Extra

Algumas coisas do meu irmão foram doadas, outras, nem tanto. Minha mãe também não vendeu nossa antiga casa e ali estava eu, em seu quarto depois de quase 20 anos que tudo aconteceu. 

Agora que as coisas tinham se estabilizado e eu tinha construído uma carreira sólida como investigador, tudo tinha um novo significado. Observava minha história com carinho e gratidão, por atualmente ter uma família pequena, porém minha e repleta de amor – não tínhamos um filho humano, mas tínhamos dois cachorros. 

Felix e eu nos casamos há pouco mais de 10 anos. Compramos nossa casa, fui constantemente promovido e agora estava ali. Tanto Anista quanto o pai dele e minha mãe – sempre com seus cônjuges – sempre estavam passando as férias em nossa casa, porque segundo eles era a maior e a única que dava para comportar todos. Bem, isso era proposital, a primeira coisa que Felix quis foi justamente um lugar que pudesse juntar todos nós, quando necessário. Ele gostava e precisava se sentir acolhido e como eu o amava, isso não era um ponto a discutir. Ele queria e eu fazia.

 Não se tem muito mais o que dizer. Algumas vezes me perguntei o que acontecia depois do "felizes para sempre", porque o "sempre"... sempre acaba em algum momento, certo? 

Mas, aparentemente, não pra nós. Felix estava saudável, tinha trocado de time e agora seguia com o Cleveland Cavaliers. Ele estava feliz, jogava por um time que já acompanhava desde criança, então era como uma grande realização de um sonho. Bem, o basquete sempre foi uma certeza pra ele, então saber que ele estava na liga mais era entender que o inevitável aconteceu, do que interpretar como algo inesperado.

Já eu, há alguns dias avisei a ele que precisava fazer uma viagem, para encerrar a última ponta solta que estava me incomodando, mas que nunca tinha sido coragem de lidar e ali estava eu. Parado, olhando ao redor aquela vista que pensei nunca mais ter coragem de ver. 

Entrar no quarto de Jensen era como voltar ao tempo. Minha mãe ainda pagava uma pessoa para limpar apenas o quarto dele, todas as semanas. Embora o restante da casa estivesse empoeirada, ainda era como se ele fosse, de repente, entrar em se quarto para pegar alguma coisa – continuava sendo uma sensação extremamente estranha e desconfortável.

Naquele quarto, olhei todas as fotos que ainda permaneciam no mural, como Jensen tinha deixado... observei seus livros de ficção científica que ele também tinha me viciado e olhei sua bolsa de equipamentos do futebol americano, embaixo da cama. O quarto inteiro ainda tinha seu cheiro e quando fiquei de frente para sua cama, tirei a jaqueta dele, que usava, e a coloquei ali. 

– Finalmente, pensei que não fosse devolver. – é o que ele diz e eu sorrio. 

– Agora estou pronto para assumir completamente o Tyler. – respondo. 

– Certamente está. – é o que ele responde e meus olhos marejam, passando por Jensen. 

Quando dou uma última olhada para trás, ele já não está mais lá e agora tudo estava perfeitamente alinhado, como deveria estar. Saio do quarto e fecho a porta. Toda a viagem que foi viver essa história, tinha acabado de se encerrar...

Mesmo que meu amor por ele nunca acabe. 








-Em memória da minha mãezinha, Dudu, que me inspirou a tentar traduzir o amor e saudade que sinto por ela, com as palavras de Tyler para seu irmão, Jensen... com amor, carinho e imensa saudade, ian. 


°ELO°

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