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» Olivia
A semana passou rápido ou eu que estive muito atarefada e não vi o tempo passar? Sábado é um dia cheio na biblioteca, por incrível que pareça. Estava ajudando um cliente quando passei pela mesma prateleira que havia pego Capitu e logo lembrei-me dele.
- Sem chance. Não vou me apaixonar por mais ninguém tão cedo. - murmurei para mim mesma.
Assim como a semana, o dia também passou rápido. Organizei tudo e fechei a loja. No caminho de casa ouvi meu celular apitar e percebi que havia recebido uma mensagem.
Conversa On
Gabriela:
Via! O que temos de bom para esse sábado a noite??
18h30
Eu:
Ei gabinha. Filme aqui em casa? Espero vcs aqui.
18h31
Gabriela:
Então... Vai ser só nós duas hj, briguei com a Anna... conto mais quando chegar na sua casa.
18h33
Eu:
Certo. Esperando.
18h33
Conversa off
Resolvo passar no supermercado para comprar mais alguns doces para essa noite, conhecendo bem a Gabriela, sei que o que tenho em casa passa longe de ser suficiente pra ela.
Estou calmamente no setor de doces quando viro de relance e vejo um rosto conhecido.
- Ah não. - murmuro para mim mesma.
De longe vejo John, um ex ficante, alto, moreno e de olhos claros. O desgraçado só melhorou desde que o vi pela última vez. Tivemos um curto relacionamento, se é que dá para chamar assim, já que era só sexo - fiz questão de deixar bem claro - mas, no final, ele acabou querendo algo sério e eu não. Enfim, não mantemos contato desde o fatídico dia do não.
Flashback on
Era dia dos namorados e John foi até a livraria/biblioteca em que trabalho com balões e flores para fazer um pedido. Quando o vi e me dei conta do que estava acontecendo, acenei com a cabeça em forma de não, já que o ambiente estava cheio e eu não queria fazê-lo passar essa vergonha.
- Não. Não. Não. Não faça isso. John. Não. - disse lhe encarando em meio a sussurros e olhares expressivos.
- Olivia! Eu estou apaixonado por você. Me dá a honra de ser seu? Quem sabe... Para sempre? - ele diz encaminhando até mim.
Olho ao redor e vejo que as pessoas pararam pra ver o que estava acontecendo, eu não queria fazer isso na frente de todos, mas porra John! Deixei claro que era só sexo. - penso.
- Olha, John. - digo passando a mão em meus cabelos e me aproximando dele. - Eu acho que você interpretou errado, eu... Bem, eu não estou a procura de um relacionamento agora. Eu deixei claro que nosso relacionamento era apenas sexo. Desculpa. - digo olhando em seus olhos.
- Olivia, você está assustada. Vou te dar um tempo pra pensar. Ok? - ele diz nervosamente se retirando e me entregando as flores e os balões.
- NÃO! - me exalto - Não. John. Por favor, sinto muito. Mas, não. Desculpe. - digo indo até ele e lhe entregando as coisas, logo após vou o mais rápido possível ao banheiro, precisava me recompor.
Ao sair, vejo que pessoas me encarando de um jeito ruim, inclusive meu chefe. Vou até ele tentar me redimir.
- Olha, senhor Louis, sinto muito por isso. - digo sincera - Eu não sabia que ele faria isso. Sinto muito. - digo abaixando a cabeça e temerosa perder meu emprego.
- Garota. Você tem seus motivos, o movimento já diminuiu, você já pode ir pra casa. - ele diz com um tom assustadoramente calmo.
Fui pra casa e me senti péssima pelo John. Eu avisei. Avisei que não queria relacionamento. Sofri muito com o meu último. Argh. Ainda não estou pronta.
Flashback Off
Percebo que estou parada olhando para uma lata de molho de tomate quando sou tirada dos meus pensamentos ao ouvir chamarem meu nome.
- Olivia? - ouço aquela voz que tanto queria evitar me chamar. - Droga - penso.
- John?! Olá... - digo me virando em sua direção.
- Olá... Como vai? Não te vejo desde aquele dia... - ele fala meio envergonhado.
- Pois é - solto um suspiro. - Eu estou bem e você?
- Indo - ele coloca a mão nos bolsos e olha pra baixo. - Eu queria pedir desculpas por aquele dia, eu realmente confundi as coisas e estraguei tudo. - ele me lança um olhar triste.
- Tudo bem, John. Sinto muito pela minha decisão, você é um cara legal, sabe? Eu só... não estou preparada para um relacionamento sério.
- Entendo. - ele suspira. - Um abraço? - ele me olha e lança um meio sorriso.
- Sim. Tudo bem. - sorrio de volta.
O caminho de casa fui pensando no quanto foi aleatório esse encontro no mercado. Nossa. Ainda bem que ele compreendeu. Logo vejo Gabriela descendo do carro e entrando no prédio.
- Ei. - finjo que vou abraça-la e despejo as sacolas em seus braços.
- Ei! - ela fiz tentando equilibrar tudo.
- Assim não vale, a magoada aqui sou eu.
- Não vejo lágrimas. Vamo subir? - digo me dirigindo ao elevador.
Passamos a noite conversando sobre ela e Anna.
- Não entendo isso. Vocês já namoram a tanto tempo e ainda ficam com essas frescurinhas de briga por ciúme bobo. Quando não é ela, é você. Vocês bem que poder... - sou interrompida pelo toque de celular da Gabriela.
Vejo no fundo o nome "Amor" em cima da foto de uma morena de óculos segurando seu cabelo volumoso e crespo com um lindo sorriso pra câmera. Anna.
- É ela. - ela olha a tela e me encara.
- Anda! Atende - digo impaciente.
Ela atende e começa a andar pelo apartamento e eu a seguindo a todo momento tentando ouvir a conversa das duas até que Gabriela bate com a porta na minha cara e se tranca no banheiro.
- Ingrata! Eu que juntei vocês! Tenho direito total de saber... - digo alto contra a porta e ela rebate chutando a mesma.
Volto pro sofá me dando por vencida e fico comendo chocolate e bebendo vinho. Depois um tempo, ouço a porta do banheiro abrir e vejo uma Gabriela de olhos vermelhos e um enorme sorriso no rosto vindo em minha direção.
- E aí? - dou um pulo no sofá.
- Você não vai acreditar. Estamos noivas! - ela diz dando gritinhos.
- O que? Mas vocês se conhecem há 5 meses. - digo meio chocada.
- Sim, eu sei. Mas é que.. o nosso amor é tanto... - ela diz sorrindo e de olhos fechados.
- Vocês são duas é emocionadas. Eu hein. Eu sei que daqui a pouco vocês esquecem essa história... mas... Eu tô muito feliz que vocês se acertaram. - digo sorrindo e lhe dando um abraço.
- O que levou vocês a tomarem essa decisão? - pergunto.
- Ah, Via. Ela me escreveu um poema.
- Um poema? - falo fazendo carinha de emocionada. - Que doce! Deixa eu ler? Por favor.
- Claro. Vou ler pra você, ó:
Amor
Amemos! Quero de amor
Viver no teu coração!
Sofrer e amar essa dor
Que desmaia de paixão!
Na tu’alma, em teus encantos
E na tua palidez
E nos teus ardentes prantos
Suspirar de languidez!
Quero em teus lábio beber
Os teus amores do céu,
Quero em teu seio morrer
No enlevo do seio teu!
Quero viver d’esperança,
Quero tremer e sentir!
Na tua cheirosa trança
Quero sonhar e dormir!
Vem, anjo, minha donzela,
Minha’alma, meu coração!
Que noite, que noite bela!
Como é doce a viração!
E entre os suspiros do vento
Da noite ao mole frescor,
Quero viver um momento,
Morrer contigo de amor!
Fico emocionada ao ouvir aquilo.
- Meu Deus, Gabriela! É lindo. - digo secando uma lágrima.
- Eu sei. Eu... Aí. - ela diz suspirando.
- E ela escreveu pensando em você? Nossa! Você é uma sortuda. - digo lhe abraçando e lhe dando um leve tapa no ombro.
- Sim. Ela disse que a maior parte foi ela, mas o professor Tom lhe ajudou a colocar para o papel.
- Professor Tom? - digo meio assustada.
- Sim. O professor dela de literatura.
Olar
Lindo poema do Álvares de Azevedo, não?
Professor Tom hmmm rs
Capítulo pra falar um pouco do trauma de relacionamento da liv, mas calma. Isso não mostrou tudo :)
Bjux
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