VINTE E TRÊS
Marisol
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Eugênio e eu estávamos passeando entre as estantes de mãos dadas e fiquei alegre em ouvi-lo narrar empolgado enredos de algumas coisas que já tinha lido. Ás vezes ele se abaixava e me dava um beijo, o que me deixava com o coração tranquilo - não sem antes palpitar bastante - por saber que agora não tinha nada para nos impedir de ficarmos o tempo que quiséssemos juntos.
A livraria onde ele havia me levado era de dois pisos, com um café onde uma música acústica tocava baixinho. A ideia de passar a tarde naquele lugar aconchegante me conquistou e entendi o que o Luan quis dizer sobre Eugênio perder a noção da hora quando entrava. Eu costumava vir ao shopping com a minha...com a Gorete, mas nunca tinha passado tanto tempo na livraria, pois ela não tinha paciência.
Depois de um tempo, deixei meu namorado absorto em sinopses e subi as escadas atrás de seção de romance. Era bom saber que agora não precisava mais viver através deles e ter a minha própria história, porém ainda gostava de lê-los.
Foi quando estava olhando um livro sobre uma menina que descobria que era uma princesa e vivia entre equilibrar questões diplomáticas e problemas adolescentes, que ouvi uma conversa que chamou a minha atenção:
- Ugh, o Eugênio está aqui. – Alguém sussurrou. - Será que já não basta ter que aturar ele na escola?
É claro que poderiam estar comentando sobre qualquer pessoa chamada Eugênio, mas apurei meus ouvidos mesmo assim, escondida atrás de uma pequena estante, deixando que só meus olhos aparecessem por cima dela. Eram duas garotas, aparentemente da minha idade, uma de cabelos escuros e curtos e uma ruiva com um rabo de cavalo. Elas estavam próximas à um menino magro de óculos, que olhava HQs.
- É só a gente não falar com ele... – A ruiva respondeu, dando de ombros com os braços cruzados.
- E não vai mesmo, depois daquele plano fracassado! – A amiga dela respondeu com deboche. - Não adiantou nada eu contar tudo sobre aquela viagem para a mãe maluca da namorada dele. Dessa vez, pode esquecer!
Arregalei os olhos e senti meu rosto esquentar. Deveria ser alguma coincidência, pois não era possível que estivessem falando do que eu estava pensando...
- Não sei porquê o detesta tanto. - Comentou a ruiva. - Ele nunca te fez nada!
- Ele me irrita! Precisa de outro motivo?
A outra deu um suspiro, rolando os olhos:
- Não vou mais falar dele, tá? Fiquei com pena da garota quando soube da história dela. – Disse. - Acho que vou acabar aceitando o telefone do André...
Meu celular tocou bem na hora em que ela disse aquilo. Virei de costas imediatamente para que não me pegassem olhando e estava tão atordoada com o que tinha ouvido, que acabei o deixando cair ao puxá-lo da bolsa. Xingando baixinho, me ajoelhei para pegar e andei inclinada com o cabelo no rosto até as prateleiras do fundo antes de atender. Era o Luan, ligando para avisar que tinha chegado ao shopping e perguntando em qual das livrarias nós estávamos. Depois de explicar para ele e conversarmos um pouco, desliguei e fui atrás de Eugênio.
As meninas tinham sumido, mas não sem me deixarem completamente encucada com aquela conversa.
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N/A: O que vocês acham que a Marisol vai fazer com essa informação?
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