrancaria nossas cabeças. - Diz sorrindo.
- Eu sei. - Suspeito.
- Se divirta meu bem. - Sorri.
Aceno com a cabeça e fecho a porta do carro.
Papai da a partida e vai embora.
Tem várias pessoas em frente a escola, muito bem vestidas.
Conversam animados entre si.
- Isso será um pesadelo. - Murmuro baixinho.
Os corredores estão cheios de mensagens de adeus ao ensino médio. Vários balões por todos os lados.
Caminho devagar em meio aos alunos animados.
Quando entro no salão de bailes fico cega por um tempo. Várias luzes de cores diferentes piscando. A música está alta. Há pessoas dançando com seus pares.
- Isso é um saco não é? - Pergunta alguém ao meu lado.
Me viro e dou de cara com Henry. Um dos garotos mais populares do colégio.
- Sim. - Digo voltando minha atenção ao ambiente barulhento.
- Você está linda. - Diz sorrindo.
- Obrigada. - Agradeço encabulada.
Henry e eu éramos até próximos, éramos dupla nas aulas de biólogia. Mas depois que ele entrou para o time de futebol e ficou popular, nos destanciamos. Ele era um parceiro legal. Uma pena que tenhamos nos distânciado, seríamos grandes amigos.
- Você também não está nada mal. - Digo sorrindo.
Henry é alto, loiro dos olhos verdes. Os anos lhe fizeram bem. Ele era bem magrinho, dentes tortos e marcas de espinha no rosto. Mas deu a volta por cima e ficou muito atraente.
Só não é mais bonito que Ian.
Pensando em Ian vejo ele dançando com a bruaca da Cecília. Estão bem animados.
- Quer dançar? - Pergunta Henry.
- Eu não sou muita boa nisso. - Digo.
- Eu te ensino. - Sorri abertamente.
- Não reclame depois. - Digo fingindo irritação. - Seus pés iram reclamar.
- Eu aguento.
Pega minha mão e me puxa para o meio da pista de dança.
No mesmo instante começa a tocar uma música lenta. Meio que agradeço mentalmente, pois não teria a mínima idéia de como dançar uma música mais agitada.
Henry coloca um mão em minhas costas, e puxa meu corpo para perto do seu.
Sem querer piso em seu pé.
- Desculpe. - Peço envergonhada.
- Até um final da música você pega jeito.
- E você fica com os pés doendo.
Henry sorri mas não diz nada. Continuamos a dançar.
Automaticamente coloco minha cabeça em seu ombro, enquanto dançamos.
Por incrível que pareça a musica acabou e não pisei mais em seus pés.
- Obrigada por me fazer companhia. - Digo agradecida. - Eu iria ficar perdida. - Sorrio.
- Por que você não veio com Ian? - Pergunta. - Vocês são tão amigos que achei que iriam vir juntos.
- Ian está bravo comigo. - Sorrio fraco. - Era para virmos juntos, mas ele não apareceu. Deve ter escolhido companhia melhor.
Olho para onde ele está com Cecília. Meu coração se parte mais uma vez.
- Ele é um idiota. - Pega minha mão e aperta de leve.
- Não o culpo por ele estar bravo comigo. - Digo. - Mudei nossos planos sem avisar a ele.
- Ele continua sendo um idiota.
Sorrio abertamente.
- Olá Emile. - Diz uma voz enjoativa atrás de mim.
Não preciso nem me virar para saber de quem se trata.
- Oi Cecília. - Digo.
- Esse vestido não combinou com você. - Diz sorrindo com desdém.
- Ainda bem que não ligo para sua opinião não é? - Sorrio. - E além do mas, não é de sua conta a roupa que me cai bem ou não. Em seu lugar procuraria colocar meus peitos para dentro do vestido, antes de vir querer dizer alguma coisa. - Pisco para ela. - Você sabe que para ser bonita não precisa ser vulgar não sabe?
Cecília me olha furiosa. Se um olhar matasse com toda certeza estaria morta bem agora.
Sua máscara falsa volta ao lugar no momento em que Ian chega ao seu lado.
- Olá Emile. - Diz Ian. - Henry.
- Oi. - Digo.
- Estava dizendo para a Emi que ela está muito linda. - Diz Cecília cínica.
- Para você é Emile. - Sorrio. - Emi é para os amigos. Coisa que não somos.
Henry joga a cabeça para trás e gargalha alto.
Ian me encara mas não diz nada, apenas fica me encarando com um olhar indecifrável.
- Eu amo essa música. - Diz Henry animado. - Vamos Emi.
- Com licença. - Peço educadamente.
Se Ian pensa que irei correr atrás dele essa noite está enganado. Tentei explicar a ele minha escolha mas ele não quis me ouvir. Me ignorou a semana toda, e ainda furou comigo. Era para virmos juntos ao baile. Mas ele preferiu a companhia da vaca da Cecília. Que fique com ela agora.
- Preciso falar com você depois. - Ian pega minha mão me impedindo de continuar andando.
- Tudo bem. - Digo. - Mas agora vou dançar com Henry. Volte para sua acompanhante.
Puxo meu braço de seu aperto e corro para a pista de dança.
- Você está caidinha por ele, não está? - Pergunta Henry.
- Imaginação sua. - Desconverso.
- Está estampado em seu rosto Emi. - Sorri de lado. - Você não engana ninguém.
- É tão transparente assim?
- Sim.
Suspiro alto. Se todos a minha volta percebe o que sinto em relação a Ian, ele também deve ter percebido.
- Vou superar. - Digo confiante.
- Por que não diz a ele o que sente?
- Não quero acabar com nossa amizade, e deixar as coisas estranhas. - Sorrio. - Mas pelo jeito isso já está acontecendo.
- Você poderia se surpreender. - Diz.
- Prefiro ter Ian em minha vida como meu amigo. - Digo. - Do que não ter.
Henry não tocou mas no assunto. Agradeci mentalmente por isso.
- Vamos beber algo. - Diz me puxando pela mão.
- Devagar Henry. Meus pés estão me matando.
Me sento em uma cadeira que estava ao lado da mesa de ponche. Henry pega dois copos vazios, olho para a mesa e vejo uma xícara quebrada, fico me perguntando de onde aquilo saiu. Henry me tira de meus pensamentos, me entrega um copo com ponche, e fica com outro.
- Isso aqui tem álcool. - Sorri. - Alguém batizou a bebida escondida.
- Nem vou beber então.
Coloco o copo em cima da mesa. Me orgulho de dizer que nunca coloquei uma gota de álcool em minha boca.
- Você salvou minha noite Henry. - Sorrio. - Obrigada.
- Não precisa agradecer senhorita. - Sorri. - Não deveríamos ter nos distânciado.
- Você tem razão. Mas não é tarde para sermos amigos novamente. Estou indo embora, mas existe muitos meios de comunicação.
- Emile? - Me chama uma voz desconhecida.
- Sim?
Me viro e vejo que é Carmela, a cachorrinha de estimação de Cecília.
- Ian pediu para você ir encontrar com ele na quadra de futsal.
Dito isso me dá as costas e vai embora.
- Vai lá. - Diz Henry.
- Obrigada mais uma vez Henry. - Beijo seu rosto.
- Me passa seu número para mantermos contato. - Diz tirando o celular do bolso.
Depois que ele anota meu número, me despeço dele e vou atrás de Ian.
Até conseguir sair do salão de bailes foi um sacrifício, estava cheio de alunos. Havia alguns que parece que exageraram no ponche batizado, pois estavam bem alegrinhos.
Vou andando tranquilamente até a quadra. Mas preferia nunca ter ido.
Ian está se beijando com Cecília e nem percebem minha presença.
Meus olhos se enchem de lágrimas. Quero sair correndo mas parece que meus pés estão presos ao chão.
Algum barulho os interrompe. Ian percebe minha presença.
- Desculpe, eu não queria atrapalhar. - Digo. - Carmela disse que você queira falar comigo. Mas pelo jeito está ocupado no momento.
Cecília está com um sorriso debochado nos lábios. Ela pela primeira vez conseguiu me ferir.
Me viro para trás, e começo a andar rápido.
- Emi. - Escuto Ian gritar.
Mas não olho para trás, e começo a correr.
Não consigo segurar as lágrimas e as deixo rolar pelo meu rosto.
Corro como se minha vida dependesse disso.
- Emi. - Ian segura meu braço.
- Me solta. - Digo baixinho.
- Por que está chorando? - Pergunta preocupado.
- Por nada. - Digo ríspida.
Ian me encara mas não solta meu braço.
- Me diga o por quê?
- Porque acabei de pegar o idiota
que amo beijando a nojenta da Cecília! - Grito. - Satisfeito agora?
Puxo meu braço com força de seu aperto, lhe dou as costas e o deixo parado sem fala.
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