Uma bela melodia adentra meus ouvidos assim que seguro sua mão.

Deixo-me guiar pelas suaves notas e pela musicalidade, tentando assim me distrair da pessoa que se encontra à minha frente.
Matthew por sua vez, apoia uma mão em minha cintura e me conduz a uma dança lenta.

Sei que cada movimento está sendo captado pelos olhos curiosos que nos assistem, por isso mantenho uma expressão alegre e sorridente. Não preciso nem olhar para Matthew para ter certeza de que faz o mesmo.

E enquanto deslizo pelo salão ostentando uma pose que não me pertence, pensamentos começam a rondar minha cabeça.

Tantas mudanças ocorreram em minha vida e em tão pouco tempo, que as vezes parece que isso não é real. Confesso que nunca me conformei com a vida que levava, pois ser tratada como alguém inferior apenas por não ter um sangue nobre ou não possuir riquezas, era algo ultrajante.

Mas inexplicavelmente eu sempre era impulsionada a sonhar, mesmo sabendo que não havia possibilidades. Eu nunca me acostumei com aquela situação e então buscava nos sonhos a idealização de uma vida mais justa.

Lembro-me de que uma vez, eu estava andando na rua com a minha mãe e eu observava atentamente todas as casas ao meu redor. Eram iguais em sua situação precária, mas eu sabia que dentro delas existiam famílias passando necessidade, sem esperança, vivendo seus dias de forma monótona e infeliz.
Ver esse cenário só me dava mais forças. Eu não sabia por onde começar, mas sabia que teria de fazer alguma coisa, pois me sentia completamente indignada perante tudo isso.

E então, de repente uma reviravolta aconteceu em minha vida. E de uma casa pobre na classe Baixa, agora estou aqui no palácio, noiva do futuro rei de Cancordion.
E ao pensar nisso é como se a minha mente se iluminasse com uma ideia.

Eu posso fazer alguma coisa para ajudar essas pessoas!

E eu ainda não sei o que e nem como farei. Mas eu preciso!

À meu ver, não deveria existir essa distinção, mas perante a lei, sou alguém da classe Baixa e como tal, sei o que se passa diariamente na vida dessas pessoas. E estando eu, noiva do príncipe de Cancordion, poderei usar essa influência a meu favor.

Sei que Adam me colocou aqui para descobrir as tais informações que ele quer e eu farei isso! Mas nada me impede de lutar pela minha própria causa. Já ajudei a minha família e agora é hora de ajudar as outras pessoas que passam pelas mesmas, ou até piores dificuldades.

Esses nobres que governam os reinos, até agora não moveram um dedo sequer para ajudar pessoas de classe inferior, simplesmente porque para eles não servimos para muitas coisas. Então cabe a mim fazer isso.

Eu sei que sou apenas uma farsante nesse palácio, e não quero nem pensar no que eles fariam comigo se descobrissem toda a verdade. Adam também corre perigo.

Mas eu irei assumir mais este risco.

Estou decidida, de alguma forma irei ajudar essas pessoas, é o meu propósito...

- Julie!

Ouço a voz de Matthew me tirando de meus pensamentos.

- É... o que foi?

- Você está tão calada. Por acaso está pensando em todos os seus infortúnios?

Erro propositalmente um passo da dança e piso em seu pé.

- Ai!- ele fala baixo em meu ouvido.

- Ops- sorrio- foi sem querer- falo inocentemente.

- Tudo bem!- ele me olha malicioso, e de imediato sei que está planejando algo- Preparada para o grande final?

- Sim. Já sabemos o que teremos que fazer com as alianças- falo entediada.

- Mas, olhe para as pessoas ao nosso redor. Você não acha que elas esperam por algo a mais?

Observo os rostos que nos encaram e fico sem entender o que Matthew está querendo dizer.

- Eu realmente não sei do que se trata. Pode ser mais claro?

- Sabe, você é muito lerda em seu raciocínio. Mas eu vou te explicar- ele ri e então continua- basicamente as pessoas estão querendo que comprovemos o nosso amor, pois para eles esse é o motivo do nosso noivado. E qual a melhor maneira de comprovarmos isso?- ele pergunta baixo em meu ouvido.

Quase pergunto se Matthew está passando bem, pois o que ele acabou de me falar não faz o menor sentido.

Como assim? Penso. As alianças já não serão provas
suficientes?

Mas então reflito melhor e...

Não pode ser... Espero que não seja o que eu estou pensando!

- Se você pensou em um beijo, acertou!- ele fala como se lesse os meus pensamentos.

- Não Matthew! Não precisamos fazer isso- falo nervosa.

- Você não quer? Que pena!

- Iremos fazer apenas o que estava combinado e o beijo é totalmente desnecessário.

Matthew finge não me dar ouvidos. Então ele para de dançar e se ajoelha a minha frente.

Tudo fica em silêncio, consigo ouvir apenas as batidas rápidas do meu coração.

Ele puxa uma caixinha de seu bolso e a abre.

- Julie, com este anel selo o nosso compromisso- pega em minha mão e o coloca em meu dedo.

Pego o outro anel da caixinha.

- Matthew, com este anel selo o nosso compromisso- falo.

E com as mãos um pouco trêmulas o coloco em seu dedo.

Pronto, aqui acaba a minha encenação, era o que tínhamos combinado. Abro o maior sorriso e me viro, pronta para sair dali.

Só que Matthew é mais rápido e me puxa para si.

Agora seu rosto está a pouco centimetros do meu e ele olha fixamente para meus lábios.
Não consigo pensar em uma saída para essa situação. Se eu empurra-lo, todos irão estranhar.

O que eu faço? Não quero beija-lo.

Isso ultrapassa todos os limites que eu havia colocado nessa nossa falsa relação.

Balanço levemente a cabeça.

Mas Matthew não entende, ou finge não entender.

- Por favor- falo em um sussurro.

Ele apenas me ignora e avança lentamente a cabeça em minha direção.

Fecho meus olhos desejando poder estar em qualquer outro lugar que não fosse aqui. E em questão de segundos, sinto seus lábios entrarem em contato com os meus.

...

A paixão que se espelha em um beijo!

É isso que devem estar pensando.
Mas eu não sinto nada além de uma pontada de tristeza em meu coração. Meus sentimentos foram feridos novamente. E enquanto Matthew percorre a minha boca como se estivesse querendo me punir por te-lo desprezado aquele dia, tento simplesmente me desligar e esquecer...

Esquecer que era pra ser especial... Com alguém especial...

Assim que Matthew se afasta, eu o olho tentando buscar algum resquício de arrependimento por ter me forçado a fazer algo que eu não queria, mas não vejo nada.

Todos os que estão no salão batem palmas, acho que finalmente conseguimos convence-los.
Mas eu não me importo com isso.

Não agora.

Percebo que Matthew me olha de canto, com uma expressão nada boa em seu rosto.

Já chega!

Me infiltro entre as pessoas buscando desesperadamente sair dali. Mas sinto novamente alguém puxar o meu braço me fazendo parar.

- Hey, aonde você pensa que vai?

- Me solta Matthew- falo sem olhar em seu rosto- por favor, não quero mais ficar aqui.

- Mas você vai ficar! E ponto.

Desde quando ele pensa que tem autoridade sobre mim?

- Por que você é assim?- falo o encarando- você é tão frio e insuportável. Mas eu deixo claro e me ouça bem- olho ao redor para ter certeza de que ninguém além de Matthew irá me escutar- nunca mais ouse me beijar novamente. Entendeu? E nunca mais me obrigue à nada!

Ele apenas me olha fixamente esboçando um sorriso.

- Olha, parece que você esqueceu que quem dita as regras aqui sou eu. Mas vamos deixar isso para depois, porque agora não estamos em um lugar adequado para discussões.

Abro a boca para contestar, mas sou surpreendida por uma moça ruiva que tapa os olhos de Matthew.

- Lembra de mim?- ela fala e em seguida destapa seus olhos.

- Como eu poderia esquecer?- Matthew a envolve em um abraço caloroso.

Fico ali observando aquela cena e quando dou por mim, já estou cercada por três rapazes e mais uma moça, além daquela que continua se esfregando em Matthew.

Provavelmente devem ser amigos.

Eles começam a conversar entre si e me ignoram totalmente.

- É, Matthew, por que não me apresenta aos seus amigos?- falo tentando soar gentil.

- Claro! Tinha me esquecido de você.

Todos riem, menos eu.

- Estes são Heitor, Philip e Andrew- ele aponta para os três rapazes ao meu lado- e esta é Anny e sua amiga Lara.

- Olá, prazer em conhece-los!- falo educadamente.

- Olá- todos respondem em uníssono e voltam a conversar.

Fico ali apenas observando, sem fazer a mínima questão de tentar me enturmar.

- Julie, minha amada, por que essa cara de paisagem?- Matthew fala, levando os seus amigos a soltarem gargalhadas.

- Não sei meu bem, é a única que eu tenho!- falo séria.

E todos me olham como se eu fosse uma mal educada.

- Relaxa- ele vem ao meu lado- é só uma brincadeirinha!

Respiro fundo e contra a minha vontade, sorrio.

Aquela moça ruiva, chamada Anny aponta para a aliança em meu dedo.

- É bonita!- ela fala com desdém.

- É claro! Fui eu quem escolhi- Matthew diz com ar arrogante.

- Eu sei que você tem bom gosto!- ela vem e enlaça seus braços nele- Lembra daquelas joias que você me deu? São as mais bonitas da minha coleção.

Obviamente eu já percebi o que está acontecendo aqui. Ela está se insinuando para Matthew e ele com certeza está gostando. Certamente já tiveram um caso no passado.

Devo eu agir como uma noiva ciumenta? Não, nem estou com cabeça para esse teatrinho agora.

- Rapazes, vamos pegar umas bebidas e deixar as moças conversando!- Matthew fala e eles concordam.

- Okay, voltem logo!- Anny dá um beijo estalado em sua bochecha.

Que moça oferecida!

Reviro os olhos, enquanto ouço suas risadas e vejo eles se afastando.

- Sabe, eu não vou mentir. Eu realmente não sei porque Matthew escolheu a você e não a mim. Tipo, olha para você- ela me analisa da cabeça aos pés e a sua amiga a qual nem me lembro mais o nome, começa a rir- não estou falando que você é feia! Mas convenhamos, não se compara a mim.

Isso é sério? Além de tudo o que já passei hoje, ainda vou ter que aguentar dor de cotovelo?

Ela ri e empina o queixo.

- A verdade é que ele está com você apenas por ser uma condessa. Todos nós sabemos disso. E se eu tivesse títulos e não fosse apenas uma lady ele obviamente estaria comigo.

Okay! Já deu. Não quero discutir, mas ela procurou por isso. Então agora ela vai ter o que merece!

- Sabe, de longe se percebe que você não passa de uma simples invejosa. E eu realmente não me importo com nada do que você disse. Afinal, quem é você? Eu não te conheço. E quanto a Matthew, só vou te dizer uma coisa: ele está comigo e não com você! Aceita e segue a sua vida, senão você vai se tornar uma pessoa amargurada.

Falo e saio de lá, deixando as duas de cara no chão. Nem dou tempo para elas pensarem em alguma resposta.

Eu realmente não estou bem. E a única coisa que quero agora, é que esse baile acabe logo de uma vez.

Não vejo Adam e nem Brenda em lugar algum. Talvez já devem ter se retirado.

O que eu faço agora? Não posso sair e não tenho a mínima vontade de continuar aqui. Tamanhas foram as minhas frustações, que até me esqueci de que hoje é o meu aniversário.

Avisto um canto vazio, e fico ali olhando os outros se divertirem.

- Julie! Venha aqui- ouço alguém me chamar e avisto rei Ignatius acenando para mim.

Vou ao seu encontro e paro a sua frente.

- Onde está Matthew? Eu preciso de vocês dois aqui para o encerramento do baile.

Dou uma olhada geral no salão e não vejo nem ele e nem seus amigos.

- Não se preocupe, eu irei procura-lo- falo e me retiro.

Já vi que dentro do salão ele não se encontra, então decido procurar fora.

É um alívio saber que esse baile está chegando ao fim. Por isso tento achar Matthew o mais rápido possível. Só que isso está se tornando uma difícil missão, já que não o encontro em lugar algum.

Vasculho cômodos e corredores por onde eu não havia passado antes.

Até que ouço barulhos vindos do final de um corredor próximo. Decido verificar e infelizmente me deparo com a seguinte cena: Matthew está prensando uma mulher na parede e está praticamente a engolindo em um beijo totalmente escandoloso. Só que um detalhe importante merece ser mencionado. Essa mulher tem o cabelo ruivo. Ou seja, essa mulher é a Anny.

- Matthew!- falo autoritária.

E em questão de segundos os dois se soltam e me encaram.

- Depois terminamos isso!- Anny fala e morde o lábio inferior.

Ela passa por mim e sorri cinicamente com um olhar de vitória.

Nem dou atenção e concentro toda a minha raiva em Matthew.

- O que foi?

- E você ainda pergunta? Você é um idiota, apenas isso. Eu vim te procurar porque o seu pai quer que estejamos juntos no salão para o encerramento e me deparo com essa cena horrorosa. Mas se você pensa que vai continuar com esse seu comportamento, está enganado. Não se esqueça de que você não é mais solteiro e mesmo que de mentira, estamos comprometidos. Então não ouse mais me desrespeitar dessa forma- digo furiosa.

- E o que você queria que eu fizesse?- ele fala despreocupado- beijar você foi a pior experiência da minha vida. E eu tinha que apagar isso dos meus pensamentos beijando uma mulher de verdade.

Então sem nem sequer me olhar, ele sai e me deixa sozinha.

Magoada.

Esta é a palavra que me define neste exato momento.

De alguma forma, Matthew sabe como me ferir. E se o objetivo dele era me deixar infeliz. Parabéns! Conseguiu.

- Estúpido... Como pode me fazer sentir tão mal?

Desabafo, tendo as paredes como ouvintes e o silêncio como resposta.

- Era o meu primeiro beijo...

E você estragou esse momento Matthew. Você arruinou um dia que era pra ter sido de comemoração.

Fixo meu olhar no chão e começo a correr, sem rumo.

Não vou voltar para o salão! Não posso!

Passo por corredores desconhecidos e paro em frente à uma varanda. Abro as portas de vidro e de imediato sinto o vento gelado da noite atingir a minha pele. E mesmo estando com frio, decido ficar aqui e apenas observar as estrelas no céu.

Sem ninguém para me interromper, sem ninguém para desabafar.

- O céu está lindo essa noite!

Imediatamente reconheço a voz de Adam e o olho apenas para ter certeza de que não é algo da minha imaginação.

- Por que esse semblante triste? O que aconteceu?- noto a sincera preocupação em suas palavras.

No momento eu só preciso esquecer de tudo, por isso o abraço fortemente. Ele se surpreende, mas em segundos retribui. E então fico ali, perdida em seu perfume suave e amadeirado.

Sinto que não estou pronta para solta-lo.

- Calma- ele sussurra.

Lentamente me afasto e baixo o olhar.

Ele pega em minha mão.

- Julie, eu vou te levar para o seu quarto, você está muito gelada.

Assinto e deixo que ele me conduza.

Assim que chegamos em meu quarto já me sinto um pouco mais recomposta, por isso eu mesma pego a primeira blusa que encontro e a visto.

- Está melhor? Quer me contar o que aconteceu?

Não sei se devo contar. Afinal, o que eu falarei? Que um dia que era pra ter sido especial, foi estragado de diversas maneiras por um principezinho idiota que só quer me fazer mal? Ou que o meu primeiro beijo simplesmente foi dado a alguém que não merece? Certamente Adam vai achar que estou fazendo drama. E eu não quero parecer fraca. Não posso incomoda-lo com meus problemas.

Mas será que ele realmente se importa comigo?

- O baile não saiu como o esperado, apenas isso- falo e tento sorrir.

- Bom, eu saí do baile logo após o seu discurso e achei que tudo estava ótimo.

Então, Adam não viu a dança, nem a troca de alianças e muito menos... o beijo...

- Nem tudo- respondo.

- Eu sei que você não está bem Julie. Pode me contar tudo o que quiser. Seja lá o que estiver te deixando assim- seus olhos verdes me olham intrigados esperando a minha resposta.

Acho que não consigo mais guardar, preciso falar...

- Matthew... ele é o problema.

- Entendo, ele realmente é difícil. Ainda se comporta como um adolescente rebelde.

- Não é só isso...

- Julie- Adam vem até mim com uma expressão séria- ele te bateu? Te machucou? Me diga a verdade.

- Não. Ele não seria capaz. E eu também não permitiria que fizesse isso.

Vejo que Adam se acalma e coloca uma mão em meu rosto me acariciando.

- Eu...- ele hesita- eu me preocupo com você, de verdade. E eu me senti muito mal ao te ver triste.

Sorrio fracamente.

- Não se preocupe, já me sinto melhor. E então- tento mudar de assunto- pode me explicar o que terei que fazer no palácio?

Preciso ouvir atentamente à todas as informações e assim poder cumpri-las o mais rápido possível.

Adam assente e pega um papel no bolso de seu terno preto.

- Aqui estão todos os horários das reuniões que rei Ignatius terá, e mais outras coisas que precisará fazer. Consegui essas informações com muito esforço, então tome cuidado para não
perde-las. Eu preciso que você dê um jeito de ficar por dentro de todos os assuntos destas reuniões. Sei que será difícil, mas você precisa ter uma relação amigável com Matthew, pois aí você poderá perguntar a ele. Também quero que consiga dois livros de extrema importância que estão trancados dentro de uma mesa no gabinete do rei- ele fala e me passa o papel.

Me assusto com o que ele acaba de dizer.

- Eu terei que rouba-los?

- Não é exatamente isso. Mas eu preciso deles e sei que se eu pedisse ao rei Ignatius ele não me daria. Suponho que há uma informação muito restrita neles. Preciso saber o que é. Pelo bem de meu reino.

Balanço a cabeça, confusa demais quanto ao que eu terei que fazer.

- Julie, não precisa ter medo. Tudo dará certo, você verá!

- Espero que sim Adam...

- E a cada semana um mensageiro de confiança vira aqui no palácio e você dará a ele todas as informações que conseguir. Tudo, até os mínimo detalhes do que você considerar importante.

- Okay, farei isso- falo, tentando demonstrar um pouco de confiança, mesmo estando completamente apavorada.

- Julie seja muito cautelosa. E lembre-se, estamos juntos nisso e eu sempre irei te proteger. Agora me diga que ficará bem, pois só assim eu poderei ir embora tranquilo.

Olho para o papel em minhas mãos e depois para Adam.

- Eu vou ficar bem. É sério! Farei exatamente tudo o que você me disse- falo decidida.

Ele me encara buscando sinceridade em meu olhar.

- Eu prometo!- ergo uma mão em sinal de promessa e sorrio.

Ele suspira pesadamente e assente.

- Então eu já vou indo. Não sei se poderemos nos ver amanhã, por isso quero me despedir hoje.

Adam passa a mão pelos cabelos, que suponho ser um sinal de nervosismo porque eles já estão perfeitamente arrumados e sorri, com seus dentes brancos e alinhados e suas lindas covinhas.

- Até logo Julie!

Demoro um pouco para responder, mas enfim suspiro e falo:

- Até logo Adam!

Ele se vira pronto para partir.

Não posso deixa-lo ir apenas com essa despedida fria! Por isso o chamo de volta:

- Adam!

Ele para e eu vou ao seu encontro e o abraço carinhosamente.

- Vou sentir sua falta! Espero te ver em breve- sussurro em seu ouvido e me afasto.

Vejo que suas bochechas estão coradas e ele fica meio sem jeito. Com certeza não esperava por isso. Então ele me olha em silêncio, como se estivesse escolhendo as palavras certas para usar.

- Eu também vou sentir a sua falta!

Não sei se é impressão minha, mas vejo os seus olhos brilharem ao dizer isso.

E então sem mais palavras ou olhares, ele se vai.