A Secret for a Kiss

Kara estava a beijando

                     Lena concluiu, o calor dos lábios de Kara contra os seus fazendo cada terminação nervosa de seu corpo chiar em excitação, a incitando a corresponder ao gesto na mesma medida, com o mesmo carinho que recebia da loira.

Kara Zor-El estava a beijando

                    Ela repetiu para si, e dessa vez, suas terminações nervosas vibraram mais uma vez, mas com uma onda de culpa que a fez colocar as mãos nos ombros da mais velha e empurrá-la sutilmente. – E-eu não posso fazer isso, Kara, não com você – Sussurrou, sem coragem de olhar nos olhos azuis da loira, não quando queria preservar a memória daquele brilho apaixonado que a abismou tantos anos antes. – Eu preciso...– Ela engoliu em seco – De um minuto...

                    Com isso, a morena rapidamente desceu da caçamba do carro e se distanciou, sabendo que se hesitasse, Kara a seguraria e a faria repensar, a faria esquecer toda a culpa, não porque era mais fácil, mas porquê Kara era assim, persistente, teimosa, e extremamente caridosa. Tudo na Danvers gritava perfeição, e isso só piorava a sensação de culpa da Luthor, já que por um, não, vários momentos, ela imaginou como teria sido se ao invés de Jack, fosse Kara a quem estivesse compromissada, ela não teria problemas em carregar uma aliança sabendo que quem a aguardaria no altar dali algumas semanas fosse a loira.

                     Confusa, Kara observou enquanto Lena se afastava. Será que havia feito algo de errado? Não, não era por isso que Lena se afastou, concluiu, lembrando-se da frase que ela disse.

Eu não posso fazer isso

                          Ela se sentiu culpada por causa de Jack? Era uma possibilidade, mas a loira a descartou, ela podia ver nos olhos e na postura de Lena que ela não estava tão interessada em seu noivo quanto queria que as pessoas acreditassem. Talvez ela soubesse de todos os rumores bobos que se espalharam rapidamente pela pequena cidade e acreditou neles. Não, não poderia ser isso, Lena era inteligente demais para acreditar no que a geração mais velha dizia sobre a maioria das coisas, eram pessoas entediadas apenas procurando uma maneira de apimentar suas vidas contando histórias sobre as pessoas de quem pouco sabiam.

                         A garota Danvers respirou fundo, Lena pediu a ela por um minuto, e ela felizmente, ainda um pouco confusa, atenderia ao pedido. Ela começou a arrumar tudo para o caso de Lena voltar e querer ir para casa imediatamente, dispensando sua companhia pelo resto do dia. Fazer isso levou os dez minutos mais rápidos de sua vida e então, ela não podia esperar mais. Ela desceu da traseira da picape e caminhou lentamente na direção que ela tinha visto a Luthor ir.

                        Ela encontrou a mulher mais jovem encostada em um belo salgueiro com as folhas cobertas por uma fina camada de neve. Como se sentisse sua presença, Lena se abraçou sabendo que era agora ou nunca, e ela preferia arrancar o band-aid de uma vez, ou doeria ainda mais no futuro. – Matei Alexander – disse Lena, as lágrimas tremeluzindo e enchendo seus olhos verdes quentes e tristes. – E-eu matei meu irmão – Revelou evitando os olhos azuis celestiais de Kara, ela não ficaria surpresa se ela nunca mais quisesse olhar para ela, muito menos beijá-la como ela fez antes depois de saber que ela era uma assassina, pior de tudo, a assassina de seu próprio irmão.

                       Para Lena, Kara era tudo o que ela achava que um herói deveria ser, gentil, compassiva, corajosa e forte mentalmente para ter passado por muito e ainda ser capaz de sorrir a cada dia, mesmo nos dias difíceis, por dezoito anos ela se apegou às lembranças da noite do incêndio, a noite em que tudo começou a desmoronar, e foi porque Kara estava nelas, e ela, seus atos como uma criança de apenas sete anos foi a única coisa que pareceu certa naquela noite, mostrou a Lena que até o mais frágil dos seres pode ser forte, e inspirou a morena a passar por tudo o que ela viveu daquela noite em diante.

                         –Nossos pais não eram boas pessoas, Kara – ela murmurou, os olhos de Kara sobre ela, ela podia sentir mesmo que não estivesse olhando para ela, ela sempre podia sentir a atenção da loira em si. – Mas naquela noite, meu pai escolheu fazer uma coisa boa e me salvou e meu irmão, e isso, ver nosso pai morrer mudou Lex, desencadeou algo nele, algo muito ruim.

                        Lena não iria mentir e dizer que Lex não tinha tendências violetas antes, porque ele tinha muitas — como machucar os animais de estimação dos vizinhos e fazer experiências com eles — mas a imagem de Lionel morrendo bem na frente deles virou seu irmão mais velho completamente. Ela ainda tinha pesadelos com os gritos dele a alguns quartos de distância dela, com os arranhões e hematomas que sangravam em sua pele, e ele só permitia que ela cuidasse.

                        –Lilian, nossa mãe, nunca quis reconhecer o quão terríveis eram os problemas de Lex, e... ela costumava me culpar por eles, tanto quanto ela me culpava pela morte do meu pai. – Ela explicou, se Lilian tivesse enviado Alexander para algum lugar onde eles pudessem ajudá-lo, ou o ajudasse a obter o tratamento que ele precisava, talvez ele ainda estivesse vivo. – Ela me mandou para um internato quando eu tinha dez anos, dizendo que era para ajudar as explosões do meu irmão – Ela suspirou, dando a si mesma um momento antes de continuar, a mais velha se aproximou um pouco mais, em silêncio. – E ela me manteve lá, por oito anos, sem cartas, sem telefonemas, nada, e-ela nem se incomodou em me pegar no aeroporto.

                           A Luthor ainda podia sentir a decepção que sentiu quando Luke, o motorista da família, veio buscá-la em vez de sua mãe ou até mesmo de seu irmão. – Quando cheguei em casa, ela não estava lá, mas Lex estava, e... ele não me reconheceu, como poderia? – Ela soltou uma risada sem humor algum. – A última vez que ele me viu, eu era sua irmãzinha frágil e agora eu estava lá, como uma mulher adulta parada bem na frente dele.

                        Ela apertou os próprios braços, sentindo que precisava se ancorar no momento enquanto sentia o calor de suas lágrimas escorrendo por seu rosto. – E eu não sei o que Lilian fez com ele ao longo dos anos, mas ele pensou que eu era uma de suas "garotas" – Ela se sentiu enojada mesmo dizendo isso, a memória de seu irmão mais velho, a pessoa que ela mais amava dizendo isso para ela ainda tão vívido em seu cérebro que ela podia ver isso acontecer na frente de seus olhos, do outro lado do rio. – Ele pulou em mim como um animal selvagem, e-e me assustou, então eu o empurrei e...

                      –Sua cabeça bateu na grade da lareira e eu simplesmente não reagi, eu apenas fiquei lá e assisti ele sangrar até a morte - Ela ainda podia ver o rosto sem vida de seu irmão se fechasse os olhos por tempo suficiente. – Eu só percebi o que aconteceu quando Luke entrou na sala... ele sabia que minha mãe não ficaria feliz em ver seu precioso filho morto por causa da filha que ela desprezava – Sua voz não era nada mais do que um sussurro agora, seus olhos vermelhos e lágrimas sem parar percorrendo seu rosto, e Kara parou de lutar contra seus impulsos e finalmente estendeu a mão para Lena, puxando-a para mais perto e envolvendo seus braços fortes ao redor dela, acariciando os cabelos negros, permitindo que ela chorasse silenciosamente contra seu peito.

                            Elas deixaram os minutos passarem por elas assim, com Danvers lhe acariciando as costas em perfeito silêncio, a morena se sentiu segura, havia algo no batimento cardíaco de Kara que a fazia se sentir em paz, mesmo em meio a todo o seu caos. – É por isso que você está com Jack, porque você está fugindo? – A mulher de olhos azuis se amaldiçoou por sua curiosidade em tirar o melhor dela, mas ela tinha que saber, a menor levantou a cabeça, verde encontrando azul enquanto ela agarrava o tecido da camisa da mais velha. – Eu estava... por anos, de cidade em cidade, Lilian sempre me encontrava, não importava onde eu me escondesse

              Ela se silenciou por um segundo antes de prosseguir – Até que eu conheci Jack. – A ideia que ela tinha de Jack Spheer ser um bom homem parecia estar a uma vida inteira de distância daquela. – Contei a ele minha história, ou pelo menos parte dela, e ele me disse que poderia ajudar... com uma condição

                    –A de se casar com ele...– Concluiu a mais velha, e a outra apenas assentiu. – E com isso Lutessa Thorul finalmente morreu... e Lena Luthor nasceu...

                     Levou apenas um momento para tudo se encaixar na mente da Danvers, suas memórias daquela noite fatídica nunca foram muito claras, mas aquele nome, Lutessa Thorul, estava gravado em sua mente, quase tão claramente quanto os olhos de Lena. Claro que a razão para isso parecia boba, mas ela se lembrou dos dias no orfanato em que ela se lembrava daquela garotinha e seus lindos olhos verdes e pele pálida, porque em seus olhos inocentes naquela época tão longínqua, Lutessa era uma princesa e um dia, quando crescessem, elas se encontrariam novamente e ela poderia ser sua cavaleira de armadura brilhante.

                     Kara apertou a morena em seu abraço – me desculpe por não ter te reconhecido antes, Lee, me desculpe – Pela primeira vez desde que começou a se abrir, Lena sorriu – Como você poderia me reconhecer? Nós éramos crianças naquela época, Kara – Ela a tranquilizou, soltando o tecido da blusa da loira e trazendo as mãos dela para segurar suas bochechas levemente vermelhas. – E, no entanto, você se lembrou de mim imediatamente

                         Lena queria dizer a ela que ela nunca poderia esquecer Kara, nem mesmo em mil vidas, porque ela nunca parou de pensar nela e como, sem nunca saber, Kara a ajudou a passar por tanta coisa e esses últimos dias só acrescentaram boas lembranças ao que sempre foi uma vida triste. Mas mesmo que ela tentasse, nenhuma palavra seria capaz de descrever tudo o que ela queria que Kara soubesse.

                      E antes que ela pudesse hesitar, ela moveu seu corpo em direção a Kara e mostrou a ela tudo o que ela não conseguia colocar em palavras.

†★†

                         Aquela segunda-feira amanheceu com sol, ainda que fria, porém pela primeira vez em muito tempo, isso não fez diferença alguma aos olhos de Lena, seu coração parecia dar saltos dentro do peito desde a tarde anterior. Kara não havia a afastado, muito pelo contrário, o que havia acontecido pareceu as aproximar ainda mais, algo que foi insinuado por todos os beijos e gestos carinhosos que trocaram até Kara a deixar sã e salva na fazenda Spheer.

                        A Luthor não foi capaz de refrear os sorrisos que perduraram enquanto tomava banho e se vestia para o dia de trabalho, e estava tão distraída em seus pensamentos que se assustou com o som da campainha, seus olhos seguiram para o relógio na parede, marcando perfeitamente sete e meia da manhã, pelo horário, quem havia tocado a campainha fora a mesma pessoa que povoava cada um de seus pensamentos. A morena desceu as escadas, por pouco não tropeçando nos últimos degraus e abriu a porta, e lá estava ela.

                         Com um sorriso que poderia iluminar uma cidade inteira por anos, Kara a observava, além das costumeiras ferramentas que pegou emprestado com o primo em uma mão, segurava um pote aparentemente cheio de comida na outra, que ela não demorou a estender em sua direção. – So-sobrou bastante de ontem, então pensei que você gostaria de levar pro trabalho hoje – Ela falou, o rosto tingindo-se de um vermelho sutil. – Isso é tão doce de sua parte, querida, obrigada – Falou a mais nova, tomando o pote em suas mãos.

                         A Danvers tomou a aproximação como uma oportunidade para roubar um breve e carinhoso selinho dos lábios cheios da Luthor. E foi a vez do rosto de Lena se tornar vermelho, a única diferença sendo o fato de que o rosto da menor se tingiu de um vermelho vivo e perceptível até mesmo para Andrea, que tornou sua presença notável ao casal ao buzinar uma única e irritante vez. – Acho que isso significa que estou atrasada para o trabalho – Comentou Lena, envergonhada, ela se orgulhava de sua pontualidade, mas isso parecia tão sem importância naquele momento. – Você poderia dizer que está doente hoje – Sugeriu a maior com um sorriso faceiro, fazendo a outra revirar os olhos. – Talvez outro dia...

                        A mais nova era grata por sempre colocar sua bolsa ao lado da porta, pois isso economizou vários minutos de procura, encontrando Kara na mesma posição quando voltou a sair da casa. – Posso ter um beijo de despedida? – Indagou a loira, seu tom cuidadoso a fazia soar como uma criança e aquilo era estranhamente fofo aos olhos da morena, que tomou o rosto da maior entre suas duas mãos e depositou o que era para ser um selinho contra os lábios da mulher, mas a El tinha outros planos ao lhe segurar a cintura e prolongar o gesto, não vacilando na forma carinhosa como seus lábios se encaixavam e se soltavam lentamente.

                         Antes que a Rojas tivesse a chance de buzinar novamente, Lena afastou os lábios de Kara dos seus, rindo através dos pequenos beijos que ela tentava depositar em seu rosto. – Se você continuar me beijando, eu não vou poder ir trabalhar – Falou em meio aos seus risos. – Essa é a ideia – Brincou a mais velha antes de lhe dar um último selinho. – Okay, agora você pode ir... – Sorriu hesitantemente se afastando – ou nenhuma de nós vai conseguir trabalhar hoje

                       Lena bufou uma risada sutil enquanto caminhava em direção ao carro de Andrea e, ao se aproximar, viu o sorriso de sua amiga, sabendo que Rojas faria o possível pra encurralar ela  até que ela contasse, ela só não achou que seria assim que ela entrou no carro. - O que é que foi aquilo?! – Ela praticamente gritou, ligando o carro e saindo antes que Lena pudesse acenar para Kara depois de afivelar o cinto. - Por favor, não conte a ninguém sobre isso – ela implorou a sua amiga, se a notícia de que Kara e Lena começou algo, e foram vistas se beijando, não demoraria muito para Jack ter sua cabeça em uma vara só esperando a Lilian pegar como uma espécie de animal selvagem violento atrás de uma presa fácil.

                       Ela precisava de tempo para elaborar um plano, talvez deixar Smallville com Kara e ficar quieta até a poeira baixar. Talvez ela pudesse finalmente começar a faculdade - Um pouco mais tarde do que ela havia planejado, mas ainda assim, ela poderia — Ela poderia falar com Kara sobre isso, e poderiam planejar tudo juntas. Sua mente foi tirada dessa ideia pela voz de Andrea ao lado dela. – Eu nunca contaria a ninguém... mas eu realmente preciso dos detalhes de como você conseguiu fazer aquele pedaço de mal caminho de mulher  ficar louca por você, ou foi apenas sua beleza de princesa de olhos verdes que fez isso?

                         Lena não conseguiu evitar cair na gargalhada, talvez fosse o comentário de Andrea ou apenas seu bom humor por causa dos acontecimentos do dia anterior, mas ela sabia que precisava disso, rir, como ela não fazia há anos antes de ter Kara de volta em sua vida. – Ok, eu vou te dizer o que aconteceu – Disse a Luthor, varrendo algumas lágrimas que rolaram de seus olhos em seu ataque de riso, a latina sorriu suavemente para a amiga. – não ouse me poupar de nenhum detalhe, quero saber tudo

†★†

                       Garota, esquece o xerife e casa com aquela bombeira, você tem toda a minha bênção pra isso – A maior afirmou em um tom baixo enquanto elas organizavam os fundos da mercearia no início da tarde, o relato da mais nova teve de esperar pois quando chegaram ao estabelecimento, um grande fluxo de clientes estava entrando e saindo da loja, um sorriso nos lábios de ambas, Lena por estar feliz com a falta de julgamento da amiga — é claro que havia omitido alguns detalhes, como o que havia acontecido em seu passado, mas ainda assim, era bom não ser julgada — e Andrea, porque estava feliz pela amiga estar apaixonada por alguém que realmente a via pela pessoa incrível que ela era.

                      Antes que pudessem continuar a conversa, a campainha acima da porta de entrada tocou, informando que haviam novos clientes para atender. Lutessa não hesitei em cuidar dele, se posicionando atrás do balcão em instantes.  – Sra. Lodge, Sra. Smith, como posso ajudá-las? – Ela perguntou com um sorriso genuíno e levemente contido, pela primeira vez em toda a sua vida, ela podia sentir os músculos do rosto começando a doer por sorrir tanto em um dia, mas ela não conseguia parar, não quando tudo o que ela conseguia pensar era em sua cavaleira de armadura brilhante, Kara Danvers. – Sabe, você deveria ter vergonha de si mesma, mocinha – Exclamou a Sra. Lodge com todo o seu veneno, uma expressão condescendente em seu rosto rotundo.

                       – Saindo com aquela bon vivant da Danvers... enquanto seu noivo está fora – Continuou a Sra. Smith, com um tom muito crítico em relação à jovem e suas ações. – Vocês garotas de fora não têm um pingo de vergonha – E com esses comentários, o que antes era um sorriso, se transformou em uma carranca triste, seu humor ficando ruim por um momento antes que os comentários vis das mulheres mais velhas parassem tão rápido quanto haviam começado.

                          A campainha da loja tocou novamente e lá estava ela, Kara Danvers, vestindo um casaco de inverno sobre uma camisa de flanela preta e um capuz, um boné na cabeça que ela tirou uma vez dentro da loja, seus olhos não demoraram nem um segundo para se concentrar totalmente no rosto de Lena, um vislumbre de um sorriso em uma expressão culpada e triste alimentou suas próximas ações. – Boa tarde, senhoras. – Ela disse para a dupla de mulheres venenosas, ela nunca gostou das duas, sempre andando juntas, sempre sussurrando besteiras sobre a vida de todo mundo. – Senhorita Luthor, esperava poder perguntar-lhe algumas coisas sobre a fazenda, parece que está chegando uma tempestade e tenho certeza de que Jack tem suas próprias precauções para essas condições.

                            Sua voz era suave como seda e soava tão claramente falsamente inocente que a mais nova teve que segurar o riso ao ver as duas mulheres tentando ao máximo esconder o fato de que quase foram pegas. – Claro, senhorita Danvers, vamos para os fundos da loja para não incomodar a Sra. Lodge e a Sra. Smith em suas compras. – E como se eles não tivessem dito essas coisas tão críticas para ela, Lena se virou para eles com um sorriso. – Vou pedir a Andrea para ajudar vocês dois, com licença – A morena girou nos calcanhares enquanto Kara contornava o balcão e a seguia até os fundos, a mais jovem trocou um olhar silencioso com a amiga e Rojas não hesitou em tomar seu lugar atrás do balcão.

                          –Oi – sussurrou a loira, com um sorriso enquanto paravam no canto mais distante da loja, onde ninguém poderia vê-los mesmo que tentassem, perto da porta dos fundos. – Oi – respondeu a morena, finalmente sentindo a tensão de momentos antes de deixar seu corpo. – Obrigada – ela murmurou e antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Andrea se aproximou delas, sua mão cobrindo a boca, mas mal cobrindo o som de sua risada. – Vocês deveriam ter visto, Lodge caiu no chão tentando olhar por cima do balcão para ver o que vocês estavam fazendo. – Ela explicou entre uma risada e outra, a mais alta das três sorriu. – Isso vai ensinar aquela cobra velha a cuidar da própria vida.

                       Lena não poderia concordar mais com ela, dessa forma, mesmo que fosse apenas por pouco tempo, ela não teria que se preocupar com a velha Sra. Lodge cuidando de sua vida. Era assim desde que ela e Andrea pularam do trem na estação da cidadezinha, e a paz era uma sensação bem-vinda depois de tanto tempo ouvindo aqueles comentários desnecessários.

                       Depois disso, Lena e Andrea ficaram felizes em cobrar — com um sutil desconto — os itens que Kara pegou assim que o trio parou de rir depois de Andrea ter lhes contado exatamente o que havia acontecido. Com um sorriso, a garota El informou que buscaria Lena mais tarde e pediu a Andrea para cuidar bem de sua garota pelas próximas horas e finalmente saiu da loja.

                         E assim como ela havia prometido, assim que os dois fecharam a loja, a loira estava lá, esperando apoiada em um carro que a Luthor tinha certeza que ela não tinha visto antes, pelo menos não nas ruas de Smallville. um Ford GT40 verde musgo escuro ligeiramente amassado, de meados da década de 1960. Um sorriso em seu rosto e o que parecia ser dois recipientes de plástico com pedaços de bolo de aparência muito atraente em suas mãos. Ela sorriu para as mulheres mais jovens e deu alguns passos em direção a elas, A morena menor decidiu encontrá-la no meio do caminho, deixando a amiga para trás a poucos passos. A mais velha teve que se segurar para não pegá-la pela cintura no meio da rua e se contentou com ter ela por perto.

                     –Um presente de agradecimento por cuidar tão bem de Lena para mim – disse ela, entregando à menina Rojas um dos recipientes. – Mais uma coisa para adicionar à lista, você não acha Lena? – disse a morena mais alta pegando o recipiente e se despedindo deles antes que algum dos dois pudesse dizer qualquer coisa para impedi-la de ir. – De que lista ela está falando? – perguntou a pequena Danvers, conduzindo sua companheira até o carro. – Não se importe com ela, ela tá só tirando uma com você.

                          Andrea não estava brincando, mas o pensamento de Kara sabendo que Lena passou o dia inteiro listando todas as suas qualidades intermináveis ​​como uma adolescente fez a morena querer se transformar em uma poça de vergonha. A El sorriu ao ver o rosto do Luthor corar incontrolavelmente, ela ficava ainda mais linda toda vez que isso acontecia. E Kara gostava de memorizar cada momento que tinha com ela assim.

                     A viagem de volta para casa foi silenciosa, mas reconfortante, e uma vez que o carro de Kara estava seguro no celeiro, elas ficaram gratas por não ficarem paradas depois de se despedirem de Andrea quando a tempestade começou. Uma tempestade de neve não era novidade para nenhuma delas, mas ambas sabiam que uma como aquela era perigosa e estavam felizes por terem chegado à casa a tempo. Mesmo que isso significasse que elas ficariam isoladas lá até que o temporal finalmente cedesse.

†★†

Notas Finais:

Levou três meses pra ter att? É, levou, mas pelo tamanho do capítulo vocês podem entender porque né...

Eu queria deixar esse capítulo perfeitinho porque ele é muito importante, então eu espero que gostem e me avisem qualquer errinho.

Beijos, JF.

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