15 Capítulo

- Vim te fazer uma visita.

As historias descreveram-na linda, mas na verdade ela é como se juntasse todas as raridades e encantos da terra e juntassem e a formasse.

Mesmo nós em um lugar em destroços a graça e a riqueza não deixam suas roupas e sua postura, seu vestido azul longo e de alças azul ofusca e deixa sumir por alguns minutos o lugar em pedaços. Seus traços são delicados, nariz fino, sobrancelhas finas, os olhos são de azul profundo como o mar, os cabelos são longos e loiros com leves cachos nas pontas, seus lábios desabrocham em um sorriso delicado, mas percebo a maldade por trás de suas linhas.

A presença dela preenche o quarto, e nesse momento não me sinto bem aqui.

- Acho que agora podemos nos conhecer melhor não acha, eu estava procurando uma oportunidade para saber quem é o assunto dos cochichos e por incrível que pareça todos ao seu respeito!

Consigo perceber que é um holograma, ela não está aqui, mas a presença é tão real que me esqueço disso.

- Percebo que viu que é um Holograma, mas não se engane nem um momento.

A palavra não vem em minha boca, estou sem fala, mas o que está por vim me faz ter raiva de ter entrado nesse quarto.

- Samanta, obrigada pela ajuda, você será recompensada, como combinamos, está dispensada agora. - o sorriso aumenta nos seus lábios ao perceber minha cara de espanto depois raiva, e eu tenho certeza que ela fez isso para expor Samanta.

E como se desse um estalo, Samanta se desvincula de mim, se recompõe e anda como se nada tivesse acontecido, não olha para trás em nenhum momento, somente olha para a rainha uma ultima vez antes de sair, e me deixa aos lobos.

- O que você quer Elle? - mesmo com medo, e ansiosa para sair daqui, preciso arrumar algum plano logo.

- Todas as pessoas novas no meu reino, prestigiam a rainha com sua presença, mas como não foi me visitar eu vim ao seu encontro.

- Então eu sou a rainha no caso, você saiu do seu conforto para me visitar. - saiu sem querer isso, mas vejo que ela não teve reação nenhuma.

- Sabe Clara, é engraçado como as coisas acontecem no nosso mundo, as historia que escutamos as verdades e as mentiras que são espalhadas por ai, eu sou uma rainha diferente, amo o meu povo, convívio com eles, e os visito, não fico no meu egoísmo em meu próprio mundo enquanto tenho visitantes, gosto de conviver e conhecer novas pessoas, e não tenho preconceito com outras. - as seriedades das palavras ao saírem da sua boca eram demais, eram frias, dissimuladas e mentirosas.

- Até agora só falou de você, não veio aqui me conhecer Elle? - meu atrevimento era demais, mas aos poucos fui percebendo o ódio que eu tinha dela.

- Então me fale sobre você? - ela ajustou seu vestido enquanto falava isso, eu sentia repulsa até mesmo dos seus movimentos.

Ela me observa com cuidado, percebo que todo gesto meu ela está atenta, sinto a arvore balançar um pouco, os destroços estão a uma mexida de desabar.

- Não temos a noite toda, como você pode perceber Clara, se eu fosse você seria rápida.

- Ah sem problemas, pra quem tá tentando me matar achou uma ótima forma agora! - as palavra voaram de mim, eu não tinha controle sobre minha língua, eu já sei que é afiada, mas agora não é o momento adequado.

- Quem disse que quero te matar Clara?! - uma de suas sobrancelhas se ergueu e um sorriso surgiu nos seus lábios.

Meu corpo ficou tenso de uma ora para outra. As palavras se perderam.

- Ah! Você não sabia? Não desejo sua morte... Tenho planos para você!

- Quais planos? - minha curiosidade aumentava junto com o medo a cada instante.

- Você verá.

- Então já que acabamos vou ir agora.

- Não ainda não, tenho algo pra resolver com um de seus amigos, ou seria seu irmão!

Nesse momento escuto Jeremy gritar do lado de fora.

- Clara! Fuja o quanto antes...

E o silencio se recai sobre nós.

- O que fez com ele? Sua va...

- Olha a boca... - Seus olhos estavam grudados em mim e via a satisfação dela por me ver com medo.

- Nada até então! Depende de você, vai fazer o que eu pedi e quando eu pedi?

- E se eu não quiser?

Escutei Jeremy gritar de novo e dessa vez mais forte e alto.

- Pare! O que você quer que eu faça?

- Me encontrarei com você às vezes, e pedirei alguns favores, não conte aos seus amigos sobre nossos encontros, posso mata-los se contar.

E nisso ela sumiu.

O mundo aos meus pés sumiu, a ultima frase pairava, se eu não obedecer ela irá mata-los e disso não tenho duvidas. Tenho que esperar o pior de Elle, não sei o que vai me pedir, mas tenho que ser mais esperta quando ela me encontrar de novo.

A arvore balança mais forte me tirando de meus próprios medos, vou saindo ao poucos, rezando baixo pedindo para que não desabe, quando estou fora ela cai ao chão como poeira, cinzas, e eu solto o ar que estava segurando, mas meus medos voltam, onde está Jeremy? O procuro, mas aos poucos a multidão vai se aproximando ao redor de onde estou, muitos olham com desprezo, raiva, alguns com solidariedade, mas sinto o ódio.

- Isso é culpa sua! - escuto o primeiro grito, e mesmo não querendo isso me acerta.

- Se você não estivesse aqui nada teria acontecido, estávamos bem até você chegar!

E aos poucos as vozes vão se tornando mais altas, ao ponto de todos me julgarem ao mesmo tempo, procuro por rostos, sinto meu peito apertar quando olho para o Rosto de Graal, ele somente observa não sei quais sentimentos estão passando pela cabeça dele agora. Meu peito se aperta me sinto oprimida, mas um som baixo me chama atenção, mais como um sussurro:

- Já chega! - meu peito quase sai pela boca quando percebo que é Jeremy, ele esta mancando e em sua barriga tem um corte, o sangue se espalha pela sua roupa enquanto ele anda até mim.

Saio correndo de encontro a ele, quando ele cai nos meus braços, a pergunta dele me surpreende:

- O que você fez Clara?! - sai fraco ,porém é como se eu tivesse levado um tapa na cara.

A multidão me observa e eu a observo também, olho o sofrimento deles, a dor deles, e isso tudo por que fui imprudente de sair sem um plano, eu não que...

- Não falo disso irmã! - Jeremy leu meus pensamentos, seu rosto está sombrio e seus olhos preocupados. - Que acordo fez com Elle? O que ela te pediu para me deixar viver? Clara... me diz que...

Coloquei meu dedo na sua boca, e em meus pensamentos disse:

" Não vamos pensar nisso agora! Você precisa descansar"

A multidão não estava mais afoita, aos poucos foram indo embora limpar o que sobrou, mas antes me olhavam com ódio, com repulsa, alguns com compaixão.

Simon se aproximou e me ajudou a carregar Jeremy para onde estavam minhas coisas, coloquei minha mão em seu machucado, fechei os olhos e pedi a cura, mas nada aconteceu, enquanto isso ele perdia sangue, e seu pulso era fraco a cada instante.

- Jemy, eu não posso te perder agora, não depois de te encontrar, e descobri que não estava sozinha... - Meus olhos foram ficando nublados por conta das lagrimas, eu soluçava por que estava perdendo uma parte de mim, meu poder não funcionava, ele disse que eu tinha cura.

Simon colocou a mão no meu ombro e apertou, se aproximou de Jemy, olhou a ferida, fez o que podia, estancou o sangue, colocou a bandagem, mas mesmo assim a vida se esvaia dele.

Eu não posso perdê-lo, minhas mãos estavam na cabeça enquanto andava de um lado para o outro, não agora. Meus olhos iam de Jeremy a Simon, até que algo se estalou dentro de mim.

- Simon, eu posso curar Jeremy se eu puxar o que ele sente para mim, então ele vive...

- Clara, isso é perigoso se não ser certo de você não conseguir se curar, você pode...

- Eu sei! - parei e o observei. - se eu estivesse ai e você pudesse fazer alguma coisa, você faria?

- Sim. - Sua resposta foi firme e sincera, e no seu olhar ele concordou.

- Vamos tentar algo. - Ele disse. - Se aproxime e me dê a sua mão.

Eu fiz o que ele pediu.

- Somente eu vou encostar no Jeremy, se você conseguir, o ferimento dele irá passar pra mim e...

- Não Simon, eu não posso fazer isso.

- E eu não posso perder você, e eu sei que se você perder seu irmão irei perde-lâ. Me deixe fazer isso, eu tenho meus poderes também, talvez consiga me salvar.

Seu olhar era de suplica e de amor, por isso quando ele encostou fechei meus olhos e imaginei as dores do Jeremy passando para o Simon, no inicio nada aconteceu, mas depois de um tempo senti o aperto de Simon ficando mais forte, abri os olhos e vi sua respiração se tornando mais pesada, ele colocou a mão no local onde estava o ferimento de Jeremy e agora não tinha mais.

Eu estava feliz, mas meus olhos foram para Simon caído ao chão, sem vida, seus olhos estavam abertos, corri para ele, eu estava desesperada, eu já sabia que isso podia acontecer, mas não é como na realidade.

Percebi que me apeguei a Simon, me apeguei a pessoa dele, ele quem me acolheu, cuidou de mim estava lá comigo, o observei deitado sem vida, o que eu podia fazer, eu não queria o perder também.

- Simon, desculpe, eu fui uma idiota! Eu...- funguei.. - Não posso perder você, sei que é egoísmo, mas...

- Ora, Ora, Ora! Me traindo! Que coisa feia!

Meu corpo ficou tenso, Luther me tira do serio, como ele pode brincar em uma hora dessas.

- Se não veio ajudar, cai fora. - olhei para ele, fiquei surpresa, pois a seriedade tomou lugar do sorriso, ele me observava atento, e então ele disse:

- Feche os olhos.

- Nem pensar, cai fora Luther. - Minha voz estava embargada.

- Isso não é um pedido, é uma ordem Clara, quer salvar seu amigo que já tá morto, fecha a merda do olho, e para de ser teimosa.

Fechei os olhos.

- Agora aproxime sua mão do rosto dele. - sua voz era tensa, mas percebi que havia raiva e alguma outra coisa.

Fiz o que ele pediu. Senti Luther nas minhas costas, próximo demais de mim.

- Agora você vai beijar o rosto dele.

- o que ? - abri os olhos fitei seu rosto, Luther estava serio demais, eu nunca o tinha o visto assim, seus olhar passou por um momento raiva, mas devo ter imaginado coisas.

- Beije ele e se despeça, não dá pra salva-lo.

- Eu vou matar você.

- Entre na fila.

Em nenhum momento ele riu, só se retirou. Eu queria acreditar que isso salvaria o meu Simon, mas como...

Por via das duvidas abaixei e beijei seu rosto, a esperança é a ultima que morre, mas o tempo passava o corpo de Simon não demonstrava vida, por esse tempo até me esqueci de Jeremy, só lembrei por que escutei um resmungo.

- Jemy... - pulei em seu pescoço, ria e chorava, eu estava com tristeza e alegria, meu irmão estava de volta e isso me fez esquecer um pouco a dor de perder Simon expor um breve instante a alegria tomou conta, mas como eu disse um breve minuto.

- O que aconteceu maninha? - Jeremy me afasta dele e coloca as mãos no meu rosto limpando com o dedo as lagrimas que caem.

Eu me afasto para que ele veja o corpo do Simon inerte, e conto a historia todos, entre soluços.

- Ele... Ele ficou no seu lugar Jemy, ele permitiu isso, e eu me sinto tão culpada, egoísta, eu...

- Clar...

- Não Jeremy, eu estou errada, ele era meu amigo, era tudo o que eu tinha, eu o amava, acho que até pensava nele como algo...

- Clara...

- já sei isso não é hora de pensar nisso...

- Não clara, olhe! - Jeremy estava assustado, mas não desgrudava os olhos de Simon.

- Então quer dizer que eu posso ser algo a mais!!!

Escutei a voz de Simon, estava baixa e rouca ,mas percebi a brincadeira em sua voz, me virei!

Simon estava praticamente sentada, passava a mão na cabeça e me fitou um por instante, no canto dos lábios tinha o inicio de um sorriso.

A mesma cena com Jeremy se repetiu com Simon, ele me abraçou como se eu fosse uma salvação ou ancora, sei lá.

- Como isso é possível? - eu estou abismada.

- Obrigada Clara, você me salvou, como agradecimento...

Nem escutei o restante, Simon me beijou nos lábios, as borboletas ganharam vida em meu estomago. Ele passou a mãos pela minha nuca, os pelos do meu corpo se arrepiaram com a possessão do seu beijo, ambos estávamos ofegantes a até esquecemo-nos de Jeremy até:

- Ham, Ham! Já chega pombinhos.

Eu me soltei de Simon, nós ficamos nos olhando por um tempo, pareceu uma eternidade, mas a energia ainda passava pelo meu corpo, o beijo dele despertou algo em mim, meus lábios estão formigando e meu corpo quer mais.

Em um momento ele está morto e agora me aviva também!

Isso não é hora.

- Olha não queria apressar vocês, mas se não sairmos daqui... - Jeremy disse.

- Ok. - minha voz sai baixa, perdi o que ia falar. Simon ainda continua olhando, talvez querendo ver minhas reações.

Não teria como despedir de Graal, talvez nos encontraríamos algum dia, e de Luther eu tinha uma leve sensação que ele me seguiria.

Bạn đang đọc truyện trên: AzTruyen.Top